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Taxonomia, distribuição geográfica e filogenia do gênero Codium

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MARIA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA-CARVALHO<br />

TAXONOMIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E<br />

FILOGENIA DO GÊNERO CODIUM STACKHOUSE<br />

(BRYOPSIDALES-CHLOROPHYTA) NO LITORAL<br />

BRASILEIRO.<br />

RECIFE<br />

2008


MARIA DE FÁTIMA DE OLIVEIRA-CARVALHO<br />

TAXONOMIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E<br />

FILOGENIA DO GÊNERO CODIUM STACKHOUSE<br />

(BRYOPSIDALES-CHLOROPHYTA) NO LITORAL<br />

RECIFE<br />

2008<br />

Tese apresentada ao Programa de Pós-<br />

Graduação em Botânica (PPGB) da<br />

Universidade Federal Rural de<br />

Pernambuco, como pré-requisito para<br />

obtenção ao título de Doutor em Botânica.<br />

C. decorticatum (Woodw.) M. Howe


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... iii<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA – PPGB<br />

TAXONOMIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E FILOGENIA<br />

DO GÊNERO CODIUM STACKHOUSE (BRYOPSIDALES-<br />

CHLOROPHYTA) NO LITORAL BRASILEIRO.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra:<br />

Dra. Sonia Maria Barreto Pereira<br />

Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).<br />

Conselheiros:<br />

Dra. Mariana Cabral de Oliveira<br />

Universidade de São Paulo (USP).<br />

Dr. José Francisco Flores Pedroche.<br />

Universidad Autónoma Metropolitana, México.<br />

Recife<br />

2008


Ficha catalográfica<br />

C331t Oliveira-Carvalho, Maria de Fátima de<br />

<strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> <strong>do</strong> <strong>gênero</strong><br />

<strong>Codium</strong> Stackhouse (Bryopsidales – Chlorophyta) no litoral<br />

brasileiro / Maria de Fátima de Oliveira-Carvalho. -- 2008.<br />

88 f. : il.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra : Sonia Maria Barreto Pereira<br />

Tese (Doutora<strong>do</strong> em Botânica) - Universidade Federal<br />

Rural de Pernambuco. Departamento de Biologia.<br />

Inclui anexo e bibliografia.<br />

CDD 582<br />

1. <strong>Taxonomia</strong><br />

2. Clorofíceas<br />

3. Codiaceae<br />

4. Morfologia<br />

5. Filogenia molecular<br />

6. rbcL<br />

7. Atlântico Americano<br />

8. Litoral brasileiro<br />

I. Pereira, Sonia Maria Barreto<br />

II. Título


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... iv<br />

TAXONOMIA, DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E FILOGENIA DO<br />

GÊNERO CODIUM STACKHOUSE (BRYOPSIDALES-<br />

CHLOROPHYTA) NO LITORAL BRASILEIRO.<br />

Maria de Fátima de Oliveira-Carvalho<br />

Tese aprovada pela Banca examina<strong>do</strong>ra:<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: ___________________________________________<br />

Dra. Sonia Maria Barreto Pereira - UFRPE<br />

Presidente<br />

Examina<strong>do</strong>res: __________________________________________<br />

Dra. Ariadne <strong>do</strong> Nascimento Moura - UFRPE<br />

Titular<br />

Data da Aprovação: 20/02/2008<br />

__________________________________________<br />

Dra. Enide Eskinazi-Leça – UFRPE<br />

Titular<br />

__________________________________________<br />

Dra. Iva Carneiro Leão Barros – UFPE<br />

Titular<br />

__________________________________________<br />

Dra. Lísia Mônica de Souza Gestinari - UFRJ<br />

Titular<br />

__________________________________________<br />

Dra. Maria Elizabeth Bandeira-Pedrosa - UFRPE<br />

Titular<br />

Recife<br />

2008


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... v<br />

AGRADECIMENTOS<br />

A tese é uma obra que não se faz só, pois além da coragem e da persistência<br />

em querer concretizá‐la, é necessário que haja incentivo e contribuição de várias<br />

pessoas que acreditam no seu objetivo. As dificuldades e obstáculos enfrenta<strong>do</strong>s<br />

foram muitos e às vezes pareciam intransponíveis, mas durante esta minha<br />

caminhada, pude contar com ajuda direta e indireta de diversas pessoas e isto foi o<br />

suficiente para seguir em frente e não desistir jamais. A estas pessoas, gostaria de<br />

expressar os meus sinceros agradecimentos.<br />

Primeiro de tu<strong>do</strong>, agradeço a DEUS por permitir que eu suba mais um degrau<br />

na minha escalada acadêmica, sempre me guian<strong>do</strong> e me confortan<strong>do</strong> nas horas mais<br />

difíceis.<br />

Ao maior presente que Deus me deu, o meu filho Robson Oliveira de Carvalho<br />

pela paciência e força, pois mesmo sofren<strong>do</strong> a minha ausência por longos perío<strong>do</strong>s<br />

afasta<strong>do</strong>s e dedica<strong>do</strong>s ao desenvolvimento da tese em São Paulo, suportou com<br />

afinco a saudade materna. Te amo meu filho!<br />

Aos meus familiares pelo apoio, carinho e compreensão durante a realização<br />

deste trabalho.<br />

Ao Programa de Pós‐Graduação em Botânica (PPGB) da Universidade Federal<br />

Rural de Pernambuco (UFRPE) pela oportunidade na realização <strong>do</strong> Curso de<br />

Doutora<strong>do</strong>.<br />

À Universidade de São Paulo (USP) pelo apoio logístico e laboratorial para o<br />

desenvolvimento da parte de Biologia Molecular da minha Tese.<br />

À Dra. Sonia Maria Barreto Pereira, pelo aprendiza<strong>do</strong> e amor às algas<br />

marinhas. E porque não pela amizade, confiança e respeito conquista<strong>do</strong> durante<br />

to<strong>do</strong>s estes anos.<br />

À Dra. Mariana Cabral de Oliveira, na qualidade de Conselheira, pela<br />

paciência, competência e <strong>do</strong>m para transmitir seus conhecimentos.<br />

Ao Dr. José Francisco Flores Pedroche da Universidad Autónoma<br />

Metropolitana\UAM, México, na qualidade de conselheiro, pelo auxílio presta<strong>do</strong>


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... vi<br />

durante o desenvolvimento desta tese, principalmente pelos conselhos e sugestões<br />

durante a sua etapa final.<br />

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES),<br />

pela concessão da Bolsa de Doutora<strong>do</strong>.<br />

À Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />

(FACEPE), via “PRONEX”, e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e<br />

Tecnológico (CNPq), via “Projeto Universal”, pelo suporte financeiro na coleta de<br />

<strong>Codium</strong> em alguns trechos <strong>do</strong> litoral brasileiro.<br />

A atual Coordenação <strong>do</strong> Programa de Pós‐Graduação em Botânica (PPGB), o<br />

Coordena<strong>do</strong>r Dr. Ulysses Paulino Albuquerque e Vice‐Coordena<strong>do</strong>ra, Dra. Cibele<br />

Car<strong>do</strong>so de Castro, pelo respeito e incentivo aos alunos deste Programa.<br />

Às ex‐Coordena<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> PPGB, Dra. Ariadne <strong>do</strong> Nascimento Moura e Dra.<br />

Carmen Silvia Zickel pelo apoio da<strong>do</strong> durante a realização deste trabalho, no perío<strong>do</strong><br />

em que estiveram a frente da Coordenação deste Programa e também pela amizade.<br />

Aos professores que fazem parte <strong>do</strong> Programa de Pós‐Graduação em Botânica<br />

(PPGB) pelos incentivos e ensinamentos durante o perío<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong>.<br />

À Dra. Enide Eskinazi‐Leça pelo simples fato de existir, digna de to<strong>do</strong> meu<br />

respeito e admiração.<br />

À Dra. Maria Elizabeth Bandeira Pedrosa pelo convívio e amizade.<br />

À Dra. Mutuê Toyota Fujii, pela simpatia e concessão na utilização <strong>do</strong><br />

microscópio acopla<strong>do</strong> a máquina fotográfica digital para a obtenção das fotografias<br />

das estruturas anatômicas de <strong>Codium</strong>.<br />

À Dra. Nair Yocoya pelo carinho e palavras amigas durantes as minhas visitas<br />

ao Instituto de Botânica e pela agradável companhia nos horários <strong>do</strong> almoço.<br />

Às Professoras Dra. Estela Maria Plastino e a Dra. Fanly Fungyi Chow Ho,<br />

pelas palavras amigas e convívio nos horários <strong>do</strong> almoço no Laboratório de Pós‐<br />

Graduação da USP.<br />

Aos colegas ficólogos que colaboraram na coleta e\ou envio de material<br />

botânico, bem como, aos que auxiliaram na consulta das exsicatas de <strong>Codium</strong> nos<br />

herbários brasileiros: Bióloga Aigara Miranda Alves (UEFS‐BA), Dr. Carlos Wallace


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... vii<br />

<strong>do</strong> Nascimento Moura (UEFS ‐ BA), MSc. Diógina Barata (IB‐SP), Dr. Eurico Cabral<br />

de Oliveira (USP ‐ SP), Dr. Flavio Augusto de Souza Berchez (USP ‐ SP), Dr. Gilberto<br />

Menezes Ama<strong>do</strong> Filho (J. Botânico <strong>do</strong> Rio de Janeiro ‐ RJ), Dra. Lísia Mônica de<br />

Souza Gestinari (UFRJ‐RJ), Dra. Maria Teresa Menezes de Széchy (UFRJ‐RJ), Dra.<br />

Mariângela Menezes (Museu Nacional – UFRJ). Bióloga Mariana Rodrigues Pacheco<br />

(IB‐SP), Dr. Miguel da Costa Accioly (UFBA ‐BA), Dr. Paulo Antunes Horta Junior<br />

(UFSC‐SC), Dra. Silvia Maria Pita de Beauclair Guimarães (IBT‐SP), MSc. Valéria<br />

Cassano (UERJ‐RJ), Dra. Valéria Flora Hadel (CEBIMar – USP) e Dra. Zenilda L.<br />

Bouzon (UFSC‐SC).<br />

À minha pequena turma de <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>: Ise de Goreth Silva e Elizamar Ciriaco<br />

da Silva, pela amizade e respeito mútuo.<br />

Ao Biólogo e técnico Rosário Petti <strong>do</strong> Laboratório de Algas Marinhas <strong>do</strong> IB‐<br />

USP, pelo apoio e assessoria sempre presente.<br />

À técnica Silvia Regina Blanco <strong>do</strong> Laboratório de Biologia Molecular de<br />

Plantas da USP, pela ajuda na realização das reações de sequenciamento.<br />

À técnica Gisele Rodrigues de Oliveira Costa <strong>do</strong> Laboratório de Anatomia<br />

Vegetal da USP, pelo acesso e utilização da sala de fotografia microscópica.<br />

À Antônia Creusa da Silva e Silvana Alves Scarance, proprietárias <strong>do</strong><br />

pensionato pelo bom convívio e amizade conquistada.<br />

Ao Dr. Antônio Travassos Junior pela tradução <strong>do</strong>s Abstracts.<br />

Aos amigos <strong>do</strong> LABOFIC (PPGB), Paula Regina Fortunato <strong>do</strong> Nascimento,<br />

Douglas Correia Burgos, Suellen Barros Brayner, Talita Oliveira Junior, Leonar<strong>do</strong> R.<br />

Chaves Coelho, José Juarez Ferreira Monteiro, Roberta Sampaio Pinho, Silvana<br />

Nascimento Dias, pela força, amizade e agradáveis momentos de descontração e altas<br />

gargalhadas nos horários <strong>do</strong> almoço.<br />

Aos amigos que já fizeram parte <strong>do</strong> LABOFIC (PPGB): Nádja Maia Batista de<br />

Oliveira, Gisele Maria Pereira Dias, Maria das Dores <strong>do</strong>s Santos, Danielle Gomes<br />

Pereira de Lima, Khey Albert de Azeve<strong>do</strong> Fontes e Fernanda Alves Ribeiro.<br />

Aos novos amigos <strong>do</strong> Laboratório LAM (USP): Dra. Daniele Milstein, Dra.<br />

Leila Hayashi, Dra. Luciana Bastos Ferreira, Dr. Carlos Eduar<strong>do</strong> Amâncio, Dra.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... viii<br />

Nathalia Pirani Ghilard e aos Biólogos: Amanda Vanderley, Guilherme Filho, Beatriz<br />

Nogueira Torrano da Silva, José Bonomi Barufi, Mariane Martins Mosca, Lígia M. T.<br />

Ayres da Silva, Ignácio Falomir, Monica Miyuki Takahashi e Daniela Miwa Kikuchi.<br />

Aos funcionários da secretaria <strong>do</strong> Programa de Pós‐Graduação Margarida<br />

Clara e Manasses Araújo pela atenção presteza e respeito que sempre dispensaram<br />

aos alunos deste programa.<br />

À minha secretária <strong>do</strong> lar, Maria Helena de Araújo, por ter segura<strong>do</strong> a barra<br />

durante os meses que fiquei em São Paulo, sempre confortan<strong>do</strong> e ajudan<strong>do</strong> o meu<br />

filho a suportar a saudade materna.<br />

Enfim, a to<strong>do</strong>s aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram e me<br />

apoiaram para a realização deste trabalho.


SUMÁRIO<br />

Resumo ............................................................................................................. 2<br />

Abstract ............................................................................................................. 4<br />

1. Introdução ..................................................................................................... 6<br />

2. Revisão de literatura ..................................................................................... 11<br />

3. Referências ................................................................................................... 18<br />

4. Resulta<strong>do</strong>s .................................................................................................... 31<br />

4.1 - Manuscrito a ser envia<strong>do</strong> para a Revista Nova Hedwigia ................... 31<br />

Artigo l: O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> Stackhouse (Bryopsidales – Chlorophyta) no<br />

Brasil: taxonomia e <strong>distribuição</strong>.....................................................................<br />

Resumo ............................................................................................................. 33<br />

Abstract ............................................................................................................. 33<br />

Introdução ......................................................................................................... 34<br />

Material e Méto<strong>do</strong>s ............................................................................................ 35<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussão .................................................................................... 36<br />

Agradecimentos ................................................................................................ 51<br />

Referências ....................................................................................................... 51<br />

Anexos <strong>do</strong> Manuscrito I<br />

4.2 - Manuscrito a ser envia<strong>do</strong> para a Revista Journal of Phycology......... 56<br />

Artigo ll: Análises filogenéticas das espécies brasileiras <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong><br />

(Bryopsidales-Chlorophyta) baseada na seqüência <strong>do</strong> éxon 1 <strong>do</strong> gene<br />

rbcL....................................................................................................................<br />

Resumo ............................................................................................................. 58<br />

Abstract ............................................................................................................. 59<br />

Introdução ......................................................................................................... 60<br />

Material e Méto<strong>do</strong>s ............................................................................................ 63<br />

Resulta<strong>do</strong>s ........................................................................................................ 68<br />

Discussão .......................................................................................................... 73<br />

Agradecimentos ................................................................................................ 78<br />

Referências ....................................................................................................... 78<br />

Anexos <strong>do</strong> manuscrito ll<br />

Anexos gerais<br />

5. Considerações Finais .................................................................................... 85<br />

32<br />

57


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 2<br />

RESUMO<br />

<strong>Codium</strong> Stackhouse é um <strong>gênero</strong> exclusivamente marinho, engloba 125 táxons e<br />

encontra-se distribuí<strong>do</strong> nos mares de quase to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, com exceção para as<br />

regiões polares. A maior diversidade infragenérica encontra-se nos mares da zona<br />

temperada e subtropical. No Brasil, são poucas as informações sobre o <strong>gênero</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s refere-se a levantamentos florísticos de diversas<br />

localidades, se restringin<strong>do</strong> a um pequeno número de publicações. O objetivo deste<br />

trabalho é apresentar o levantamento <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> no litoral brasileiro com<br />

ênfase na taxonomia e <strong>distribuição</strong> de seus representantes. Os estu<strong>do</strong>s morfoanatômicos<br />

foram basea<strong>do</strong>s em material coleta<strong>do</strong> em diversos esta<strong>do</strong>s brasileiros<br />

(PB, PE, BA, ES, RJ, SP, SC e RS), na região entre-marés, durante as baixas<br />

marés, com auxílio de espátulas, e quan<strong>do</strong> necessário, através de mergulhos livres<br />

nas poças recifais. Os exemplares foram conserva<strong>do</strong>s em solução de formaldeí<strong>do</strong> a<br />

4%. Para uma melhor compreensão das variações fenotípicas e visan<strong>do</strong> contemplar<br />

um maior número possível de amostras nos esta<strong>do</strong>s brasileiros, foi consulta<strong>do</strong> o<br />

material de <strong>Codium</strong> deposita<strong>do</strong> nos seguintes herbários nacionais indexa<strong>do</strong>s: JPB,<br />

PEUFR, ALCB, HUEFS, RB, R, HB, RFA, SP, SPF e FLOR. Também foram<br />

analisadas as exsicatas <strong>do</strong>s exemplares coleta<strong>do</strong>s pelas expedições oceanográficas<br />

Almirante Saldanha, Akaroa, Canopus e Comissão Recife. Além disso, foram<br />

analisadas as exsicatas de <strong>Codium</strong> procedentes <strong>do</strong> Brasil depositadas no Herbário<br />

da Universidade da Califórnia, Berkeley (UC). Todas as exsicatas foram<br />

cuida<strong>do</strong>samente analisadas, se proceden<strong>do</strong> à confirmação e/ou correção das<br />

identificações. A identificação <strong>do</strong>s táxons foi baseada em caracteres morfológicos<br />

(hábito, padrão de ramificação e dimensões <strong>do</strong>s ramos), anatômicos (diâmetro <strong>do</strong>s<br />

filamentos medulares, morfologia e dimensões <strong>do</strong>s utrículos e disposição de pêlos<br />

ou cicatrizes) e reprodutivos (morfologia, dimensões e inserção <strong>do</strong>s gametângios).<br />

Na costa brasileira, foi registrada a ocorrência de sete táxons infragenéricos,<br />

distribuí<strong>do</strong>s nas seguintes seções: Adhaerentia (C. intertextum), Spongiosa (C.<br />

spongiosum), Tomentosa (C. isthmocladum, C. repens e <strong>Codium</strong> sp.) e Elongata (C.<br />

decorticatum e C. taylorii). C. tomentosum está sen<strong>do</strong> considerada como espécie<br />

duvi<strong>do</strong>sa para o litoral brasileiro e C. profundum como “nome nudum” e, por isto,<br />

citada como <strong>Codium</strong> sp. Devi<strong>do</strong> à marcada plasticidade morfológica, as espécies C.<br />

decorticatum, C. isthmocladum e C. taylorii foram as que apresentaram maiores<br />

dificuldades na identificação taxonômica. Três espécies de hábito ereto como C.<br />

isthmocladum, C. decorticatum e C. taylorii e a de hábito prostra<strong>do</strong> C. intertextum


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 3<br />

foram as que apresentaram maior <strong>distribuição</strong> na costa brasileira. Algumas espécies<br />

tiveram sua <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> ampliada para a costa brasileira, como C.<br />

decorticatum (Ceará, Paraíba e Alagoas); C. intertextum (Alagoas), C. isthmocladum<br />

(Alagoas, Sergipe e Paraná) e C. taylorii (Ceará, Paraíba, Alagoas e Paraná). Além<br />

da taxonomia baseada em caracteres morfológicos e reprodutivos foi feito o<br />

sequenciamento de DNA visan<strong>do</strong> entender melhor o polimorfismo encontra<strong>do</strong> em<br />

algumas espécies. No momento, o sequenciamento de DNA é a técnica mais<br />

poderosa para detectar polimorfismo no genótipo e tem si<strong>do</strong> bastante utilizada na<br />

comparação de diferentes níveis taxonômicos. Seqüências <strong>do</strong> primeiro éxon da<br />

grande subunidade RUBISCO (rbcL) têm si<strong>do</strong> usadas na delimitação molecular e<br />

<strong>filogenia</strong> de espécies. Para o presente estu<strong>do</strong>, foram obtidas amostras de <strong>Codium</strong><br />

em diversas localidades <strong>do</strong> Brasil (PB, PE, BA, RJ, SP e SC), além <strong>do</strong> Arquipélago<br />

de Fernan<strong>do</strong> de Noronha. As amostras foram preservadas em álcool a 70% e sílica<br />

gel. O processo de extração, amplificação, sequenciamento e análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

foram realiza<strong>do</strong>s na Universidade de São Paulo (USP) no laboratório de Algas<br />

Marinhas Edson J. de Paula (LAM). Neste estu<strong>do</strong>, as seqüências para o éxon 1 <strong>do</strong><br />

gene rbcL foram obtidas de 24 amostras de seis espécies ocorrentes na costa<br />

brasileira: C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C. spongiosum, C.<br />

taylorii e C. repens. O éxon 1 <strong>do</strong> rbcL apresentou 788 pares de base para todas as<br />

amostras. Das 24 amostras seqüenciadas, dez seqüências únicas foram obtidas, as<br />

quais foram filogeneticamente analisadas com outras seqüências <strong>do</strong> GenBank,<br />

usan<strong>do</strong> diferentes méto<strong>do</strong>s de inferências. As árvores resultantes foram similares,<br />

apresentan<strong>do</strong> três principais agrupamentos monofiléticos. O agrupamento a,<br />

composto por espécies de hábito prostra<strong>do</strong>, não ramifica<strong>do</strong> e na maioria com<br />

utrículos agrupa<strong>do</strong>s e pequenos; o agrupamento b, consistin<strong>do</strong> na sua maioria,<br />

espécies de hábito ereto, ramo cilíndrico, com utrículos grandes individuais e<br />

finalmente o agrupamento c composto por espécies de hábito ereto, ramo cilíndrico a<br />

levemente achata<strong>do</strong>, utrículos individuais, com tamanhos intermediários. As<br />

espécies brasileiras agruparam com similares de outras localidades <strong>geográfica</strong>s e<br />

aparecem entre os principais agrupamentos monofiléticos. Estes resulta<strong>do</strong>s indicam<br />

que a colonização <strong>do</strong> Atlântico sul americano ocorreu muitas vezes, possivelmente<br />

de espécies provenientes <strong>do</strong> In<strong>do</strong>-Pacífico.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 4<br />

ABSTRACT<br />

<strong>Codium</strong> Stackhouse is a genus exclusively marine which is represented by 125 taxa<br />

and it is distributed in the seas of almost the whole world, except for the polar<br />

regions. The highest infrageneric diversity is found in the temperate and subtropical<br />

zone seas. In Brazil, there are few informations about the genus, and the majority of<br />

the studies deals with floristic surveys from many localities, with just few publications.<br />

The aim of this work is to present the survey of this genus with emphasis to its<br />

taxonomy and the distribution of its representatives. The morphological studies were<br />

based in material collected from many Brazilian states (PB, PE, BA, ES, RJ, SP, SC<br />

and RS), in the intertidal region, during the low tides, with the help of spatulas and<br />

when necessary through diving in the reef ponds. The specimens were preserved<br />

with formalin (4%). For a better comprehension of the phenotypical variations and<br />

aiming to contemplate a number of samples as high as possible in the Brazilian<br />

states, the material of <strong>Codium</strong> was studied in the following indexed national herbaria:<br />

JPB, PEUFR, ALCB, HUEFS, RB, R, HB, RFA, SP, SPF and FLOR. They were also<br />

analyzed the exsiccates of the specimens collected by the Almirante Saldanha,<br />

Canopus and Recife Commission oceanographic expeditions. Besides, were<br />

analyzed as exsiccates of <strong>Codium</strong> from Brazil deposited in the Herbarium of the<br />

University of California, Berkeley (UC). All the exsiccates were carefully analyzed and<br />

confirmed and/or corrected as for the identifications. The identification of the taxa<br />

was based in morphological characters (habit, ramification pattern and the<br />

dimensions of the stalks), anatomical (diameter of the medular filaments, morphology<br />

and dimensions of the utricula and disposition of the hairs or scars) and reproductive<br />

(morphology, dimentions and insertions of the gametangia). In the Brazilian coast, it<br />

was registered the occurrence of seven infrageneric taxa, distributed in the following<br />

sections: Adhaerentia (C. Intertextum), Spongiosa (C. spongiosum), Tomentosa (C.<br />

isthmocladum, C. repens and <strong>Codium</strong> sp.) and Elongata (C. decorticatum and C.<br />

taylorii). From this work, C. tomentosum is considered as a <strong>do</strong>ubtful species to the<br />

Brazilian littoral and C. profundum as “nome nudum” and because of this, cited as<br />

<strong>Codium</strong> sp. As for the great morphological plasticity the species C. decorticatum, C.<br />

isthmocladum and C. taylorii were those which showed the greatest difficulties in the<br />

taxonomical identification. Three species of straight habit as C. isthmocladum, C.<br />

decorticatum and C. taylorii and prostrate habit C. intertextum were those which<br />

presented the highest distribution in the Brazilian coast. Through the present study,


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 5<br />

some species had their geographical distribution increased to the Brazilian coast, as<br />

C. decorticatum (Ceará, Paraíba and Alagoas); C. intertextum (Alagoas), C.<br />

isthmocladum (Alagoas, Sergipe and Paraná) and C. taylorii (Ceará, Paraíba,<br />

Alagoas and Paraná). Besides the taxonomy based in morphological and<br />

reproductive characters the DNA sequencing was performed aiming the<br />

comprehension of the polymorphism found in some species. In the moment, the DNA<br />

sequencing is the most powerful technique to detecting the polymorphism in the<br />

genotype and it has been very used in comparing the different taxonomical levels.<br />

Sequences of the first exon of the large subunity RUBISCO (rbcL) has been used in<br />

the molecular delimitation and phylogeny of the species. To the present study,<br />

samplings were obtained from <strong>Codium</strong> in many localities of Brazil (PB, PE, BA, RJ,<br />

SP and SC), besides Fernan<strong>do</strong> de Noronha Islands. The extraction process,<br />

amplification, sequencing and analysis of data were performed in the University of<br />

São Paulo (USP) in the laboratory of Marine Algae Edson J. de Paula (LAM). In this<br />

study, the sequences for the exon 1 of the gene rbcL were obtained from 24<br />

samplings of six species found in the Brazilian coast: C. decorticatum, C. intertextum,<br />

C. isthmocladum, C. spongiosum, C. taylorii and C. repens. The exon 1 of the rbcL<br />

showed 788 pairs of the base for all samplings. From the 24 sequenced samplings,<br />

ten unique sequences were obtained, which were phylogenetically analyzed with<br />

other sequences from GenBank, using different methods of inferences. The resulting<br />

trees were similar and they showed three principal monophyletic groupings. The<br />

grouping A, composed by non-ramificated prostrated habit species and in the<br />

majority with grouped and small utricules; the grouping B, consisting in the great<br />

majority, species with erect habit, cylindrical stalk, with individual utricules with<br />

intermidiary sizes. The Brazilian species group with similar from other geographical<br />

localities and they are between the main monophyletic groupings. These results<br />

indicate that the colonization of the South American Atlantic occurred many times<br />

possibly of species which came from In<strong>do</strong>-Pacific.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 6<br />

1 – INTRODUÇÃO<br />

As algas verdes estão inseridas no phylum Chlorophyta constituin<strong>do</strong> o maior e<br />

mais diversifica<strong>do</strong> grupo de algas, tanto em nível de espécie, como também de<br />

padrões morfológicos, estruturais e reprodutivos (Oliveira 2003). Atualmente, o<br />

phylum encontra-se representa<strong>do</strong> por 17.000 espécies (Raven et al. 2001, Reviers<br />

2006).<br />

A morfologia das algas verdes é bastante simples, ocorren<strong>do</strong> numerosos grupos<br />

unicelulares (livres ou coloniais) até pluricelulares como as filamentosas, com ou<br />

sem ramificação, e parenquimatosas simples. Além disso, merecem destaque as<br />

espécies com talo cenocítico, que se desenvolvem como resulta<strong>do</strong> de repetidas<br />

divisões nucleares sem a formação de novas paredes celulares. Dentre as<br />

cenocíticas, citam-se exemplos de alguns <strong>gênero</strong>s, tais como <strong>Codium</strong> Stackhouse,<br />

Halimeda J. V. Lamouroux, Penicillus Lamarck, U<strong>do</strong>tea J. V. Lamouroux, entre<br />

outros membros da ordem Bryopsidales (Pereira 1996, Raven et al. 2001, Oliveira<br />

2003). Estes organismos constituem importantes componentes nas comunidades<br />

bênticas de águas rasas de vários ambientes marinhos tropicais e subtropicais<br />

(DeWreede 2006).<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> é exclusivamente marinho, constituí<strong>do</strong> por 125 espécies<br />

(Pedroche 2001), e se distribuem em to<strong>do</strong>s os mares, com exceção para os<br />

ambientes marinhos das regiões polares (Pedroche et al. 2002). Popularmente, seus<br />

representantes são denomina<strong>do</strong>s como “espaguete <strong>do</strong> mar” (spaghetti grass),<br />

“de<strong>do</strong>s de homens mortos” (dead man’s fingers), “erva daninha japonesa” (japanese<br />

weed) e “ladrão de ostras” (oyster thief) (Ranus 1971, Loosanoff 1975, Trowbridge<br />

1998).<br />

O <strong>gênero</strong> caracteriza-se por apresentar talo multiaxial, de consistência esponjosa<br />

(Graham & Wilcox 2000), em que os filamentos cenocíticos se entrelaçam forman<strong>do</strong><br />

um corpo vegetal macroscópico, de forma definida (Pedroche 1981). Seus<br />

representantes possuem hábito ereto ou prostra<strong>do</strong>, com marcada diversidade<br />

morfológica, poden<strong>do</strong> apresentar talo aplana<strong>do</strong>, pulvina<strong>do</strong>, digitiforme, globular,<br />

petalóide, membraniforme e cilíndrico. Além disso, os ramos podem ser livres ou<br />

anastomosa<strong>do</strong>s (Silva 1952, Pedroche 2001).<br />

A região medular é densamente entrelaçada por filamentos cilíndricos, que se<br />

alargam na extremidade originan<strong>do</strong> os utrículos, caracterizan<strong>do</strong> a camada cortical<br />

