Zanin, Ana & Longhi-Wagner, Hilda Maria - Universidade Federal ...
Zanin, Ana & Longhi-Wagner, Hilda Maria - Universidade Federal ...
Zanin, Ana & Longhi-Wagner, Hilda Maria - Universidade Federal ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
INSULA Florian6polis N" 30 35-46 2001<br />
MICROMORFOLOGIA DA SUPERF~CIE DO FRUTO EM ESPECIES DE<br />
ANDROPOGON L. (POACEAE) OCORRENTES NO BRASIL<br />
FRUIT SURFACE MICROMORPHOLOGY OF SPECIES OF ANDROPOGON L.<br />
(POACEAE) FROM BRAZIL<br />
RESUMO<br />
E apresentada uma anhlise das caracteristicas da superficie do fruto observadas<br />
em Microscopia Eletr8nica de Varredura (MEV) de 17 espCcies de Andropogon<br />
ocorrentes no Brasil. Foram observadas variaq6es na escultura primhria e secundhria da<br />
superficie do fruto, relacionadas especialmente ao grau de espessura e sinuosidade das<br />
paredes anticlinais longitudinais, B presenqa ou ausencia de projq6es nestas paredes<br />
e Bs diferenqas na superficie das paredes periclinais. A maior parte dos thxons mostrou<br />
um padrlo de omamentaqiio uniforme, com paredes longitudinais onduladas e delgadas,<br />
e paredes periclinais lisas. Entretanto, algumas espkies mostraram caracteristicas<br />
exclusivas, que permitem diferencih-las de todas as demais estudadas. 0 trabalho inclui<br />
ilustraqdes, anhlise das caracteristicas observadas e umadiscusslo sobre o seu valor<br />
taxon8mico.<br />
.. .<br />
Palavras-chave: fruto, micromorfologia, ultra-estrutura, Andropogon, Poaceae, Brasil.<br />
I ;if:. 5.I)igitaria ter~zata: a. hhbito; b. vista do lema inferior; c. vista da gluma superior;<br />
d. visra dorsal do antCcio superior; e. vista ventral do antkio superior. (Canto-<br />
I)oro~v ct (11. 366 - ICN).<br />
' Departamento de Botsnica, <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> de Santa Catarina, Campus Universitirio,<br />
Florianbpolis, Santa Catarina, Brasil, 88036-900. anazanin@terra.com.br.<br />
Departamento de Bodnica, <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> do Rio Grande do Sul, Avenida Paulo Gama, s.n.,<br />
Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, 90046-900. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do<br />
CNPq. hmlw@vant.com.br
ABSTRACT<br />
An analysis of the fruit surface observed in Scanning Electronic Microscopy<br />
(SEM) of 17 species of Andropogon L. (Poaceae) that occur in Brazil is presented. The<br />
variation observed is related to the primary and secondary sculptures of the fruit surface,<br />
especially the thickness and sinuousness of the longitudinal anticlinal walls, the presence<br />
of projections on these walls, and differences on the surface of the periclinal walls. The<br />
majority of taxa showed a uniform ornamentation pattern, with undulated thin longitudinal<br />
walls, and smooth periclinal walls. However, some species showed exclusive<br />
characteristics, which differentiate them from the others. The taxonomic importance of<br />
these characteristics is discussed and illustrations of them are provided.<br />
Key words: fruit, micromorphology, ultrastructure, Andropogon, Poaceae, Brazil.<br />
0 gCnero Andropogon pertence 2 subfamilia Panicoideae, tribo .<br />
Andropogoneae, e apresenta cerca de 100 espCcies ( ~la~to~~ & Renvoize 1986) distribuidas<br />
principalmente atraves dos tr6picos, com centros de diversidade especificas na<br />
Africa e AmCrica Tropical (Clayton & Renvoize 1982). Apresenta quatro seqbes (Stapf<br />
1917-19; Clayton & Renvoizel986), Andropogon, Piestium, Notosolen e Leptopogon,<br />
sendo a maior parte das espCcies americanas pertencentes a dltima sqHo. No Brasil, o<br />
gCnero esti representado por 28 espCcies, incluindo A. gayanus Kunth, introduzida da<br />
~frica para cultivo. Ocorre em todas as regibes, mas est6 melhor representado nas<br />
forma~8es de campos cerrado e rupestres do sudeste e centro-oeste do pais.<br />
I<br />
Durante a realizaqlo da revislo do gCnero para o Brasil (<strong>Zanin</strong> 2001), o<br />
,<br />
I<br />
estudo de superficie de fruto foi desenvolvido com o intuito de obter novas fontes de<br />