(Figura 1). Os utrículos estão dispostos radialmente, portan<strong>do</strong> longos pêlos hialinos


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 7<br />

e caducos (Van den Hoek et al. 1995, Graham & Wilcox 2000, Pedroche 2001). A<br />

parede celular é constituída principalmente por monossacarídeo (β-1,4 D-manose)<br />

ou pelo polissacarídeo arabinogalactana sulfatada e não por celulose (Van den Hoek<br />

et al. 1995, Graham & Wilcox 2000). O <strong>gênero</strong> é homoplastídico (Van den Hoek et al.<br />

1995, Bold & Wynne 1985) com numerosos cloroplastos discóides sem pirenóides,<br />

situa<strong>do</strong>s nos utrículos (Graham & Wilcox 2000).<br />

2 cm<br />

Talo adulto<br />

Região medular<br />

Corte transversal <strong>do</strong> talo<br />

Região cortical<br />

gametângio<br />

500μm<br />

Utrículo<br />

Filamento medular<br />

Figura 1 - Desenho esquemático de um representante <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong><br />

Stackhouse (corte transversal <strong>do</strong> talo, adapta<strong>do</strong> de Lee 1989).<br />

Com relação ao ciclo de vida, são organismos haplobiontes diplontes (Van den<br />

Hoek et al. 1995). A reprodução pode ser por via sexual (através da fusão de<br />

gametas), bem como assexual com a produção de “Brutkorper” (gametângios<br />

abortivos modifica<strong>do</strong>s) e fragmentação <strong>do</strong> talo. No entanto, estas modalidades de<br />

reprodução variam entre espécies e populações <strong>geográfica</strong>s (Chang et al. 2003).<br />

Na reprodução sexual, o gametângio é forma<strong>do</strong> lateralmente no utrículo sobre<br />

um curto pedicelo e seu conteú<strong>do</strong> interno se transforma por meiose em gametas<br />

biflagela<strong>do</strong>s (Pedroche 2001). Apresenta marcada anisogamia, onde os gametas<br />

masculinos são pequenos e apresentam poucos cloroplastos, enquanto que os<br />

gametas femininos são consideravelmente maiores, com vários cloroplastos (Prince<br />

& Trowbridge 2004). Quan<strong>do</strong> os gametas atingem a maturidade, há uma força<br />

interna explosiva que rompe o poro terminal <strong>do</strong> gametângio e estes são expulsos<br />

através de um duto em meio a uma massa gelatinosa (Williams 1980, Lee 1989).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 8<br />

Após a liberação e fecundação <strong>do</strong>s gametas biflagela<strong>do</strong>s, o zigoto se desenvolve em<br />

uma vesícula prostrada e amorfa, que posteriormente se alonga, forman<strong>do</strong> os<br />

primeiros utrículos, para finalmente consolidar o talo multiaxial (Park & Sohn 1992).<br />

Os representantes <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> habitam os ambientes marinhos, ocorren<strong>do</strong><br />

desde a franja <strong>do</strong> mesolitoral até regiões mais profundas (200 m), fixan<strong>do</strong>-se a<br />

vários tipos de substratos, como rochas, raízes de mangue, conchas velhas e vivas<br />

de moluscos como ostras e mexilhões, cascos de barcos, entre outros (Pedroche et<br />

al. 2002).<br />

Quanto a importancia econômica, algumas espécies são utilizadas como fonte de<br />

alimento para moluscos cultiva<strong>do</strong>s na Califórnia (USA), como também por seres<br />

humanos. Além disso, fornecem compostos bioativos com potencial anticancerígeno<br />

e antibiótico (Verbruggen et al. 2007).<br />

No <strong>gênero</strong>, alguns representantes são considera<strong>do</strong>s verdadeiras pragas em<br />

vários habitats marinhos da região temperada, devi<strong>do</strong> ao grande potencial invasor,<br />

dada a sua rápida propagação e crescimento (Ranus 1971, Bégin & Scheibling<br />

2003, Chavanich et al. 2006). Cita-se como exemplo, C. fragile (Suringar) Hariot<br />

subsp. tomentosoides (van Goor) Silva, nativa <strong>do</strong> Japão, sen<strong>do</strong> considerada a mais<br />

invasiva <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> introduzida na Europa, costa leste e oeste da<br />

América <strong>do</strong> Norte, Austrália, Nova Zelândia e África <strong>do</strong> Sul (Trowbridge 1998, Prince<br />

& Trowbridge 2004). Também têm gera<strong>do</strong> grandes impactos econômicos sobre as<br />

indústrias de moluscos e ostras em Massachussets (USA). Este efeito nocivo se dá<br />

quan<strong>do</strong> o peso da alga ultrapassa o peso <strong>do</strong> hospedeiro (molusco ou ostra), ambos<br />

boiarão e serão transporta<strong>do</strong>s pelas correntes e marés (Ranus 1971).<br />

A maioria <strong>do</strong>s representantes de <strong>Codium</strong> encontra-se distribuí<strong>do</strong> na zona<br />

temperada e subtropical como o Japão (19 espécies), África <strong>do</strong> Sul (19 espécies),<br />

Austrália (18 espécies) e México na costa <strong>do</strong> Pacífico (13 espécies) (Goff et al. 1992,<br />

Pedroche 2001, Pedroche et al. 2002). Na flora tropical e subtropical <strong>do</strong> Atlântico<br />

Ocidental, está representa<strong>do</strong> por 11 táxons infragenéricos (Wynne 2005). No Brasil<br />

estão registradas as seguintes espécies: C. decorticatum (Woodw.) M. Howe, C.<br />

intertextum Collins & Herv., C. isthmocladum Vickers, C. profundum Silva &<br />

Chacana, C. repens P. Crouan ex Vickers, C. spongiosum Harv., C. taylorii P. C.<br />

Silva e C. tomentosum Stackhouse (Oliveira Filho 1977, Pereira et al. 2002, Chacana<br />

et al. 2003, Yoneshigue-Valentin et al. 2006, Pereira et al. 2007).<br />

Os estu<strong>do</strong>s taxonômicos <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> estão basea<strong>do</strong>s na morfologia<br />

externa (hábito, sistema basal e ramificação); na morfologia interna (filamentos


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 9<br />

medulares e utrículos) como nos reprodutivos representa<strong>do</strong>s pelos gametângios.<br />

Para alguns autores estas análises não têm apresenta<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s satisfatórios,<br />

ten<strong>do</strong> em vista que, apenas 40% das espécies estão bem definidas quanto a sua<br />

posição taxonômica, sen<strong>do</strong> que o restante forma grupos complexos de intricada<br />

variação morfológica (Silva 1998, Pedroche et al. 2002).<br />

O talo apresenta marcada plasticidade, observada por diversos autores, os<br />

quais têm relaciona<strong>do</strong> esta característica ao eleva<strong>do</strong> grau de variabilidade<br />

morfológica dentre e entre populações (Silva 1951, Chacana et al. 1996, Pedroche<br />

et al. 2002). Em conseqüência disto, a taxonomia de <strong>Codium</strong> tem se torna<strong>do</strong><br />

bastante complexa e confusa (Chacana et al. 1996).<br />

Pereira (1996), numa abordagem crítica sobre os estu<strong>do</strong>s ficológicos realiza<strong>do</strong>s<br />

no nordeste brasileiro, enfatizou a necessidade de estu<strong>do</strong>s taxonômicos mais<br />

acura<strong>do</strong>s em <strong>gênero</strong>s com grande plasticidade morfológica, citan<strong>do</strong> o <strong>gênero</strong><br />

<strong>Codium</strong> como um <strong>do</strong>s exemplos entre as algas verdes.<br />

No Brasil há poucas informações sobre a taxonomia deste <strong>gênero</strong> e encontrase<br />

contida em publicações que tratam de levantamentos florísticos gerais ao longo<br />

<strong>do</strong> litoral brasileiro. Até o presente momento, apenas o trabalho de Alves & Moura<br />

(2005) trata exclusivamente a sistemática <strong>do</strong> <strong>gênero</strong>. A referida pesquisa foi<br />

realizada na Ilha de Itaparica (BA), onde cinco espécies foram registradas: C.<br />

intertextum, C. isthmocladum, C. taylorii, C. decorticatum e C. repens.<br />

Na tentativa de esclarecer melhor a sistemática <strong>do</strong> <strong>gênero</strong>, há uma tendência de<br />

aliar os estu<strong>do</strong>s taxonômicos a novas ferramentas como, por exemplo, o uso de<br />

marca<strong>do</strong>res moleculares, que poderão auxiliar com maior precisão as possíveis<br />

variações fenotípicas, frequentemente relacionadas às variações ambientais. Mesmo<br />

assim, verifica-se um número bastante reduzi<strong>do</strong> de trabalhos que utilizam<br />

marca<strong>do</strong>res moleculares para este grupo. No Brasil, até a presente data, nenhum<br />

trabalho utilizan<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>res moleculares foi realiza<strong>do</strong> com os representantes de<br />

<strong>Codium</strong>.<br />

Devi<strong>do</strong> ao pouco conhecimento <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> no Brasil, este trabalho teve como<br />

objetivo principal identificar, descrever e ilustrar as espécies de <strong>Codium</strong> no litoral<br />

brasileiro, assim como, fornecer da<strong>do</strong>s sobre sua <strong>distribuição</strong>. Por se tratar de um<br />

grupo polimórfico, utilizou-se como ferramenta auxiliar a biologia molecular. Para<br />

atingir os objetivos acima e visan<strong>do</strong> compreender as variações fenotípicas e as<br />

relações filogenéticas entre as populações brasileiras, foi formulada a hipótese de<br />

que a dificuldade taxonômica <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> está relacionada ao eleva<strong>do</strong> grau de


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 10<br />

polimorfismo, dependente das variações ambientais, e que estu<strong>do</strong>s morfológicos<br />

complementa<strong>do</strong>s por estu<strong>do</strong>s bio-moleculares poderiam fornecer subsídios para a<br />

delimitação segura das espécies.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 11<br />

2 - REVISÃO DE LITERATURA<br />

2.1 – MUNDIAL<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> foi estabeleci<strong>do</strong> em 1797 por John Stackhouse, em sua<br />

obra intitulada Nereis Britannica, ten<strong>do</strong> como espécie tipo <strong>Codium</strong> tomentosum<br />

Stackhouse proveniente da Inglaterra (Guiry & Guiry 2007). O nome genérico<br />

<strong>Codium</strong> é deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong> grego “Kodion” que significa “pele de carneiro” referin<strong>do</strong>-se a<br />

textura de lã da planta adulta (Ranus 1971).<br />

Setchell (1937), analisan<strong>do</strong> os representantes de <strong>Codium</strong> <strong>do</strong> Arquipélago da Ilha<br />

Juan Fernandez (Chile), com base na morfologia e anatomia, dividiu o <strong>gênero</strong> em<br />

<strong>do</strong>is sub<strong>gênero</strong>s: Tylecodium Setchell e Shizocodium Setchell. O sub<strong>gênero</strong><br />

Tylecodium abrange as formas prostradas, com ausência de ramificações<br />

verdadeiras e utrículos muito ramifica<strong>do</strong>s, enquanto que o sub<strong>gênero</strong> Shizocodium<br />

engloba as formas eretas basicamente cilíndricas, com ramificações dicotômicas a<br />

politômicas e utrículos simples. Em geral, os representantes <strong>do</strong> sub<strong>gênero</strong><br />

Shizocodium são mais numerosos <strong>do</strong> que os de Tylecodium. Neste estu<strong>do</strong> foram<br />

descritos 11 táxons: 3 pertencentes à Tylecodium e 8 a Shizocodium.<br />

Posteriormente, Setchell (1940) estabeleceu C. phasmaticum Setchell para o Hawaii<br />

e C. cranwelliae Setchell para Nova Zelândia. Tseng & Gilbert (1942) estudan<strong>do</strong> a<br />

costa sul da China, estabeleceram C. bartlettii, C. papillatum e C. papillatum var.<br />

hainanense. Ainda na mesma década, B∅rgesen (1947) estabeleceu C. iyengarii e<br />

C. dwarkense encontradas na costa da Arábia (Ásia).<br />

A partir de 1950, os estu<strong>do</strong>s taxonômicos sobre o <strong>gênero</strong> se intensificaram<br />

principalmente através das publicações de P. C. Silva, que não mediu esforços para<br />

reunir os representantes <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> e compreender a sua variabilidade morfológica.<br />

Silva (1951), estudan<strong>do</strong> os representantes da Califórnia referenciou as espécies: C.<br />

fragile (Sur.) Hariot, C. cuneatum Setchell et Gardner, C. setchellii Gardner, C.<br />

hubbsii Dawson e estabeleceu C. johnstonei Silva. Silva (1952) ao estudar os<br />

representantes de <strong>Codium</strong> para as ilhas <strong>do</strong> Hawaii, registrou a ocorrência de C.<br />

arabicum Kuetzing, C. spongiosum, C. mamillosum Harvey, C. edule Silva, C.<br />

phamasticum Setchell e C. reediae Silva, estas três últimas, na época, consideradas<br />

endêmicas. Silva (1955) registrou para a Inglaterra a ocorrência de C. vermilara<br />

(Olivi) Delle Chiaje, C. tomentosum Stackhouse, C. fragile subsp. tomentosoides e<br />

uma nova subespécie C. fragile (Sur.) Hariot subsp. atlanticum (Cotton) Silva. Silva &<br />

Wormersley (1956) registraram a ocorrência de 15 táxons infragenéricos para o


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 12<br />

Sudeste da Austrália, <strong>do</strong>s quais, 5 foram estabeleci<strong>do</strong>s pelos autores: C.<br />

capitulatum, C. duthieae, C. harveyi, C. australicum e C. spinescens. Silva (1957)<br />

registrou para a Escandinávia a ocorrência de C. vermilara (Olivi) Delle Chiaje, C.<br />

fragile subsp. tomentosoides , C. fragile subsp. atlanticum e uma nova subespécie,<br />

C. fragile (Sur.) Hariot subsp. scandinavicum Silva. Silva (1959), estudan<strong>do</strong> os<br />

representantes de <strong>Codium</strong> ocorrentes na África <strong>do</strong> Sul e área adjacente de<br />

Moçambique registrou 19 táxons. Além disso, o referi<strong>do</strong> autor fez importantes<br />

comentários sobre a <strong>distribuição</strong> e habitat destes organismos.<br />

Williams (1980), estudan<strong>do</strong> <strong>Codium</strong> para a costa Beaufort (Norte da Carolina),<br />

referenciou três espécies: C. dichotomum (Huds.) S. F. Gray, C. isthmocladum e C.<br />

decorticatum. Além disso, fez importantes comentários sobre a reprodução,<br />

crescimento, <strong>distribuição</strong> e ocorrência de vários preda<strong>do</strong>res, como peixes,<br />

caranguejo aranha (Libinia dubia Milen-Edwards) e molusco (Fasciolaria tulipa L.).<br />

Jones & Kraft (1984), estudan<strong>do</strong> o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> para as Ilhas Lord Howe (N.S.W.)<br />

situadas ao sul da Austrália, registraram a ocorrência de C. arabicum, C.<br />

spongiosum, C. bulbopilum Setchell, C. extricatum Silva e C. platycla<strong>do</strong>s R. Jones &<br />

Kraft, que foi estabelecida neste trabalho pelos referi<strong>do</strong>s autores. Lawson & John<br />

(1987), num inventário das algas marinhas no oeste tropical da África, registraram C.<br />

taylorii, C. decorticatum e C. guineënse Silva, Lawson & John. Pedroche & Silva<br />

(1996), estabeleceram C. picturatum F. F. Pedroche & P. C. Silva para o Pacífico<br />

tropical <strong>do</strong> México. Van Den Heede & Coppejans (1996) estudaram o <strong>gênero</strong><br />

<strong>Codium</strong> para o Quênia, Tanzânia e as Ilhas Seycheles e registraram 14 táxons.<br />

Chacana et al. (1998) ao analisarem o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> para as Ilhas Canárias,<br />

registraram a ocorrência de espécies com talo prostra<strong>do</strong>, C. adhaerens (Cabrera) C.<br />

Agardh, C. effussum (Rafinesque) Delle Chiaje e C. intertextum. Esta última foi, por<br />

muito tempo, erroneamente identificada como C. adhaerens.<br />

Littler & Littler (2000), ao analisarem as algas marinhas da região <strong>do</strong> Caribe,<br />

registraram C. intertextum, C. ovale Zanardini, C. repens, C. carolinianum Searles,<br />

C. decorticatum e C. taylorii. Pedroche et al. (2002) registraram 13 espécies para o<br />

Pacífico tropical mexicano, dentre estas, duas espécies são novas para a ciência (C.<br />

schimiederi P. C. Silva, F. F. Pedroche & M. E. Chacana e C. dawsonii P. C. Silva,<br />

F.F. Pedroche & M. E. Chacana) e quatro (C. amplivesciculatum Setchell & Gardner,<br />

C. schmiederi Silva, Pedroche & Chacana, C. giraffa Silva e C. brandegeei Setchell<br />

& Gardner) foram consideradas endêmicas <strong>do</strong> Pacífico mexicano. Chang et al.<br />

(2002) abordan<strong>do</strong> sobre o “complexo <strong>Codium</strong> geppiorum” no sul <strong>do</strong> Taiwan,


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 13<br />

identificaram os seguintes táxons: C. edule P. C. Silva, C. geppiorum O. C. Schmidt<br />

e uma nova espécie, C. nanwanense J. S. Chang. Chacana et al. (2003) ao<br />

analisarem o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> para as Ilhas Canárias, registraram duas novas<br />

ocorrências, C. guineense e C. elisabethae Schimidt e uma nova espécie, C.<br />

profundum Silva & Chacana. Para o estabelecimento desta espécie, os autores se<br />

basearam em material recoleta<strong>do</strong> nas Ilhas Canárias, além de outras localidades,<br />

incluin<strong>do</strong> o Brasil, que se encontrava deposita<strong>do</strong> no Herbário da Universidade da<br />

Califórnia, Berckeley (UC). A partir desse estu<strong>do</strong>, a presença desta espécie foi<br />

registrada pela primeira vez para a costa brasileira.<br />

2.2 – NACIONAL<br />

No Brasil, os primeiros registros de <strong>Codium</strong> foram realiza<strong>do</strong>s no século XIX<br />

durante as grandes expedições científicas e viagens de circunavegações pelos<br />

pesquisa<strong>do</strong>res estrangeiros. A maioria destas publicações foi apresentada sob a<br />

forma de lista e/ou pequenas descrições (Oliveira Filho 1977).<br />

No século XIX, Martius et al. (1833) listaram a ocorrência de C. decorticatum<br />

(como C. decumbens Martius) para o Rio de Janeiro e para a Bahia. Kützing (1849)<br />

referenciou para o Rio de Janeiro C. decorticatum (como C. elongatum C. Agardh) e<br />

C. intertextum (como C. adhaerens (Cabrera) C. Agardh). Martens (1866) registrou a<br />

ocorrência de C. taylorii (como C. tomementosum var. divaricatum C. Agardh) para o<br />

Rio de Janeiro. Martens (1870) referenciou a ocorrência de C. intertextum (como C.<br />

adhaerens.), C. isthmocladum (como C. tomentosum.) e C. taylorii (como C.<br />

tomentosum var. divaricatum C. Agardh). Martens (1871) registrou a ocorrência de<br />

C. decorticatum (como C. elongatum), C. intertextum (como C. tomentosum var.<br />

coralloides Kützing), C. isthmocladum (como C. tomentosum var. tenue Kützing) e C.<br />

taylorii (como C. tomentosum var. divaricatum) com base no material coleta<strong>do</strong> por<br />

Glaziou no Rio de Janeiro. Dickie (1874a) fez a ocorrência para o Arquipélago de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha, Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, de C. tomentosum (como C.<br />

isthmocladum). Dickie (1874b) referenciou a ocorrência de C. repens (como C.<br />

tomentosum) para o litoral baiano. De Toni (1889) registrou para o litoral brasileiro a<br />

ocorrência de C. decorticatum (como C. elongatum) e C. isthmocladum (como C.<br />

lineari C. Agardh). Möbius (1890) referenciou para o litoral <strong>do</strong> Rio de Janeiro C.<br />

decorticatum (como C. elongatum), C. intertextum (como C. adhaerens) e C.<br />

tomentosum. Murray (1891) listou C. isthmocladum para o Arquipélago de Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 14<br />

No início <strong>do</strong> século XX, Howe (1928) citou a ocorrência de C. decorticatum para o<br />

litoral <strong>do</strong> Rio de Janeiro e C. intertextum para o litoral da Bahia. Luetzelburg<br />

(1922/23) citou C. intertextum (como C. adhaerens) para o litoral <strong>do</strong> Rio de Janeiro e<br />

C. isthmocladum (como C. tomentosum) para os litorais <strong>do</strong> Rio de Janeiro, Ceará e<br />

Paraíba. Schmidt (1924) citou C. intertextum (como C. adhaerens) e C.<br />

isthmocladum (como C. tomentosum) para o Rio de Janeiro. Taylor (1930) fez<br />

referência a C. taylorii (como C. pilgeri Schmidt) com base em material coleta<strong>do</strong> na<br />

costa brasileira pelas Expedições "Hassler, Albatross and Schmitt". Taylor (1931) fez<br />

uma sinopse de todas as espécies até então referidas para o litoral brasileiro,<br />

registran<strong>do</strong> quatro espécies de <strong>Codium</strong>: C. decorticatum, C. intertextum, C. taylorii e<br />

C. isthmocladum (como C. pilgeri). Willians & Blomquist (1947) citaram para o litoral<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco e Fernan<strong>do</strong> de Noronha a ocorrência de C. isthmocladum<br />

(como C. dichotomum). Silva (1960) analisou o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> para o Atlântico<br />

Ocidental Tropical, com base em material deposita<strong>do</strong> nos diversos herbários <strong>do</strong>s<br />

países <strong>do</strong> Continente Americano, incluin<strong>do</strong> o <strong>do</strong> Brasil (Herbário SPF, da<br />

Universidade de São Paulo), onde registrou C. intertextum e C. taylorii (para São<br />

Paulo), C. repens (para Pernambuco e Fernan<strong>do</strong> de Noronha) e C. spongiosum<br />

(para o Espírito Santo). Taylor (1960) analisou a flora tropical e subtropical das<br />

Américas, e referenciou a ocorrência de C. intertextum, C. spongiosum, C. repens,<br />

C. isthmocladum, C. decorticatum e C. taylorii para o litoral brasileiro.<br />

Nos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XX, iniciaram-se os estu<strong>do</strong>s ficológicos por pesquisa<strong>do</strong>res<br />

brasileiros, começa<strong>do</strong>s por A. B. Joly e, posteriormente, por ele e seus discípulos<br />

provenientes de outras localidades <strong>do</strong> País. De acor<strong>do</strong> com a Tabela 1, observa-se<br />

que há uma deficiência de estu<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong> a taxonomia <strong>do</strong> grupo. A maioria das<br />

informações <strong>do</strong>s representantes de <strong>Codium</strong> está contida em levantamento de flora<br />

de diversas localidades da costa brasileira, com exceção para o trabalho de Alves &<br />

Moura (2005) que trata exclusivamente da taxonomia deste grupo na Ilha de<br />

Itaparica (Bahia). Em termos gerais, verifica-se que o maior conhecimento está<br />

direciona<strong>do</strong> aos representantes que ocorreu na região entre-marés, mesmo assim,<br />

com alguns trechos <strong>do</strong> litoral com ausência total de coletas.<br />

Dos poucos estu<strong>do</strong>s desenvolvi<strong>do</strong>s na região de infralitoral (Tabela 1), a maioria<br />

foi realizada através de dragagens e nesta região cinco espécies foram registradas:<br />

C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C. spongiosum e C. taylorii (Joly &<br />

Braga 1966, Teixeira et al. 1985, Ferreira et al. 1988, Pereira 1974, Ugadim &


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 15<br />

Pereira 1978, Oliveira Filho 1976, Pereira 1983, Pereira et al. 1981, Yoneshigue &<br />

Valentin 1988, Yoneshigue- Valentin et al. 2006).<br />

Quanto aos ambientes insulares, apesar <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> estar representa<strong>do</strong><br />

por seis táxons infragenéricos (C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C.<br />

repens, C. taylorii e C. tomentosum), o conhecimento ainda é insipiente, ten<strong>do</strong> em<br />

vista a dificuldade de coleta para estas áreas. Mesmo assim, o Arquipélago de<br />

Fernan<strong>do</strong> de Noronha se destaca por deter um maior número de trabalhos<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s (Villaça et al. 2006).<br />

2.3 - BIOLOGIA MOLECULAR<br />

Poucos são os estu<strong>do</strong>s enfocan<strong>do</strong> a biologia molecular no <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong>, e a<br />

maioria destes está relaciona<strong>do</strong> ao sequenciamento de genes <strong>do</strong> cloroplasto de<br />

algumas espécies.<br />

Francis et al. (1987) observaram uma nova variedade de RNA 4.5 S <strong>do</strong><br />

cloroplasto de <strong>Codium</strong> fragile (Suringar) Hariot., concluin<strong>do</strong> que este RNA carrega<br />

pouca homologia <strong>do</strong>s 4.5 S encontra<strong>do</strong>s em plantas terrestres.<br />

Manhart et al. (1989) realizaram o mapeamento completo <strong>do</strong> genoma <strong>do</strong><br />

cloroplasto de C. fragile, onde determinaram as posições de vários genes que não<br />

compartilham semelhanças notáveis aos outros consensos de plantas vasculares ou<br />

a qualquer genoma plastidial de clorofíceas e briófitas.<br />

Goff et al. (1992) compararam os padrões de restrição RFLP (Polimorfismo no<br />

Comprimento de Fragmentos de Restrição) <strong>do</strong> DNA <strong>do</strong> cloroplasto entre duas<br />

subespécies de C. fragile (C. fragile subsp. fragile e C. fragile subsp. tomentosoides),<br />

provenientes da Baía São Francisco (EUA) e <strong>do</strong> Atlântico, e observaram que os<br />

padrões em ambas eram distintos, demonstran<strong>do</strong> o potencial para se usar da<strong>do</strong>s<br />

moleculares para resolver problemas taxonômicos em <strong>Codium</strong>.<br />

Pedroche (2001) analisou fragmentos de 716 pares de base <strong>do</strong> LSU rDNA<br />

(gene que codifica a subunidade grande <strong>do</strong> RNA ribossomal) <strong>do</strong> genoma<br />

mitocondrial para 10 táxons de <strong>Codium</strong> ocorrentes no Pacífico mexicano. As<br />

tipologias obtidas neste estu<strong>do</strong> confirmaram a existência de grupos monofiléticos e<br />

que o LSU <strong>do</strong> rDNA mitocondrial é um marca<strong>do</strong>r adequa<strong>do</strong> para propor hipóteses<br />

filogenéticas neste <strong>gênero</strong>.<br />

Shimada et al. (2004) analisaram o primeiro exon <strong>do</strong> gene rbcL (fragmento cerca<br />

de 613 pares de base) que codifica a subunidade grande da Rubisco localiza<strong>do</strong> no


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 16<br />

genoma <strong>do</strong> cloroplasto para 18 espécies de <strong>Codium</strong> e concluíram que este marca<strong>do</strong>r<br />

foi apropria<strong>do</strong> na distinção entre espécies.<br />

Recentemente, Verbruggen et al. (2007) fizeram uma ampla análise, incluin<strong>do</strong> 74<br />

táxons de <strong>Codium</strong> de diversas localidades, basean<strong>do</strong>-se em 227 seqüências <strong>do</strong><br />

exon 1 <strong>do</strong> gene rbcL para propor relações filogenéticas e fito<strong>geográfica</strong>s dentro <strong>do</strong><br />

<strong>gênero</strong>. Nesse estu<strong>do</strong>, os referi<strong>do</strong>s autores relatam a enorme dificuldade na<br />

delimitação taxonômica de algumas espécies de <strong>Codium</strong>, principalmente para os<br />

representantes que fazem parte de “complexos morfológicos”, como exemplo C.<br />

geppiorrum, pois como demostra em seus resulta<strong>do</strong>s, esta se encontra em mais de<br />

um cla<strong>do</strong> monofilético.<br />

Apesar de serem inexistentes as pesquisas utilizan<strong>do</strong> a biologia molecular para<br />

auxiliar a taxonomia <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> no litoral brasileiro, o potencial que este<br />

estu<strong>do</strong> oferece para a resolução de problemas taxonômicos é inquestionável como<br />

demonstra<strong>do</strong> por Goff et al. (1992). Observa-se, ainda, que a aplicação de técnicas<br />

moleculares vem subsidian<strong>do</strong> o desenvolvimento de importantes trabalhos sobre as<br />

relações filogenéticas e fito<strong>geográfica</strong>s entre as populações de algas marinhas<br />

bentônicas (Oliveira 2001).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 17<br />

Tabela 1 - Trabalhos florísticos realiza<strong>do</strong>s no Brasil pelos pesquisa<strong>do</strong>res brasileiros onde há citação <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong>.<br />