caracteres diagndsticos para os tixons em estudo, alCm de fomecer novos conheci- '<br />
mentos para a tribo Andropogoneae.<br />
De acordo com Barthlott (1984), sementes e frutos pequenos fornecem uma<br />
diversidade de forma, tamanho e cor, bem como de caracteristicas micromorfol6gicas<br />
internas, que sHo de grande valor taxon6mico. As informa$bes slo obtidas principalmente<br />
a partir da anilise da superficie da epiderme em Microsc6pio Eletr6nico de Varredura.<br />
A maioria dos trabalhos originados a partir da dkada de 1970, referem-se<br />
superficie de sementes, sendo os trabalhos de pesquisa de microestruturas epidemicas<br />
de frutos escassos e relativos a poucas famflias (Boechat 1998). Alguns exemplos<br />
podem ser vistos em Cyperaceae, como os estudos em aquCnios e utriculos de Carex<br />
I<br />
I<br />
(Luceiio 1992), aquCnios de Cyperus (Arafijo& <strong>Longhi</strong>-<strong>Wagner</strong> 1997), e mericalp I:. (11.<br />
Umbelliferae (Brisson& Peterson 1997, apud Boechat 1998).<br />
Em Poaceae, estudos de Microscopia EletrBnica de Varredura tCm sitl(I :11 )I I<br />
cados tambCm com outras finalidades, como para a identificagiio de frutos pertencc.~~I<br />
a colqbes arqueol6gicas de Eleusine, datadas de 3000 a.C. (Hilu et al. 1979), e dc )1,~:I( I,.<br />
de trigo e centeio prC-hist6ricos, datados de 9000 e 5500 a.C. (Korber-Grohnc l ON I .<br />
apudBoechat 1998).<br />
Entre os trabalhos com material atual, destaca-se o de Jordan et al. (IOX I ).<br />
envolvendo mais de 60 gCneros e 118 espCcies de Poaceae, que revelou p;~tll.trc<br />
epidCrmicos da superficiedo fruto do tip0 verrucado, estriado, subestriado, tubcrc~~l:tclc I.<br />
equinado, psilado, lofado, foveolado e reticulado, este liltimo com paredes an~icli II:I I,.<br />
retas ou sinuosas.<br />
<strong>Longhi</strong>-<strong>Wagner</strong> (1986) chamou a atengHo para o potencial do frulo (YIIII( I<br />
fonte de caracteres de impofincia taxon6mica em Poaceae, em especial em EW~~I.<br />
$11 \ .<br />
ao estudar a superficie da cariopse de duas espCcies morfologicamente muifo S(.III(.<br />
lhantes deste gCnero, e que puderam ser diferenciadas pela omamentaglo da supc*~ I I(. 11.<br />
do fruto. Posteriormente, Boechat (1998) realizou um estudo detalhado sobrc os 1'1 1111 V.<br />
de 53 entidades taxonBmicas de Eragrostis ocorrentes no Brasil. Segundo I ~)(-(-~II<br />
(1998), os frutos em Eragrostis apresentam tanto caracteristicas macromorTolib)~,i<br />
quanto micromorfol6gicas importantes, sob o ponb de vista taxon6mico. E',nt~.c. (.::I 11,.<br />
liltimas, Boechat (1998) destacou o padrHo de ornamentaqlo da superficic tlos I'I,IIII I,.,<br />
que resulta do somatbrio da forma e tamanho das cClulas, grau de espessura tl:~s 11111 t.<br />
des anticlinais e uniformidade na espessura das mesmas. Estas caracteristic:~~ I~II:III<br />
importantes na separaglo de grupos de espkies e tambCm na distinqiio clc c.sl)c'1.11.<br />
muito semelhantes.<br />
Em relagso 2 tribo Andropogoneae, Sendulski (1966) estudou os I'I.III(I!. (11.<br />
sete espCcies do gCnero Andropogon sensu lato ocorrentes em formagiies tlc cc- I :1c11 I<br />
do Brasil, quatro das quais aceitas atualmente em Schizachyrium (Tiirpe 1984). Sc~htl~~l. v<br />
(1966) referiu alguns caracteres macromorfol6gicos como forma e cor da cariopsr. :tll'l~I<br />
de caracteristicas gerais do hilo, sendo as diferengas entre as trCs csp6cic.s tlt.<br />
Andropogon estudadas, A. carinatus Nees, A. leucostachyus Kunth e A. .rc.llotrrtrr $<br />
(Hack.) Hack., muito inconspicuas. Por outro lado, Jordan et al. (1983) inclui cr11 ~(-II-.<br />
estudos de micromorfologia do fruto poucas espCcies da tribo, das quais apcn:ls ( 111118.<br />
sHo atualmente aceitas em Andropogon e nHo ocorrem no Brasil.<br />
A observa~lo realizada previamente em estereomicrosc6pio nos SI,III~ IS t 1118.<br />
espCcies incluidas neste trabalho, mostrou um padrlo de supel-ficie unifi)~'nrc.~)~<br />
estriado, demonstrando a ausCncia de informaGHo diagn6stica. Buscou-sc cntfio II ill<br />
vestigaqHo da ultra-estrutura.
0s frutos estudados correspondem a uma cariopse tipica (Filgueiras 1986),<br />
tlc forma mais ou menos eliptica, com a zona do embrilo sempre menor do que a<br />
rnetade do fruto, hilo puntiforme e coloraqfo castanha (Fig. 1A).<br />
Foram selecionados um a dois exemplares de cada tfixon, utilizando-se um<br />
;I rlts frutos de cada exemplar, dependendo da disponibilidade. 0s frutos foram utilizados<br />
sem prbtratamento, montados diretamente em suportes de aluminio com fita<br />
tlupla-face e metalizados com ouro 24 kl pel0 process0 de disperslo a vficuo, em<br />
~netalizador BALZERS modelo SCD 50. As fotomicrografias foram realizadas com o<br />
;~oxilio de um equipamento Zeiss DMS 960, do Laborat6rio de Microscopia EletrBnica<br />
(lo Institute de BiociCncias da <strong>Universidade</strong> de Sfo Paulo e, posteriormente,<br />
cscaneadas.<br />
0s materiais de onde foram retirados os frutos e os herbfirios, em que os<br />
r~lcsmos estlo depositados, siio listados a seguir. Entre estes, os materiais selecionados<br />
l~ra ilustraqgo slo referidos nas legendas das respectivas figuras. A. arenarius Hack.:<br />
.I. Viclal s. n. (R127278); A. <strong>Zanin</strong> & A. C. Alves 762 (FLOR). A. bicornis L.: J. S.<br />
Sn~rtoro s.n. (IAC 581). A. carinatus Nees: I? H. Pequeno et al. 189 (BHCB). A.<br />
,firsligiatus Sw.: A. Zunin 791 (SPF); A. Zani~z et al. 573 (FLOR). A. glaucophyllus<br />
Itoscng., B. R. Arrill. & Izag.: J. R. Swallen 9115 (PEL). A. hypogynus Hack.: E.<br />
I't,r-c,ircl et al. 374(RB). A. ingratus Hack.: A. 0. Scariott et al. 405 (SPF); A. <strong>Zanin</strong> &<br />
A. C. Arnlijo 718 (FJdOR); A. Zunin et al. 786 (SPF). A. lateralis Nees: A. <strong>Zanin</strong> et al.<br />
.I06 (FLOR); A. Zunin & H. M. <strong>Longhi</strong>- <strong>Wagner</strong> 420 (FLOR); D. Philcox et al. 3600<br />
( I1 It). A. leucostachyus Kunth: E. E. Neubert 128 (ICN); A. <strong>Zanin</strong> 738 (FLOR). A.<br />
lirrrltt~anii Hack.: A. Zunin & M. Zunin 772(FLOR). A. macrothrix Trin.: J. E M.<br />
\/trll.r& C. Quarin 10303(CEN). A. selloanus (Hack.) Hack.: R. M. Klein et al. 12086<br />
( I IRII); A. Zarzin 3856 (FLOR). A. ternatus (Spreng.) Nees: J. E M. Valls &A. <strong>Zanin</strong><br />
IZ.{O6 (CEN); A. <strong>Zanin</strong> et al. 387b (FLOR). A. virgatus Desv.: J. R. Swallen 4790<br />
(I< 13); R. M. Harley et al. 15769 (CEPEC). Andropogon sp. 1: A. M. Giulietti et al.<br />
('I;SC7329 (SPF). Andropogon sp. 2: E. R Heringer et al. 1716 (SP); M. A. Silva et<br />
trl. 1606 (IBGE). Andropogon sp. 3: A. Chase 10443 (V1C);A. G. Burman 549 (SP).<br />
RESULTADOS E DISCUSSWO<br />
As principais diferenqas observadas na superficie do fruto relacionam-se a<br />
s~~l>c~ficie e espessura das paredes anticlinais longitudinais (escultura primfiria) e ao<br />
rclcvo das paredes periclinais externas (escultura secundhria), analisadas de acordo<br />
co~ii n:~rthlott (1984).<br />
1. Superficie das paredes anticlinais longitudinais<br />
A maior parte dos tixons estudados, incluindo A. arenarius, A. bicornis, A.<br />
cariizatus, A. glaucophyllus, A. hypogynus, A. iizgratus, A. lateralis, A. leucostachyus,<br />