Táxons<br />

C. decorticatum<br />

C. intertextum<br />

C. isthmocladum<br />

C. repens<br />

C. spongiosum<br />

C. taylorii<br />

C. tomentosum<br />

Piauí<br />

▲43<br />

Ceará<br />

▲6,<br />

▲39<br />

▲4,<br />

▲33,<br />

▲39<br />

Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Norte<br />

Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Ambientes Insulares<br />

Paraíba<br />

Pernambuco<br />

Alagoas<br />

Bahia<br />

▼21 ▼22 ▼18, ●44, ●50 ▲47, ▼49<br />

▼21,<br />

▲38<br />

▼22,<br />

▲24,<br />

▼29<br />

▲39 ▼22<br />

▲42, ●44<br />

▼12, ▼ 18,<br />

▼29, ▲40,<br />

▲42, ●44, ▲45,<br />

●50<br />

▼29<br />

▲34, ▲37,<br />

▲47<br />

▲34, ▲47,<br />

▼49<br />

Espírito<br />

Santo<br />

▲8, ▼27,<br />

▲46, ▼49<br />

▲8, ▼27,<br />

▲46, ▼49<br />

▲8, ▼14,<br />

▲16,<br />

▼27,<br />

▲46, ▼49<br />

▲42, ●44 ?13 ▲47 ▲46, ▼49<br />

▲9, ▲40, ▲42,<br />

●44<br />

▼49<br />

▲34, ▲47,<br />

▼49<br />

▲8, ▼14,<br />

▲46, ▼49<br />

▲8, ▲46,<br />

▼49<br />

Rio de<br />

Janeiro<br />

▲7, ▲25,<br />

▲26, ▼30,<br />

▲35, ▲41,<br />

▼49<br />

▲26, ▼30,<br />

▲35, ▲41<br />

▼5, ▲19,<br />

▲25, ▲26,<br />

▼30, ▼49<br />

▲26, ▼30,<br />

▲7, ▲25,<br />

▲26, ▲35,<br />

▲41, ▼49<br />

São<br />

Paulo<br />

▲3,<br />

▲17<br />

▲3,<br />

▲11<br />

Paraná<br />

▲11<br />

Santa<br />

Catarina<br />

▲20,<br />

▲23<br />

▲20,<br />

▲23<br />

▲3 ▲23<br />

▲2,<br />

▲11<br />

Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul<br />

▲10<br />

Arquipélago<br />

de Fernan<strong>do</strong><br />

Noronha<br />

●28,<br />

▲32,<br />

●44, ●48<br />

●28,<br />

▲36,<br />

●44, ●48<br />

▲36,<br />

●44, ●48<br />

▲23 ●44, ●48<br />

▲36,<br />

●44, ●48<br />

Arquipélago<br />

de Trindade<br />

▲31<br />

,<br />

●48<br />

Arquipélago<br />

de Abrolhos<br />

●48<br />

▼1 ●48<br />

<strong>Codium</strong> sp. ▼49 ▼49 ●48<br />

Atol das<br />

Rocas<br />

●48 ▲15<br />

▲= Região entre marés; ▼= Região infralitoral, ●= Ambas as regiões, ?= Região indeterminada, 1 - Joly (1953), 2 - Joly (1957), 3 - Joly (1965), 4 - Ferreira & Pinheiro (1966), 5 - Joly<br />

& Braga (1966), 6 - Pinheiro-Vieira & Ferreira (1968), 7 - Yoneshigue-Braga (1970), 8 - Behar (1972), 9 - Fonseca (1972), 10 - Baptista (1973), 11 - Ugadim (1973), 12 - Pereira<br />

(1974), 13 - Oliveira Filho (1974), 14 - Oliveira Filho (1976), 15 - Oliveira Filho & Ugadim (1976), 16 - Mitchell & Schin<strong>do</strong> (1977), 17 - Oliveira Filho & Berchez (1978), 18 - Ugadim &<br />

Pereira (1978), 19 - Mitchell et al. (1979), 20 - Citadini- Zanette et al. (1979), 21 - Pereira et al. (1981), 22- Pereira (1983), 23 - Santos (1983), 24 - Kanaguawa (1984), 25 - Pedrini<br />

(1984), 26 - Yoneshigue (1985), 27 - Teixeira et al. (1985), 28 - Eston et al. (1986), 29 - Ferreira et al. (1988), 30 - Yoneshigue & Valentin (1988), 31 - Pedrini et al. (1989), 32 -<br />

Szechy et al. (1989), 33 - Miranda & Pereira (1989/90), 34 - Martins et al. (1991), 35 - Falcão et al. (1992), 36 - Pedrini et al. (1992), 37 - Santos (1992), 38 - Araújo (1993), 39 -<br />

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Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 31<br />

4 - RESULTADOS<br />

4.1 - Manuscrito I<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> Stackhouse (Bryopsidales – Chlorophyta) no Brasil:<br />

taxonomia e <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong>.<br />

O trabalho será envia<strong>do</strong> para a REVISTA NOVA HEDWIGIA


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 32<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> Stackhouse (Bryopsidales – Chlorophyta) no Brasil:<br />

taxonomia e <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong><br />

Maria de Fátima de Oliveira-Carvalho 1,3 , Sonia Maria Barreto Pereira 1,3 e Francisco Flores<br />

Pedroche 2<br />

1- Programa de Pós-Graduação em Botânica (PPGB) - Universidade Federal Rural de<br />

Pernambuco (UFRPE). Avenida Dom Manoel de Medeiros, S/N. 52171-900. Dois Irmãos,<br />

Recife, PE, Brasil.<br />

2. Departamento de Hidrobiología da Universidad Autónoma Metropolitana - Iztapalapa.<br />

Ap<strong>do</strong> Postal 55- 535. México, D. F. 09340, México.<br />

3. correspondência para autor: mfocarvalho@yahoo.com.br; soniabp@terra.com.br


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 33<br />

Resumo: <strong>Codium</strong> Stackhouse é um <strong>gênero</strong> marinho, com <strong>distribuição</strong> cosmopolita,<br />

representa<strong>do</strong> por 125 táxons infragenéricos. No litoral brasileiro o conhecimento sobre os<br />

representantes <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> está restrito a poucos trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s em<br />

levantamentos florísticos gerais em diferentes localidades. O objetivo deste trabalho é<br />

apresentar o levantamento de <strong>Codium</strong> no litoral brasileiro com ênfase na taxonomia e<br />

<strong>distribuição</strong> de seus representantes. Para a realização deste estu<strong>do</strong>, o material foi coleta<strong>do</strong> em<br />

diversas praias <strong>do</strong> litoral brasileiro, além da análise das exsicatas depositadas nos herbários<br />

nacionais e internacional da Califórnia (Berkeley-UC). Com este estu<strong>do</strong>, sete táxons foram<br />

reconheci<strong>do</strong>s: C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C. repens, C. spongiosum,<br />

C. taylori e <strong>Codium</strong> sp. A partir deste trabalho, C. profundum está sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> como<br />

<strong>Codium</strong> sp e C. tomentosum como uma espécie duvi<strong>do</strong>sa para o litoral brasileiro. Devi<strong>do</strong> a<br />

grande plasticidade morfológica encontrada em C. decorticatum, C. isthmocladum e C.<br />

taylorii houve dificuldade na identificação de alguns espécimes. C. isthmocladum, C.<br />

decorticatum, C. taylorii e C. intertextum foram as que apresentaram maior <strong>distribuição</strong> na<br />

costa brasileira.<br />

Palavras-chave: Clorofíceas, Codiaceae, Atântico Americano, costa brasileira, morfologia e<br />

taxonomia.<br />

Abstract: <strong>Codium</strong> Stackhouse is a marine genus, with cosmopolitan distribution, represented<br />

by 125 infrageneric taxa. In Brazilian littoral the knowledge about <strong>Codium</strong> is restricted to few<br />

works developed on general floristic surveys in different localities. The aim of the present<br />

work is to present the survey of <strong>Codium</strong> in the Brazilian littoral with emphasis to the<br />

taxonomy and distribution of their representatives. In this study the material was sampled in<br />

many beaches of the Brazilian littoral, besides the analysis of excicates deposited in the<br />

Brazilian and Californian (Berkeley-UC) herbaria. Through this study, seven taxa were<br />

recognized: C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C. repens, C. spongiosum, C.<br />

taylorii and <strong>Codium</strong> sp. With this work, C. profundum is considered as <strong>Codium</strong> sp. and C.<br />

tomentosum as a <strong>do</strong>ubtful species to the Brazilian littoral. Because of the great morphological<br />

plasticity found in C. decorticatum, C. isthmocladum and C. taylorii there was difficulty in<br />

the identification of some speciemens C. isthmocladum, C. decorticatum, C.taylorii and C.<br />

intertextum were those which represent the greater distribuiton in the Brasilian coast<br />

Key words: Chlorophyceae, Codiaceae, American Atlantic, Brazilian coast, morphology and<br />

taxonomy.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 34<br />

Introdução<br />

<strong>Codium</strong> Stackhouse é um <strong>gênero</strong> cosmopolita, pertencente à família Codiaceae, phylum<br />

Chlorophyta. Seus representantes são exclusivamente marinhos, ocorren<strong>do</strong> desde a franja <strong>do</strong><br />

mesolitoral até 200m de profundidade (Pedroche et al. 2002). O talo caracteriza-se pelo<br />

aspecto esponjoso, devi<strong>do</strong> ao entrelaçamento <strong>do</strong>s filamentos cenocíticos (Graham & Wilcox<br />

2000).<br />

A ampla plasticidade fenotípica apresentada pelo <strong>gênero</strong> tem si<strong>do</strong> referida por diversos<br />

autores e parece estar relacionada ao eleva<strong>do</strong> grau de variabilidade morfológica dentro e entre<br />

populações (Silva 1951; Pedroche et al. 2002). Aproximadamente, 40% das espécies<br />

reconhecidas para o <strong>gênero</strong> são distintas macromorfologicamente, enquanto que as outras<br />

formam grupos complexos de intricada variação morfológica (Silva 1998). Em conseqüência<br />

disto, a taxonomia de <strong>Codium</strong> tem-se torna<strong>do</strong> bastante complexa e confusa (Chacana et al.<br />

1996).<br />

Atualmente, o <strong>gênero</strong> engloba 125 táxons infragenéricos, distribuí<strong>do</strong>s principalmente entre as<br />

zonas temperada e subtropical como no Japão (19 táxons), na África <strong>do</strong> Sul (19 táxons), na<br />

Austrália (18 táxons) e na costa <strong>do</strong> Pacífico no México (13 táxons) (Goff et al. 1992;<br />

Pedroche 2001; Pedroche et al. 2002). Na flora tropical e subtropical <strong>do</strong> Atlântico Ocidental,<br />

estão registra<strong>do</strong>s nove táxons, uma subespécie e uma variedade (Wynne 2005).<br />

Para o Brasil, oito táxons têm si<strong>do</strong> referi<strong>do</strong>s: C. decorticatum (Woodw.) M. Howe, C.<br />

intertextum Collins & Herv., C. isthmocladum Vickers, <strong>Codium</strong> profundum P. C. Silva & M.<br />

E. Chacana, C. repens Vickers, C. spongiosum Harv., C. taylorii P. C. Silva e C. tomentosum<br />

Stackhouse (Silva 1960; Pereira et al. 2002; Chacana et al. 2003, Yoneshigue-Valetin et al.<br />

2006; Pereira et al. 2007). Este conhecimento está restrito a poucos trabalhos desenvolvi<strong>do</strong>s<br />

em levantamentos florísticos gerais em diferentes localidades (Joly 1957, 1965; Yoneshigue-<br />

Braga 1970; Ugadim 1973; Ugadim & Pereira 1978; Pereira et al. 1981; Teixeira et al. 1985;<br />

Yoneshigue & Valentin 1988; Pereira & Accioly 1998; Pereira et al. 2002; Oliveira-Carvalho<br />

et al. 2003; Yoneshigue-Valetin et al. 2006; Pereira et al. 2007). Recentemente, Alves &<br />

Moura (2005) referenciaram para a Ilha de Itaparica (Esta<strong>do</strong> da Bahia), C. decorticatum, C.<br />

intertextum, C. isthmocladum, C. repens e C. taylorii.<br />

O presente trabalho tem como objetivo apresentar o levantamento de <strong>Codium</strong> no litoral<br />

brasileiro com ênfase na taxonomia e <strong>distribuição</strong> de seus representantes.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 35<br />

Material e méto<strong>do</strong>s<br />

Os estu<strong>do</strong>s foram basea<strong>do</strong>s em espécimes coleta<strong>do</strong>s nas diferentes regiões <strong>geográfica</strong>s <strong>do</strong><br />

litoral brasileiro, bem como, em exsicatas depositadas pre<strong>do</strong>minentemente em herbários<br />

nacionais indexa<strong>do</strong>s.<br />

Os exemplares foram coleta<strong>do</strong>s no perío<strong>do</strong> de abril de 2005 a outubro de 2006. A coleta foi<br />

realizada nos trechos <strong>do</strong> litoral das regiões Nordeste (Esta<strong>do</strong>s da Paraíba - PB, Pernambuco -<br />

PE, Sergipe - SE e Bahia - BA), Sudeste (Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Espírito Santo - ES, Rio de Janeiro - RJ<br />

e São Paulo - SP) e Sul (Esta<strong>do</strong>s de Santa Catarina – SC e Rio Grande <strong>do</strong> Sul - RS). Os<br />

esta<strong>do</strong>s brasileiros foram escolhi<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com a representatividade <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> na flora<br />

local, conforme levantamentos bibliográficos e herbários consulta<strong>do</strong>s. As coletas foram<br />

realizadas na região entre-marés, durante as baixas marés, com auxílio de espátulas e quan<strong>do</strong><br />

necessário através de mergulhos livres nas poças recifais. Os espécimes foram conserva<strong>do</strong>s<br />

em solução de formaldeí<strong>do</strong> (4%).<br />

Foram analisadas exsicatas <strong>do</strong>s herbários brasileiros: PB (Lauro Pires Xavier - JPB), PE<br />

(Professor Vasconcelos Sobrinho – PEUFR), BA (Alexandre Leal Costa – ALVB e o da<br />

Universidade Estadual de Feira de Santana - HUEFS), RJ (Jardim Botânico <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />

- RB; Museu Nacional - R; Universidade Estadual <strong>do</strong> Rio de Janeiro - HB e o da Universidade<br />

Federal <strong>do</strong> Rio de Janeiro - RFA); SP (Instituto de Botânica - SP e Instituto de Biociências da<br />

Universidade São Paulo-SPF) e Santa Catarina (Horto Botânico - Flor). Foi também analisa<strong>do</strong><br />

o material designa<strong>do</strong> como C. profundum deposita<strong>do</strong> no Herbário da Universidade da<br />

Califórnia (Berkeley – UC). Foram analisadas exsicatas de <strong>Codium</strong> da região entre-marés, e<br />

<strong>do</strong> infralitoral, através <strong>do</strong> material draga<strong>do</strong> pelas expedições oceanográficas a seguir listadas.<br />

Almirante Saldanha (entre os Esta<strong>do</strong>s da Bahia e <strong>do</strong> Espirito Santo, 1967), Akaroa (entre os<br />

Esta<strong>do</strong> de Alagoas e de Sergipe, 1965), Canopus (entre os Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará e de Sergipe,<br />

1965-1966) e Comissão Recife (no Esta<strong>do</strong> de Pernambuco, 1966-1967) (Guimarães et al.<br />

1981). Quan<strong>do</strong> necessário, foi procedida a correção taxonômica das exsicatas.<br />

A identificação das espécies foi baseada nos caracteres morfológicos (hábito, padrão de<br />

ramificação e dimensões <strong>do</strong>s ramos), anatômicos (diâmetro <strong>do</strong>s filamentos medulares,<br />

morfologia e dimensões <strong>do</strong>s utrículos e disposição de pêlos ou cicatrizes) e reprodutivos<br />

(morfologia, dimensões e inserção <strong>do</strong>s gametângios) a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s por Silva (1951; 1959), Silva &<br />

Womersley (1956), Chacana et al. (1988), Van den Heede & Coppejans (1996) e Pedroche et<br />

al. (2002). Para cada estrutura analisada, foram feitas, quan<strong>do</strong> possível, 20 medições com<br />

auxílio de uma ocular micrométrica Zeiss e calculadas as médias, que se encontram nas<br />

descrições das espécies, sen<strong>do</strong> fornecidas, ainda, os valores mínimos e máximos. A ilustração


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 36<br />

<strong>do</strong> aspecto geral <strong>do</strong> talo foi feita através de câmara digital Canon Power Shot 4.0. Para uma<br />

melhor visualização e contraste das estruturas anatômicas e reprodutivas, foi utilizada solução<br />

aquosa de azul de anilina a 1% e as imagens obtidas em microscópio estereoscópio Zeiss<br />

acopla<strong>do</strong> a câmara fotográfica digital. O material coleta<strong>do</strong> foi herboriza<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> as técnicas<br />

usuais em ficologia marinha e as exsicatas incorporadas ao Herbário – PEUFR. Devi<strong>do</strong> ao<br />

grande número de exemplares de <strong>Codium</strong> analisa<strong>do</strong> e a delimitação <strong>do</strong> número de páginas na<br />

publicação, serão cita<strong>do</strong>s apenas os exemplares representativos <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s brasileiros. Na<br />

relação <strong>do</strong> material examina<strong>do</strong>, o coleta<strong>do</strong> será distingui<strong>do</strong> <strong>do</strong>s demais pelo sinal (*).<br />

O posicionamento taxonômico das subordens e seções foi basea<strong>do</strong> nos trabalhos de Setchell<br />

(1937), Silva (1951) e Verbruggen et al. (2007). A identificação das espécies foi feita com<br />

base em Joly (1965), Taylor (1960), Silva (1952; 1960), Van den Heede & Coppejans (1996),<br />

Littler & Littler (2000), Chang et al. (2002) e Chacana et al. (2003).<br />

Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Foram identificadas sete espécies de <strong>Codium</strong> para a costa brasileira, pertencem ao<br />

sub<strong>gênero</strong> Tylecodium as espécies: C. intertextum (seção Adhaerentia) e C spongiosum (seção<br />

Spongiosa) e ao sub<strong>gênero</strong> Shizocodium as espécies: C. isthmocladum, C. repens e <strong>Codium</strong> sp<br />

(seção Tomentosa) e C. decorticatum e C. taylorii (seção Elongata).<br />

Chave de identificação para as espécies de <strong>Codium</strong> <strong>do</strong> litoral brasileiro.<br />

1a. Formas prostradas, não ramificadas; utrículos agrupa<strong>do</strong>s (sub<strong>gênero</strong><br />

Tylecodium).................................................................................................................................2<br />

2a. Talo crostoso, de forma irregular, fortemente aderi<strong>do</strong> ao substrato; utrículos menores<br />

que 1000 µm de comprimento (Seção Adhaerentia) .................................C. intertextum<br />

2b. Talo pulvina<strong>do</strong>, subgloboso, frouxamente aderi<strong>do</strong> ao substrato; utrículos maiores<br />

que 1000 µm de comprimento (Seção Spongiosa)................................C. spongiosum<br />

1b. Formas eretas, ramificações dicotômicas a politômicas; utrículos individuais (sub<strong>gênero</strong><br />

Shizocodium)...............................................................................................................................3<br />

3a. Ramos cilíndricos a subcilíndricos......................................................... (Seção Tomentosa)<br />

4a. Ramo cilíndrico, talo ereto, ramificação dicotômica regular, utrículo de ápice<br />

espessa<strong>do</strong> e lamela<strong>do</strong>............................................................................. C. isthmocladum<br />

4b. Ramo subcilíndrico, talo ereto, ramificação dicotômica irregular, utrículo de ápice<br />

delga<strong>do</strong>............................................................................................................. <strong>Codium</strong> sp.<br />

4c. Ramo cilíndrico a subcilíndrico, talo procumbente, ramificação dicotômica irregular<br />

a divaricata, tufos densamente entrelaça<strong>do</strong>s semelhante a novelos com ramos


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 37<br />

anastomosa<strong>do</strong>s, utrículo de ápice delga<strong>do</strong>......................................................... C. repens<br />

3b. Ramos complana<strong>do</strong>s.................................................................................. (Seção Elongata)<br />

5a. Ramo totalmente complana<strong>do</strong>, ramificação dicotômica irregular, ápices <strong>do</strong>s ramos<br />

com crescimento desigual a cervicornes............................................................ C. taylorii<br />

5b. Ramo complana<strong>do</strong> apenas nas dicotomias; cunea<strong>do</strong>s; ramificação geralmente<br />

dicotômica, raramente politômica; ápice com crescimento igual ............C. decorticatum<br />

Descrição e comentários das espécies analisadas<br />

<strong>Codium</strong> decorticatum (Woodw.) M. Howe Figs: 1-8<br />

Bulletim of the Torrey Botanical Club 38: 494, 1911.<br />

Localidade tipo: Mar Mediterrâneo.<br />

Basiônimo: Ulva decorticata Woordward, Trans. Linn. Soc., p. 55, 1797.<br />

Talo ereto, coloração verde-escura, com até 38 cm de altura, fixo ao substrato por um<br />

apressório basal discóide. Ramificação pre<strong>do</strong>minantemente dicotômica regular, às vezes<br />

politômica. Ramos frequentementes cilíndricos, exceto nas dicotomias cuneatas, com evidente<br />

achatamento. Filamentos medulares incolores medin<strong>do</strong> 40 (55) 70 μm de diâmetro, com<br />

espessamento lenticular 20 (40) 60 μm. Utrículos individuais, clava<strong>do</strong>s a cilíndricos,<br />

raramente piriformes, medin<strong>do</strong> 90 (340) 550 μm de diâmetro e 870 (1.132) 2.125 μm de<br />

comprimento. Ápice <strong>do</strong> utrículo arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, trunca<strong>do</strong> ou com leve depressão central, parede<br />

apical delgada de até 20 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos distan<strong>do</strong> de 80 (115)<br />

232 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios de 1 a 2 distribuí<strong>do</strong>s por utrículo, ovóides,<br />

lanceovóides a lanceola<strong>do</strong>s, 70 (87) 140 μm de diâmetro e 120 (229) 325 μm de<br />

comprimento, crescen<strong>do</strong> sobre curto pedicelo, distantes 210 (468) 669 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong><br />

utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Ceará: PEUFR 17811: 26/11/1992 - N.P.Dantas. Paraíba: PEUFR<br />

48539: 22/07/2005 - M.F. Oliveira-Carvalho & P.A. Horta (*). Pernambuco: PEUFR 48537:<br />

04/12/2005 - S.M.B. Pereira et al. (*). Alagoas: SPF 573: 29/01/1965 - E.C. Oliveira. Bahia:<br />

PEUFR 48534: 18/09/2005 - M.F. Oliveira-Carvalho & M.C. Accioly (*). Espírito Santo:<br />

PEUFR 48526: 01/04/2006 - S.M.P.B. Guimarães & G. Ama<strong>do</strong> Filho (*). Rio de Janeiro:<br />

PEUFR 48532: 11/06/2006 - L.M.S. Gestinari (*). São Paulo: SPF 575: 21/07/1963 - A.B.<br />

Joly. Paraná: SPF 53323: 11/10/1985 - M.T. Shirata et al. Santa Catarina: PEUFR 48530:<br />

01/04/2006 - M.F. Oliveira-Carvalho et al (*); PEUFR 48529: 21/09/2006 - M.F. Oliveira-<br />

Carvalho & P.A. Horta (*). Rio Grande <strong>do</strong> Sul: PEUFR 48524: 24/03/2006 - D. Barata (*).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 38<br />

Expedições Oceanográficas: SPF 5180: 8/09/1965 – Akaroa Est. 42 (09 0 32 ’ 05 ” S e 35 0 20 ’ 35 ”<br />

W), profundidade (31 m); SPF 027300: 7/09/1965 – Akaroa Est. 57 (09 0 46 ’ 10 ” S e 35 0 24 ’ 45 ”<br />

W), profundidade (45 m); SPF 027302: 18/02/1967 – Recife Est. 100 (08 0 17 ’ 04 ” S e 34 0 52 ’ 2 ”<br />

W), profundidade (22,5 m).<br />

Comentários: Os espécimes foram encontra<strong>do</strong>s na zona entre-marés, crescen<strong>do</strong> sobre os<br />

recifes da Região Nordeste (Bahia) e sobre os costões rochosos das Regiões Sudeste (Rio de<br />

Janeiro e Espírito Santo) e Sul (Santa Catarina e Rio Grande <strong>do</strong> Sul). No litoral de Santa<br />

Catarina, na região entre-marés, extensas populações foram encontradas crescen<strong>do</strong> recobertas<br />

por areia. No infralitoral, a referida espécie foi encontrada na profundidade de 45 m (SPF<br />

027300).<br />

Alguns exemplares coleta<strong>do</strong>s na região entre-marés abrigavam como epífitas Ceramium<br />

brevizonatum H. E. Petersen, C. dawsonii A. B. Joly, Erythrotrichia carnea (Dillwyn) J.<br />

Agardh, Hydrolithon chamae<strong>do</strong>ris (Foslie & M. Howe) M. J. Wynne, Hypnea musciformis<br />

(Wulfen) J. V. Lamour., Rho<strong>do</strong>thamniella codicola (B∅rgesen) C. Bi<strong>do</strong>ux & F. Magne,<br />

Gymnothamnion sp. e Ectocarpus sp. Nos costões alguns espécimes cresciam associa<strong>do</strong>s a<br />

<strong>Codium</strong> intertextum, Dictyopteris delicatula Lamour., Gelidiella acerosa (Forssk.) Feldmann<br />

& Hamel, Chondrophycus papillosus (C. Agardh) D. J. Garbary & J. T. Harper e<br />

Pneophyllum fragile Kütz.<br />

Os espécimes coleta<strong>do</strong>s na costa <strong>do</strong> Nordeste (PB, PE e BA) apresentaram talos de pequeno<br />

porte, robustos, cilíndricos a levemente achata<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong>, em campo, serem confundi<strong>do</strong>s<br />

com C. taylorii e C. isthmocladum. Silva (1960) ao estudar o referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> para o Atlântico<br />

tropical, verificou que alguns exemplares de C. decorticatum, C. taylorii e C. isthmocladum<br />

exibiam consideráveis combinações de caracteres, concluin<strong>do</strong> que poderia haver hibridização<br />

interespecifica. Os exemplares coleta<strong>do</strong>s em Santa Catarina (Região Sul) apresentaram talos<br />

mais desenvolvi<strong>do</strong>s, com morfologia típica, ramos cilíndricos, dicotômicos, dicotomias<br />

cuneadas e espaçadas entre si. Os exemplares coleta<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo (Região<br />

Sudeste) provenientes da região <strong>do</strong> infralitoral apresentavam ramos pre<strong>do</strong>minantemente<br />

subcilíndricos, com entrenós espaça<strong>do</strong>s e dicotomias levemente cuneadas.<br />

Segun<strong>do</strong> Silva (1960), o grau de variação morfológica apresentada por esta espécie está<br />

fortemente influencia<strong>do</strong> pela idade da planta e pelos fatores ambientais. O referi<strong>do</strong> autor<br />

comenta que talos de plantas jovens geralmente são cilíndricos a levemente achata<strong>do</strong>s,<br />

enquanto que os talos adultos são freqüentemente achata<strong>do</strong>s nas dicotomias. Ambientes de<br />

águas calmas e claras parecem conduzir para o desenvolvimento luxuriante <strong>do</strong>s espécimes,<br />

com dicotomias cuneadas e internós compri<strong>do</strong>s e cilíndricos. Ambientes com águas


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 39<br />

turbulentas favorecem o desenvolvimento de plantas de pequeno porte, com ramificações<br />

curtas e ramos freqüentemente cilíndricos. Anatomicamente, C. decorticatum se distingue por<br />

possuir utrículos de grandes tamanhos (geralmente acima de 1.000 µm) e o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong>s mesmos está relaciona<strong>do</strong> à idade da planta. As características apresentadas pelas plantas<br />

brasileiras correspondem aos comentários de Silva (1960), as descrições de Joly (1965),<br />

Taylor (1960) e Silva (1960) para os exemplares <strong>do</strong> Atlântico Tropical e Littler & Littler<br />

(2000) para a região <strong>do</strong>s mares <strong>do</strong> Caribe.<br />

<strong>Codium</strong> intertextum F.S. Collins & Harvey. Figs: 9-15<br />

Proceedings of the American Academy of Arts and Sciences 53: 54. 1917.<br />

Localidade Tipo: Bermuda<br />

Talo crostoso, de coloração verde-escura, de hábito prostra<strong>do</strong>, fortemente aderi<strong>do</strong> ao substrato<br />

por vários tufos rizoidais. Crostas com expansões irregulares, margens lobadas livres ou<br />

frouxamente aderidas ao substrato. Filamentos medulares incolores com 21 (29) 35 μm de<br />

diâmetro, espessamento lenticular de 9 (16) 23 μm. Utrículos fortemente agrupa<strong>do</strong>s, de difícil<br />

dissociação, cilíndricos a ligeiramente clava<strong>do</strong>s medin<strong>do</strong> 58 (103) 202 μm de diâmetro e 469<br />

(686) 914 μm de comprimento. Ápice <strong>do</strong> utrículo arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> a trunca<strong>do</strong>, com parede apical<br />

medin<strong>do</strong> 13 (18) 31μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos proeminentes, abundantes,<br />

distribuí<strong>do</strong>s em faixas, distan<strong>do</strong> 66 (97) 162 μm abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios<br />

distribuí<strong>do</strong>s de 1 a 2 por utrículos, cilíndricos a fusiformes, medin<strong>do</strong> 58 (83) 108 μm de<br />

diâmetro e 188 (245) 292 μm de comprimento, crescen<strong>do</strong> sobre curto pedicelo, posiciona<strong>do</strong>s<br />

a 277 (323) 392 μm abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Pernambuco: PEUFR 12761: 13/04/1987 - M.C. Accioly. Alagoas: SPF<br />

577: 03/03/1965 - E. C. Oliveira Filho. Bahia: PEUFR 48551: 17/05/2005 - M.F. Oliveira-<br />

Carvalho & M.C. Accioly (*). Espírito Santo: PEUFR 48559: 20/07/2005 - S.M.P.Guimarães<br />

(*). Rio de Janeiro: PEUFR 48566: 27/07/2006 - M.F. Oliveira-Carvalho; V. Cassano & D.<br />

Barata (*). São Paulo: PEUFR 48562: 14/07/2006 - M. F. Oliveira-Carvalho & F. Bechez (*).<br />

Santa Catarina: PEUFR 48553: 27/11/2005 - S.M.P. Guimarães (*). Arquipélago de Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha: PEUFR 48567: 14/06/2006 - P.A. Horta (*). Atol das Rocas: SPF 25607;<br />

255609: 02/1972 - E.C. Oliveira Filho. Expedição Oceanográfica: SPF 026040: 8/09/1965 –<br />

Akaroa Est. 35 (09 0 27 ’ 50 ” S e 35 0 07 ’ 45 ” W), profundidade (33 m).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 40<br />

Comentários: Os espécimes foram coleta<strong>do</strong>s sobre os recifes da Região Nordeste (Bahia) em<br />

local com moderada arrebentação e sobre os costões rochosos das Regiões Sudeste (São Paulo<br />

e Rio de Janeiro) e Sul (Santa Catarina) forman<strong>do</strong> extensos tapetes nas paredes verticais da<br />

região entre-marés. Algunas plantas foram encontradas compartilhan<strong>do</strong> o mesmo substrato<br />

com C. taylorii no litoral de São Paulo e com C. decorticatum no litoral de Santa Catarina.<br />

Nos ambientes insulares, registra-se sua presença no Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha e<br />

no Atol das Rocas. C. intertextum é uma espécie bastante comum na região entre-marés e no<br />

infralitoral a sua presença foi registrada a 33 m de profundidade, pela Expedição Akaroa-35<br />

(SPF026040).<br />

No material coleta<strong>do</strong>, foi observada a ocorrência das epífitas Anadyomene stellata (Wulfen)<br />

C. Agardh, Bryopsis pennata J. V. Lamour., Caulerpella ambigua (Okamura) Prud`homme<br />

van Reine & G. M. Lokhorst, Cla<strong>do</strong>phoropsis membranacea (C. Agardh) B∅rgesen, Ulva<br />

lactuca L., Phyllodictyon anastomosans (Harv.) G. T. Kraft & M. J. Wynne, Chaetomorpha<br />

antennina (Bory) Kutz., Hincksia mitchelliae (Harv.) P. C. Silva, Herposiphonia secunda (C.<br />

Agardh) Ambronn, Amphiroa anastomosans Weber van Bosse, Centroceras clavulatum (C.<br />

Agardh) Mont., Hypnea musciformis, Grateloupia sp., Tricleocarpa sp., Corallina sp. e<br />

Jania sp. Algunas plantas de C. intertextum cresciam em associação com Dictyosphaeria<br />

versluysii Weber van Bosse, Dictyopteris delicatula, Gelidiella acerosa e Chondrophycus<br />

papillosus.<br />

Nos espécimes analisa<strong>do</strong>s foram observadas algumas variações morfológicas nos talos que<br />

cresciam diretamente expostos à arrebentação, apresentan<strong>do</strong>-se densamente enruga<strong>do</strong>s e<br />

loba<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os que cresciam em locais moderadamente agita<strong>do</strong>s.<br />

C. intertextum faz parte <strong>do</strong> “complexo Arabicum” constituí<strong>do</strong> por um conjunto de<br />

microespécies ou subespécies amplamente distribuída por toda a Região In<strong>do</strong>-Pacífica (Silva<br />

1962). Segun<strong>do</strong> este autor, C. intertextum está morfologicamente relaciona<strong>do</strong> com C.<br />

adhaerens C. Agardh. No entanto, Chacana et al. (1988) afirmam que a morfologia <strong>do</strong> talo e o<br />

ápice <strong>do</strong> utrículo constituem importantes critérios para a separação de ambas as espécies.<br />

Ainda de acor<strong>do</strong> com os referi<strong>do</strong>s autores, C. intertextum apresenta talos loba<strong>do</strong>s, fortemente<br />

aderi<strong>do</strong>s ao substrato, coloração verde-escura e utrículos clava<strong>do</strong>s com ápices freqüentemente<br />

alveola<strong>do</strong>s, enquanto que os talos de C. adhaerens formam camadas expandidas irregulares,<br />

levemente fixas ao substrato, coloração verde-clara e utrículos cilíndricos com ápices não<br />

ornamenta<strong>do</strong>s.<br />

De mo<strong>do</strong> geral, as plantas analisadas correspondem às descrições e ilustrações feitas por<br />

Pereira & Accioly (1998) para Pernambuco (Brasil); Taylor (1960) e Silva (1960) para o


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 41<br />

Atlântico tropical; Chacana & Gil-Rodrigues (1993) e Chacana et al. (1988) para as Ilhas<br />

Canárias; Littler & Littler (2000) para a região <strong>do</strong>s mares <strong>do</strong> Caribe.<br />

<strong>Codium</strong> isthmocladum Vickers Figs: 16-25<br />

Annales des Sciences Naturalles, Botanique, Ser. 9:57. 1905.<br />

Localidade tipo: Barba<strong>do</strong>s.<br />

Talo ereto, coloração verde-oliva, com até 20 cm de altura, fixo ao substrato por um<br />

apressório basal discóide. Ramificação pre<strong>do</strong>minantemente dicotômica regular. Ramos<br />

cilíndricos, ramifica<strong>do</strong>s até a 12 a ordem. Filamentos medulares incolores medin<strong>do</strong> 24 (30) 36<br />

μm de diâmetro, com espessamento lenticular de 21 (27) 35 μm. Utrículos individuais,<br />

clava<strong>do</strong>s, cilíndricos, raramente piriformes, com 114 (193) 278 μm de diâmetro e 468 (623)<br />

736 μm de comprimento. Ápices <strong>do</strong>s utrículos arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s, trunca<strong>do</strong>s, espessa<strong>do</strong>s e<br />

lamela<strong>do</strong>s, medin<strong>do</strong> 30 (42) 55 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos situa<strong>do</strong>s abaixo<br />

<strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo, distan<strong>do</strong> 48 (68) 91 μm. Gametângios distribuí<strong>do</strong>s de 1 a 2 por utrículos,<br />

ovóides, lanceovóides a fusiformes, medin<strong>do</strong> 61 (83) 106 μm de diâmetro e 149 (199) 232 μm<br />

de comprimento, distan<strong>do</strong> 198 (237) 297 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Piauí: PEUFR 30584: 11/09/1999 - M.G.S. Batista. Ceará: SPF 620:<br />

04/07/1964 - H. Matheus. Rio Grande <strong>do</strong> Norte: SPF 625: 21/07/1964 - E.C. Oliveira.<br />

Paraíba: PEUFR 48505: 11/02/2006 - M.F. Oliveira-Carvalho (*). Pernambuco: PEUFR<br />

48501: 19/01/2006 - S.M.B. Pereira et al.(*). Alagoas: SPF 618: 29/01/1965 - E. C. Oliveira<br />

Filho. Sergipe: PEUFR 49386: 03/2000 – Plataforma Continental de Sergipe, Estação 6.<br />

Petrobrás-UFSE. Bahia: PEUFR 48498: 18/09/2005 - M.F. Oliveira-Carvalho & M.C.<br />

Accioly (*). Espírito Santo: PEUFR 48494: 13/06/2006 - M. Pacheco (*). Rio de Janeiro:<br />

SPF 24648: 24/08/1983 - Jorcélio. São Paulo: PEUFR 48491: 14/07/2006 - M.F. Oliveira-<br />

Carvalho & F. Berchez (*). Paraná: PEUFR 1235: 6/09/1968 - Y. Ugadim. Santa Catarina:<br />

PEUFR 48496: 09/11/2005 - S.M.P.B. Guimarães & G.A. Filho (*). Arquipélago de Fernan<strong>do</strong><br />

de Noronha: PEUFR 21614: 08/03/1994 - S.M.B. Pereira. Expedições Oceanográficas: SPF<br />

005176: 12/01/1966 - Canopus Est. 93 (06 0 04 ’ 30 ” S e 34 0 52 ’ 00 ” W), profundidade (69 m);<br />

SPF 05266: 29/04/1967 – Recife Est.145 (08 0 05 ’ 07 ” S e 34 0 41 ’ 00 ” W), profundidade (37 m);<br />

SPF 4747: 08/09/1965 - Akaroa Est. 44 (09 0 32 ’ 05”S e 35 0 10 ’ 35”W), profundidade (40 m);<br />

SPF 027315: 26/09/1967 - Almirante Saldanha Est. D9 (17 0 00 ’ 0 ” S e 38 0 40 ’ 0 ” W),<br />

profundidade (47 m).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 42<br />

Comentários: Os espécimes foram coleta<strong>do</strong>s na região entre-marés, crescen<strong>do</strong> sobre os recifes<br />

da Região Nordeste (Paraíba, Pernambuco e Bahia) e sobre os costões rochosos das Regiões<br />

Sudeste (Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo) e Sul (Santa Catarina). Também foram<br />

encontra<strong>do</strong>s exemplares crescen<strong>do</strong> na região de infralitoral, até 69 m de profundidade (SPF<br />

005176). Em geral, no litoral <strong>do</strong> Nordeste (PB, PE, SE) e Sudeste (ES) as plantas cresciam<br />

isoladas e quan<strong>do</strong> agregadas formavam densos tufos sobre nódulos de algas calcárias.<br />

Alguns exemplares coleta<strong>do</strong>s abrigavam como epífitas: Padina gymnospora (Kütz.) Sond.,<br />

Dictyota cervicornis Kütz., Dictyopteris delicatula, Ceramium brevizonatum, Sahlingia<br />

subintegra (Rosenv.) Kornnann, Hydrolithon chamae<strong>do</strong>ris, Gelidiella acerosa, Gelidium<br />

pusillum (Stackh.) Le Jolis, Herposiphonia secunda (C. Agardh) Ambronn, Hypnea<br />

musciformis e Jania sp.<br />

Os exemplares analisa<strong>do</strong>s neste estu<strong>do</strong> apresentaram uma marcada variação morfológica. Os<br />

espécimes da região de infralitoral exibiram talos com morfologia mais uniforme, quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong>s aos da região entre-marés. Na região <strong>do</strong> infralitoral, as plantas apresentaram-se<br />

mais desenvolvidas, com talos densamente ramifica<strong>do</strong>s e dicotomias espaçadas. Foram<br />

observadas plantas com morfologia semelhante, porém menos desenvolvidas em poças<br />

recifais <strong>do</strong> platô na região entre-marés. Plantas de menor porte, com talos densamente<br />

ramifica<strong>do</strong>s e dicotomias curtas, foram encontradas em ambientes agita<strong>do</strong>s, tanto nos recifes<br />

como nos costões.<br />

Alguns exemplares <strong>do</strong> infralitoral provenientes <strong>do</strong> Nordeste (Sergipe) e <strong>do</strong> Sudeste (Espírito<br />

Santo) portavam estruturas propagativas denominadas de “Brutkorper”. O termo “Brutkorper”<br />

foi utiliza<strong>do</strong> pela primeira vez por Schmidt, em 1923, para designar os gametângios abortivos<br />

modifica<strong>do</strong>s (Silva 1960). Aparentemente, estes propágulos são forma<strong>do</strong>s durante os perío<strong>do</strong>s<br />

de temperaturas baixas, quan<strong>do</strong> os gametângios não alcançam a maturidade (Williams 1980).<br />

Ainda de acor<strong>do</strong> com referi<strong>do</strong> autor, em geral, gametângios funcionais e gametas são<br />

produzi<strong>do</strong>s durante o verão. Entretanto, neste trabalho as estruturas propagativas só foram<br />

observadas nos meses de maio e junho (estação chuvosa) e ambas as estruturas (gametângio e<br />

propágulos) ocorriam simultaneamente.<br />

O propágulo se diferencia <strong>do</strong> gametângio por apresentar protuberância ou filamento<br />

estendi<strong>do</strong>, coloração intensa, ausência de gametas e aberturas apicais (opérculos).<br />

Provavelmente, seja um gametângio modifica<strong>do</strong>, resulta<strong>do</strong> da gametogênese ou meiose<br />

incompleta (Chang et al. 2003). Estes autores comentam que estas estruturas apresentam<br />

grande potencial para formar novos talos e funcionam como se fosse um “banco de sementes”<br />

para a próxima estação. Os propágulos “Brutkorper“ podem ocorrer em qualquer espécie de


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 43<br />

<strong>Codium</strong> (Silva 1957). Sua presença já foi registrada para C. isthmocladum e C. intertextum<br />

(Silva 1960), C. decorticatum (Williams 1980) e C. edule (Chang et al. 2003).<br />

<strong>Codium</strong> repens P. Crouan & H. Crouan in Vickers. Figs: 26-33<br />

Annales des Scienses Naturelles, Botanique, ser. 9: 56, 1905.<br />

Localidade tipo: I. Guadeloupe, Índias Occidentais.<br />

Talo procumbente de coloração verde-escuro, com ramificação dicotômica irregular a<br />

divaricata. Ramos cilíndricos a subcilíndricos, ligeiramente achata<strong>do</strong>s, com diversas<br />

anastomoses; forman<strong>do</strong> tufos densamente emaranha<strong>do</strong>s, semelhantes a novelos de lã, fixos ao<br />

substrato por diversos tufos rizoidais. Filamentos medulares incolores medin<strong>do</strong> 25 (31) 40 μm<br />

de diâmetro, com espessamento lenticular de 25 (28) 30 μm. Utrículos individuais, clava<strong>do</strong>s,<br />

subcilíndricos, medin<strong>do</strong> 120 (157) 280 μm de diâmetro e 500 (1.160) 1360 μm de<br />

comprimento. Ápices <strong>do</strong>s utrículos arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s a ligeiramente subtrunca<strong>do</strong>s, parede apical<br />

delgada até 10 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos de 2 a 4 por utrículos, distan<strong>do</strong><br />

70 (220) 390 μm abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios crescen<strong>do</strong> sobre curto pedicelo,<br />

distribuí<strong>do</strong>s de 1 a 2 por utrículo, cilíndricos a fusiformes, medin<strong>do</strong> 60 (68) 130 μm de<br />

diâmetro e 210 (238) 330 μm de comprimento, distan<strong>do</strong> 290 (303) 340 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong><br />

utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Pernambuco: PEUFR 12760: 27/02/2007 - M.C. Accioly; Ilha de Santo<br />

Aleixo: PEUFR 48574: 31/01/2006 - S.M.B. Pereira et al.(*). PEUFR 48573: 25/05/2005 -<br />

S.M.B. Pereira et al.(*). Bahia: HUEFS 76947: 04/12/2002 - A.M.Alves et al.; SPF 025952:<br />

28/11/1981 - Y. Ugadim. Espírito Santo: SP 364920: 09/03/2004 - D. Barata; SP 364829:<br />

15/04/2003 - D. Barata.<br />

Comentários: Na Região Nordeste os exemplares foram coleta<strong>do</strong>s nas formações recifais<br />

(BA) ou como material arriba<strong>do</strong> (PE). Nas exsicatas examinadas, os espécimes constavam<br />

como material arriba<strong>do</strong>. Os exemplares coleta<strong>do</strong>s abrigavam como epífitas Phyllodictyon<br />

anastomosans, Bryopsis pennata, Cla<strong>do</strong>phora dalmatica Kutz. e Ceramium sp. Alguns<br />

cresciam asssocia<strong>do</strong>s com Dictyopteris delicatula, Dictyota cervicornis Kutz. e Caulerpa<br />

microphysa (Weber van Bosse) Feldmann.<br />

Os exemplares tomba<strong>do</strong>s no Herbário – (SP) provenientes <strong>do</strong> Sudeste (Espírito Santo)<br />

apresentaram talos robustos e espessos (acima de 0,5 cm de diâmetro), ramificação<br />

dicotômica irregular a divaricada, portan<strong>do</strong> poucas anastomoses, distribuídas nas porções


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 44<br />

medianas e apicais <strong>do</strong> talo. Os exemplares coleta<strong>do</strong>s no Nordeste (Pernambuco e Bahia)<br />

apresentaram talos com ramos delga<strong>do</strong>s (0,3 a 0,5 cm de diâmetro), densamente emaranha<strong>do</strong>s,<br />

semelhantes a novelos de lã, portan<strong>do</strong> diversas anastomoses, freqüentemente distribuídas na<br />

região mediana.<br />

A nítida diferença encontrada na espessura <strong>do</strong>s ramos nos exemplares <strong>do</strong> Nordeste e o aspecto<br />

emaranha<strong>do</strong> semelhante a novelo, foram duas características semelhantes a descritas para C.<br />

edule P. C. Silva. No entanto, C. edule é uma espécie que ocorre na região In<strong>do</strong>-Pacífica,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> registrada para o Hawai, Filipinas e Taiwan (Oceano Pacífico) e Maldivas (Oceano<br />

Índico). C. repens e C. edule fazem parte <strong>do</strong> “complexo <strong>Codium</strong> geppiorum”, que é forma<strong>do</strong><br />

por representantes de talos rastejantes, procumbentes e anastomosa<strong>do</strong>s, encontra<strong>do</strong>s<br />

principalmente na região In<strong>do</strong>-Pacífica. C. edule é taxonomicamente muito próxima de C.<br />

repens <strong>do</strong> Atlântico (Silva 1960, Jones & Kraft 1984, Chang et al. 2002).<br />

Possivelmente, as variações de talos encontradas na espécie estejam relacionadas às condições<br />

ambientais. Segun<strong>do</strong> Alves & Moura (2005), os exemplares coleta<strong>do</strong>s na Bahia foram<br />

encontra<strong>do</strong>s desenvolven<strong>do</strong>-se na região entre-marés, crescen<strong>do</strong> nas bordas <strong>do</strong>s recifes, em<br />

local protegi<strong>do</strong> da arrebentação e da luz solar. Os exemplares <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

provavelmente sejam da região de infralitoral, pois foram encontra<strong>do</strong>s como arriba<strong>do</strong>s. Silva<br />

(1960), num trabalho sobre os <strong>Codium</strong> no Atlântico Tropical registrou a ocorrência de<br />

exemplares de C. repens com talos robustos (acima de 0,5 cm diâmetro) para o Brasil,<br />

draga<strong>do</strong>s a 55 m de profundidade. Van den Heede & Coppejans (1996) também relatam a<br />

variação de ambos os talos para os representantes <strong>do</strong> Quênia, Tanzânia e Ilhas Seychelles.<br />

Os exemplares analisa<strong>do</strong>s correspondem ao que foi descrito por Joly (1965), Silva (1960) e<br />

Taylor (1960) para o Atlântico tropical, Van Den Heede & Coppejans (1996) para o Quênia,<br />

Tanzânia e Ilhas Seychelles e Littler & Littler (2000) para a região <strong>do</strong>s mares <strong>do</strong> Caribe.<br />

<strong>Codium</strong> spongiosum Harvey. Figs: 34-40.<br />

Transactions of the Royal Irish Academy 22 (Science): 565.1855.<br />

Localidade tipo: King George’s Sound, Oeste da Austrália<br />

Talo pulvina<strong>do</strong>, subgloboso, de coloração verde-clara, hábito prostra<strong>do</strong>, forman<strong>do</strong> almofadas<br />

de contornos irregulares, frouxamente aderidas ao substrato por vários tufos rizoidais de<br />

fixação. Filamentos medulares incolores medin<strong>do</strong> 60 (72) 80μm de diâmetro com<br />

espessamento lenticular de 23 (38) 57 μm. Utrículos frouxamente agrupa<strong>do</strong>s, de fácil<br />

dissociação, clava<strong>do</strong>s a cilíndricos medin<strong>do</strong> 150 (290) 490 μm de diâmetro e 1.244 (1.565)<br />

3.582 μm de comprimento. Ápice <strong>do</strong> utrículo arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, subtrunca<strong>do</strong>, parede delgada com


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 45<br />

3.8 (5) 7.5 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos abundantes, forman<strong>do</strong> faixas,<br />

distan<strong>do</strong> 175 (295) 514 μm abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios crescen<strong>do</strong> sobre curto<br />

pedicelo, distribuí<strong>do</strong>s de 1 a vários por utrículo, ovóides, lanceovóides a fusiformes, medin<strong>do</strong><br />

87 (90) 117 μm de diâmetro e 209 (280) 310 μm de comprimento, distan<strong>do</strong> 400 (435) 565 μm<br />

<strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Espírito Santo: PEUFR 48543: 27/02/2006 - D. Barata (*); SPF 54244:<br />

20/01/1973 - E. C. Oliveira Filho & L. Behar; SPF 580: 4/06/1950 - W. Bernard,<br />

profundidade (22 m); RFA 32360: 30/05/1983 - G.J.P. Mitchell. Rio de Janeiro: PEUFR<br />

48542: 27/07/2006 - M.F. Oliveira-Carvalho, D. Barata & V. Cassano (*); PEUFR 48541:<br />

11/08/2006 - V. Cassano (*); HRJ 008021: 11/04/1992 - A.G. Pedrini; SPF 9967: 28/08/1981<br />

- E. Oliveira Filho, Y. Yoneshigue & M. Figueire<strong>do</strong>; RB 292827: 01/07/1979 - Y.<br />

Yoneshigue.<br />

Comentários: C. spongiosum é uma espécie amplamente distribuída em águas temperadas e<br />

tropicais e seu centro de dispersão é a região In<strong>do</strong>–Pacífica (Silva 1952; 1959; Jones & Kraft<br />

1984). No litoral brasileiro, os espécimes foram coleta<strong>do</strong>s na região entre-marés, nos costões<br />

rochosos da Região Sudeste (Rio de Janeiro e <strong>do</strong> Espírito Santo), em local moderadamente<br />

protegi<strong>do</strong>. No Rio de Janeiro (Praia <strong>do</strong> Forno - Búzios), C. spongiosum formava extensas<br />

populações. Há registro desta espécie ocorren<strong>do</strong> também no infralitoral <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo a 22 m de profundidade (SPF 580).<br />

Dentre os exemplares coleta<strong>do</strong>s alguns abrigavam como epífitas Ulva flexuosa Wulfen,<br />

Cla<strong>do</strong>phora montagneana Kütz., Asteronema breviarticulatum (J. Agardh) L. C. Ouriques &<br />

Z. L. Bouzon, Herposiphonia secunda, Ceramium brevizonatum, Ulva sp. e Polysiphonia sp.<br />

Alguns cresciam associa<strong>do</strong>s com Jania capillacea Harv. e Ulva fasciata Delile.<br />

Morfologicamente, os exemplares analisa<strong>do</strong>s formavam agrega<strong>do</strong>s de plantas, com aspectos<br />

subglobóides a irregulares, típicos de águas rasas, corroboran<strong>do</strong> com Jones & Kraft (1984).<br />

Os referi<strong>do</strong>s autores ao analisarem populações de C. spongiosum para Ilhas Lord Howe<br />

(Austrália), observaram que os exemplares provenientes de águas profundas tendem a crescer<br />

isoladamente, adquirin<strong>do</strong> formas esféricas, enquanto que os de águas rasas formam agrega<strong>do</strong>s<br />

irregulares, cobrin<strong>do</strong> grandes extensões <strong>do</strong>s recifes. De mo<strong>do</strong> geral, as plantas analisadas de<br />

C. spongiosum correspondem ao que foi descrito e ilustra<strong>do</strong> por Silva (1960) para o Atlântico<br />

Tropical e para a Austrália (Jones & Kraft 1984).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 46<br />

<strong>Codium</strong> taylorii P. C. Silva Figs: 41-47<br />

Nova Hedwigia, 1: 510, 1960.<br />

Localidade tipo: Praia de Pass-a-Grille, Pinellas, Florida, E.U.A<br />

Talo ereto, coloração verde-escura, com até 10 cm de altura, fixo ao substrato por um<br />

apressório basal discóide. Ramificação dicotômica irregular, dicotomias de última ordem com<br />

crescimento desigual a cervicornes Ramos frequentemente achata<strong>do</strong>s, ramifica<strong>do</strong>s até a 10 a<br />

ordem. Filamentos medulares com 15 (25) 40 μm de diâmetro, com espessamento lenticular<br />

15 (30) 40 μm. Utrículos individuais, clava<strong>do</strong>s, cilíndricos, piriformes, 80 (170) 377 μm de<br />

diâmetro e 370 (882) 1.508 μm de comprimento. Ápices <strong>do</strong>s utrículos ligeiramente<br />

arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>s a subtrunca<strong>do</strong>s, parede apical até 30 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de<br />

pêlos distan<strong>do</strong> 50 (71) 100 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios 2 a 3 distribuí<strong>do</strong>s por<br />

utrículo, crescen<strong>do</strong> sobre curto pedicelo, ovóides a fusiformes, medin<strong>do</strong> 50 (68) 110 μm de<br />

diâmetro e 180 (270) 300 μm de comprimento, distan<strong>do</strong> 210 (312) 380 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong><br />

utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Ceará: PEUFR 17814: 07/09/1991 - N.P. Dantas. Pernambuco: PEUFR<br />

48507: 11/01/2005 - M.F. Oliveira-Carvalho & S.M.B. Pereira (*). Alagoas: SPF 93:<br />

31/01/1965 - E.C. Oliveira Filho. Bahia: PEUFR 48514: 17/04/2005 - M.F. Oliveira-Carvalho<br />

& M.C. Accioly (*). Espírito Santo: PEUFR 48516: 20/08/2005 - D. Barata (*). Rio de<br />

Janeiro: PEUFR 48523: 28/07/2006 - D. Barata (*). São Paulo: PEUFR 48522: 14/07/2006 -<br />

M.F. Oliveira-Carvalho & F. Berchez (*). Paraná: SPF 005149: 24/12/1973 - O. Guimarães.<br />

Santa Catarina: PEUFR 48506: 01/04/2006 - M. F. Oliveira-Carvalho et al.(*). Arquipélago<br />

de Fernan<strong>do</strong> de Noronha: SPF 51490: 27/10/1985 - E.C. Oliveira & V. Eston.<br />

Comentários: Os espécimes foram coleta<strong>do</strong>s na zona entre-marés, sobre os recifes da Região<br />

Nordeste (Pernambuco e Bahia) e nos costões rochosos das Regiões Sudeste (Rio de Janeiro,<br />

São Paulo e Espírito Santo) e Sul (Santa Catarina). No litoral de São Paulo, alguns exemplares<br />

jovens foram encontra<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s com C. intertextum na zona de arrebentação. Sobre o<br />

talo de alguns exemplares coleta<strong>do</strong>s, observou-se a presença de Anadyomene stellata,<br />

Bryopsis pennata, Dictyopteris delicatula, Ceramium brevizonatum, Antithamnion sp. e<br />

Polysiphonia sp.<br />

Apesar de a olho nu a referida espécie ser facilmente reconhecida, pois apresenta talo com<br />

dicotomias de ângulos abertos, irregulares, com ramos terminais de crescimento desigual a<br />

cervicornes, dan<strong>do</strong> um aspecto esférico à planta, alguns exemplares apresentaram ampla


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 47<br />

variação morfológica, não sen<strong>do</strong> possível o seu reconhecimento. Alguns exemplares <strong>do</strong> litoral<br />

baiano poderiam ser confudi<strong>do</strong>s no aspecto externo com C. decorticatum. Neste caso, é<br />

possível que haja na população hibridização intraespecífica, como comenta<strong>do</strong> anteriormente<br />

para C. decorticatum. Casos de hibridização intraespecífica já foram relata<strong>do</strong>s por Silva<br />

(1960) para C. decorticatum, C. taylorii e C. isthmocladum. No Rio de Janeiro, os exemplares<br />

coleta<strong>do</strong>s apresentavam talos densamente ramifica<strong>do</strong>s, de consistência aveludada devi<strong>do</strong> à<br />

abundância de pêlos, ápices dilata<strong>do</strong>s ou capita<strong>do</strong>s. Alguns exemplares com ramos<br />

subcilíndricos e dicotomias levemente achatadas foram encontra<strong>do</strong>s no litoral de Santa<br />

Catarina.<br />

C. taylorii é uma espécie amplamente distribuída no Atlântico Tropical (Silva 1960). Sua<br />

grande variação morfológica tem si<strong>do</strong> referida por Silva (1960) e Van den Heede &<br />

Coppejans (1996). Em geral, os exemplares analisa<strong>do</strong>s correspondem às descrições e<br />

ilustrações de Joly (1965), Silva (1960) e Taylor (1960) para o Atlântico Tropical, Van den<br />

Heede & Coppejans (1996) para o Quênia, Tanzânia e Ilhas Seychelles e Littler & Littler<br />

(2000) para a região <strong>do</strong>s mares <strong>do</strong> Caribe.<br />

<strong>Codium</strong> sp. Figs: 48-53.<br />

Talo ereto, coloração verde-clara, com até 15 cm de altura, fixo ao substrato por um<br />

apressório basal discóide. Ramificação dicotômica a irregular, raramente prolífera nas porções<br />

medianas <strong>do</strong> talo. Ramos subcilíndricos ou, às vezes, aplana<strong>do</strong>s em algumas partes da região<br />

mediana <strong>do</strong> talo, ramifica<strong>do</strong>s até a 6 a ordem, medin<strong>do</strong> de 1,5 - 3 mm diâmetro. Filamentos<br />

medulares incolores, 20 (34) 48 μm de diâmetro, com espessamento lenticular de 20 (27) 35<br />

μm. Utrículos individuais, subcilíndricos a raramente piriformes, com 100 (208) 340 μm de<br />

diâmetro e 470 (586) 740 μm de comprimento. Ápice <strong>do</strong> utrículo arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> a trunca<strong>do</strong>,<br />

parede apical delgada, medin<strong>do</strong> até 5 μm de espessura. Pêlos ou cicatrizes de pêlos, distan<strong>do</strong><br />

57 (82) 115 μm abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Gametângios 1 a 2 por utrículo, cilíndricos a<br />

ovóides, 50 (72) 100 μm de diâmetro e 100 (159) 200 μm de comprimento, distan<strong>do</strong> 250<br />

(276) 310 μm <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo.<br />

Material examina<strong>do</strong>: Rio de Janeiro: UC1607939: 13/04/1994 - COSTA VERDE II, 22 0 32’S,<br />

40 0 57’W, profundidade (66 m); UC 1607940: 15/05/1993 - PITA II, Programa Integra<strong>do</strong> de<br />

Treinamento de Alunos II, 22 0 19’30”– 22 0 02’30”S; 40 0 51’40 ” – 40 0 52 ’ 30 ” W, Profundidade<br />

(53 m).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 48<br />

Comentários: O material analisa<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong> foi classifica<strong>do</strong> como C. profundum Silva &<br />

Chacana, espécie registrada uma única vez para a costa brasileira (Chacana et al. 2003). Estes<br />

autores estabeleceram a referida espécie com base no material coleta<strong>do</strong> nas Ilhas Canárias e<br />

exsicatas depositadas no Herbário UC, provenientes <strong>do</strong>s herbários UC, CJD, L, SPF (Brasil).<br />