A. lindnzanii, A. macrothrix, A. ternatus, A. virgatus, Andropogon sp. 1, Andropogon<br />
sp. 2 e Andropogon sp. 3, mostrou um padrlo de ornamentaqlo mais ou menos uniforme,<br />
com paredes anticlinais longitudinais onduladas como exemplificado nas Figuras<br />
1B-F e 2A-C. 0 grau das ondulaqdes pode variar entre individuos de um mesmo thxon<br />
ou de tixons diferentes e em alguns casos as paredes apresentam-se quase retas (Fig.<br />
2D-F). Em A. leucostacltyus, as paredes anticlinais longitudinais slo marcadamente<br />
onduladas (Fig. lB), enquanto em A. arenarius sgo levemente onduladas (Fig. ID). Em<br />
A. lateralis variam de onduladas (Rg. 2A) a quase retas (Fig. 2D). 0 mesmo foi observado<br />
para Andropogon sp. 1 (Fig. 2B e 2E). Por outro lado, em A. virgatus, as paredes<br />
anticlinais longitudinais mostraram-se sempre quase retas, nos dois materiais estudados<br />
(Fig. 2F). Algumas espCcies se destacaram por apresentar padr6es exclusivos. E o<br />
caso de A. fastigiatus, com paredes anticlinais longitudinais sinuosas e muito aproximadas<br />
(Fig. 3A) e A. selloanus, com paredes anticlinais longitudinais tambCm sinuosas,<br />
mas mais afastadas (Fig. 3B-D).<br />
2. Presenp de projeq8es nas paredes anticlinais longitudinais<br />
Foram observadas proje~des verrucosas nas paredes anticlinais longitudinais<br />
em A. lindmanii (Fig. 1E-F) e A. selloanus (Fig. 3B). Nesta dltima espkie, no<br />
entanto, este cariter mostrou-se varihel nos dois exemplares estudados, estando presente<br />
no exemplar R. M. Klein 12086 e ausente no material A. <strong>Zanin</strong> 385b. E necesssrio<br />
a anilise de uma maior amostragem para definir melhor o padrfo ou padr6es referentes<br />
a esta espkcie.<br />
3. Espessura das paredes anticlinais longitudinais<br />
A maioria dos tfixons com paredes anticlinais longitudinais onduladas ou<br />
quase retas possuem as paredes uniformemente delgadas, exceto A. lindmanii, onde<br />
estas s5o relativamente mais espessas ( Fig. 1E-F). 0 mesmo foi observado para as<br />
paredes sinuosas de A. fastigiatus e A. selloanus (Fig. 3A e 3B-D).<br />
4. Cornprimento relativo das paredes anticlinais das dlulas epidbrrnicas<br />
A forma das cClulas epidkrmicas do fruto em todas as espCcies estudadas C<br />
retangular. Na grande maioria das espkies, o comprimento das paredes anticlinnis
longitudinais C muitas vezes maior que o das paredes anticlinais transversais. Entretanto,<br />
em alguns casos. as paredes longitudinais mostraram-se apenas de duas a cinco<br />
vezes mais longas que as tranversais. Isto foi verificado para A. Iuterc~lis (Fig. 2D),<br />
A17rlropogo1i sp. 1 (Fig. 2E) e A~~drol~ogon sp. 2 (Fig. 2C). PorCm, nas duas primeiras<br />
espCcies, este carliter mostrou-se varidvel entre os espCcimens estudados (Fig. 2A e<br />
2D; 2B e 2E, respectivamente).<br />
Aralijo & <strong>Longhi</strong>-<strong>Wagner</strong> (1997) usaram este cariter para distinguir Cyper~is<br />
hlrrknrtii Guagl. das demais espCcies de Cyperus subg. Anosporlun (Nees) Clarke<br />
ocorrentes no Rio Grande do Sul. Este carliter tambtm foi utilizado por Giulietti et al.<br />
(1988), entre outros, para caracterizar diferentes gsneros em Eriocaulaceae. No grupo<br />
cstudado no presente trabalho, mostrou-se um cardter promissor, que merece uma invcstigaqiio<br />
mais aprofundada, envolvendo maior nlimero de exemplares, para uma me-<br />
Ihor avaliaqiio sobre o seu uso taxon6mico.<br />
1.Ornamentag5o das paredes periclinais<br />
As espCcies com superficie da parede anticlinal longitudinal ondulada, em<br />
str:~ maioria, mostrou paredes periclinais externas lisas ou quase lisas, exceto A.<br />
,~lrrr~coplzyllr~s (Fig.lC) e A. lirzd~rzariii (Fig. 1E-F) onde as paredes periclinais externas<br />
s;io nitidamente rugosas. Em A. sellon~zus, corn parede anticlinal longitudinal sinuosa,<br />
;IS paredes periclinais externas siio rugosas (Fig. 3B-D) e em A. fnstigiatus, tambtm com<br />
pascdes longitudinais sinuosas, algumas ctlulas parecem apresentar uma camada su-<br />
~)crlicialisa, mas em outras ctlulas observa-se claramente a presenqa de rugosidades<br />
na s~~pel-ficie (Fig. 3A).<br />
'I;lhcln 1 Caracteres de superficie do fruto em MEV em algumas espkies de A~zdropogon<br />
ocorrentes no Brasil.<br />
lispC:cic<br />
CarAter<br />
A. ,rr.c,rrc1rirr.v<br />
. -<br />
/\. hic.or.~iis<br />
A. c~trrirrci~rr.v<br />
A. ./ir.v/i~yici/ri,v<br />
sinuosas; paredes<br />
aproximadas<br />
A. plrrrrc~o1~~1rvllic.v onduladas<br />
/\ .-/ I~~~\~III~.Y onduladas<br />
I\. III$IYI/II.\ ond~rladas<br />
/\. 1~11(,r(iIi.v ontlul;~tl:~s ou quase<br />
~. - .<br />
Paredes anticlinais<br />
longitudinais<br />
onduladas<br />
onduladas<br />
onduladas<br />
rct;ts<br />
.. p~<br />
Proje~Bes<br />
nas paredes<br />
anticlinais<br />
longitudinais<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
Espessura das<br />
paredes<br />
anticlinais<br />
longitudinais<br />
delgada<br />
delgada<br />
delgada<br />
espcssa<br />
delgada<br />
delgada<br />
dclgada<br />
delgada<br />
Paredes periclinais<br />
lisas<br />
lisas<br />
lisas<br />
rugosas<br />
rugosas<br />
lisas<br />
lisas<br />
lisas<br />
-<br />
continuac,?~ da tabela 1<br />
A. Iertcostncl~vro<br />
A. lirrrlrirar~ii<br />
A. ri~acrothrix<br />
A. selloa~rus<br />
A. tcnrnt~es<br />
A. virgarris<br />
Altdropo~or~ sp. I<br />
Alldropogori sp. 2<br />
Airdropogo~l sp. 3<br />
onduladas<br />
onduladas<br />
onduladas<br />
sinuosas: paredes<br />
afastadas<br />
ondr~ladas<br />
quase retas<br />
onduladas ou qunse<br />
ausentes<br />
prcsentes<br />
ausentes<br />
ausentes e<br />
presentes<br />
ausen tes<br />
ausentes<br />
ausentes<br />
tlelgada<br />
eslessa<br />
delgada<br />
espcssa<br />
delgada<br />
delgada<br />
delgada<br />
lisas<br />
rugosas<br />
lisas<br />
rugosas<br />
lisas<br />
lisas<br />
lisas<br />
Importincia taxon6mica da micromorfologia da superficie do fmto nas esp6cit-s estudadas<br />
0 estudo da superficie de fruto em Microscopia Eletrhica de Varredura<br />
revelou-se uma nova fonte de obtenqgo de caracteres no g&nero Andropogon, qllc<br />
provavelmente poderi estender-se a outros gsneros da tribo. Se, por um lado, a maior<br />
parte das esptcies estudadas no presente trabalho mostrou um padriio de ornamentaq3o<br />
uniforme, com paredes anticlinais longitudinais onduladas, delgadas, e pareclc<br />