Os exemplares analisa<strong>do</strong>s pelos autores foram coleta<strong>do</strong>s na região de infralitoral nas seguintes<br />

localidades: Bermudas (55 m), Flórida (60 m), Golfo <strong>do</strong> México (58 m) e no Brasil (66 m)<br />

crescen<strong>do</strong> sobre nódulos de algas calcárias.<br />

C. profundum foi a única espécie não coletada neste trabalho, pois tu<strong>do</strong> indica ser<br />

característica de grandes profundidades. Portanto, a descrição e ilustrações apresentadas<br />

foram baseadas na análise das exsicatas enviadas por empréstimo pelo cura<strong>do</strong>r P. C. Silva, <strong>do</strong><br />

Herbário da Universidade da Califórnia, Berkeley - (UC). Nestes exemplares, não foi<br />

verificada ocorrência de epífitas.<br />

Morfologicamente, C. profundum assemelha-se a C. isthmocladum, por esta razão fazen<strong>do</strong><br />

com que P. C. Silva o identificasse como C. isthmocladum subsp. clavatum (Collins &<br />

Hervey) P. C. Silva. Posteriormente, ao re-analisar este material, Silva propôs o<br />

estabelecimento de C. isthmocladum subsp. clavatum “nome nudum”. Chacana et al.<br />

examinan<strong>do</strong> este material propuseram o estabelecimento de C. profundum Silva & Chacana<br />

(Chacana et al. 2003). Conforme as Normas Internacionais de Nomenclatura Botânica, este<br />

táxon é considera<strong>do</strong> inváli<strong>do</strong> por carecer de uma diagnose em latim na sua descrição original.<br />

Neste trabalho, de acor<strong>do</strong> com o código, não esta sen<strong>do</strong> reconhecida a referida espécie.<br />

Apesar da aparente semelhança com C. isthmocladum, observou-se que <strong>Codium</strong> sp.<br />

diferencia-se em alguns aspectos morfo-anatômicos, pois possui ramificação dicotômica a<br />

irregular, ramos subcilíndricos e utrículos subcilíndricos a piriformes, com ápice não<br />

espessa<strong>do</strong>, enquanto que C. isthmocladum apresenta ramificação dicotômica regular, com<br />

ramos cilíndricos e os utrículos são clava<strong>do</strong>s, cilíndricos a raramente piriformes, com ápices<br />

espessa<strong>do</strong>s.<br />

Aspectos taxonômicos e de <strong>distribuição</strong> <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> no Brasil<br />

Os espécimes de <strong>Codium</strong>, a nível genérico são facilmente reconheci<strong>do</strong>s, devi<strong>do</strong> ao<br />

característico padrão de construção cenocítico e aparência esponjosa. O mesmo não pode ser<br />

estendi<strong>do</strong> à delimitação de algumas espécies, pois o reconhecimento é difícil. Algumas<br />

espécies apresentam ocorrências restritas, resultan<strong>do</strong> em pouca variabilidade morfológica,<br />

enquanto outras apresentam uma <strong>distribuição</strong> mais ampla e padrão de plasticidade<br />

morfológica complexa (Pedroche 2001).<br />

A combinação <strong>do</strong>s caracteres morfo-anatômicos como o hábito, o tipo de ramificação, o


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 49<br />

tamanho e forma <strong>do</strong>s utrículos são importantes atributos que permitem uma relativa facilidade<br />

na distinção específica, sen<strong>do</strong> que os utriculares e reprodutivos são as melhores ferramentas,<br />

principalmente para aquelas espécies com intricada variação morfológica (Pedroche et al.<br />

2002). Devi<strong>do</strong> ao fato de possuírem formas e tamanhos constantes, os utrículos são<br />

considera<strong>do</strong>s por Silva (1955, 1960) como um <strong>do</strong>s principais critérios taxonômicos<br />

interespecíficos.<br />

Com base nos caracteres morfo-anatômicos, foram identifica<strong>do</strong>s sete táxons infragenéricos<br />

para a costa brasileira (Tab.1). Os caracteres morfo-anatômicos de maior peso na<br />

identificação foram: morfologia <strong>do</strong> talo, tipos de ramificação, os utrículos e os gametângios.<br />

Dentre estes, os utrículos realmente se constituíram em peça chave na identificação entre<br />

espécies, corroboran<strong>do</strong> com Silva (1955, 1960) e Pedroche et al. (2002).<br />

A junção destes caracteres foi fundamental para a distinção interespecífica. Os representantes<br />

<strong>do</strong> sub<strong>gênero</strong> Shizocodium como C. isthmocladum, C. taylori e C. decorticatum foram os que<br />

exibiram maior plasticidade morfológica e, em conseqüência foram os que apresentaram<br />

maiores dificuldades na identificação específica, concordan<strong>do</strong> com o que foi observa<strong>do</strong> por<br />

Silva (1960). O contrário foi observa<strong>do</strong> nas espécies de hábito prostra<strong>do</strong> pertencentes ao<br />

sub<strong>gênero</strong> Tylecodium. Estas foram facilmente identificadas, pois possuem caracteres morfoanatômicos<br />

bem defini<strong>do</strong>s e a pouquíssima variação morfológica foram observadas como<br />

comentadas anteriormente em cada espécie. Apesar da ampla variação morfológica<br />

apresentada por alguns espécimes na costa brasileira, os caracteres morfo-anatômicos<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na taxonomia <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> mostraram-se bastante eficientes.<br />

Na costa brasileira, os representantes <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> não se distribuem uniformente (Tab.<br />

2). Na Região Sudeste, o maior número ocorreu nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Espírito Santo e <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro, enquanto na Região Nordeste nos esta<strong>do</strong>s de Pernambuco e da Bahia. Uma menor<br />

diversidade específica <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> foi verificada para a Região Sul, devi<strong>do</strong>, provavelmente, a<br />

redução de substrato consolida<strong>do</strong>, importante na fixação das algas. Nesta região, a ampla<br />

presença de substrato rochoso existente em parte <strong>do</strong> litoral de Santa Catarina é gradualmente<br />

substituída pelas extensas e lineares praias arenosas <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul (Horta et al. 2001).<br />

Com relação à Região Norte da costa brasileira, até o presente momento nenhum registro de<br />

<strong>Codium</strong> foi feito. Esta é uma região de difícil acesso e consequentemente pouco coletada.<br />

Alia<strong>do</strong> a isto, nesta região ocorre diversos enclaves de manguezais, caracterizadas por<br />

manchas com baixa salinidade e alta turbidez, devi<strong>do</strong> ao aporte de numerosos rios (Horta et<br />

al. 2001).<br />

As espécies com hábito ereto apresentaram uma maior <strong>distribuição</strong> na costa brasileira,<br />

destacan<strong>do</strong>-se C. isthmocladum (12 Esta<strong>do</strong>s), C. decorticatum (11 Esta<strong>do</strong>s) e C. taylorii (10


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 50<br />

Esta<strong>do</strong>s). Dentre as espécies de hábito prostra<strong>do</strong>, C. intertextum apresentou maior <strong>distribuição</strong><br />

(7 esta<strong>do</strong>s). C. spongiosum esteve presente apenas nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Espírito Santo e Rio de<br />

Janeiro (Tab. 2). Provavelmente a ocorrência desta espécie na costa brasileira, está<br />

relacionada com a Corrente de Benguela que alcança o norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Espírito Santo,<br />

originan<strong>do</strong> a Corrente <strong>do</strong> Brasil e esta corrente se constitui em um potencial veículo de<br />

dispersão de representantes oriun<strong>do</strong>s das floras In<strong>do</strong>-Pacífica e Sul-africana (Horta et al.<br />

2001).<br />

Algumas espécies tiveram sua <strong>distribuição</strong> fito<strong>geográfica</strong> ampliada, principalmente para a<br />

Região Nordeste, como C. decorticatum para os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ceará, Paraíba e Alagoas; C.<br />

intertextum para o Esta<strong>do</strong> de Alagoas; C. isthmocladum para os Esta<strong>do</strong>s de Alagoas, Sergipe e<br />

Paraná e C. taylorii para os Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Ceará, Paraíba, Alagoas e Paraná.<br />

Com relação aos ambientes insulares, pouquíssimos exemplares de <strong>Codium</strong> foram<br />

encontra<strong>do</strong>s nos herbários consulta<strong>do</strong>s. Neste caso, só foi possível analisar os exemplares<br />

provenientes <strong>do</strong> Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (resultan<strong>do</strong> em 3 espécies) e para o<br />

Atol das Rocas, com uma espécie (Tab. 2). Entretanto, Villaça et al. (2006) fizeram registro<br />

de C. decorticatum para o Arquipélago de Trindade, mas nenhuma exsicata referente a esta<br />

citação foi localizada nos herbários consulta<strong>do</strong>s.<br />

Com base nas publicações de Joly (1957; 1965), Pereira et al. (2002), Alves & Moura (2005),<br />

Chacana et al. (2003) e Pereira et al. (2007), oito espécies foram citadas para a flora brasileira:<br />

C. decorticatum, C. intertextum, C. isthmocladum, C. profundum, C. repens, C. spongiosum,<br />

C. taylorii e C. tomentosum. Neste estu<strong>do</strong>, com exceção de C. tomentosum e C. profundum , a<br />

ocorrência das demais espécies foram confirmadas. Registro da ocorrência de C. tomentosum<br />

na costa brasileira foi feito por Pedrini et al. (1992), Pereira et al. (2002) e Villaça et al.<br />

(2006) para o Arquipélago de Fernan<strong>do</strong> de Noronha e por Moebius (1890) para o litoral <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro. Ressalva-se que os registros desta espécie feitos por Pereira et al. (2002) e<br />

Villaça et al. (2006) foram basea<strong>do</strong>s em da<strong>do</strong>s da literatura. Salienta-se que nos herbários<br />

analisa<strong>do</strong>s, não foi observada nenhuma exsicata da referida espécie, assim como não foi<br />

recoleta<strong>do</strong> nenhum material na costa brasileira. Pelos fatos analisa<strong>do</strong>s, considera-se como<br />

duvi<strong>do</strong>sa a ocorrência de C. tomentosum para a costa brasileira. Segun<strong>do</strong> Silva (1960; 1962),<br />

C. tomentosum foi uma espécie erroneamente designada para os <strong>Codium</strong> dicotômicos, pois<br />

cerca de 30 espécies citadas para o Atlântico Ocidental foram designadas como C.<br />

tomentosum, quan<strong>do</strong> na realidade correspondiam a C. isthmocladum, C. taylorii, C. repens e<br />

C. decorticatum. Segun<strong>do</strong> o Código Internacional de Nomenclatura Botânica (artigo 36), o<br />

nome de um novo táxon é considera<strong>do</strong> validamente publica<strong>do</strong>, se acompanha<strong>do</strong> de uma<br />

descrição ou diagnose em latim (Bicu<strong>do</strong> & Pra<strong>do</strong> 2003). Por este motivo C. profundum está


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 51<br />

sen<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> neste trabalho como <strong>Codium</strong> sp.<br />

Em termos gerais, verifica-se que há uma baixa diversidade de espécies de <strong>Codium</strong> no litoral<br />

brasileiro. Silva (1960) também relatou a notável pobreza no número de espécies para o<br />

Oceano Atlântico, e que esta relativa pobreza de espécies está mais relacionada aos fatores<br />

históricos (deriva continental) <strong>do</strong> que aos fatores hidrológicos. Ainda de acor<strong>do</strong> com o<br />

referi<strong>do</strong> autor, nas áreas onde há marcante variação de temperatura, alia<strong>do</strong> a outros aspectos, a<br />

flora de <strong>Codium</strong> se mantém rica, enquanto nas áreas onde a temperatura é uniforme,<br />

desenvolvem-se poucas espécies. Littler & Littler (2000) também encontraram uma baixa<br />

diversidade para a Região <strong>do</strong> Caribe, registran<strong>do</strong> apenas 6 espécies (C. intertextum, C. ovale<br />

Zanardini, C. repens, C. carolinianum Searles, C. decorticatum e C. taylorii). Na flora<br />

tropical e subtropical <strong>do</strong> Atlântico Ocidental o referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> está representa<strong>do</strong> por 11 táxons<br />

infragenéricos (Wynne 2005).<br />

Agradecimentos<br />

Os autores agradecem á Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior<br />

(CAPES) pela Bolsa de Doutora<strong>do</strong> concedida à primeira autora. Pelo suporte financeiro<br />

concedi<strong>do</strong> pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Pernambuco<br />

(FACEPE), através <strong>do</strong> Processo 008-05.03/04 e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico (CNPq), através <strong>do</strong> Processo 477354/04-1. Ao Cura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Herbário<br />

de Berkeley – UC, Dr. Paul C. Silva e ao Dr. Max Chacana pelo envio das exsicatas de C.<br />

profundum.<br />

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ANEXOS DO MANUSCRITO I


TABELAS


Tabela 1- Principais caracteres morfo-anatômicos utiliza<strong>do</strong>s como parâmetros na identificação de <strong>Codium</strong> Stackhouse que ocorrem no litoral brasileiro.<br />

Caracteres morfo-anatômicos basea<strong>do</strong>s nos trabalhos de Silva (1951;1959), Silva & Womersley (1956); Van den Heede & Coppejans (1996) e<br />

Pedroche et al. (2002).<br />

Morfológicos<br />

Anatômicos<br />

Reprodutivos<br />

Caracteres<br />

Sub<strong>gênero</strong> Shizocodium Sub<strong>gênero</strong> Tylecodium<br />

Morfo-anatômicos C. decorticatum C. isthmocladum <strong>Codium</strong> sp C. taylorii C. repens C. intertextum C. spongiosum<br />

Hábitto Ereto Ereto Ereto Ereto Procumbente Prostra<strong>do</strong> Prostra<strong>do</strong><br />

Forma <strong>do</strong>s ramos<br />

Tipo de ramificação<br />

Pre<strong>do</strong>minantemente<br />

cilíndrico, exceto nas<br />

dicotomias<br />

Dicotômica regular,<br />

politômica<br />

Cilíndrico Subcilíndrico<br />

Dicotômica regular Dicotômica irregular<br />

Freqüentemente<br />

achata<strong>do</strong><br />

Dicotômica irregular,<br />

cervicornes<br />

Cilíndricos,<br />

subcilíndricos<br />

Dicotômica irregular,<br />

divaricata<br />

Crosta expandida<br />

irregulamente<br />

Pulvina<strong>do</strong>,<br />

Subgloboso<br />

ausente ausente<br />

Diâmetro <strong>do</strong> filamento<br />

medular<br />

Inserção <strong>do</strong>s pêlos ou<br />

40 (55) 70 µm 24 (30) 36 µm 20 (34) 48 µm 15 (25) 40 µm 25 (31) 40 µm 21 (29) 35 µm 60 (72) 80 µm<br />

cicatrizes em relação ao<br />

ápice <strong>do</strong> utrículo<br />

80 (115) 232 μm 48 (68) 91 μm 57 (82) 115 µm 50 (71) 100 µm 70 (220) 390 µm 66 (97) 162 μm 400 (435) 565 µm<br />

Morfologia <strong>do</strong> utrículo<br />

Clava<strong>do</strong>, cilíndrico,<br />

piriforme<br />

Clava<strong>do</strong>, cilíndrico,<br />

piriforme<br />

Subcilíndrico,<br />

piriforme<br />

Clava<strong>do</strong>, cilíndrico,<br />

piriforme<br />

Clava<strong>do</strong>,<br />

subcilíndrico<br />

Clava<strong>do</strong>, cilíndrico Clava<strong>do</strong>, cilíndrico<br />

Comprimento <strong>do</strong> utrículo 870 (1.132) 2.125 μm 468 (623) 736 μm 470 (586) 740 µm 370 (882) 1.508 µm 500 (1.160) 1.360 µm 469 (686) 914 μm<br />

1.244 (1.565) 3.582<br />

µm<br />

Diâmetro <strong>do</strong> utrículo 90 (340) 550 μm 114 (193) 278 μm 100 (208) 340 µm 80 (170) 377 µm 120 (157) 280 µm 58 (103) 202 μm 150 (290) 490 µm<br />

Ápice <strong>do</strong> utrículo<br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

trunca<strong>do</strong><br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

trunca<strong>do</strong>, espessa<strong>do</strong> e<br />

lamela<strong>do</strong>.<br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

trunca<strong>do</strong><br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

subtrunca<strong>do</strong><br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

subtrunca<strong>do</strong><br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

trunca<strong>do</strong><br />

Arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>,<br />

subtrunca<strong>do</strong><br />

Morfologia <strong>do</strong>s<br />

Gametângios<br />

Ovóide, lanceovóide,<br />

lanceola<strong>do</strong><br />

Ovóide, lanceovóide,<br />

fusiforme<br />

Ovóide, cilíndrico, Ovóide, fusiforme Cilíndrico, fusiforme Cilíndrico, fusiforme<br />

Ovóide, lanceovóide,<br />

fusiforme<br />

Comprimento <strong>do</strong><br />

gametângio<br />

120 (229) 325 μm 149 (199) 232 μm 100 (159) 200 µm 180 (270) 300 µm 210 (238) 330 µm 188 (245) 292 μm 209 (280) 310 µm<br />

Diâmetro <strong>do</strong> gametângio<br />

Inserção <strong>do</strong> gametângio<br />

70 (87) 140 μm 61 (83) 106 μm 50 (72) 100 µm 50 (68) 110 µm 60 (68) 130 µm 58 (83) 108 μm 87 (90) 117 µm<br />

em relação ao ápice <strong>do</strong><br />

utrículo<br />

210 (468) 669 μm 198 (237) 297 μm 250 (276) 310 µm 210 (312) 380 µm<br />

290 (303) 340 µm<br />

277 (323) 392μm 400 (435) 565 µm


Tabela 2 – Distribuição <strong>do</strong>s representantes de <strong>Codium</strong> Stackhouse na costa brasileira, com base em material coleta<strong>do</strong> e exsicatas depositadas nos<br />

herbários (JPB,PEUFR,ALVB,HUEFS,RJ,RB,R, HB, RFA,SP,SPF,FLOR) <strong>do</strong> Brasil e de Berkeley (UC).<br />

Espécies<br />

C. decorticatum<br />

C. intertextum<br />

C. isthmocladum<br />

C. repens<br />

C. spongiosum<br />

C. taylorii<br />

<strong>Codium</strong> sp (= C.<br />

profudum)<br />

Piauí (PI)<br />

Ceará (CE)<br />

Rio Grande <strong>do</strong><br />

Norte (RN)<br />

Região<br />

Nordeste<br />

Paraíba (PB)<br />

Pernambuco<br />

(PE)<br />

Alagoas (AL)<br />

Sergipe (SE)<br />

Bahia (BA)<br />

Espírito Santo<br />

(ES)<br />

Região<br />

Sudeste<br />

Rio de Janeiro<br />

(RJ)<br />

São Paulo (SP)<br />

Paraná (PR)<br />

Região<br />

Sul<br />

Santa Catarina<br />

(SC)<br />

Rio Grande <strong>do</strong><br />

Sul (RS)<br />

Ambientes<br />

insulares<br />

Fernan<strong>do</strong> de<br />

Noronha (FN)<br />

Atol das Rocas<br />

(AR)<br />

Almirante<br />

Saldanha<br />

Expedições<br />

Oceanográficas<br />

0 1 0 1,2 1,2 1 0 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1,2 1 0 0 0 2 0 2<br />

0 0 0 0 1 1 0 1 1 1,2 1 0 1 0 1,2 1 0 2 0 0<br />

1 1,2 1,2 1,2 1,2 1 2 1,2 1,2 1,2 2 1 1 0 1 0 2 2 2 2<br />

0 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

0 0 0 0 0 0 0 0 1,2 1,2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0<br />

0 1 0 1 1,2 1,2 0 1,2 1,2 1,2 1 1 1,2 0 1 0 0 0 0 0<br />

0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0<br />

Total de espécies 1 3 1 3 5 4 1 5 6 6 4 3 4 1 3 1 2 3 1 2<br />

Legenda: 0 = não encontra<strong>do</strong>; 1= Região entre-marés; 2= Região infralitoral.<br />

Akaroa<br />

Canopus<br />

Comissão<br />

Recife


FIGURAS


Legenda das figuras<br />

Figs. 1-8. <strong>Codium</strong> decorticatum (Woodw.) M. Howe. Fig. 1. Aspecto geral da planta<br />

crescen<strong>do</strong> sobre costão rochoso. Barra da escala = 3 cm. Figs. 2-3. Talos ramifica<strong>do</strong>s,<br />

com dicotomias curtas, coleta<strong>do</strong>s em águas agitadas no mesolitoral. Barra da escala = 1<br />

cm e 2 cm, respectivamente. Fig. 4. Talo com morfologia típica. Note dicotomias<br />

cuneadas e internós espaça<strong>do</strong>s. Barra da escala = 3 cm. Fig. 5. Planta <strong>do</strong> infralitoral.<br />

Observe talo pre<strong>do</strong>minantemente subcilíndrico com dicotomias espaçadas. Barra da<br />

escala = 5 cm. Fig. 6. Utrículo reprodutivo, portan<strong>do</strong> gametângio (gt). Barra da escala =<br />

500 µm. Fig. 7. Parte <strong>do</strong> utrículo portan<strong>do</strong> diferentes tipos de gametângios. Barra da<br />

escala = 500 µm. Fig. 8. Detalhe de parte <strong>do</strong> utrículo com gametângio (gt) ovóide. Note<br />

opérculo (op). Barra da escala = 100 µm.<br />

Figs. 9-15. Codiun intertextum F. S. Collins & Harvey. Fig. 9. Planta com talo de<br />

aspecto enruga<strong>do</strong>, coletada em zona de forte arrebentação. Barra da escala = 3 cm. Fig.<br />

10. Planta com talo pouco enruga<strong>do</strong>, coletada em ambiente de pouca arrebentação.<br />

Barra da escala = 1 cm. Fig. 11. Utrículos fortemente agrupa<strong>do</strong>s. Barra da escala = 300<br />

µm. Fig. 12. Detalhe <strong>do</strong>s utrículos. Barra da escala = 300 µm. Fig. 13. Detalhe <strong>do</strong><br />

utrículo reprodutivo, evidencian<strong>do</strong> gametângio cilíndrico (gt). Barra da escala = 50 µm.<br />

Fig. 14. Detalhe <strong>do</strong> utrículo com gametângio fusiforme (gt). Note opérculo (op) e<br />

cicatrizes de pêlos (cp). Barra da escala = 100 µm. Fig. 15. Detalhe da porção superior<br />

<strong>do</strong> utrículo, evidencian<strong>do</strong> constrição abaixo <strong>do</strong> ápice (seta tracejada) e cicatrizes <strong>do</strong>s<br />

pêlos dispostas em faixas (cp). Barra da escala = 100 µm.<br />

Figs 16-25. <strong>Codium</strong> isthmocladum Vickers. Fig. 16. Planta com hábito arbustivo, com<br />

dicotomias espaçadas, encontradas em poças recifais, em locais protegi<strong>do</strong>s. Barra da<br />

escala = 2 cm. Fig. 17. Planta com hábito arbustivo, dicotomias curtas, crescen<strong>do</strong> na<br />

zona entre-marés em locais bati<strong>do</strong>s. Barra da escala = 1 cm. Fig. 18. Planta com hábito<br />

arbustivo coletada sobre costão rochoso em local bati<strong>do</strong>. Barra da escala = 2 cm. Fig.<br />

19. Planta com hábito arbustivo, densamente ramifica<strong>do</strong>, ocorren<strong>do</strong> na região de<br />

infralitoral sobre nódulos de algas calcárias. Barra da escala = 2 cm. Figs. 20-21.<br />

Diferentes tipos de utrículos. Note presença de cicatrizes de pêlos (cp) e de gametângios<br />

(cg). Barra da escala = 100 µm e 200 µm, respectivamente. Fig. 22. Detalhe <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong>


utrículo. Observe ápice espessa<strong>do</strong> e lamela<strong>do</strong> (seta tracejada). Barra da escala = 50 µm.<br />

Fig. 23. Detalhe <strong>do</strong> utrículo, portan<strong>do</strong> gametângio (gt) ovóide. Barra da escala = 50 µm.<br />

Fig. 24. Detalhe <strong>do</strong> utrículo com gametângio fusiforme (gt). Barra da escala: 50 µm.<br />

Fig. 25. Utrículo portan<strong>do</strong> gametângio abortivo (ga). Barra da escala = 300 µm.<br />

Figs. 26-33. <strong>Codium</strong> repens P. Crouan & H. Crouan in Vickers. Fig. 26. Aspecto geral<br />

da planta recém coletada na região entre-marés. Barra da escala = 3 cm. Fig. 27.<br />

Aspecto geral <strong>do</strong> talo após fixação. Observe ramificação subdicotômica e anastomoses<br />

(seta tracejada) restritas a porção mediana. Barra da escala = 2 cm. Fig. 28. Aspecto<br />

geral de um exemplar de talo robusto e espesso, provavelmente proveniente da região<br />

<strong>do</strong> infralitoral. Barra da escala = 3 cm. Figs. 29-30. Utrículos reprodutivos:<br />

subcilíndrico (Barra da escala = 200 µm) e clava<strong>do</strong> (Barra da escala = 300 µm),<br />

respectivamente. Fig. 31. Detalhe de parte <strong>do</strong> utrículo, evidencian<strong>do</strong> gametângio<br />

cilíndrico (gt) e opérculo (op). Barra da escala = 50 µm. Figs. 32-33. Detalhe da porção<br />

superior <strong>do</strong> utrículo com cicatrizes de pêlos (cp). Barra da escala = 50 µm,<br />

respectivamente.<br />

Figs 34-40. <strong>Codium</strong> spongiosum Harvey. Fig. 34. Hábito geral da planta forman<strong>do</strong><br />

aglomera<strong>do</strong>s sobre o substrato rochoso. Barra da escala = 3 cm. Fig. 35. Talo de aspecto<br />

subgloboso. Barra da escala = 3 cm. Fig. 36. Aspecto geral <strong>do</strong>s utrículos frouxamente<br />

agrupa<strong>do</strong>s. Barra da escala = 0,5 cm. Fig. 37. Detalhe de parte <strong>do</strong>s utrículos<br />

reprodutivos com gametângios (gt). Observe cicatrizes de pêlos (cp) em faixas abaixo<br />

<strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Barra da escala = 200 µm. Figs. 38-40. Detalhe de parte <strong>do</strong>s<br />

utrículos reprodutivos evidencian<strong>do</strong> gametângios ovóides (Barra da escala = 100 µm),<br />

lanceovóides (Barra da escala = 200 µm) e cilíndricos (Barra da escala = 200 µm),<br />

respectivamente. Note opérculos (op) <strong>do</strong>s gametângios.<br />

Figs. 41-47. <strong>Codium</strong> taylorii P. C. Silva. Fig. 41. Aspecto de um exemplar coleta<strong>do</strong> na<br />

região entre-marés. Note talo densamente ramifica<strong>do</strong>. Barra da escala = 1 cm. Fig. 42.<br />

Aspecto de um exemplar coleta<strong>do</strong> em costão rochoso (região entre-marés). Observe talo<br />

subcilíndrico. Barra da escala = 2 cm. Figs. 43-44. Aspecto de exemplares coleta<strong>do</strong>s nos<br />

costões rochosos próximos a arrebentação. Observe ramos achata<strong>do</strong>s, com ramificações


terminais cervicornes. Barra da escala = 1 cm, respectivamente. Fig. 45. Utrículo<br />

clava<strong>do</strong> com ápice arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>. Barra da escala = 200 µm. Fig. 46 Utrículos com<br />

gametângio (gt) cilíndrico. Barra da escala = 100 µm. Note cicatrizes de pelos (cp)<br />

abaixo <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong> utrículo. Fig. 47. Utrículo evidencian<strong>do</strong> pêlo capita<strong>do</strong> (pc). Barra da<br />

escala = 200 µm.<br />

Figs 48-53. <strong>Codium</strong> sp. Fig. 48. Aspecto geral da planta. Barra da escala = 3 cm. Figs<br />

49-50. Utrículos subcilíndricos. Observe diferentes tipos de ápice, trunca<strong>do</strong> (Barra da<br />

escala = 500 µm) e arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong> (Barra da escala = 300 µm), respectivamente. Fig. 51.<br />

Detalhe de parte <strong>do</strong> utrículo, evidencian<strong>do</strong> a cicatriz <strong>do</strong> gametângio (cg). Barra da<br />

escala = 300 µm. Figs. 52–53. Parte <strong>do</strong>s utrículos, portan<strong>do</strong> gametângios (gt) ovóides<br />

(Barra da escala = 200 µm) e cilíndricos (Barra da escala = 200 µm), respectivamente.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 56<br />

4. RESULTADOS<br />

4.2. Manuscrito II:<br />

Análises filogenéticas das espécies brasileiras <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong><br />

Stackhouse (Bryopsidales - Chlorophyta) baseadas nas seqüências <strong>do</strong><br />

éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL.<br />

O trabalho será envia<strong>do</strong> para o JOURNAL OF PHYCOLOGY


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 57<br />

Análises filogenéticas das espécies brasileiras <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong><br />

Stackhouse (Bryopsidales-Chlorophyta) baseadas nas seqüências <strong>do</strong><br />

éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL.<br />

Maria de Fátima de Oliveira-Carvalho 1<br />

1 - Programa de Pós-Graduação em Botânica (PPGB), Universidade Federal Rural de<br />

Pernambuco – UFRPE.<br />

Mariana Cabral de Oliveira 2<br />

2 - Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. Rua <strong>do</strong> Matão 321, Travessa 14<br />

– São Paulo – SP. CEP: 05508-900.<br />

Sonia Maria Barreto Pereira 3<br />

3 - Departamento de Biologia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Avenida<br />

Dom Manoel de Medeiros, s/n – Dois Irmãos – Recife – PE. CEP: 52171-900.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 58<br />

RESUMO<br />

O <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> está representa<strong>do</strong> por 125 espécies e encontra-se amplamente<br />

distribuí<strong>do</strong>s nos ambientes marinhos de diversas localidades <strong>do</strong> globo. Devi<strong>do</strong> a grande<br />

plasticidade morfológica apresentada pelo <strong>gênero</strong>, a delimitação taxonômica de alguns<br />

representantes tem-se torna<strong>do</strong> bastante difícil. Atualmente, seqüências <strong>do</strong> primeiro exon<br />

da grande subunidade RUBISCO (rbcL) têm si<strong>do</strong> utilizada na delimitação molecular e<br />