periclinal lisa, algumas esptcies mostraram caracteristicas exclusivas, que permilcln<br />
diferencii-las de todas as demais. Charna a atenqiio, especialmente os padr6es distintos<br />
apresentados por A. selloanus e A. leucostaclzyus, duas esptcies muito semelhanlcs<br />
pela morfologia externa, geralmente diferenciadas pelo dpice da Igrnina foliar, o que cln<br />
alguns exemplares niio C tiio fdcil de verificar. Quanto i superficie do fruto, no entanco.<br />
A. leuco.staclzyus mostrou paredes anticlinais longitudinais onduladas e delgadas, scnl<br />
projeqbes, e as periclinais lisas (Fig. IB), enquanto em A. selloarzi~s as paredes anticlinais<br />
longitudinais do sinuosas e angulosas, espessas, com ou sem projeqbes, e as periclin:~is<br />
rugosas (Fig. 3B-D). As diferenqas na superficie do fruto entre estas duas espkcics silo<br />
bem evidentes e poderiio ser utilizadas como auxiliares, em plantas de dificil idcntific:~<br />
qiio por apresentarem alguns caracteres macromorfol6gicos intermedihios.<br />
A~zdropogon lirtd~nanii, considerada urn hibrido resultante de A. k~tcrtrlis c<br />
A. arenarius por Campbell & Windisch (1987) e Norrmann (1999). tambCm se dcsl:lcS:~<br />
por apresentar um padrlo exclusive, cnm paredes anticlinais longitudinais ondul:~cl:~s.<br />
delgadas, com projeq6es muito nitidas, e paredes periclinais rugosas (Fig. IE-17). Ilslcpadr,?o<br />
C distinto das esptcies proviveis parentais, que tambem possuem pilrctlcs<br />
anticlinais longitudinais onduladas, delgadas, porCm sem pro.jeqiies, e paredes pcriclin:~is<br />
lisas. Anclropogon glaucoplryllrrs C a linica espCcie. entre as con1 padriio dc p;lralc.s<br />
;~nticlin;~is longit~ldinais onduladas. que apresentou paredes periclin:~is cx1crn:Is I'II~~.O<br />
sas. Gs~a cspCcie C referida por Norrmann (1999) como pertcnccntc :I Arlt/rol~o~:orr<br />
scqiio Noto.rolerr. mclhor rcprcscntada n;) /jli.ica. Inl'eliznientc, no pscscnlc II.;II~:III~O.<br />
11Fio fiji ~x)ssivcl ohlcr l'rutos ni:~dusos tlc oulras cspCcics tlcsl:~ s(y5o. (.OIIIO A.
crispijolius e A. pohlianus, espkies exclusivamente brasileiras, e A. gayanus introduzida<br />
da Africa, para fins de compara~iio. Da mesma forma, nlo foi possivel obter frutos de A.<br />
crrzgustatus, espkie muito sernelhante a A. fastigiatus, ambas com caracteristicas da<br />
seglo Piestiurn ocorrentes no Brasil.<br />
Hd padrdes encontrados somente em algumas espkies, como A. selloanus,<br />
A. fastigiatus e A. lindmanii, e parecem ser exclusivos das mesmas. PorCm para confirmaqlo<br />
destes dados sera necessdrio um aumento da amostragem para as espCcies jd<br />
estudadas, bem como a inclusZo de outras espCcies do gCnero, especialmente as africanas<br />
das seqdes Notosolen e Piestium. Isto propiciari uma vislo mais abrangente e<br />
segura quanto aos padrdes de caracteres micromorfol6gicos apresentados pela super-<br />
I'icie do fruto em Andropogon.<br />
Arai?jo, A. C. & <strong>Longhi</strong>-<strong>Wagner</strong>, H. M.. 1997. <strong>Ana</strong>tomia foliar e micromorfologia do<br />
fruto na taxonomia de Cyperus L. (Cyperaceae). Iheringia 48: 103- 120.<br />
Ihrthlott, W. 1984. Mocrostmctural features of seed surfaces. In: Heywood, V. H. &<br />