<strong>filogenia</strong> de espécies. No presente estu<strong>do</strong>, as seqüências para o éxon 1 <strong>do</strong> rbcL foram<br />

obtidas de 24 amostras de seis espécies ocorrentes na costa brasileira como C.<br />

decorticatum, C. intertextum., C. isthmocladum, C. spongiosum, C. taylorii e C. repens.<br />

Em todas as amostras sequenciadas, o éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL apresentou 788 pares de<br />

base. Das 24 amostras seqüenciadas, dez seqüências únicas foram obtidas, as quais<br />

foram filogeneticamente analisadas com outras seqüências <strong>do</strong> GenBank, usan<strong>do</strong><br />

diferentes méto<strong>do</strong>s de inferências. As árvores resultantes foram similares, apresentan<strong>do</strong><br />

três principais agrupamentos monofiléticos: o agrupamento A, composto por espécies<br />

de forma prostrada, não ramificadas, e na maioria com utrículos agrupa<strong>do</strong>s e pequenos;<br />

o agrupamento B, na maioria consiste de espécies eretas, ramos cilíndricos com os<br />

utrículos individuais e grandes; e agrupamento C composto por espécies eretas, ramos<br />

cilíndricos a levemente achata<strong>do</strong>s, utrículos individuais, com tamanhos intermediários.<br />

As espécies, brasileiras agruparam com similares de outras localidades <strong>geográfica</strong>s e<br />

aparecem entre os principais agrupamentos monofiléticos. Estes resulta<strong>do</strong>s indicam que<br />

a colonização <strong>do</strong> Atlântico sul americano ocorreu muitas vezes possivelmente de<br />

espécies provenientes <strong>do</strong> In<strong>do</strong>-pacífico.<br />

Palavras Chave: Chlorophyta, Codiaceae, <strong>Codium</strong>, <strong>filogenia</strong> molecular, rbcL


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 59<br />

ABSTRACT<br />

The genus <strong>Codium</strong> is presented by 125 species and it is widely distributed in the marine<br />

environments from many localities in the globe. Because of its high morphological<br />

plasticity, the taxonomical delimitation of some representatives which compound the<br />

genus has found difficulties. Nowadays sequences of the first exon of the large rubisco<br />

subunit (rbcL) has been used for molecular species delimitation and phylogeny. In the<br />

present study, sequences for the rbcL exon 1 were obtained for 24 samples of six<br />

species occurring on the Brazilian coast as C. decorticatum, C. intertextum, C.<br />

isthmocladum, C. spongiosum, C. taylorii and C. repens. In all sequenced samples, the<br />

exon 1 of the gene rbcL showed 788 pairs of base. Of the 24 sequenced samples, ten<br />

unique sequences were obtained which were phylogenetically analyzed with other<br />

sequences from the GenBank, using different inference methods. The resulting trees<br />

were similar, presenting three main monophyletic groupings: A, composed of mat-<br />

forming, unbranched species mostly with composite and small utricles; B, composed of<br />

mostly erect, cylindrical branched species with simple and large utricles; and C<br />

composed of mostly erect, cylindrical to flattened branched species with simple and<br />

intermediate size utricles. The Brazilian species grouped with similar from other<br />

geographical localities and are observed among the main monophyletic groupings.<br />

These results indicate that the colonization of South American Atlantic occurred many<br />

times possibly with species from the In<strong>do</strong>-Pacific.<br />

Key words: Chlorophyta, Codiaceae, <strong>Codium</strong>, molecular phylogeny, rbcL


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 60<br />

INTRODUÇÃO<br />

<strong>Codium</strong> Stackhouse é um <strong>gênero</strong> cosmopolita, amplamente distribuí<strong>do</strong> nos<br />

ambientes marinhos de diversas localidades <strong>do</strong> globo, com exceção para os ambientes<br />

polares e atualmente engloba 125 espécies. No entanto, a maioria das espécies <strong>do</strong><br />

<strong>gênero</strong> encontra-se distribuída nas zonas temperadas e subtropicais (Goff et al. 1992,<br />

Pedroche et al. 2002, Verbruggen et al. 2007).<br />

O talo é caracteriza<strong>do</strong> pelo aspecto esponjoso, devi<strong>do</strong> ao denso entrelaçamento<br />

<strong>do</strong>s filamentos cenocíticos (Graham & Wilcox 2000). Anatomicamente, a região<br />

medular é constituída por filamentos cilíndricos, incolores, que se alargam para a<br />

extremidade originan<strong>do</strong> os utrículos, caracterizan<strong>do</strong> a camada cortical (Van den Hoek et<br />

al. 1995, Pedroche 2001).<br />

A marcada plasticidade morfológica apresentada dentre e entre populações, tem<br />

si<strong>do</strong> relatada por diversos autores como Silva (1951), Chacana et al. (1996), Pedroche et<br />

al. (2002). Em conseqüência desta plasticidade, a sistemática <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> é bastante<br />

complexa e confusa (Chacana et al. 1996, Shimada et al. 2004).<br />

Na tentativa de elucidar a taxonomia de <strong>gênero</strong>s problemáticos, com marcada<br />

plasticidade morfológica e a dificuldade de precisar as causa dessa variação (se são<br />

ecológicas ou genéticas), há uma tendência de privilegiar o uso de novas tecnologias,<br />

como o sequenciamento de áci<strong>do</strong>s nucléicos, microscopia eletrônica, análise de<br />

cariótipos e análises numéricas de da<strong>do</strong>s para delimitar e reunir táxons em diferentes<br />

níveis taxonômicos (Rodrigues 1998).<br />

Nas algas é relativamente comum a plasticidade morfológica e a presença de<br />

espécies crípticas (Oliveira 2001) e o recente uso de marca<strong>do</strong>res moleculares tem<br />

possibilita<strong>do</strong> avaliar a biodiversidade de mo<strong>do</strong> rápi<strong>do</strong> e eficiente. No momento, o


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 61<br />

sequenciamento de DNA é a técnica mais poderosa para detectar polimorfismo no<br />

genótipo e tem si<strong>do</strong> bastante utilizada na comparação de diferentes níveis taxonômicos<br />

(Oliveira 1998).<br />

Nas macroalgas, os estu<strong>do</strong>s filogenéticos têm-se basea<strong>do</strong> nas seqüências de<br />

DNA de diferentes moléculas. Essas regiões são denominadas de marca<strong>do</strong>res<br />

moleculares, sen<strong>do</strong> que a maioria destes estu<strong>do</strong>s estão baseadas na região <strong>do</strong>s genes<br />

ribossomais, incluin<strong>do</strong> as seqüências <strong>do</strong>s genes que codificam para a subunidade<br />

pequena (SSU rDNA) e para a subunidade grande (LSU rDNA) <strong>do</strong> RNA ribossomal<br />

(rRNA), além <strong>do</strong>s espaça<strong>do</strong>res internos transcritos (ITS) entre esses genes.<br />

Pedroche (2001) analisou fragmentos de 716 pares de base <strong>do</strong> LSU rDNA <strong>do</strong><br />

genoma mitocondrial para dez táxons de <strong>Codium</strong> ocorrentes no Pacífico mexicano. As<br />

tipologias obtidas neste estu<strong>do</strong>, confirmaram a existência de grupos monofiléticos e que<br />

o LSU <strong>do</strong> rDNA mitocondrial é um excelente marca<strong>do</strong>r para propor hipóteses<br />

filogenéticas neste <strong>gênero</strong>.<br />

Outras regiões, como o rbcL também tem si<strong>do</strong> bastante utilizada. O gene rbcL<br />

codifica a subunidade grande da enzima ribulose – 1,5 – bifosfato carboxilase<br />

oxigenase, mais conhecida como RUBISCO (Provan et al. 2004). Este gene encontra-se<br />

localiza<strong>do</strong> no genoma <strong>do</strong> cloroplasto <strong>do</strong>s organismos fotossintetizantes (Manhart &<br />

VonderHaar 1991, Hanyuda et al. 2000).<br />

No genoma <strong>do</strong> cloroplasto, regiões não codifica<strong>do</strong>ras como os introns, tem si<strong>do</strong><br />

reporta<strong>do</strong>s em vários genes. Nas Chlorophyta, introns no gene rbcL têm si<strong>do</strong> relata<strong>do</strong>s<br />

para alguns <strong>gênero</strong>s da classe Ulvophyceae, como Bryopsis maxima Okamura (Kono et<br />

al. 1991), <strong>Codium</strong> fragile (Suringar) Hariot (Manhart & Vonderhaar 1991) e no <strong>gênero</strong><br />

Caulerpa J. V. Lamouroux (Hanyuda et al. 2000). As inferições filogenéticas no <strong>gênero</strong>


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 62<br />

<strong>Codium</strong> em sua maioria está baseada no éxon 1 gene rbcL. Este tem si<strong>do</strong> amplamente<br />

utiliza<strong>do</strong> para análises filogenéticas em organismos fotossintetizantes por se tratar de<br />

um gene com seqüência muito estável, onde o exon 1 possui aproximadamente o mesmo<br />

tamanho em todas as plantas verdes, com exceção para as angiospermas (Hanyuda et al.<br />

2000).<br />

Relativamente, ainda são poucos os estu<strong>do</strong>s que enfocam seqüências de<br />

nucleotídeos <strong>do</strong> gene rbcL para o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong>. Alguns trabalhos enfocaram a espécie<br />

invasiva <strong>Codium</strong> fragile (Goff et al. 1992, Manhart et al. 1989, Francis et al. 1987).<br />

Inferições filogenéticas basean<strong>do</strong>-se no exon 1 <strong>do</strong> rbcL foram realizadas por Shimada et<br />

al. (2004) ao analisarem cerca de 613 pares de base <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> gene para 18 espécies de<br />

<strong>Codium</strong> no Japão. Recentemente Verbruggen et al. (2007) fizeram uma ampla análise,<br />

incluin<strong>do</strong> 74 táxons de <strong>Codium</strong> de diversas localidades, basean<strong>do</strong>-se em 227 seqüências<br />

<strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> gene rbcL para propor relações filogenéticas e fito<strong>geográfica</strong>s dentro <strong>do</strong><br />

<strong>gênero</strong>.<br />

No Brasil, sete táxons foram descritos para o <strong>gênero</strong>: C. decorticatum (Woodw.)<br />

M. Howe, C. intertextum Collins & Herv., C. isthmocladum Vickers, C. profundum<br />

Silva & Chacana, C. repens P. Crouan ex Vickers, C. spongiosum Harv. e C. taylorii P.<br />

C. Silva, distribuí<strong>do</strong>s desde o litoral <strong>do</strong> Piauí ao litoral <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul. No<br />

entanto, o conhecimento da flora de <strong>Codium</strong> para o Brasil, está restrito a um número<br />

pequeno de publicações, onde os táxons estão registra<strong>do</strong>s na forma de listagem ou em<br />

levantamentos florísticos gerais (Joly 1957, 1965, Yoneshigue-Braga 1970, Ugadim<br />

1973, Ugadim & Pereira 1978, Pereira et al. 1981, Teixeira et al. 1985, Pereira &<br />

Accioly 1998; Yoneshigue & Valentin 1988, Pereira et al. 2002, Oliveira-Carvalho et al.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 63<br />

2003, Yoneshigue-Valentin et al. 2006, Pereira et al. 2007). Poucos trabalhos tratam<br />

exclusivamente da taxonomia <strong>do</strong> grupo (Silva 1960 e Alves & Moura 2005).<br />

Até o presente momento, nenhum estu<strong>do</strong> filogenético abordan<strong>do</strong> o <strong>gênero</strong> foi<br />

realiza<strong>do</strong> no Brasil e, diante disto, o presente trabalho tem por finalidade de detectar<br />

relações filogenéticas entre as espécies de <strong>Codium</strong> ocorrentes no litoral brasileiro a<br />

partir das seqüências <strong>do</strong> éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Amostras de <strong>Codium</strong>. Em diversas localidades <strong>do</strong> litoral brasileiro, foram<br />

coletadas amostras de <strong>Codium</strong> para as análises moleculares (Tabela 1). Em campo,<br />

foram selecionadas as porções jovens <strong>do</strong> talo, e no intuito de remover possíveis epífitas,<br />

as porções foram limpas com auxílio de escova dental de cerdas flexíveis. Após a<br />

limpeza, as porções foram secas em papel toalha e cortadas em pequenos pedaços, com<br />

auxílio de tesouras ou estiletes, sen<strong>do</strong> imediatamente acondicionadas em recipientes<br />

plásticos devidamente etiqueta<strong>do</strong>s, conten<strong>do</strong> sílica gel e/ou etanol a 70%.<br />

Extração de DNA. A extração de DNA foi processada na Universidade de São<br />

Paulo (USP) no Laboratório de Algas Marinhas Edson José de Paula (LAM). As<br />

amostras de <strong>Codium</strong> foram submetidas ao protocolo manual de extração de DNA<br />

usan<strong>do</strong> CTAB (brometo de cetiltrimetilamônio). O tampão de extração CTAB é<br />

constituí<strong>do</strong> pelos seguintes reagentes (água deionizada miliq, CTAB a 2%, NaCl a 5%,<br />

0,5 M de EDTA, PVP a 1% e 1 M Tris-Hcl com pH 8). As amostras de <strong>Codium</strong> foram<br />

maceradas em nitrogênio líqui<strong>do</strong> com auxílio de almofariz e pistilo, previamente<br />

resfriadas a -20 0 C, até a obtenção de um pó fino. O macera<strong>do</strong> foi adiciona<strong>do</strong> a 700 μL<br />

<strong>do</strong> tampão CTAB, juntamente com 7 μL de proteinase K (20 mg/mL) previamente


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 64<br />

aqueci<strong>do</strong>s em tubo de eppen<strong>do</strong>rf (1,5 mL) em banho seco a 60 0 C. O extrato foi<br />

incuba<strong>do</strong> a 60 0 C por 30-40 minutos em banho seco. Após este perío<strong>do</strong>, adicionou-se à<br />

amostra 250 μL de acetato de potássio (KOAC) e conservou-se a -20 0 C por 30 minutos.<br />

A amostra foi centrifugada a 14.000 rpm a 4 0 C, por aproximadamente 30 minutos. A<br />

fase aquosa da amostra foi transferida para um novo tubo de eppen<strong>do</strong>rf, onde foi<br />

adiciona<strong>do</strong> um volume de clorofórmio: alcool isomílico (24:1), onde foi centrifugada<br />

por 10 minutos. Novamente foi transferida a fase aquosa para um novo tubo,<br />

adicionan<strong>do</strong>-se um volume de clorofórmio: alcool isomílico, centrifugan<strong>do</strong> por cinco<br />

minutos. A fase aquosa da amostra foi transferida para um novo tubo de eppen<strong>do</strong>rf<br />

devidamente etiqueta<strong>do</strong>, onde foi adiciona<strong>do</strong> 0,8 volume de isopropanol (100%),<br />

incuban<strong>do</strong>-a por um perío<strong>do</strong> de 30 minutos à -20 0 C. Após centrifugação (14.000 rpm)<br />

por 20 minutos, desprezou-se o sobrenadante e o tubo conten<strong>do</strong> o DNA foi seco em<br />

centrífuga a vácuo durante 30 minutos. O DNA da amostra foi diluí<strong>do</strong> em 50 μL de<br />

tampão 0,1 X TE (Tris 10 mM, pH 8.0 e EDTA 1mM). As amostras de DNA total<br />

foram conservadas a -20 0 C. Para a verificação da qualidade e quantidade de DNA<br />

extraí<strong>do</strong>, foi retirada uma alíquota de 5 μL <strong>do</strong> DNA, a qual foi submeti<strong>do</strong> a eletroforese<br />

em gel de agarose 0,7% em TBE (Tris 445 mM, áci<strong>do</strong> bórico 445 mM e 10 mM<br />

EDTA), cora<strong>do</strong> com brometo de etídio (Sambrook et al. 1989).<br />

Amplificação por PCR (Reação da Cadeia da Polimerase). Para a amplificação<br />

<strong>do</strong> éxon 1 <strong>do</strong> gene que codifica a subunidade grande (rbcL) da enzima ribulose - 1,5 -<br />

bifosfato carboxilase-oxigenase (rubisco), foram utiliza<strong>do</strong>s os seguintes primers: 12-34F<br />

(5’- AAC TGA AAC TAA AGC AGG TGC AG- 3’) e 799-778R (5’- GCA TRA TAA<br />

TAG GTA CGC CRA A-3’), conforme comunicação pessoal de H. Verbruggen, cujas<br />

seqüências <strong>do</strong>s primers estão publicadas em Verbruggen et al. 2007. Nas reações de


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 65<br />

PCR, foram utiliza<strong>do</strong>s mini-tubos conten<strong>do</strong> as seguintes proporções: 39,25 μL de H2O<br />

miliq; 5μL de tampão 10X; 1,5 μL de MgCl2; 1μL de dNTP; 1 μL de cada primer; 1 μL<br />

de DNA total e 0,25 μL de Taq DNA polymerase, ten<strong>do</strong> volume final 50 μL. Os mini-<br />

tubos foram conduzi<strong>do</strong>s para reação de PCR em termocila<strong>do</strong>r Minicycler TM , (MJ<br />

Research) nos seguintes ciclos: 94 0 C por 4 min; 35X (94 0 C por 30 seg, 45 0 C por 1 min;<br />

72 0 C por 2 min) e 72 0 C por 7 min. O produto da PCR foi visualiza<strong>do</strong> e qualifica<strong>do</strong> em<br />

eletroforese em gel de agarose 0,7% cora<strong>do</strong> com brometo de etídio conforme descrito<br />

acima (Sambrook et al. 1989).<br />

Purificação <strong>do</strong> produto da PCR. Para minimizar eventuais erros de<br />

incorporação de bases durante a PCR, foram realizadas três reações de PCR<br />

independentes para cada amostra de DNA, as quais foram reunidas antes da purificação<br />

(Baldwin et al. 1995). Os produtos obti<strong>do</strong>s foram purifica<strong>do</strong>s em colunas de<br />

MicroSpin TM (Amersham Pharmacia Biotech, Buckinghamshire), conforme o protocolo<br />

<strong>do</strong> fornece<strong>do</strong>r. O DNA purifica<strong>do</strong> foi analisa<strong>do</strong> em gel de agarose a 0,7% conforme<br />

descrito acima e quantifica<strong>do</strong> através da comparação com marca<strong>do</strong>r padrão (1 KB<br />

Ladder) da Invitrogen através da estimativa visual.<br />

Sequenciamento. A reação de sequenciamento foi feita com aproximadamente<br />

40 ng <strong>do</strong> produto de DNA purifica<strong>do</strong>, através <strong>do</strong> kit de sequenciamento “BigDye TM<br />

Terminator Cycle Sequencing Ready Reaction” da Applied Biosystems (Foster City,<br />

EUA). O kit de seqüenciamento é constituí<strong>do</strong> por dNTP, dideoxinucleosídeos (ddNTP)<br />

com marca<strong>do</strong>res fluorescentes, tampão, cloreto de magnésio e enzima Taq polimerase.<br />

Para cada reação de seqüenciamento foram utilizadas as seguintes proporções: 2 μL de<br />

BigDye; 2 a 5 μL <strong>do</strong> DNA purifica<strong>do</strong> (dependen<strong>do</strong> da amostra) e 1 μL de primer (10<br />

pmol). No sequenciamento, foi utiliza<strong>do</strong> o primer 12-34F para as seqüências diretas e o


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 66<br />

primer 799-778R para as seqüências reversas, em reações independentes. A reação de<br />

seqüenciamento foi realizada em termocicla<strong>do</strong>r MiniCycler (MJ Research) nas<br />

seguintes condições de ciclo: 40 X (96 0 C por 10 seg., 54 0 C por 20 seg., 60 0 C por 4<br />

min). As precipitações <strong>do</strong>s produtos obti<strong>do</strong>s foram feitas adicionan<strong>do</strong>-se aos mini-tubos<br />

40 μL de isopropanol (65%), os quais foram envolvi<strong>do</strong>s em papel alumínio e manti<strong>do</strong>s<br />

em temperatura ambiente por 20 minutos. Logo em seguida, as amostras foram<br />

centrifugadas a 14.000 rpm por 25 minutos em temperatura ambiente, e os<br />

sobrenadantes foram descarta<strong>do</strong>s com auxílio de micropipetas. Nos mini-tubos, foram<br />

adiciona<strong>do</strong>s 200 μL de Etanol (60%), onde foram novamente centrifuga<strong>do</strong>s a 14.000<br />

rpm por 10 minutos em temperatura ambiente e os sobrenadantes despreza<strong>do</strong>s com<br />

auxílio de micropipetas. O produto foi seco em centrifuga a vácuo por<br />

aproximadamente 30 minutos. As amostras de DNA foram seqüenciadas em<br />

seqüencia<strong>do</strong>r automático ABI PRISM TM 3100 Genetic Analizer (Applied Biosystems).<br />

Construção das matrizes de alinhamento - Seqüências consenso <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL<br />

foram obtidas neste trabalho para 24 amostras de <strong>Codium</strong> (Tabela 1). Cada seqüência<br />

consenso foi montada a partir de duas ou mais seqüências geradas pelos primers 12-34F<br />

(F: direto) e 799-778R (R: reverso) no programa BioEdit (Hall 1999). Os<br />

cromatogramas foram checa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> ocorriam divergências entre as seqüências F e<br />

R; caso não fosse possível resolver as divergências, o seqüenciamento era repeti<strong>do</strong>. As<br />

seqüências foram comparadas a outras disponíveis no GenBank utiliza<strong>do</strong> a ferramenta<br />

BLASTN (Altschul et al. 1990). As seqüências obtidas para as 24 amostras de <strong>Codium</strong><br />

foram comparadas através de uma matriz de distância genética utilizan<strong>do</strong> o programa<br />

BioEdit para a identificação de seqüências idênticas entre as diferentes amostras. As dez<br />

seqüências consenso únicas <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL obtidas neste trabalho para as amostras


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 67<br />

de <strong>Codium</strong> coletadas no Brasil e as seqüências das espécies importadas <strong>do</strong> GenBank<br />

(Tabela 2) foram alinhadas utilizan<strong>do</strong> o programa ClustalW dentro <strong>do</strong> BioEdit (Hall<br />

1999). O alinhamento gera<strong>do</strong> foi inspeciona<strong>do</strong> visualmente. Seqüências correspondentes<br />

aos primers de amplificação e regiões terminais 5’e 3’ foram removidas <strong>do</strong>s<br />

alinhamentos geran<strong>do</strong> uma matriz de 50 seqüências com 613 posições. Posteriormente<br />

foi incluída nessa matriz a seqüência de Bryopsis plumosa (Hudson) C. Agardh<br />

(GenBank accession nº. AB038480) para as análises feitas com grupo externo.<br />

Inferências filogenéticas. Todas as análises filogenéticas foram feitas no<br />

programa PAUP 4.0b8 (Swofford 2000). O modelo evolutivo apropria<strong>do</strong> foi<br />

seleciona<strong>do</strong> no Modeltest (Posada & Crandall 1998). Foram feitos <strong>do</strong>is conjuntos de<br />

análises, um geran<strong>do</strong> árvores não enraizadas e outro onde foi adicionada a seqüência de<br />

Bryopsis plumosa como grupo externo. Para as árvores sem o grupo externo (não<br />

enraizadas), o modelo escolhi<strong>do</strong>, estima<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da matriz, foi GTR+I+G<br />

(no AIC - Akaike Information Criterion) com as seguintes freqüências de base: A =<br />

0.3239, C = 0.1049, G = 0.1882, T = 0.3830. O modelo de substituição de bases foi<br />

determina<strong>do</strong> como [A↔C] = 1.1316, [A↔T] = 0.4761, [A↔G] = 1.1661, [C↔G] =<br />

1.1588, [G↔T] = 1.0000, e [C↔T] = 1.7783. A proporção de sítios invariáveis<br />

considerada foi de 0.6589 e o parâmetro de <strong>distribuição</strong> gama foi de 0.6103 para taxa de<br />

heterogeneidade em sítios variáveis. As árvores foram inferidas a partir de três méto<strong>do</strong>s<br />

distintos: distância, máxima parcimônia e máxima verossimilhança. Para o méto<strong>do</strong> de<br />

distância, foi construída uma árvore de neighbour-joining (NJ) (Saitou & Nei 1987)<br />

com o modelo de substituição de Tamura & Nei (1993). A árvore de máxima<br />

parcimônia (MP) foi inferida por busca heurística. Foram considera<strong>do</strong>s 115 sítios<br />

informativos. Para ambos os méto<strong>do</strong>s descritos acima os ramos foram rearranja<strong>do</strong>s pelo


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 68<br />

algoritmo “tree bisection-reconnection” (TBR) e foram feitas análises de “bootstrap”<br />

(Felsenstein 1985) com 2000 replicatas.<br />

A árvore de máxima verossimilhança (ML) foi inferida por busca heuritica<br />

rápida. As outras especificações foram estimadas pelo Modeltest, conforme descrito<br />

acima para a árvore de NJ. A reamostragem por “bootstrap” foi feita para 100 replicatas<br />

devi<strong>do</strong> a limitações computacionais. As mesmas análises de inferências filogenéticas<br />

para NJ, MP (com 1000 replicatas de “bootstrap” cada) e ML (com 100 replicatas de<br />

“bootstrap”) foram repetidas conforme descrito acima para a mesma matriz, mas com a<br />

adição de um grupo externo (B. plumosa) geran<strong>do</strong>, desse mo<strong>do</strong>, árvores enraizadas. Para<br />

essa matriz de 51 seqüências e 613 posições foi feita nova análise no Modeltest (Posada<br />

& Crandall 1998) e o modelo seleciona<strong>do</strong> foi GTR+I+G (no AIC - Akaike Information<br />

Criterion) com as seguintes freqüências de base: A = 0.3273, C = 0.1108, G = 0.1800, T<br />

= 0.3818. O modelo de substituição de bases foi determina<strong>do</strong> como [A↔C] = 1.0458,<br />

[A↔T] = 0.4877, [A↔G] = 1.1583, [C↔G] = 1.1262, [G↔T] = 1.0000, e [C↔T] =<br />

1.7616. A proporção de sítios invariáveis considerada foi de 0.6382 e o parâmetro de<br />

<strong>distribuição</strong> gama foi de 0.5857 para taxa de heterogeneidade em sítios variáveis.<br />

Para todas as análises, os valores de “bootstrap” foram considera<strong>do</strong>s baixos até 70%,<br />

modera<strong>do</strong>s de 71% a 90% e altos acima de 90%.<br />

RESULTADOS<br />

Foram feitas extrações de DNA para 25 amostras de <strong>Codium</strong> sen<strong>do</strong> que dessas<br />

para 24 foi possível obter produto de PCR com os primers 12-34F e 799-778R que<br />

amplificam o éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL. Apenas para a amostra identificada como C.<br />

intertextum coletada na Praia <strong>do</strong> Rio Vermelho, Bahia, não foi possível amplificar e<br />

seqüenciar esse marca<strong>do</strong>r molecular. Entretanto, o não sequenciamento desta amostra


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 69<br />

não interferiu na análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, uma vez que, outra amostra da mesma espécie para<br />

o esta<strong>do</strong> da Bahia foi seqüenciada. Para as demais amostras amplificadas e seqüenciadas<br />

o tamanho <strong>do</strong> éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL, incluin<strong>do</strong> os primers de PCR foi de 788<br />

nucleotídeos.<br />

As seqüências obtidas para as 24 amostras de <strong>Codium</strong> foram comparadas através<br />

de uma matriz de distância genética (Anexo 1). A partir dessa matriz, foi possível<br />

identificar quais amostras possuíam seqüências idênticas para o éxon 1 <strong>do</strong> gene rbcL;<br />

essa comparação resultou em dez seqüências únicas (Tabela 3). Para C. decorticatum<br />

foram obtidas duas amostras <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Santa Catarina e duas <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro, e as seqüências foram idênticas para as quatro amostras. O mesmo aconteceu<br />

para as sete amostras de C. intertextum coletadas desde Santa Catarina até o esta<strong>do</strong> da<br />

Bahia, e incluin<strong>do</strong> a amostra de Fernan<strong>do</strong> de Noronha (esta<strong>do</strong> de Pernambuco), para as<br />

três amostras de C. spongiosum coletadas na costa sudeste, e para duas amostras de C.<br />

repens coletadas em Pernambuco. Para as cinco amostras de C. taylorii foi observada<br />

uma divergência de no máximo 0,5%, sen<strong>do</strong> que as amostras <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de São Paulo,<br />

Rio de Janeiro se mostraram idênticas e das três amostras coletadas na Bahia, duas<br />

foram idênticas. A amostra Ctay9BA apresentou apenas <strong>do</strong>is nucleotídeos de<br />

divergência para as demais amostras da BA; como esses <strong>do</strong>is nucleotídeos estavam no<br />

início da seqüência que foi removi<strong>do</strong> na matriz gerada para as análises filogenéticas (ver<br />

material e méto<strong>do</strong>s), essa amostra passou a ser considerada na matriz como idêntica a<br />

Ctay07BA. As três amostras de C. isthmocladum apresentaram divergências de 0,12<br />

(para as amostras da Bahia e da Paraíba) a 1,4% (entre as amostras <strong>do</strong> Nordeste e a <strong>do</strong><br />

Espírito Santo). A maior divergência intra-específica encontrada foi observada para C.<br />

isthmocladum de 1,4 % (11 nucleotídeos). As divergências observadas entre espécies


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 70<br />

variaram de 1,9% (15 nucleotídeos) entre C. intertextum e C. spongiosum a 10,2% (80<br />

nucleotídeos) entre C. intertextum e C. isthmocladum.<br />

Inicialmente para as análises filogenéticas foram selecionadas todas as<br />

seqüências <strong>do</strong> éxon 1 <strong>do</strong> rbcL de <strong>Codium</strong> disponíveis no GenBank, com isso a matriz<br />

inicial ficou com 126 seqüências de tamanhos varia<strong>do</strong>s. Devi<strong>do</strong> à limitação<br />

computacional para analisar uma matriz tão grande, as seqüências geradas neste<br />

trabalho foram enviadas para o Dr. Verbruggen (Ghent University) que fez uma análise<br />

preliminar com sua matriz com 328 seqüências de <strong>Codium</strong> (a maioria ainda não<br />

disponível nos bancos de da<strong>do</strong>s). A partir dessa análise, foram selecionadas 41<br />

seqüências representativas <strong>do</strong>s ramos principais, eliminan<strong>do</strong> aquelas cuja seqüência era<br />

muito curta ou que se encontravam posicionadas em ramos longos para evitar distorções<br />

na árvore (“long branch attraction”; Holland et al. 2003). Além disso, foram incluí<strong>do</strong>s<br />

to<strong>do</strong>s os táxons próximos às amostras brasileiras analisadas por nós. A partir dessa<br />

seleção de táxons, foi gerada uma matriz com 50 seqüências, incluin<strong>do</strong> as seqüências<br />

brasileiras, que foi analisada de forma não-enraizada através de três diferentes méto<strong>do</strong>s<br />

de inferência filogenética, “neighbour-joining” (NJ), máxima parcimônia (MP) e<br />

máxima verossimilhança (ML), representadas respectivamente pelos anexos 2, 3 e 4. A<br />

Fig 1 resume os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s nas três análises.<br />

As mesmas análises foram realizadas a partir da mesma matriz com 50<br />

seqüências, mas com a adição de Bryopsis plumosa como grupo externo, geran<strong>do</strong> as<br />

seguintes árvores enraizadas “neighbour-joining” (NJ), máxima parcimônia (MP) e<br />

máxima verossimilhança (ML), representadas respectivamente pelos anexos 5, 6 e 7. A<br />

Fig. 2 resume os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s nas três análises.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 71<br />

Em todas as análises feitas, alguns agrupamentos monofiléticos foram<br />

constantes. O agrupamento denomina<strong>do</strong> de A (Fig. 1, 2) apresentou altos valores de<br />

“Bootstrap” (98 a 100%) em todas as análises e inclui duas espécies seqüenciadas nesse<br />

trabalho: C spongiosum que agrupou em todas as análises (com valores de “bootstrap”<br />

de 55 a 96%) com duas outras amostras da mesma espécie, uma <strong>do</strong> Japão e outra da<br />

África <strong>do</strong> Sul; e C. intertextum que agrupou com outra amostra dessa espécie<br />

proveniente da Jamaica. Em ambos os casos as análises moleculares confirmam a<br />

identificação da espécie feita através da análise <strong>do</strong>s caracteres morfológicos (Oliveira-<br />

Carvalho et al. da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s). Outros táxons como C. hubsii, C. lucasii, C.<br />

arabicum e C. convolutum fazem também parte desse agrupamento A. Nas análises<br />

onde foi utilizada Bryopsis plumosa como grupo externo o agrupamento A é basal às<br />

demais espécie de <strong>Codium</strong> (Fig. 2).<br />

Outro agrupamento monofilético que se formou em todas as análises com<br />

modera<strong>do</strong> a altos valores de “Bootstrap” (65 a 100%) foi denomina<strong>do</strong> de B e inclui uma<br />

espécie seqüenciada nesse trabalho, C decorticatum que na análise incluin<strong>do</strong> o grupo<br />

externo B. plumosa se agrupou com outra amostra <strong>do</strong> mesmo táxon proveniente da costa<br />

Atlântica <strong>do</strong>s E.U.A. Esse agrupamento também incluiu C. duthieae e C. cylindricum.<br />

Nas análises com a adição <strong>do</strong> grupo externo (Fig. 2), esse agrupamento é enraiza<strong>do</strong><br />

pelos táxons C. galeatum, C. yezoensis e C. fragile, porém com baixos valores de<br />

“bootstrap”, sen<strong>do</strong> que nas análises não enraizadas esses táxons aparecem como uma<br />

politomia (Fig. 1).<br />

O terceiro agrupamento monofilético denomina<strong>do</strong> de C que se formou em todas<br />

as análises (com suporte de “bootstrap” de 51 a 96%), com exceção da análise de ML,<br />

com adição <strong>do</strong> grupo externo incluiu diversos táxons e três subgrupos monofiléticos,


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 72<br />

além de uma politomia na sua base que inclui os táxons C. bursa, C. gracile, C. latum,<br />

C. ovale, C. contractum, C. cf. latum e C. platycladus (Fig. 1, 2). Nos três subgrupos<br />

monofiléticos, denomina<strong>do</strong>s de C1, C2 e C3 encontram-se amostras brasileiras<br />

seqüenciadas nesse trabalho.<br />

O subgrupo C1 teve suporte de “bootstrap” de 51 a 96% para as análises de MP<br />

e ML nas árvores não-enraizadas e com adição de grupo externo. Nesse subgrupo está<br />

incluída C. repens <strong>do</strong> Brasil que se agrupou com <strong>Codium</strong> sp. e C. repens ambas <strong>do</strong><br />

Caribe e C. cf. tenue das Filipinas, enraiza<strong>do</strong>s em todas as análises por C. geppiorum<br />

(EF108021) de Belize e por C. intricatum <strong>do</strong> Japão nas análises de MP e ML.<br />

O subgrupo C2, com suporte de “bootstrap” de 81 a 100% em todas as análises,<br />

inclui as amostras de C. taylorii <strong>do</strong> Brasil que se agruparam com as outras amostras da<br />

mesma espécie provenientes <strong>do</strong> Caribe e da Florida (E.U.A.), enraizadas por outra C.<br />

geppiorum (EF108020) de Oman.<br />

O subgrupo C3, com suporte de “bootstrap” de 76 a 86% em todas as análises,<br />

inclui três amostras brasileiras de C. isthmocladum que se agruparam com outras três<br />

amostras dessa mesma espécie de outros locais (com suporte de “bootstrap” de 94 a<br />

99% em todas as análises), enraizada por C. platylobium J. E. Areschoug da África <strong>do</strong><br />

Sul que por sua vez está enraizada por uma terceira, C. geppiorum O. C. Schimidt<br />

(EF108012) <strong>do</strong> Sri Lanka, e C. isthmocladum (EF108036) da Flórida (E.U.A.). Das três<br />

amostras de C. isthmocladum coletadas no Brasil, duas delas (Cist11PB e Cist15BA) se<br />

agruparam com duas amostras provenientes <strong>do</strong> Caribe com altos valores de “bootstrap”<br />

(91 a 100%) em todas as análises. A terceira (Cist03ES) se agrupou com C.<br />

isthmocladum subsp. clavatum (EF108025) também <strong>do</strong> Caribe (com altos valores de<br />

“bootstrap” 96 a 100% em todas as análises).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 73<br />

Além <strong>do</strong>s grupos monofiléticos forma<strong>do</strong>s já descritos, nas análises não-<br />

enraizadas de NJ e ML C. megalophysum P. C. Silva e C. cranwelliae Setchell<br />

agruparam com suporte modera<strong>do</strong> de “bootstrap” (84 e 74% respectivamente).<br />

DISCUSSÃO<br />

A taxonomia baseada apenas em caracteres morfológicos para <strong>Codium</strong> é<br />

extremamente complexa, da<strong>do</strong> o grande número de espécies descritas para o <strong>gênero</strong>, a<br />

grande plasticidade fenotípica e sua ampla <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong>. Seqüências<br />

moleculares para o exon 1 <strong>do</strong> gene rbcL têm se mostra<strong>do</strong> adequadas para a identificação<br />

e delineação de espécies, além de prover um arcabouço filogenético que pode ser usa<strong>do</strong><br />

para avaliar a utilidade <strong>do</strong>s caracteres morfológicos, hipóteses bio<strong>geográfica</strong>s,<br />

ocorrência de espécies crípticas e identificação de espécies invasoras (Shimada et al.<br />

2004; Verbruggen et al. 2007).<br />

Embora Verbruggen et al. (2007) tenham feito uma ampla análise filogenética<br />

incluin<strong>do</strong> centenas de amostras de <strong>Codium</strong> de to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, essa análise é<br />

relativamente pobre em espécies <strong>do</strong> Oceano Atlântico Americano, e nenhuma espécie<br />

coletada no Brasil foi incluída. Além disso, os mesmos autores argumentam que apenas<br />

através de análises regionais, baseadas em uma análise detalhada da morfologia e em<br />

análises de marca<strong>do</strong>res moleculares será possível obter um conhecimento mais<br />

abrangente sobre a taxonomia e <strong>filogenia</strong> das espécies de <strong>Codium</strong>.<br />

Neste trabalho foram analisadas 24 amostras atribuídas a seis espécies da costa<br />

brasileira, coletadas de Santa Catarina até a Paraíba. As divergências observadas no<br />

exon 1 <strong>do</strong> rbcL entre espécies brasileiras variaram de 1,9% entre C. intertextum e C.<br />

spongiosum a 10,2% entre C. intertextum e C. isthmocladum. Segun<strong>do</strong> Verbruggen et


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 74<br />

al. (2007) a maior divergência entre espécies de <strong>Codium</strong> não passa de 14%, sen<strong>do</strong> que<br />

as divergências entre os <strong>gênero</strong>s os <strong>Codium</strong> e Bryopsis J. V. Lamouroux são de no<br />

mínimo 16%.<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se as seqüências geradas para o éxon 1 <strong>do</strong> rbcL das amostras<br />

brasileiras e outras seqüências disponíveis no GenBank foram feitas análises<br />

filogenéticas não-enraizadas e enraizadas com a adição de um grupo externo. O uso ou<br />

não de um grupo externo é uma questão bastante complexa nas análises filogenéticas<br />

para o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong>, amplamente discutida em Verbruggen et al. (2007). Esses<br />

autores consideram que a seqüência disponível mais próxima de <strong>Codium</strong> é de Bryopsis<br />

plumosa (Huds.) C. Agardh<br />

, ambas pertencentes à ordem Bryopsidales (Lam & Zechman 2006); mesmo<br />

assim, as seqüências <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is <strong>gênero</strong>s apresentam uma considerável divergência que<br />

pode levar a uma distorção das árvores pelo efeito de “atração de ramos longos” (“long<br />

branch attraction”). Para evitar tal efeito, fizemos análises não-enraizadas e removemos<br />

da matriz de alinhamento os táxons situa<strong>do</strong>s em ramos longos (ou seja, táxons bastante<br />

divergentes) e que não tinham relação direta com as espécies brasileiras. A seleção <strong>do</strong>s<br />

táxons para inclusão nas análises foi possível graças a uma análise prévia feita pelo Dr.<br />

H. Verbruggen onde ele incluiu as seqüências geradas neste estu<strong>do</strong> em sua grande<br />

matriz de da<strong>do</strong>s. Tomada essa precaução da remoção de táxons situa<strong>do</strong>s em ramos<br />

longos, as análises obtidas para as árvores enraizadas e não-enraizadas deram resulta<strong>do</strong>s<br />

semelhantes, sen<strong>do</strong> possível observar três agrupamentos monofiléticos principais<br />

denomina<strong>do</strong>s de A, B e C em todas as análises. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong><br />

se assemelham muito com as análises de Verbruggen et al. (2007) e a inclusão das<br />

amostras brasileiras corrobora as análises apresentadas por esses autores.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 75<br />

Nas análises, o agrupamento A que se refere ao ramo basal da árvore enraizada,<br />

está representa<strong>do</strong> por espécies de hábito prostra<strong>do</strong>, ausentes de ramificação,<br />

pertencentes ao sub<strong>gênero</strong> Tylecodium. Neste agrupamento, estão inseridas duas<br />

espécies encontradas no Brasil (C spongiosum e C. intertextum), sen<strong>do</strong> esta última<br />

forma<strong>do</strong>ra de tapetes nos substratos rochosos. No agrupamento A, encontram-se as<br />

espécies que possuem utrículos pre<strong>do</strong>minantemente agrupa<strong>do</strong>s e estreitos, corroboran<strong>do</strong><br />

os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Verbruggen et al. (2007).<br />

Espécies pertencentes ao sub<strong>gênero</strong> Shizocodium foram pre<strong>do</strong>minantes nos<br />

demais agrupamentos. O agrupamento B consiste de espécies de hábito ereto, com<br />

ramos pre<strong>do</strong>minantemente cilíndricos, com ramificações dicotômicas, sen<strong>do</strong><br />

caracterizadas por utrículos individuais e grandes. Neste agrupamento, apenas uma<br />

espécie (C. decorticatum) coletada no Brasil esteve presente. O agrupamento C (C1, C2<br />

e C3) em sua maioria está constituí<strong>do</strong> por espécies de hábito ereto, com ramos<br />

cilíndricos a levemente achata<strong>do</strong>s, utrículos geralmente individuais, com tamanhos<br />

intermediários. Neste agrupamento, três espécies coletadas no Brasil estiveram<br />

presentes, uma de hábito procumbente (C. repens) e duas de hábito ereto (C.<br />

isthmocladum e C. taylorii), reforçan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s por Verbruggen et al. (2007).<br />

Como demonstra<strong>do</strong> nas árvores filogenéticas, as amostras brasileiras aparecem<br />

espalhadas nos três agrupamentos monofiléticos principais, indican<strong>do</strong> claramente a<br />

presença de espécies que colonizaram a costa Atlântica Americana proveniente de floras<br />

de diferentes localidades <strong>geográfica</strong>s. Para que isso tenha ocorri<strong>do</strong>, pressupõe-se um<br />

eficiente mecanismo de dispersão, possivelmente através de porções vegetativas que se<br />

fragmentam e são carregadas pelas correntes, ou por outros fatores como, por exemplo,<br />

a espécie C. fragile subsp. tomentosoides nativa <strong>do</strong> Japão, considerada como a


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 76<br />

macroalga mais invasiva no mun<strong>do</strong>. A dispersão dessa espécie está provavelmente<br />

relacionada à intervenção humana através das embarcações e também associada à<br />

aquacultura de moluscos (Ranus 1971, Dromgoole 1975, Trowbridge & Todd 1999,<br />

Bégin & Sheibling 2003).<br />

Os três agrupamentos principais observa<strong>do</strong>s nas nossas árvores filogenéticas<br />

incluem espécies <strong>do</strong>s três principais oceanos (Atlântico, Pacífico e Índico). A<br />

diversidade maior de espécies está no In<strong>do</strong>-Pacífico sen<strong>do</strong> que as espécies <strong>do</strong> Atlântico<br />

geralmente estão em cla<strong>do</strong>s deriva<strong>do</strong>s de espécies <strong>do</strong> In<strong>do</strong>-Pacífico. Essas análises<br />

indicam uma origem e diversificação <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> no In<strong>do</strong>-Pacífico, sen<strong>do</strong> que suas<br />

espécies dispersaram para o Atlântico em diferentes ocasiões (Verbruggen et al. 2007).<br />

Entretanto, algumas espécies parecem ter se diversifica<strong>do</strong> e permaneci<strong>do</strong> restritas ao<br />

oceano Atlântico americano, como é o caso de C. isthmocladum, C. taylorii, C.<br />

decorticatum e C. intertextum. Por outro la<strong>do</strong>, C. spongiosum parece ser uma espécie<br />

cosmopolita, que está presente no Atlântico e no In<strong>do</strong>-Pacífico. A circunscrição das<br />

espécies e de suas distribuições <strong>geográfica</strong>s ainda depende de estu<strong>do</strong>s mais<br />

regionaliza<strong>do</strong>s.<br />

Nas análises, verifica-se que na árvore enraizada, como também na árvore não-<br />

enraizada, C. geppiorum esteve amplamente distribuída no grupo monofilético C,<br />

estan<strong>do</strong> presente nos três subgrupos (C1, C2 e C3). Esta espécie está inserida no<br />

complexo C. geppiorrum, o qual está constituí<strong>do</strong> por espécies de talos rastejantes,<br />

procumbentes ou decumbentes, anastomosa<strong>do</strong>s, encontra<strong>do</strong>s principalmente na Região<br />

In<strong>do</strong>-Pacífica, e muito próxima taxonomicamente com C. repens <strong>do</strong> Atlântico (Silva<br />

1960, Jones & Kraft 1984, Chang et al. 2002). Neste caso, fica evidente que é uma<br />

espécie mal delineada e necessita, portanto, de uma revisão acurada na sua taxonomia.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 77<br />

Segun<strong>do</strong> Chang et al. (2002) os táxons que compõem o complexo C. geppiorum<br />

apresentam uma taxonomia ainda mal delineada e freqüentemente são confundidas<br />

devi<strong>do</strong> ao contínuum encontra<strong>do</strong> no tamanho <strong>do</strong>s utrículos e outros caracteres<br />

morfológicos similares.<br />

Em geral, a taxonomia <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> está baseada na comparação <strong>do</strong>s<br />

caracteres morfológicos e anatômicos. No entanto, em alguns casos, é difícil fazer uma<br />

identificação apurada devi<strong>do</strong> à ausência de caracteres estáveis. Isto ocorre porque estes<br />

caracteres morfológicos apresentam extrema variação dentro da mesma espécie e entre<br />

populações (Silva 1951, Chacana et al. 1996, Pedroche et al. 2002, Shimada et al.<br />

2004).<br />

Apesar <strong>do</strong>s caracteres morfológicos serem insuficientes para uma análise mais<br />

ampla das espécies de <strong>Codium</strong>, como é relatada pelos autores acima, as análises desses<br />

caracteres levaram a identificações específicas, que foram corroboradas pelas análises<br />

de <strong>filogenia</strong> molecular para as amostras brasileiras. As espécies brasileiras seqüenciadas<br />

neste estu<strong>do</strong> se agruparam com amostras identificadas sob a mesma designação<br />

específica em cla<strong>do</strong>s monofiléticos, como C. spongiosum, C. taylorii, C. decorticatum,<br />

e C. intertextum. As amostras de C. isthmocladum coletadas no Brasil agruparam-se<br />

com outras três amostras <strong>do</strong> Caribe em um cla<strong>do</strong> monofilético, entretanto, uma amostra<br />

identificada também como C. isthmocladum <strong>do</strong> Atântico <strong>do</strong>s E.U.A. não está<br />

posicionada nesse cla<strong>do</strong>. Sugerimos, neste caso, uma revisão na taxonomia dessa<br />

espécie.<br />

Neste estu<strong>do</strong>, a utilização <strong>do</strong> marca<strong>do</strong>r molecular rbcL mostrou-se bastante útil<br />

na distinção de espécies de <strong>Codium</strong> e na construção de um arcabouço filogenético que<br />

permite uma análise mais detalhada das relações evolutivas e bio<strong>geográfica</strong>s dessas


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 78<br />

espécies, assim como foi verifica<strong>do</strong> por Shimada et al. (2004) e Verbruggen et al.<br />

(2007).<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As autoras agradecem à Silvia R. Blanco da Universidade de São Paulo, pelo<br />

auxílio nas reações de seqüenciamento. Ao Biólogo e técnico Rosário Petti <strong>do</strong><br />

Laboratório de Algas Marinhas (LAM) da Universidade São Paulo, pela ajuda durante o<br />

desenvolvimento deste trabalho. Ao Dr. Heroen Verbruggen pelas as análises<br />

filogenéticas preliminares. Às agências de fomento, CNPq pelo apoio financeiro e<br />

bolsas e a Capes pela concessão de bolsa de Doutora<strong>do</strong> à primeira autora.<br />

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ANEXOS DO MANUSCRITO II


TABELAS


Tabela 1 - Amostras de <strong>Codium</strong> que tiveram seu exon 1 <strong>do</strong> rbcL seqüencia<strong>do</strong>s neste trabalho com respectivas informações de coleta. (PEUFR –<br />

Herbário Professor Vasconcelos Sobrinho da Universidade Federal Rural de Pernambuco).<br />

Espécies Local de Coleta Coletor Data Sigla Voucher n o<br />

C. decorticatum Florianópolis (Praia da Armação), SC S. M. P. B. Guimarães 27 Nov 2005 Cdec5SC PEUFR 48525<br />

C. decorticatum Florianópolis (Praia Ponta das Canas), SC M. F.Oliveira-Carvalho & P. Horta. 21 Set 2006 Cdec23SC PEUFR 48529<br />

C. decorticatum Cabo Frio (Praia <strong>do</strong> Peró), RJ V. Cassano 18 jul 2006 Cdec16RJ PEUFR 48533<br />

C. decorticatum Rio de Janeiro (Praia <strong>do</strong>s Cavaleiros), RJ L. M. Gestinari 11 Mai 2006 Cdec24RJ PEUFR 48532<br />

C. repens Cabo de Santo Agostinho (Praia <strong>do</strong> Paiva), PE M. F. Oliveira-Carvalho 28 Abr 2005. Crep1PE PEUFR48573<br />

C. repens Ilha de Sto. Aleixo, PE<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & S. M. B.<br />

Pereira<br />

31 Jan 2005 Crep22PE PEUFR 48574<br />

C. intertextum Vila Velha (Praia da Baleia), ES D. Barata 25 Mai 2005 Cint6ES PEUFR 48557<br />

C. intertextum Vila Velha (Praia da Baleia), ES D. Barata 01 Jun 2006 Cint4ES PEUFR 48558<br />

C. intertextum Canal de São Sebastião, SP M. F Oliveira-Carvalho & F. Berchez 14 Jul 2006 Cint10SP PEUFR 48560<br />

C. intertextum Cabo Frio (Praia <strong>do</strong> Peró), RJ V. Cassano 28 Jul 2006 Cint17RJ PEUFR 48563<br />

C. intertextum Salva<strong>do</strong>r (Praia Stela Mares), BA D. Barata 15 Set 2006 Cint18BA PEUFR 48547<br />

C. intertextum<br />

Arquip. Fernan<strong>do</strong> de Noronha (Praia <strong>do</strong> Boldró),<br />

PE<br />

P. Horta 14 Jun 2006 Cint21FN PEUFR 48567<br />

C. intertextum Florianópolis (Praia <strong>do</strong> Gravatá), SC M. F. Oliveira-Carvalho & P. Horta 22 Set 2006 Cint25SC PEUFR 48554<br />

C. isthmocladum Florianópolis (costa, prof. 25m), ES S. M. P. B. Guimarães & G. A. Filho 09 Nov 2005 Cist3ES PEUFR 48496<br />

C. isthmocladum João Pessoa (Praia <strong>do</strong> Bessa), PB M. F. Oliveira-Carvalho & P. Horta 01 Jun 2005 Cist11PB PEUFR 48504<br />

C. isthmocladum Ilha de Itaparica (Mar Grande), BA<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & M. C.<br />

Accioly<br />

18 Set 2005 Cist15BA PEUFR 48498


Cont. Tab. 1<br />

C. spongiosum Búzios (Praia <strong>do</strong> Forno), RJ M. F. Oliveira-Carvalho & V. Cassano 27 Jul 2006 Cspo12RJ PEUFR 48542<br />

C. spongiosum Arraial <strong>do</strong> Cabo (Praia Mar Grande), RJ V. Cassano 11 Ago 2006 Cspo14RJ PEUFR 48541<br />

C. spongiosum Vila Velha (Praia da Baleia), ES D. Barata 27 Fev 2006 Cspo13ES PEUFR 48543<br />

C. taylorii Canal de São Sebastião, SP<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & M. M.<br />

Mosca<br />

14 Jul 2006 Ctay2SP PEUFR 48522<br />

C. taylorii Cabo Frio (Praia de Peró), RJ V. Cassano 28 Jul 2006 Ctay19RJ PEUFR 48523<br />

C. talorii Salva<strong>do</strong>r (Praia de Jauá), BA<br />

C. taylorii Salva<strong>do</strong>r (Praia de Guarajuba), BA<br />

C. taylorii Salva<strong>do</strong>r (Praia de Itapoã), BA<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & M. C.<br />

Accioly<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & M. C.<br />

Accioly<br />

M. F. Oliveira-Carvalho & M. C.<br />

Accioly<br />

19 Nov 2005 Ctay07BA PEUFR 48525<br />

17 Set. 2005 Ctay09BA PEUFR 48514<br />

17 Set 2006 Ctay20BA PEUFR 48513


Tabela 2 - Seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL obtidas no GenBank de <strong>Codium</strong> e Bryopsis com os respectivos números de acesso, localidade de coleta e<br />

referências .<br />

Espécies<br />

N° de Acesso<br />

GenBank<br />

Localidade Referência<br />

C. arabicum Kutzing AB102985 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. arabicum Kutzing EF107969 Austrália Verbruggen et al. (2007)<br />

C. bursa (Linnaeus) C. Agardh EF107970 Croácia Verbruggen et al. (2007)<br />

C. contractum Kjelman AB102995 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. convolutum (Dellow) P. C. Silva EF107975 Tristão da Cunha, Atlântico Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. cranwelliae Setchell EF107979 Nova Zelândia Verbruggen et al. (2007)<br />

C. cylindricum Colmes AB103027 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. decorticatum (Woodward) Howe EF107980 Carolina <strong>do</strong> Norte- USA Verbruggen et al. (2007)<br />

C. duthieae P. C. Silva EF107983 África <strong>do</strong> Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. duthieae P. C. Silva EF107988 Oman Verbruggen et al. (2007)<br />

C. fragile (Suringar) Hariot M67453 No voucher Manhart & VonderHaar (1991)<br />

C. galeatum J. Agardh EF108003 Austrália Verbruggen et al. (2007)<br />

C. geppiorum O. C. Schmidt EF108020 Oman Verbruggen et al. (2007)<br />

C. geppiorum O. C. Schmidt EF108021 Belize Verbruggen et al. (2007)


Cont. Tab. 2<br />

C. geppiorum O. C. Schmidt EF108012 Sri Lanka Verbruggen et al. (2007)<br />

C. gracile (O. C. Schmidt) Dellow EF108022 Nova Zelândia Verbruggen et al. (2007)<br />

C. hubbsii E. Y. Dawson AB102967 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. intertextum F. S. Collins et Hervey EF108023 Jamaica Verbruggen et al. (2007)<br />

C. intricatum Okamura AB102993 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. isthmocladum Vickers EF108025 Anguilla, Atlântico Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. isthmocladum Vickers EF108026 Porto Rico Verbruggen et al. (2007)<br />

C. isthmocladum Vickers EF108027 Martinique Verbruggen et al. (2007)<br />

C. isthmocladum Vickers EF108036 Flórida-USA Verbruggen et al. (2007)<br />

C. latum Suringar AB103004 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. lucasii Setchell AB102981 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. lucasii Setchell EF108057 Oman Verbruggen et al. (2007)<br />

C. megalophysum P. C. Silva EF108058 África <strong>do</strong> Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. ovale Zanardini EF108063 Fujii Verbruggen et al. (2007)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s P. Jones & Kraft EF108065 Austrália Verbruggen et al. (2007)<br />

C. platylobium Areschoug EF108067 África <strong>do</strong> Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. repens Crouan et Crouan EF108069 Jamaica Verbruggen et al. (2007)


Cont. tab 2<br />

C. spongiosum Harvey AB102978 Japão Shimada et al. (2003)<br />

C. spongiosum Harvey EF108076 África <strong>do</strong> Sul Verbruggen et al. (2007)<br />

C. taylorii P. C. Silva EF108085 Flórida-USA Verbruggen et al. (2007)<br />

C. taylorii P. C. Silva EF108083 Jamaica Verbruggen et al. (2007)<br />

C. taylorii P. C. Silva EF108077 Guadalupe Verbruggen et al. (2007)<br />

C. tenue (Kutzing) Kutzing EF108091 Filipinas Verbruggen et al. (2007)<br />

C. yezoense (Tokida) Vinogra<strong>do</strong>va AB103024 Japão Shimada et al. (2003)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa EF107973 Oman Verbruggen et al. (2007)<br />

<strong>Codium</strong> cf .latum EF108050 Oman Verbruggen et al. (2007)<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue EF108091 Filipinas Verbruggen et al. (2007)<br />

<strong>Codium</strong> sp. EF108096 Martinique Verbruggen et al. (2007)<br />

Bryopsis plumosa (Hudson) C. Agardh AB038480 - Hanyuda et al. (2000)


Tabela 3 - Porcentagem de identidade (triângulo de baixo) e divergência em número de nucleotídeos (triângulo de cima) entre as seqüências <strong>do</strong> exon 1<br />

<strong>do</strong> rbcL das espécies de <strong>Codium</strong> coletadas no Brasil, Cdec = C. decorticatum, Crep = C. repens, Cspo = C. spongiosum, Ctay = C. taylorii, Cist = C.<br />

isthmocladum e Cint = C. intertextum. O nome da espécie é segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> número da amostra e da sigla <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> onde foi coletada e ID, seqüências<br />

idênticas.<br />

Amostras de <strong>Codium</strong> sequenciadas no<br />

litoral Brasileiro<br />

Cdec23SC, Cdec5SC, Cdec16RJ ,<br />

Cdec24RJ<br />

Cdec23SC, Cdec5SC,<br />

Cdec16RJ , Cdec24RJ<br />

Crep1PE, Crep22PE<br />

Cspo12RJ , Cspo13ES,<br />

Cspo14RJ<br />

Ctay2SP, Ctay19RJ<br />

Ctay7BA, Ctay20BA<br />

Ctay9BA<br />

Cist11PB<br />

Cist3ES<br />

Cist15BA<br />

Cint10SP, Cint17RJ,<br />

Cint18BA, Cint21FN,<br />

Cint25SC, Cint4ES,<br />

Cint6 ES<br />

ID 60 69 61 56 57 71 68 71 70<br />

Crep1PE, Crep22PE 92,38 ID 67 29 30 32 37 38 37 67<br />

Cspo12RJ , Cspo13ES, Cspo14RJ 91,12 91,50 ID 70 69 67 80 80 80 15<br />

Ctay2SP, Ctay19RJ 92,26 96,32 91,12 ID 2 4 44 43 44 69<br />

Ctay7BA, Ctay20BA 92,39 96,20 91,24 99,74 ID 2 46 43 46 69<br />

Ctay9BA 92,67 95,94 91,50 99,50 99,75 ID 48 11 48 67<br />

Cist11PB 90,99 95,30 89,85 94,42 94,16 93,91 ID 11 1 80<br />

Cist3ES 91,37 95,18 89,85 94,54, 94,54 94,29 98,60 ID 11 80<br />

Cist15BA 90,99 95,30 89,85 94,42 94,16 93,91 99,88 98,60 ID 80<br />

Cint10SP, Cint17RJ, Cint18BA,<br />

Cint21FN, Cint25SC, Cint4ES, Cint6 ES<br />

91,12 91,50 98,10 91,24 91,24 91,50 89,85 89,85 89,84 ID


FIGURAS


C. decorticatum SC23, 5SC, 16RJ, 24RJ B<br />

68, 63, 62<br />

C. repens 1PE, 22PE<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096) - Martinique<br />

a = 50, -, 53<br />

68 ,79, 82<br />

a<br />

- ,70, 69<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091) - Filipinas<br />

C. repens (EF108069) –Jamaica<br />

C. geppiorum (EF108021) - Oman<br />

C. intricatum (AB102993) - Japão<br />

C. taylorii 2SP, 19RJ<br />

C1<br />

b = 88, 81, 91<br />

82, 92, 68<br />

100, 100, 81<br />

C. taylorii 7BA, 9BA, 20BA<br />

C. taylorii (EF108085) – USA, AS<br />

C. taylorii (EF108083) – Jamaica<br />

C. taylorii (EF108077) – Guadalupe<br />

C. geppiorum (EF108020) - Oman<br />

C. isthmocladum 11PB<br />

C2<br />

100, 95, 94 C. isthmocladum 15BA<br />

98, 99, 94 C. isthmocladum (EF108026) – Porto Rico<br />

b<br />

94 , 69,51<br />

C. isthmocladum (EF108027) - Martinique<br />

-, 65, 52 c C. isthmocladum 3ES<br />

C. isthmocladum (EF108025) – Anguilla<br />

C = 100, 99, 96<br />

C. platylobium (EF108067) – Äfrica <strong>do</strong> Sul<br />

C3<br />

78, 85, 81 C. geppiorum (EF108012) – Sri-Lanka<br />

C. isthmocladum (EF108036) – USA, AN<br />

C. latum (AB103004) - Japão<br />

C. ovale (EF108063) - Fujii<br />

C. contractum (AB102995) – Japão<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050) - Oman<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065) – Austrália<br />

C. gracile (EF108022) – Nova Zelândia<br />

C. bursa (EF107970) – Croácia<br />

100, 88, 69<br />

95, 86, 58<br />

C. spongiosum 12RJ, 13ES,14RJ<br />

C. spongiosum (AB102978) – Japão<br />

* 17RJ, 18BA, 21FN,<br />

25SC, 4ES, 6ES<br />

97, 98, 88<br />

C. spongiosum (EF108076) - África <strong>do</strong> Sul<br />

C. intertextum 10SP *<br />

C. intertextum (EF108023) – Jamaica<br />

67, 76, 59<br />

C. arabicum (AB102985) - Japão A<br />

100, 99, 92 C. arabicum (EF107969) - Austrália<br />

100, 100, 100<br />

C. hubbsii (AB102967) - Japão<br />

C. lucasii (EF108057) - Oman<br />

C. lucasii (AB102981) – Japão<br />

C. convolutum (EF107975) – Tristão da Cunha,<br />

Atlântico Sul<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973) - Oman<br />

C. galeatum (EF108003) - Austrália<br />

C. yezoense (AB103024) – Japão<br />

C. fragile (M67453) - ?<br />

59, 68, 56<br />

84, -, 74<br />

C. megalophysum (EF108058) – África <strong>do</strong> Sul<br />

C. cranwelliae (EF107979) – Nova Zelândia<br />

C. duthieae (EF107983) – África <strong>do</strong> Sul<br />

C. duthieae (EF107988) - Oman<br />

C. cylindricum (AB103027) – Japão<br />

C. decorticatum (EF107980) – USA, AN<br />

B<br />

0.01 substitutions/site<br />

Fig. 1 - Árvore consenso não-enraizada de máxima verossimilhança (ML) construída para as<br />

seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os valores de “bootstrap”<br />

estão indica<strong>do</strong>s nos ramos em negrito para “neighbour-joining” (NJ), em itálico para máxima<br />

parcimônia (MP), ambos para 2000 replicatas e o último número para máxima<br />

verossimilhança (ML) para 100 replicatas. As flechas ou letras em minúsculas indicam a<br />

posição <strong>do</strong>s valores de “bootstrap”, quan<strong>do</strong> não couberam nos ramos. As amostras brasileiras<br />

cujas seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as<br />

amostras obtidas no GenBank está entre parênteses, segui<strong>do</strong> pela localidade de coleta.<br />

C


92, 58, -<br />

100, 87 , 65<br />

Bryopsis plumosa (AB038480)<br />

C. decorticatum SC23, 5SC, 16RJ, 24RJ<br />

C. decorticatum (EF107980) – USA<br />

C. duthieae (EF107983) – África <strong>do</strong> Sul B<br />

a = 62, 64, -<br />

60, 59, -<br />

a<br />

58, 64, -<br />

C. duthieae (EF107988) - Oman<br />

C. cylindricum (AB103027) – Japão<br />

C. galeatum (EF108003) – Austrália<br />

C. yezoense (AB103024) - Japão<br />

89, 68, - C. fragile (M67453) - ?<br />

C. repens 1PE, 22PE<br />

68, 63, 54 <strong>Codium</strong> sp (EF108096) - Martinique<br />

68, 81, 73<br />

-, 70, 52,<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091) - Filipinas<br />

C. repens (EF108069) – Jamaica<br />

C. geppiorum (EF108021) - Oman<br />

C. intricatum (AB102993) – Japão<br />

C. taylorii 2SP, 19RJ<br />

C1<br />

-, 64, -<br />

84, 92, 80<br />

100, 100 , 90<br />

C. taylorii 7BA, 9BA, 20 BA<br />

C. taylorii (EF108085) – USA, Atlântico Norte<br />

C. taylorii (EF108083) - Jamaica<br />

C. taylorii (EF108077) - Guadalupe<br />

C. geppiorum (EF108020) - Oman<br />

C2<br />

-, 58, -<br />

56, 76, -<br />

100, 96, 91<br />

99, 99, 95<br />

C. isthmocladum 11PB<br />

C. isthmocladum 15BA<br />

C. isthmocladum (EF108026) – Porto Rico C<br />

b = 88, 99, 88<br />

96, 81, -<br />

- , 65 -<br />

-, 65, -<br />

77, 86, 76<br />

b C. isthmocladum (EF108027) - Martinique<br />

99, 99, 97 C. isthmocladum3ES<br />

C. isthmocladum (EF108025) - Anguilla<br />

C. platylobium (EF108067) – África <strong>do</strong> Sul<br />

C. geppiorum (EF108012) – Sri-Lanka<br />

C. isthmocladum (EF108036) – USA – Atlântico Norte<br />

C3<br />

-, 63, -<br />

C. ovale (EF108063) - Fujii<br />

C. contractum (AB102995) – Japão<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050) - Oman<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065) – Austrália<br />

C. latum (AB103004) – Japão<br />

C. gracile (EF108022) – Nova Zelândia<br />

C. bursa (EF107970) - Croácia<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973) - Oman<br />

C. megalophysum (EF108058) – África <strong>do</strong> Sul<br />

C. cranwelliae (EF107979) – Nova Zelândia<br />

c = 55, 64, 56<br />

c<br />

96, 85, 55<br />

C. spongiosum 12RJ, 13ES, 14 RJ<br />

C. spongiosum (EF108076) – África <strong>do</strong> Sul<br />

*17RJ,18BA,<br />

C. spongiosum (AB102978) - Japão<br />

21FN,25SC,4ES,6ES 98, 97, 90 C. intertextum 10SP *<br />

63, 60, 67<br />

67, 72, 67<br />

C. intertextum (EF108023) – Jamaica<br />

C. hubbsii (AB102967) – Japão<br />

C. lucasii (EF108057) - Oman<br />

A<br />

100, 100, 98<br />

100, 98, 94<br />

C. lucasii (AB102981) – Japão<br />

C arabicum (AB102985) - Japão<br />

5 changes<br />

C. arabicum (EF107969) - Austrália<br />

C. convolutum (EF107975) – Tristão da Cunha,<br />

Atlântico Sul<br />

Fig. 2 - Árvore consenso de máxima parcimônia (MP) enraizada pelo grupo externo Bryopsis<br />

plumosa construída para as seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>.<br />

Os valores de “bootstrap” estão indica<strong>do</strong>s nos ramos em negrito para “neighbour-joining”<br />

(NJ), em itálico para máxima parcimônia (MP), ambos para 1000 replicatas e o último<br />

número para máxima verossimilhança (ML) para 100 replicatas. As flechas ou letras em<br />

minúsculas indicam a posição <strong>do</strong>s valores de “bootstrap”, quan<strong>do</strong> não couberam nos ramos.<br />

As amostras brasileiras cujas seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O<br />

número de acesso para as amostras obtidas no GenBank está entre parênteses, segui<strong>do</strong> pela<br />

localidade de coleta.


ANEXOS GERAIS


Anexo 1 – Matriz de distância genética entre as seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL das espécies de <strong>Codium</strong> coletadas no Brasil, Cdec = C. decorticatum,<br />

Crep = C. repens, Cspo = C. spongiosum, Ctay = C. taylorii, Cist = C. isthmocladum e Cint = C. intertextum. O nome da espécie é segui<strong>do</strong> <strong>do</strong> número<br />

da amostra e da sigla <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> onde foi coletada.<br />

Amostras 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24<br />

1 Cdec5SC 0.0000<br />

2 Cdec16RJ 0.0000 0.0000<br />

3 Cdec23SC 0.0000 0.0000 0.0000<br />

4 Cdec24RJ 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000<br />

5 Crep1PE 0.0820 0.0820 0.0820 0.0820 0.0000<br />

6 Crep22PE 0.0820 0.0820 0.0820 0.0820 0.0000 0.0000<br />

7 Cspo12RJ 0.0972 0.0972 0.0972 0.0972 0.0930 0.0930 0.0000<br />

8 Cspo13ES 0.0972 0.0972 0.0972 0.0972 0.0930 0.0930 0.0000 0.0000<br />

9 Cspo14RJ 0.0972 0.0972 0.0972 0.0972 0.0930 0.0930 0.0000 0.0000 0.0000<br />

10 Ctay2SP 0.0831 0.0831 0.0831 0.0831 0.0381 0.0381 0.0970 0.0970 0.0970 0.0000<br />

11 Ctay7BA 0.0816 0.0816 0.0816 0.0816 0.0394 0.0394 0.0954 0.0954 0.0954 0.0025 0.0000<br />

12 Ctay20BA 0.0816 0.0816 0.0816 0.0816 0.0394 0.0394 0.0954 0.0954 0.0954 0.0025 0.0000 0.0000<br />

13 Ctay9BA 0.0787 0.0787 0.0787 0.0787 0.0421 0.0421 0.0925 0.0925 0.0925 0.0051 0.0025 0.0025 0.0000<br />

14 Ctay19RJ 0.0831 0.0831 0.0831 0.0831 0.0381 0.0381 0.0970 0.0970 0.0970 0.0000 0.0025 0.0025 0.0051 0.0000<br />

15 Cist11PB 0.0981 0.0981 0.0981 0.0981 0.0491 0.0491 0.1124 0.1124 0.1124 0.0588 0.0617 0.0617 0.0646 0.0588 0.0000<br />

16 Cist3ES 0.0939 0.0939 0.0939 0.0939 0.0506 0.0506 0.1129 0.1129 0.1129 0.0575 0.0575 0.0575 0.0603 0.0575 0.0141 0.0000<br />

17 Cist15BA 0.0983 0.0983 0.0983 0.0983 0.0491 0.0491 0.1125 0.1125 0.1125 0.0588 0.0616 0.0616 0.0645 0.0588 0.0013 0.0141 0.0000<br />

18 Cint10SP 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000<br />

19 Cint4ES 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000<br />

20 Cint6ES 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000 0.0000<br />

21 Cint18BA 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000<br />

22 Cint17RJ 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000<br />

23 Cint21FN 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000<br />

24 Cint25SC 0.0973 0.0973 0.0973 0.0973 0.0932 0.0932 0.0195 0.0195 0.0195 0.0959 0.0958 0.0958 0.0928 0.0959 0.1126 0.1131 0.1127 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000 0.0000


C. decorticatum (CdecSC23)<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

C. isthmocladum (EF108026)<br />

C. isthmocladum (EF108027)<br />

C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

C. isthmocladum (EF108025)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

95<br />

C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

C. spongiosum (AB102978)<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

60<br />

97 C. intertextum (Cint10SP)<br />

C. intertextum (EF108023)<br />

60<br />

67<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

100<br />

100<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

100<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

84<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranweliae (EF107979)<br />

93<br />

56<br />

88<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

59<br />

C. fragile (M67453Cf)<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

0.005 substitutions/site<br />

55<br />

C. decorticatum (CdecSC23)<br />

65<br />

68<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

68 50 <strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

98<br />

53<br />

100<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

C. isthmocladum (EF108026)<br />

C. isthmocladum (EF108027)<br />

53<br />

78<br />

100 C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

C. isthmocladum (EF108025)<br />

73<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

94<br />

100<br />

82<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

77<br />

95<br />

C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

C. spongiosum (AB102978)<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

60<br />

97 C. intertextum (Cint10SP)<br />

C. intertextum (EF108023)<br />

60<br />

67<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

100<br />

100<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

100<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

84<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranweliae (EF107979)<br />

93<br />

56<br />

88<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

59<br />

C. fragile (M67453Cf)<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

0.005 substitutions/site<br />

55<br />

65<br />

68<br />

68 50<br />

98<br />

53<br />

100<br />

53<br />

78<br />

100<br />

73<br />

94<br />

100<br />

82<br />

77<br />

Anexo 2: Árvore não-enraizada de “neighbour-joining” (NJ) construída para as<br />

seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos<br />

indicam os valores de “Bootstrap” para 2000 replicatas. As amostras brasileiras cujas<br />

seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as<br />

amostras obtidas no GenBank está entre parênteses.


C. decorticatum (CdecSC23)<br />

63<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

79<br />

70<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

100<br />

62<br />

92<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

79<br />

99<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

95 C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

81 C. isthmocladum (EF108026)<br />

C. isthmocladum (EF108027)<br />

65<br />

99 C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

69<br />

85<br />

92<br />

C. isthmocladum (EF108025)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

63<br />

86<br />

C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

64<br />

61<br />

98<br />

C. spongiosum (AB102978)<br />

C. intertextum (Cint10SP)<br />

C. intertextum (EF108023)<br />

76<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

88<br />

100<br />

99<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

59<br />

68<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranwelliae (EF107979)<br />

69 C. galeatum (EF108003)<br />

70 C. yezoense (AB103024)<br />

C. fragile (M67453Cf)<br />

C. duthiaeae (EF107983)<br />

C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

5 changes<br />

Anexo 3: Árvore não-enraizada de máxima parcimônia (MP) construída para as<br />

seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos<br />

indicam os valores de “Bootstrap” para 2000 replicatas. As amostras brasileiras cujas<br />

seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as<br />

amostras obtidas no GenBank está entre parênteses.


C. decorticatum (CdecSC23)<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

62 <strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

82<br />

53<br />

69<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

68<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

81 C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

94 C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

51<br />

52<br />

94 C. isthmocladum (EF108026)<br />

91 C. isthmocladum (EF108027)<br />

C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

81<br />

96 C. isthmocladum (EF108025)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platylobium (EF108065)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

69<br />

58 C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

C. spongiosum (AB102978)<br />

88<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

C. intertextum (Cint10SP)<br />

59 C. intertextum (EF108023)<br />

92 C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

100<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

C. fragile (M67453Cf)<br />

74<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

0.01 substitutions/site<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranwelliae (EF107979)<br />

Anexo 4: Árvore não-enraizada de máxima verossimilhança (ML) construída para as<br />

seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos<br />

indicam os valores de “Bootstrap” para 100 replicatas. As amostras brasileiras cujas<br />

seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as<br />

amostras obtidas no GenBank está entre parênteses.


59<br />

63<br />

0.005 substitutions/site<br />

96<br />

60<br />

58<br />

Bryopsis plumosa (AB038480)<br />

92 C. decorticatum (CdecSC23)<br />

51 C. decorticatum (EF107980)<br />

100 C. cylindricum (AB103027)<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

62 C. duthieae (EF107988)<br />

89<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

C. fragile (M67453)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

67<br />

68<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

68 50<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

52 C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

100 C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

99<br />

88<br />

C. isthmocladum (EF108026)<br />

C. isthmocladum (EF108027)<br />

56 77<br />

99 C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

C. isthmocladum (EF108025)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

52<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

69<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

<strong>Codium</strong> cf latum (EF108050)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

84 C. taylorii (EF108085)<br />

100 C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

55 C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

96 C. spongiosum (AB102978)<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

63<br />

98 C. intertextum (Cint10SP)<br />

C. interetextum (EF108023)<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

67<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

100<br />

100<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranwelliae (EF107979)<br />

Anexo 5: Árvore enraizada de “neighbour-joining” (NJ) construída para as seqüências<br />

<strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos indicam<br />

os valores de “Bootstrap” para 1000 replicatas. As amostras brasileiras cujas seqüências<br />

foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as amostras<br />

obtidas no GenBank está entre parênteses.


5 changes<br />

58<br />

58<br />

Bryopsis plumosa (AB038480)<br />

C. decorticatum (CdecSC23)<br />

87<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

59<br />

64 C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

64<br />

68<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

C. fragile (M67453)<br />

63<br />

81<br />

70<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

64 C. taylorii (Ctay07BA)<br />

92<br />

100<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

76<br />

99<br />

96 C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

C. isthmocladum (EF108026)<br />

78 C. isthmocladum (EF108027)<br />

65<br />

99 C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

65<br />

C. isthmocladum (EF108025)<br />

86<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

81<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

63<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platycla<strong>do</strong>s (EF108065)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranwelliae (EF107979)<br />

64<br />

85<br />

C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

C. spongiosum (EF108076)<br />

C. spongiosum (AB102978)<br />

97 C. intertextum (Cint10SP)<br />

60 C. intertextum (EF108023)<br />

C. hubbsii (AB102967)<br />

72<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

100 98 C arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

Anexo 6: Árvore enraizada de máxima parcimônia (MP) construída para as seqüências<br />

<strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos indicam<br />

os valores de “Bootstrap” para 1000 replicatas. As amostras brasileiras cujas seqüências<br />

foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as amostras<br />

obtidas no GenBank está entre parênteses.


0.05 substitutions/site<br />

65<br />

C. repens (Crep1PE)<br />

Bryopsis plumosa (AB038480)<br />

C. decorticatum (CdecSC23)<br />

C. duthieae (EF107983)<br />

C. duthieae (EF107988)<br />

C. cylindricum (AB103027)<br />

C. decorticatum (EF107980)<br />

54<br />

73<br />

<strong>Codium</strong> sp (EF108096)<br />

<strong>Codium</strong> cf. tenue (EF108091)<br />

C. repens (EF108069)<br />

52<br />

C. geppiorum (EF108021)<br />

C. intricatum (AB102993)<br />

56 C. spongiosum (Cspo12RJ)<br />

55 C. spongiosum (EF108076)<br />

90 C. spongiosum (AB102978)<br />

C. intertextum (Cint10SP)<br />

C. intertextum (EF108023)<br />

67<br />

94 C. arabicum (AB102985)<br />

C. arabicum (EF107969)<br />

98 C. hubbsii (AB102967)<br />

C. lucasii (EF108057)<br />

C. lucasii (AB102981)<br />

C. convolutum (EF107975)<br />

80<br />

C. taylorii (Ctay02SP)<br />

C. taylorii (Ctay07BA)<br />

C. taylorii (EF108085)<br />

90 C. taylorii (EF108083)<br />

C. taylorii (EF108077)<br />

C. geppiorum (EF108020)<br />

C. isthmocladum (Cist11PB)<br />

91 C. isthmocladum (Cist15BA)<br />

95<br />

88 88<br />

C. isthmocladum (EF108026)<br />

C. isthmocladum (EF108027)<br />

76<br />

C. isthmocladum (Cist03ES)<br />

97 C. isthmocladum (EF108025)<br />

C. geppiorum (EF108012)<br />

C. isthmocladum (EF108036)<br />

C. platylobium (EF108067)<br />

C. latum (AB103004)<br />

C. ovale (EF108063)<br />

C. contractum (AB102995)<br />

<strong>Codium</strong> cf. latum (EF108050)<br />

C. platycladus (EF108065)<br />

C. gracile (EF108022)<br />

C. bursa (EF107970)<br />

<strong>Codium</strong> cf. bursa (EF107973)<br />

C. galeatum (EF108003)<br />

C. yezoense (AB103024)<br />

C. fragile (M67453)<br />

C. megalophysum (EF108058)<br />

C. cranwelliae (EF107979)<br />

Anexo 7: Árvore enraizada de máxima verossimilhança (ML) construída para as<br />

seqüências <strong>do</strong> exon 1 <strong>do</strong> rbcL de diferentes amostras de <strong>Codium</strong>. Os números <strong>do</strong>s ramos<br />

indicam os valores de “Bootstrap” para 100 replicatas. As amostras brasileiras cujas<br />

seqüências foram feitas nesse trabalho estão em negrito. O número de acesso para as<br />

amostras obtidas no GenBank está entre parênteses.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 85<br />

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Para a taxonomia <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong>, a combinação <strong>do</strong>s caracteres<br />

morfo-anatômicos como o hábito, o tipo de ramificação, assim como o tamanho<br />

e forma <strong>do</strong>s utrículos são importantes atributos que permitem uma relativa<br />

facilidade na distinção específica (Pedroche et al. 2002). Ainda de acor<strong>do</strong> com<br />

os referi<strong>do</strong>s autores, os caracteres utriculares e reprodutivos são as melhores<br />

ferramentas, principalmente para aquelas espécies com intricada variação<br />

morfológica. A importância taxonômica <strong>do</strong>s utrículos vem sen<strong>do</strong> ressaltada<br />

desde o século passa<strong>do</strong>.<br />

Neste trabalho, com base nos caracteres morfo-anatômicos, sete táxons<br />

infragenéricos foram identifica<strong>do</strong>s C. decorticatum, C. intertextum, C.<br />

isthmocladum, C. repens, C. spongiosum, C. taylorii e <strong>Codium</strong> sp. A partir<br />

deste estu<strong>do</strong>, C. tomentosum está sen<strong>do</strong> citada como uma espécie de<br />

ocorrência duvi<strong>do</strong>sa para a costa brasileira, por não ter si<strong>do</strong> encontrada nos<br />

herbários brasileiros e nem ter si<strong>do</strong> coletada. Além disso, conforme Silva<br />

(1960,1962) a referida espécie foi erroneamente designada para os <strong>Codium</strong><br />

dicotômicos <strong>do</strong> Atlântico Ocidental. C. profundum está sen<strong>do</strong> cita<strong>do</strong> neste<br />

trabalho como <strong>Codium</strong> sp, por não ter si<strong>do</strong> apresentada uma diagnose em<br />

latim na sua descrição original como recomenda o Código Internacional de<br />

Nomenclatura Botânica. Dentre os caracteres analisa<strong>do</strong>s, o hábito, o padrão de<br />

ramificação e a forma e dimensão <strong>do</strong>s utrículos foram os mais importantes na<br />

identificação específica, corroboran<strong>do</strong> com Silva (1955,1960) e Pedroche et al.<br />

(2002).<br />

Foram reconheci<strong>do</strong>s para a costa brasileira <strong>do</strong>is morfotípos<br />

subgenéricos. O primeiro, representa<strong>do</strong> por talo prostra<strong>do</strong> e sem ramificação<br />

caracterizan<strong>do</strong> o sub<strong>gênero</strong> Tylecodium e o segun<strong>do</strong>, caracteriza<strong>do</strong> por talo<br />

ereto a procumbente, com ramificação diversa, caracterizan<strong>do</strong> os<br />

representantes <strong>do</strong> sub<strong>gênero</strong> Shizocodium, este último com maior número de<br />

representantes (C. decorticatum, C. isthmocladum, C. taylorii, C. repens e<br />

<strong>Codium</strong> sp).


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 86<br />

Na flora brasileira, C. isthmocladum, C. taylorii e C. decorticatum foram<br />

as espécies que apresentaram maior plasticidade morfológica. Em alguns<br />

casos os espécimes apresentavam combinações de caracteres entre si,<br />

levan<strong>do</strong> a supor a ocorrência de hibridização na população. Estes fatos<br />

corroboram com Silva (1960) para <strong>Codium</strong> <strong>do</strong> Atlântico Tropical e Alves &<br />

Moura (2005) para <strong>Codium</strong> da Ilha de Itaparica –BA.<br />

Pode-se afirmar que o maior conhecimento sobre a diversidade específica<br />

<strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> está na região entre-marés, consideran<strong>do</strong> a área coberta<br />

através da coleta de material e da consulta de 909 exsicatas depositadas, em<br />

sua maioria, nos herbários nacionais indexa<strong>do</strong>s. Comentário semelhante não<br />

pode ser feito com relação aos representantes <strong>do</strong> infralitoral da costa brasileira.<br />

Este fato é devi<strong>do</strong> as coletas, tradicionalmente, estarem direcionadas a região<br />

entre-marés, pelas facilidades de deslocamento e custo. Mesmo assim um<br />

grande número de exsicatas, cujos espécimes foram coleta<strong>do</strong>s através de<br />

dragagens pelas Expedições Oceanográficas como Akaroa, Canopus,<br />

Almirante Saldanha e Comissão Recife foram analisa<strong>do</strong>s. Infelizmente não foi<br />

possível analisar o material coleta<strong>do</strong> na região Nordeste e Sudeste pelo<br />

Programa Revizee (Recursos Vivos da Zona Econômica Exclusiva).<br />

Atualmente, o méto<strong>do</strong> de dragagem não vem sen<strong>do</strong> recomenda<strong>do</strong> para fun<strong>do</strong>s<br />

consolida<strong>do</strong>s (fun<strong>do</strong>s rochosos) o que é preocupante, pois estes fun<strong>do</strong>s<br />

abrigam as comunidades mais ricas em algas bênticas (Horta 2000). Nesta<br />

pesquisa, o <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> mostrou-se quase que exclusivamente epilítico,<br />

sen<strong>do</strong> a maioria <strong>do</strong>s exemplares coleta<strong>do</strong>s sobre substrato consolida<strong>do</strong>, como<br />

os recifes de arenito e costões rochosos.<br />

A taxonomia <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> baseada apenas nos caracteres<br />

morfológicos tem si<strong>do</strong> muito complexa, devi<strong>do</strong> ao grande número de espécies<br />

descritas, alia<strong>do</strong> a elevada plasticidade fenotípica e ampla <strong>distribuição</strong><br />

<strong>geográfica</strong> (Verbruggen et al. 2007). Na dificuldade de precisar as variações<br />

fenotípicas apresentadas pelo <strong>gênero</strong>, foi necessário utilizar outras ferramentas<br />

sen<strong>do</strong>, atualmente, o uso de marca<strong>do</strong>res moleculares a mais apropriada neste<br />

senti<strong>do</strong>. A maioria <strong>do</strong>s trabalhos envolven<strong>do</strong> o referi<strong>do</strong> <strong>gênero</strong>, tem si<strong>do</strong> feita<br />

com base nas seqüências moleculares para o exon 1 <strong>do</strong> gene rbcL.


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 87<br />

No presente estu<strong>do</strong>, seqüências moleculares deste gene foram utilizadas<br />

para auxiliar a taxonomia <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong> <strong>gênero</strong> <strong>Codium</strong> que ocorrem<br />

na flora brasileira. Vários autores enfatizam a dificuldade de delimitar algumas<br />

espécies com base apenas nos caracteres morfo-anatômicos (Chacana et al.<br />

1996, Silva 1998, Pedroche 2001, Pedroche et al. 2002). Para as espécies<br />

brasileiras, de uma maneira geral, a análise destes caracateres foram<br />

importantes na delimitação específica. Apenas para os exemplares de C.<br />

repens coleta<strong>do</strong>s na costa da região Nordeste, identifica<strong>do</strong>s primeiramente<br />

como <strong>Codium</strong> edule P. C. Silva, foi necessário à análise da biologia molecular<br />

para uma correta identificação. As demais identificações foram corroboradas<br />

com a ferramenta da biologia molecular.<br />

É importante salientar que a partir desta pesquisa, ficou evidente que a<br />

ampla plasticidade fenotípica encontrada em algumas espécies <strong>do</strong> litoral<br />

brasileiro, são decorrentes das variações ambientais. Portanto o marca<strong>do</strong>r<br />

molecular rbcL mostrou-se bastante eficiente, uma vez que as espécies<br />

brasileiras seqüenciadas se agruparam com outras amostras de mesma<br />

designação em cla<strong>do</strong>s monofiléticos.<br />

Dentre as espécies ocorrentes no Brasil, duas fazem parte de “complexos<br />

morfológicos”, sen<strong>do</strong> que C. intertextum pertence ao “complexo arabicum” e C.<br />

repens ao “complexo geppiorum”. Ambos complexos são forma<strong>do</strong>s por<br />

espécies distintas, com morfologias muito próximas, geralmente confinadas<br />

pre<strong>do</strong>minantemente à Região In<strong>do</strong>-Pacífica. Os representantes que compõem<br />

ambos complexos apresentam a taxonomia ainda mal delineada e<br />

freqüentemente são confudidas por apresentar morfologia próxima e tamanho<br />

contínuo <strong>do</strong>s utrículos (Chang et al. 2002). Entre as duas espécies brasileiras<br />

que estão inseridas nos complexos morfológicos, C. repens foi a que<br />

apresentou maior dificuldade de identificação taxonômica, devi<strong>do</strong> à variação<br />

encontrada como o padrão de ramificação e espessura <strong>do</strong>s ramos, ten<strong>do</strong> a sua<br />

identificação taxonômica auxiliada com o estu<strong>do</strong> da biologia molecular.<br />

Portanto, o gene rbcL tem-se mostra<strong>do</strong> adequa<strong>do</strong> para identificação e<br />

delineação de espécies e pode ser utiliza<strong>do</strong> para avaliar a utilidade <strong>do</strong>s<br />

caracteres morfológicos, hipóteses bio<strong>geográfica</strong>s, ocorrência de espécies


Oliveira-Carvalho, M. F. <strong>Taxonomia</strong>, <strong>distribuição</strong> <strong>geográfica</strong> e <strong>filogenia</strong> ... 88<br />

crípticas, além de identificação de espécies invasoras (Shimada et al. 2004;<br />

Verbruggen et al. 2007).

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