Moore, D. M. (Eds.). Current concepts in plant taxonomy. London, Academic<br />
Press. p. 95-105. (The Systematic Association Special, 25).<br />
Iloechat, S. C. 1998. As espCcies do gCnero Eragrostis Wolf (Poaceae) no Brasil. Tese<br />
de Doutorado. Instituto de BiociCncias da <strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> do Rio Grande do<br />
Sul. Porto Alegre, Brasil. 478p.<br />
nipbell bell, C. S. & Windisch, P. 1987. Hybridization among threespecies ofAndropogon<br />
(Poaceae: Andropogoneae) in southern Brazil. Bull. Torrey Bot. Club. 114(4): 402-<br />
406.<br />
('layton, W. D. & Renvoize, S. A. 1982. Gramineae. In: Polhill, R. M. (Ed.). Flora of<br />
Tropical east Africa. Rotterdam, Balkema. Part 3. p. 767-782.<br />
( 'layton, W. D. & Renvoize, S. A.. 1986. Genera graminum: grasses of the world. London,<br />
Her Magesty's Stationery Office. 389p (Kew Bulletin Additional Series, 13).<br />
I;ilgueiras, T. S. 1986. 0 conceit0 de fruto em gramineas e seu uso na taxonomia da<br />
familia. Pesq. Agropec. Brasil. 21(2): 93-100.<br />
Giulietti, A. M.; Monteiro, W. R.; Mayo, S. & Stephens, J. 1988. Preliminary survey of<br />
tcsta sculpture in Eriocaulaceae. Beitr. Biol. Pflanzen 62: 189-209.<br />
I lilu, K. W.; Wet, J. M. J. & Harlan, J. R.. 1979. Archaeobotanical studies of Eleusine<br />
c-oracnna ssp. coracana. Amer. J. Bot. 66(3): 330-333.<br />
.lordan, J. L.; Jordan, L. S. & Jordan, C. M. 1983. Prominent spermoderm patterns of<br />
Poaceae. Bot. Mag. 96: 269-272.<br />
I-onghi-<strong>Wagner</strong>, H. M. 1986. A subfamilia Chloridoideae (Gramineae) na Cadeia do<br />
Ibpinhaqo, Brasil. Tese de Doutorado. Instituto de BiociCncias. <strong>Universidade</strong> de<br />
SRo Paulo. Siio Paulo, Brasil. 627p.<br />
Lucend, M. 1992. Estudios en la secci6n Spirostachyae (Dreger) Bailey del genero<br />
Carex I. Revalorizaci6n de C. lzelodes Link. <strong>Ana</strong>les Jard. Bot. Madrid 50(1):73-8 1.<br />
Norrmann, G. 1999. Biosistemaitica y relaciones filogenkticas de especies hexaploides<br />
sudamericanas de Andropogon (Gramineae). Tese de Doutorado. Faculdad de<br />
Ciencias Exactas, Fisicas y Naturales. Universidad Nacional de C6rdoba. Cdrdoba,<br />
Argentina. 98p.<br />
Sendulsky, T. 1966. Contribution to the study of fruits and associated structures of<br />
grasses from the "cerrados". I1 - Andropogon L. <strong>Ana</strong>is Acad. Brasil. Ci. (suplemento)<br />
38: 207-2 18.<br />
Stapf, 0.1917-19. Gramineae. In: Prain (Ed.). Flora of tropical Africa. London, Reeve. p.<br />
1-265.<br />
Tiirpe, A. M. 1984. Revision of the South American species of Schizachyriurri<br />
(Gramineae). Kew Bull. 39(1): 169-178.<br />
<strong>Zanin</strong>, A. 2001. Revisiio do gcnero Andropogon L. (Poaceae-Panicoideae-<br />
Andropogoneae) no Brasil. Tese de Doutorado. Instituto de BiociCncias da <strong>Universidade</strong><br />
de SZo Paulo. Slo Paulo, Brasil. 401p.
zgs<br />
C c U<br />
s -2 &-<br />
6d8<br />
W A F<br />
52 t3<br />
2 . .$<br />
w ' 3<br />
ga,<br />
'c m + u e<br />
:3&<br />
2.s -<br />
0<br />
r= T<br />
eos<br />
e p n<br />
gJ\ z<br />
b i l<br />
'@a s<br />
s .. g<br />
140;: