REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR.
(ACANTHACEAE) DE COROLA CURTO-BILABIADA
1
Sheila Regina Profice
2
Regina Helena Potsch Andreata
Abstract
In this study the delimitation of Aphelandra a neotropical genus with about 200
species is discussed. The taxonomic review of Geissomeria species and
varieties, as traditionally delimited, showed the imprecise limits to segregate
Geissomeria from Aphelandra. Thus is proposed the reduction of Geissomeria
to a synonymy in Aphelandra. An analytic key for identification of ten species
distinguished by corolla with upper and lower lips reduced together with
descriptions, illustrations, comments on taxonomic and nomenclatural issues
and habitat informations are presented. In this group species were recognized
based on vegetative and floral morphological characters. The following new
species were described: A.wasshausenii, A.hymenobracteata and A.grazielae.
Two species were excluded: Geissomeria mexicana Lindau which is found tobe
Holographis, and Geissomeria lolioides Lindau which is Stenandrium radicosum
Nees.Brazil is an important center of genetic diversity for the genus Aphelandra.
Of the 42 species 33 are exclusively Brazilian. Five patterns of geographic
distribution are proposed and discussed: West-North Amazon; Regional and
Pan-Atlantic endemism, in the Atlantic forest; Central Brazil and North-CentralAtlantic South American. Maps of the geographic distribuition of these species
are presented. For the group of species studied a morphological cladistic
analysis was undertaken; the results indicate that the group is monophyletic
within Aphelandra.
Keywords: Aphelandra, Acanthaceae, taxonomy, distribution patterns.
Resumo
Neste trabalho é discutida a delimitação de Aphelandra, um gênero neotropical
com aproximadamente 200 espécies. A revisão taxonômica dos táxons do
gênero Geissomeria, como tradicionalmente circunscrito revelou a imprecisão
dos limites estabelecidos para segregar esse gênero de Aphelandra. Assim, é
proposta a sinonimização de Geissomeria em Aphelandra. Para as espécies de
corola com o lábio superior e inferior reduzido de Aphelandra, apresenta-se um
estudo dos caracteres morfológicos vegetativos e florais tendo como base
materiais, incluindo tipos, provenientes de diversos herbários nacionais e
estrangeiros. Foram reconhecidas dez espécies, sendo três novas para a
Ciência, A.wasshausenii, A.hymenobracteata e A.grazielae. Duas espécies
foram excluídas: Geissomeria mexicana Lindau pertence ao gênero
1
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rua Pacheco Leão 915, Rio de
Janeiro, RJ, 22460-030 (sprofice@jbrj.com.br) - Parte da tese de doutorado defendida na PósGradução em Botânica, do Museu Nacional/UFRJ.
2
Universidade Santa Úrsula, Laboratório de Angiospermas, LCBA Rua Fernando Ferrari 75, Rio de
Janeiro, RJ, 22231-040 (regina.andreata@gmail.com) - Bolsista de produtividade do CNPq.
PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 62:7-70 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2011
Profice & Andreata.
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Holographis e Geissomeria lolioides Lindau identificada como Stenandrium
radicosum Nees. É fornecida uma chave analítica para a identificação das dez
espécies curto-bilabiadas, como também são apresentadas descrições,
ilustrações, comentários sobre aspectos taxonômicos e nomenclaturais e
habitat. Em Aphelandra, o Brasil é um importante centro de diversidade
genética. Ocorrem 42 espécies das quais 33 são exclusivamente brasileiras.
São propostos e discutidos cinco padrões de distribuição geográfica: Amazônia
ocidental-setentrional; endemismos Pan-Atlântico e Regional, em áreas de
floresta Atlântica; Brasil Central; América do Sul setentrional-centro-atlântica.
São apresentados, também, mapas com as distribuições geográficas dessas
espécies. A análise cladística morfológica realizada revelou que as espécies
pesquisadas constituem um grupo monofilético em Aphelandra.
Palavras-chave: Aphelandra, Acanthaceae, taxonomia, distribuição geográfica.
Introdução
A família Acanthaceae compreende cerca de 275 gêneros e 4000
espécies distribuídas, predominantemente, pelas regiões tropicais, com poucos
representantes nas regiões temperadas (Wasshausen 1998). Os principais
centros de diversidade para a família são o sudeste da Ásia, Malásia, Índia,
África tropical, Madagascar, Brasil, região Andina, México e América Central
(Daniel 2000). No Brasil engloba cerca de 40 gêneros e aproximadamente 542
espécies (Barroso et al. 1986) ocorrendo em praticamente todas as formações
vegetais, em especial, nos domínios das florestas pluviais.
A monografia de Nees von Esenbeck (1847a) ainda é a única obra que
trata as espécies brasileiras dessa família, sem fornecer uma chave analítica
para identificá-las. Neste trabalho a falta de consistência dos caracteres
diagnósticos adotados pelo autor para conceituar os gêneros resultou em
múltiplas afinidades genéricas e, apesar de muitos deles serem facilmente
distintos, outros são de difícil delimitação e boa parte tem sido sinonimizada.
Além do mais, as espécies descritas por Nees von Esenbeck (1847a)
encontram-se, na sua grande maioria, com a nomenclatura desatualizada e
com problemas de tipificação.
A revisão taxonômica das 19 espécies e nove variedades do gênero
Geissomeria, exclusivo da região neotropical, cuja maioria dos táxons ocorre
no Sudeste do Brasil, parecia ser uma escolha apropriada para o estudo da
flora brasileira de Acanthaceae. Entretanto, à medida que o material botânico
de Geissomeria depositado em diversos herbários ia sendo analisado, a
morfologia da corola mostrou ser o único caráter perceptível para a
circunscrição do gênero. Na tentativa de definir os limites genéricos, foram
examinados materiais herborizados de gêneros afins, incluindo Aphelandra.
Com relação aos táxons estudados, foram detectadas espécies com a corola
conspicuamente bilabiada, descritas em Geissomeria, como G.nitida Nees,
G.macrophylla Nees e G.cestrifolia Nees, que foram transferidas para
Aphelandra nitida Nees & Mart. (Profice 1997/1998). Enquanto, algumas
espécies subordinadas originalmente a Aphelandra como A.bahiensis (Nees)
Wassh., A.harleyi Wassh., A.maximiliana (Nees) Benth. e A.rigida Glaz. ex
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
9
Mildbr. apresentavam a mesma forma de corola curto-bilabiada do gênero
Geissomeria.
Nees von Esenbeck (1847b) na sua classificação infragenérica de
Aphelandra tomou como base a variação morfológica da corola para
estabelecer as seções – Stenochila, cujos lobos laterais medem 1/3 do
comprimento do lobo mediano e Platychila, cujos lobos laterais e o lobo
mediano são subiguais. Na última metade do século dezenove e durante todo o
século vinte foram descritas novas espécies, acrescentados dados
morfológicos e de distribuição ao gênero Aphelandra. Nesse contexto a
morfologia da corola foi considerada um caráter artificial para a divisão
infragenérica de Aphelandra (Rizzini 1948; Leonard 1953; Wasshausen 1975;
Daniel 1991). Contudo, McDade (1984) define os integrantes do complexo
A.pulcherrima, pela forma da corola com o lobo mediano desenvolvido e os
laterais reduzidos ou vestigiais. Além disso, observou que em Aphelandra há
diversos grupos monofiléticos e estes poderiam ser reconhecidos por diversos
caracteres derivados.
Considerando-se a diversidade morfológica da corola bilabiada do
gênero Aphelandra, a circunscrição de Geissomeria com base, apenas, na
forma da corola revelou-se inconsistente para manter este gênero segregado
de Aphelandra, um gênero neotropical com aproximadamente 200 espécies.
Além desse dado morfológico, análises moleculares sustentam a inclusão de
espécies de Geissomeria em uma nova linhagem de Aphelandra (McDade et
al. 2005).
O presente trabalho tem por objetivo investigar atributos que possam
contribuir para a delimitação do gênero Aphelandra, através do estudo
aprofundado da taxonomia das espécies com corola curto-bilabiada, que na
sua maioria foram descritas em Geissomeria de modo a reavaliar seu real
posicionamento no gênero Aphelandra.
Afinidades taxonômicas
Nees von Esenbeck (1847b) na obra De Candolle Prodromus ocupouse com a elaboração de um sistema de classificação para a família
Acanthaceae. Posicionou Aphelandra e Geissomeria na sufamília
Echmatacantheae, tribo Aphelandreae circunscrita pela corola com limbo subregular, fendido, bilabiada e 4 estames com anteras monotecas, ao lado dos
gêneros Crossandra, Stenandrium, Salpixantha, Polythrix, Lagochilium e
Strobilorhachis.
Baillon (1891) na obra Histoires des Plantes, no volume dedicado à
família Acanthaceae, foi o primeiro a questionar a identidade taxonômica do
gênero Geissomeria. Com base na corola curto-bilabiada do gênero, ele
estabeleceu uma nova seção, sem designar um nome, em Aphelandra. Apesar
de ter incluído Geissomeria na sinonímia de Aphelandra, não publicou novas
combinações para as espécies descritas em Geissomeria. Finalmente, colocou
Aphelandra na tribo Justicieae por apresentar entre outros caracteres corola
bilabiada e estames didínamos.
Profice & Andreata.
10
O tratamento taxonômico de Lindau (1895b) ainda é o mais abrangente
de todos os gêneros das Acanthaceae. Dividiu a família em quatro subfamílias:
Nelsonioideae, Thunbergioideae e Mendonciodeae caracterizadas pela
ausência de retináculo no fruto e Acanthoideae diagnosticada pelo fruto com
retináculo. Enquadrou na subfamília Acanthoideae, pelo tipo de prefloração na
super tribo Imbricatae e na tribo Aphelandreae os gêneros Aphelandra,
Geissomeria, Stenandrium, Holographis, Neriacanthus, Xantheranthemum e
Strobilacanthus.
Bremekamp (1965) apresentou uma classificação que difere do
tratamento taxonômico de Lindau (1895b) com a exclusão dos gêneros que
não apresentavam fruto com retináculo das Acanthaceae. Colocou
Nelsonioideae nas Scrophulariaceae e estabeleceu as famílias Mendonciaceae
e Thunbergiaceae. Dividiu Acanthaceae sensu stricto em duas subfamílias:
Acanthoideae por apresentar entre outros caracteres quatro anteras monotecas
e pólen colpado e Ruellioideae pela presença de cistólitos e de caule
articulado.
Os notáveis tratamentos taxonômicos da família Acanthaceae
propostos por Lindau (1895b) e Bremekamp (1965) foram construídos com
base nas relações morfológicas, enquanto os sistemas contemporâneos
utilizam a análise cladística e os estudos moleculares para estabelecer as
relações filogenéticas dentro da família (Hédren et al. 1995; Scotland et al.
1995; McDade & Moody 1999; McDade et al. 2000). Contudo, o nível de
congruência obtido entre os resultados do sequenciamento de genes do
cloroplasto e os dados da morfologia apoiam alguns dos táxons supragenéricos
propostos para a família por Lindau (1895b) e Bremekamp (1965). As árvores
de consenso apresentadas por Hédren et al. (1995), Scotland et al. (1995),
McDade & Moody (1999) e McDade et al. (2000) revelaram entre outros
resultados que Nelsonioideae, Thunbergioideae e Mendonciodeae formam um
grupo-irmão das Acanthoideae, confirmando Acanthaceae sensu Lindau
(1895b). Os estudos de Scotland et al. (1995) e McDade et al. (2000) indicam
que Acanthaceae sensu stricto (Bremekamp 1965) forma um grupo
monofilético e que, dentro deste grupo, podem ser distintos dois cladosirmãos. O primeiro é composto por gêneros, incluindo Aphelandra, que
compartilham os seguintes caracteres: ausência de cistólitos, quatro estames
com anteras monotecas e grãos de pólen colpados que caracterizam a
subfamília Acanthoideae sensu Bremekamp (1965). Enquanto, o outro grupo é
composto por gêneros providos de cistólitos e dois ou quatro estames com
anteras bitecas.
Scotland & Vollensen (2000), com base em uma seleção dos
caracteres homólogos estabeleceram uma nova classificação para a família
Acanthaceae. Incluíram os gêneros Geissomeria e Aphelandra na subfamília
Acanthoideae (cápsulas com retináculo) e na tribo Acantheae (ausência de
cistólitos, quatro estames com anteras monotecas e grãos de pólen colpados).
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
11
Material e métodos
O material botânico estudado foi solicitado por empréstimo e foram
consultadas as coleções dos seguintes herbários, siglas de acordo com Thiers
(2010): ALCB, B, BM, BHCB, BR, C, CEPEC, CESJ, CVRD, F, FUEL, GUA,
GZU, G, HAL, HB, HUEFS, IBGE, INPA, MG, K, LPB, M, MBM, NY, P, R, RB,
RUSU, S, SP, SPF, UB, UNESP, UPCB, US, UWI, VIC e W. No item material
selecionado foi citada somente uma coleção por município.
Para as lectotipificações dos táxons de Nees von Esenbeck deu-se
preferência aos materiais anotados pelo autor, cujos herbários são citados por
ele, mesmo que estes herbários tenham sido indicados em uma obra diferente
da obra princeps.
Para que fosse adquirido um maior conhecimento do grupo, foram
realizadas excursões a diversas localidades, para coleta de material botânico e
observações de populações em campo, a partir das referências encontradas
nas etiquetas do material de herbário. O período de floração e frutificação
segue os dados obtidos nas etiquetas dos exemplares examinados. A definição
dos critérios e categorias de conservação das espécies segue a proposta da
União Mundial para a Natureza, IUCN (2001).
Na descrição da morfologia externa adotou-se a terminologia de Rizzini
(1977). Para a interpretação do padrão de venação foliar seguiu-se a proposta
de Hickey (1979) e a caracterização dos tricomas o trabalho de Ahmad (1978).
Na diafanização das folhas e brácteas utilizou-se o método empregado por
Profice (1988) e na classificação tipológica da inflorescência o trabalho de
Weberling (1992)
Para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), os grãos
de pólen, não acetolisados, foram espalhados diretamente sobre suportes
metálicos previamente recobertos por fita de carbono e, em seguida, o material
recebeu uma fina camada de ouro paládio por cerca de três minutos. As
fotomicrografias foram realizadas através de equipamento Hund H-500 com
objetiva de 100 X do laboratório de Palinologia do Museu Nacional/UFRJ e as
eletromicrografias foram feitas em aparelho JSM-530 do laboratório do Instituto
de Biofísica, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Por questões práticas, as espécies foram divididas pela forma da
corola em três grupos: bilabiada típica, com os lobos laterais do lábio inferior
reduzidos e curto-bilabiada.
Os dados sobre a distribuição geográfica das espécies foram extraídos
de tratamentos taxonômicos e de trabalhos que tratam de floras regionais
(Gibson 1974; Wasshausen 1975, 1996, 2007; Durkee 1978, 1986; McDade
1984; Daniel 1991; Llamozas 1993; Ezcurra 1999).
A classificação da vegetação regional segue o trabalho de Rizzini
(1979).
Os niveis de endemismos circunscritos aos domínios da Mata
Atlântica, com algumas modificações o conceito de Lima et al. (1997).
Na análise cladística foram usados como grupos externos quatro
espécies de Aphelandra (A.nuda Nees, A.nitida Nees & Mart., A.squarrosa
Nees e A.prismatica (Vell.) Hiern.) aparentemente relacionadas (seção
Platychyla; Nees von Esenbeck 1847b) ao grupo de espécies estudadas no
Profice & Andreata.
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tratamento taxonômico. Para o enraizamento das árvores e o estabelecimento
da polaridade dos caracteres foi escolhido o gênero monotípico Salpixantha
Hook. Na proposta recente de Scotland & Vollensen (2000) para classificação
da família Acanthaceae, os gêneros Aphelandra e Salpixantha integram a tribo
Acantheae. Este fato motivou a escolha de Salpixantha, apesar desse gênero
não ter sido testado por estudos taxonômicos tradicionais, nem em estudos
filogenéticos com base moleculares. Outros gêneros têm sido utilizados:
Acanthus, Crossandra e Stenandrium como grupo-irmão de Aphelandra.
Os dados referentes às espécies de Aphelandra e ao gênero
Salpixantha incluídos na análise cladística foram retirados principalmente da
literatura: A.squarrosa (Profice 1996); A.primatica (Profice 1997); A.nitida e
A.nuda (Profice 1997/1998); Salpixantha (Profice 2002/2003). O materialtestemunho e os respectivos herbários estão listados a seguir: S.coccinea Jamaica: J.Pouter et al. 21006 (UWI); G.Goodfriend s.n. (UWI); A.nitida –
Brasil: S.R.Profice 103 (RB); A.M. de Carvalho & A.Chautems 1638(RB);
A.nuda – Brasil: Falcão et al. 1205 (RB); A.prismatica – Brasil: L.C.Giordano et
al. 1816 (RB); M.C.Marques et al. 330(RB) e
A.squarrosa – Brasil: S.R.Profice 38(RB); D.Sucre & T.Sonderstron
9065(RB).
Para análise de parcimônia foram utilizados os programas Hennig 86,
versão 1.5 (Farris 1988) e PAUP, versão 4.0b 8a para Macintosh (Swofford
2001). Realizou-se uma pesagem, na tentativa de redução do número de
árvores resultantes, com base nos valores do índice de rescalonamento (riíndice de retenção v. ci-índice de consistência). Com a finalidade de testar a
consistência dos clados resultantes, utilizou-se uma análise de bootstrap
(Felsenstein 1985), que consiste na percentagem de cada clado apresentar-se
monofilético, nas diversas replicações realizadas por meio de amostras com
reposição. Foi efetuada uma análise a partir de 100 replicações. Os caracteres
e seus respectivos estados estão listados no item referente à análise cladística.
Resultados
Hábito e considerações sobre a forma de crescimento
Em Aphelandra, os táxons variam de ervas perenes, subarbustos,
arbustos pouco ou densamente ramificados, em geral, com ramos eretos ou
decumbentes a arvoretas. As espécies estudadas apresentam-se em geral
como subarbustos (Fig.1 A), o termo aqui utilizado para plantas lenhosas de
caule único e pouco espessado. Mais raramente são arbustos pouco
ramificados com ramos inteiramente eretos (Fig.1 B-C) ou flexuosos em
A.maximiliana (Nees) Benth., atingindo 3 m de altura.
Dentro do gênero, em espécies arbustivas pouco ramificadas, o caule
de lenho macio, invariavelmente, sofre a injúria (quebra) de um dos ramos
laterais. Em consequência, a planta entre 1 a 2,50 m de altura apresenta o
caule único destituído de ramificações, a exemplo de espécies do complexo
A.pulcherrima (sensu McDade 1984). O crescimento vegetativo dá-se
unicamente através das gemas pseudoterminais, localizadas nas axilas das
folhas do entrenó imediatamente abaixo da gema apical.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
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O caule é cilíndrico, glabrescente, em geral, na região apical dos ramos
é revestido por indumento estrigoso-pubescente.
Folhas
A filotaxia de Aphelandra é, em geral, oposta cruzada com a lâmina
inteira, a exemplo das espécies aqui estudadas. No Brasil as folhas são
sempre opostas, de margem inteira a levemente crenada, de consistência
cartácea a membranácea. A forma e o tamanho da lâmina foliar apresentam,
em geral, variação intraespecífica e têm pouca utilidade para a taxonomia do
grupo.
Nas espécies estudadas, as folhas são pecioladas ou subsésseis,
sendo, em algumas difícil definir o limite exato entre a lâmina e o pecíolo. O
pecíolo é levemente canaliculado e apresenta-se, em geral, glabrescente. As
folhas são lanceoladas, largo-lanceoladas, oblanceoladas, obovadas, raro
assimétricas e espatuladas (Figs. 2-3). O ápice pode ser acuminado, agudo, às
vezes, levemente falcado, raro obtuso ou retuso e a base decorrente ou longo
decorrente, raramente inequilátera. Entretanto, no gênero Ahelandra um
pequeno grupo exclusivamente de espécies de altitudes apresenta folhas com
a lâmina lobada ou fendida. Em Aphelandra, a variação na lâmina das folhas
depende tanto da variabilidade genética intraespecífica como de fatores
ambientais. Segundo Hickey & Wolfe (1975) a maior parte entre 75 a 90% das
folhas das florestas tropicais apresenta a lâmina inteira. Contudo, esta
percentagem decresce e as folhas tendem a ser recortadas em áreas elevadas
das florestas tropicais e subtropicais. Além desse caráter vegetativo exclusivo,
espécies assemelhadas com o grupo de lâmina partida apresentam estípulas
(=brácteas sensu Wasshausen 1975) interpeciolares.
De acordo com Dengler (1999), a anisofilia é frequente em diferentes
gêneros da família Acanthaceae. Nas espécies de Aphelandra, a anisofilia é
pouco evidente e as folhas, a exemplo das espécies aqui analisadas, são
quase isofilas podendo ocorrer pares de folhas com uma pequena variação no
comprimento. No entanto, em duas espécies brasileiras foi possível observar a
presença em diferentes nós de pares de folhas distintas na forma e
comprimento como em A.nitida Nees & Mart. e A.nuda Nees (Profice
1997/1998). Nas Acanthaceae, especula-se que a anisofilia, presente em
gêneros não relacionados taxonomicamente, tenha surgido várias vezes e de
forma independente durante a evolução da família.
Quanto à vascularização, as espécies analisadas apresentam o mesmo
padrão de nervação camptódromo-broquidódromo observado nas espécies de
Aphelandra do estado do Rio de Janeiro (Profice 1990/92). Na maioria das
espécies aqui estudadas, as folhas mostram uma gradação no comprimento
em direção da porção distal dos ramos. Em A.schottiana, há uma gradação
mais acentuada no comprimento à medida que as folhas se aproximam das
porções distais dos ramos da inflorescência. Essas folhas têm padrão de
nervação distinto das demais, enquanto no terço inferior da lâmina o padrão é
semelhante ao acródromo (ao lado da nervura principal correm paralelas duas
nervuras secundárias), na parte superior o padrão é broquidódromo (Fig.3 D).
Profice & Andreata.
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Em diferentes gêneros da família Acanthaceae são encontradas folhas com
padrões de nervação diferenciados. De acordo com Daniel (1986) e Kameyama
(1997) essas seriam formas intermediárias entre as demais folhas e as
brácteas.
Nas espécies analisadas os estômatos diacíticos estão restritos à
epiderme abaxial. Em A.maximiliana e A.harleyi foram registrados estômatos
anômalos com única célula-guarda ou com células-guardas incompletamente
diferenciadas.
Foram observados tricomas simples unicelulares, compostos por uma
célula basal e uma célula terminal de parede espessada ou bicelular,
unisseriado e tricomas glandulares subsésseis, com cabeça globular
constituída de 2 a 5 células (Tabela 1).
De acordo com Ahmad (1978) os tipos de tricomas simples e
glandulares aqui descritos podem ser encontrados nas epidermes foliares de
outros gêneros da família Acanthaceae.
Tabela 1 - Morfologia dos tricomas nas epidermes foliares de espécies de
Aphelandra de corola curto-bilabiada
Epiderme adaxial
Espécies
Epiderme abaxial
Simples
Glandular
Simples
Glandular
A.bahiensis
-------
--------
unicelular
4-5 céls.
A.gigantea
unicelular
--------
cél.basal, unicelular
2-4 céls.
A.grazielae
unicelular
2 céls.
unicelular
2-4 céls.
-------
-------
unicelular
2 céls.
cél.basal,
unicelular e
bicelular.
4 céls.
cél.basal,
unicelular
4 céls.
A.harleyi
A.hymenobracteata
A.longiflora
cél.basal,
unicelular
4 céls.
cél.basal,
unicelular
2-4 céls.
A.maximiliana
unicelular
2 céls.
unicelular
2-4 céls.
-------
5 céls.
--------
4-5 céls.
A.schottiana
unicelular
2-4 céls.
A.wasshausenii
unicelular
4 céls.
A.rigida*
unicelular
e bicelular.
cél.basal,
unicelular
2 céls.
4 céls.
*Segundo Profice (1990/92).
Inflorescência
Em Aphelandra, o crescimento vegetativo ocorre pelo desenvolvimento
simpodial de ramos ortotrópicos equivalentes, em que cada um deles finaliza
pela estrutura de floração, as inflorescências terminais. Este padrão de
desenvolvimento enquadra-se no modelo simpodial dicasial descrito por Troll
(apud McDade 1984).
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
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A utilização de uma terminologia adequada que defina a complexa
variação da inflorescência foi estabelecida por Troll (1964,1969) e seguidores
como Sell (1969b), Briggs & Johnson (1979) e Weberling (1992). Dentre os
autores, apenas o trabalho de Sell (1969b) registra em um estudo morfológico,
essencialmente descritivo, as inflorescências de diversos gêneros da família
Acanthaceae.
De acordo com Weberling (1992), pode-se dizer que no gênero
Aphelandra, as inflorescências apresentam o padrão monotélico de
desenvolvimento, um sistema definido terminado por um agrupamento de
flores. Dentro do gênero, as inflorescências estão constituídas pelo arranjo de
uma unidade básica, a espiga, que corresponde à inflorescência fundamental
de cada espécie.
Segundo os estudos de Barroso et al. (1997), as chamadas
inflorescências simples nada mais são do que formas reduzidas das chamadas
sinflorescências complexas. Em Aphelandra a espiga representa o extremo de
redução do processo evolutivo de uma sinflorescência complexa. Neste grupo
bem como na maioria das espécies de Aphelandra, a espiga está constituída
por flores decussadas, opostas a subopostas, em que cada flor é sustentada
por uma bráctea e duas bractéolas laterais (profilos). Em Aphelandra, as
espigas são geralmente multifloras raro paucifloras, densas e menos frequente
laxas. Nas espécies estudadas, as espigas são densas e multifloras. Em
A.harleyi relativamente longas com cerca de 76 flores ou curtas com nove a
cerca de 26 flores como em A.longiflora (Fig.4 C). Em A.schottiana as espigas
são paucifloras (2 a 5 raro 14 flores) e estão dispostas de forma mais
compacta, em razão da diminuição do comprimento entre os entrenós da raque
(Fig.4 E).
No gênero Aphelandra, como nas espécies estudadas, são registrados
os seguintes tipos de inflorescências: bótrio, dibótrio heterotético e o
pleiobótrio, segundo a classificação de Weberling (1992).
No grupo em estudo, a zona de enriquecimento é caracterizada por
uma marcante acrotomia no desenvolvimento dos paracládios. Quando é
produzida apenas a florescência principal (espiga terminal) forma-se o bótrio
(Fig. 4 A) observado em A.bahiensis. No caso em que a sinflorescência está
constituída pela florescência principal (espiga terminal) e um par de paracládios
(espigas laterais) forma-se a dupla espiga ou dibótrio heterotético (Fig.4 B) e,
eventualmente, na região proximal, pode ocorrer um par de paracládios longos
de segunda ordem. Como detalhado por Sell (1969b, 1976), na região distal da
planta ocorre um processo de homogeneização (purificação) das gemas de
reforço, no qual os ramos laterais perdem a característica vegetativa
produzindo uma estrutura puramente floral. Esta condição ocorre na maioria
das espécies arbustivas pouco ramificadas, como em A.longiflora. Além disso,
é comum o desenvolvimento de gemas acessórias.
Em A.schottiana, a florescência principal é um dibótrio heterotético
constituído de espigas paucifloras. A repetição morfogenética desta estrutura
sobre a planta produz paracládios de múltiplas ordens constituindo o pleiobótrio
(Fig.4 D). Nesta espécie, o grau de ramificação aumenta em direção à base e
Profice & Andreata.
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há uma tendência para a formação de número maior de paracládios com grau
elevado de ramificação, dando à mesma um aspecto paniculiforme.
Brácteas
Em Aphelandra, a morfologia da bráctea floral tem grande importância
taxonômica. Tradicionalmente este caráter tem sido utilizado para separar
grupos e distinguir espécies (Wasshausen 1975; McDade 1984). O
comprimento foi utilizado para agrupar espécies dentro do gênero Geissomeria
(sensu Nees von Esenbeck 1847a). Enquanto, em uma seção Brachystegiae, a
bráctea e o cálice apresentavam quase o mesmo comprimento, na outra seção
Platystegiae, a bráctea mostra o comprimento maior do que o cálice. O
comprimento da bráctea apresenta às vezes variação intraespecífica. Em
Aphelandra, a bráctea é séssil, em geral, imbricada e de cor distinta da corola.
A coloração representa um elemento de atração visual da polinização por beijaflores. A morfologia é bastante variável, sendo esta geralmente interespecifica.
A margem é inteira, denticulada, serrado-mucronada ou serrilhado-mucronada.
A consistência varia de cartácea ou membranácea e pode ser facilmente
reconhecida em material herborizado. Nas espécies estudadas são
lanceoladas, oblongo-ovadas, oblongo-lanceoladas, deltoides, ovadas,
lanceolado-ovadas, romboidais e obovado-oblongas.
A variação da forma do ápice e da margem tem importância
taxonômica. O ápice é agudo em A.gigantea, A.longiflora, A.schottiana;
levemente falcado em A.longiflora; acuminado em A.wasshausenii; apiculado
em A.hymenobracteata e aculeado em A.bahiensis, A.grazielae e A.harleyi,
A.maximiliana e A.rigida. A margem é inteira em A.hymenobracteata,
A.schottiana e A.wasshausenii; serrado-mucronada em A.maximiliana e
A.rigida; serrilhado-mucronada em A.bahiensis, A.gigantea e A.grazielae; em
A.harleyi e A.longiflora a margem pode ser inteira ou incospicuamente
denticulada.
Quanto à nervação, as espécies, aqui estudadas, apresentam o
mesmo padrão descrito para as Aphelandra do estado do Rio de Janeiro
(Profice1990/92). As nervuras de calibres distintos partem da base e correm
paralelas em direção ao ápice (Fig.5 A-E). Na imediação da margem as
nervuras podem-se anastomosar formando arcos pouco conspícuos em
A.wasshausenii (Fig.6 E) e A.hymenobracteata (Fig.7 D) ou emitir ramificações
ascendentes como em A.bahiensis, A.gigantea, A.grazielae, A.harleyi,
A.longiflora, A.maximilina, A.rigida e A.schottiana. A nervura mediana e/ou as
nervuras que se dirigem na direção da margem podem-se prolongar formando
acúleos em A.gigantea, A.grazielae, A.bahiensis (Fig. 6 A-C), A.maximilina e
A.rigida (Fig. 7 A,C). Nas duas últimas espécies, a nervação é reticulada, das
nervuras paralelas partem uma série de ramificações laterais que se
anastomosam com as nervuras adjacentes formando retículo.
A epiderme abaxial, em vista frontal, está constituída por células de
paredes anticlinais retas a levemente curvas em A.harleyi, A.maximilina,
A.gigantea,
A.grazielae,
A.bahiensis,
A.rigida
e
sinuosas
em
A.hymenobracteata, A.longiflora, A.wasshausenii e A.schottiana.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
17
Nas espécies estudadas, foram observados estômatos diacíticos e no
mesofilo numerosos cristais aciculares e esclerócitos de formas alongadas
(Fig.8 F-G), apenas em A.gigantea, acompanhando o sistema vascular das
nervuras.
As espécies analisadas apresentam tricomas simples e/ou glandulares
distribuídos na face abaxial das brácteas (Tabela 2). Foram observados
tricomas simples de três tipos: unicelular, composto por uma célula basal e
uma terminal de parede espessada, bicelular e pluricelular unisseriado, com 3 a
8 células (Fig.9 A-E). Tricomas glandulares de dois tipos: subséssil, com
cabeça globular formada por 2 raro 4 células e pedicelados (Fig.8 A-G). Neste
último tipo o pedicelo é unisseriado, com 2 a 5 células, às vezes, as células
apresentam as paredes laterais algo constritas, com cabeça suborbicular
constituída por 2 a 3 células ou pluricelular como em A.hymenobracteata (Fig.8
A).
As espécies aqui estudadas não possuem nectário na superfície
abaxial da bráctea. No entanto, a presença desta estrutura na bráctea distingue
as espécies do complexo A.pulcherrima incluindo A.macrostachya Nees (sensu
McDade 1984) e as espécies brasileiras A.hylaea Leonard e A.phrynioides
Lindau das demais espécies do gênero (Fig.5 B).
McDade & Turner (1997) estudaram a anatomia e ontogenia dos
nectários (=ocelos sensu Wasshausen 1975) das brácteas de uma linhagem
monofilética de Aphelandra. Dentro desta linhagem, os nectários estão
constituídos por dois tipos de glândulas: pequenas compostas por > 50
glândulas, com tamanho variando de 68 a 148 µm e, grandes, formados por
<10 glândulas, com 205 a 783 µm de tamanho. Neste artigo discutiram a
hipótese, aceita por diversos autores, de que as glândulas secretoras de néctar
teriam evoluído de uma estrutura secretora simples. Para estes autores as
glândulas secretoras de néctar seriam homólogas em estrutura e função aos
tricomas glandulares pedicelados e subsésseis. Um grande reforço para os
adeptos dessa teoria seria a presença constante de tricomas glandulares na
superfície abaxial das brácteas de Aphelandra. Nos táxons analisados bem
como nas espécies estudadas por Profice (1990/92), as brácteas apresentam
tricomas glandulares (pedicelados e subsésseis), com exceção de A.nitida
Nees & Mart. que não os apresenta.
Nas Angiospermas, algumas famílias como as Bignoniaceae e
Verbenaceae, possuem nectários extraflorais constituídos de glândulas
secretoras similares às de algumas espécies de Aphelandra. O mesmo ocorre
dentro de Acanthaceae com espécies de Barleria, Ruellia, Brachystephanus e
Thunbergia, gêneros não relacionados taxonomicamente, também, apresentam
nectários constituídos pelos dois tipos de glândulas secretoras observadas em
espécies de Aphelandra. De acordo com McDade & Turner (1997) a ocorrência
de glândulas secretoras de néctar com estrutura e função semelhantes em
famílias distintas, representa um caso extraordinário de evolução convergente
dentro de diversas linhagens das Angiospermas. No entanto, nas Acanthaceae,
os autores aventaram a hipótese de que as glândulas secretoras de néctar
Profice & Andreata.
18
teriam surgido várias vezes e de forma independente durante a evolução da
família.
A bráctea, sempre presente no material herborizado, pode ser
considerada a estrutura que mais contribui com caracteres para a diagnose das
espécies.
Tabela 2: Morfologia dos tricomas simples e glandulares de espécies de
Aphelandra de corola curto-bilabiada; células (céls.)
Espécies
A.bahiensis
A.gigantea
Tricomas Simples
Tricomas Glandulares
unicelular; bi e pluricelular 3-5
céls.
unicelular; bi e pluricelular 3-6
céls.
subséssil 2 céls.; pedicelo 2-3
céls., cabeça 2 céls.
subséssil 2-4 céls.
A.grazielae
unicelular
raro subséssil 2 céls.; pedicelo 4-5
céls., cabeça 2-3 céls.
A.harleyi
unicelular
subséssil 2 céls.
A.hymenobracteata
A.longiflora
A.maximiliana
A.rigida
A.schottiana
A.wasshausenii
unicelular; bi e pluricelular 3
céls.
pedicelo 4-6 céls., cabeça
pluricelular
subséssil 2-4 céls.; raro pedicelo 39 céls., cabeça 2 céls.
subséssil 2 céls.; pedicelo 2-4 céls.,
cabeça 2 céls.
unicelular; bicelular
pedicelo 1-4 céls., cabeça 2 céls.
unicelular; pluricelular 3-6 céls.
pedicelo 5 céls., cabeça 2 céls.;
subséssil 2-3 céls.
unicelular
subséssil 2-4 céls.
unicelular; raro bicelular.
unicelular; pluricelular 4-8 céls.
Bractéolas
Em Aphelandra, cada flor apresenta um par de bractéolas laterais
isomórficas, sendo que em algumas espécies essa estrutura pode ser
rudimentar (Leonard 1953; Wasshausen 1975).
Nas espécies estudadas, as bractéolas são desenvolvidas. A forma
mostra pequena variação de lanceolado-ovada, subulada e linear
emeA.hymenobracteata. O ápice pode ser agudo em A.gigantea, A.longiflora e
A.schottiana; acuminado em A.hymenobracteata e A.wasshausenii; caudado
em A.rigida e aculeado em A.bahiensis, A.grazielae, A.harleyi e A.maximiliana.
A consistência na maioria das espécies é paleácea, exceto em
A.hymenobracteata, que é membranácea. Em geral, o indumento externo das
bractéolas apresenta-se pubérulo, constituído por tricomas simples ou/e
glandulares.
Cálice
O cálice é bem desenvolvido, exceto em algumas espécies andinas
que apresentam cálice rudimentar (Leonard 1953; Wasshausen 1975).
O grau de concrescimento dos lacínios do cálice é variável. Na maioria
das espécies o cálice está dividido desde a região basal, exceto em A.nitida
Nees & Mart. e A.nuda Nees até um pouco abaixo da região mediana do tubo,
em cinco lacínios (Fig.5 F). Os lacínios são iguais entre si ou geralmente o
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
19
segmento posterior é menor e mais largo do que os laterais e os anteriores
(Fig.5 G). O cálice pode ser colorido, totalmente ou parcialmente envolvido pela
bráctea e persistente no fruto.
Nas espécies aqui estudadas, os lacínios do cálice são lanceolados,
como em A.grazielae, A.bahiensis, A.gigantea, A.maximiliana, A.wasshausenii
e A.rigida ou mostram pequena variação, o lacínio posterior é lanceoladoovado e os demais lanceolados, em A.harleyi, A.longiflora, A.hymenobracteata
e A.schottiana. O ápice varia de agudo, acuminado, apiculado a aculeado.
Neste grupo de espécies, a consistência paleácea manteve-se constante,
exceto em A.hymenobracteata que é membranácea. Os lacínios apresentam
em pelo menos 2/3 do comprimento, indumento pubérulo constituído por
tricomas simples e/ou glandulares. Algumas vezes, mostram uma pilosidade
inconspícua (glabriúscula - visível apenas com auxílio de material óptico) ou
são glabros como em A.wasshausenii.
Corola
A corola é zigomorfa, bilabiada, o tubo cilíndrico, curvo, o lábio superior
é bilobado ou inteiro e o lábio inferior trilobado. A prefloração é do tipo coclear
ascendente com um lobo interno totalmente encoberto pelos lobos adjacentes
(Scotland et al. 1994). Quando seca, a consistência pode ser cartácea ou
membranácea.
A corola é o principal elemento de atração dos polinizadores. A
variação no comprimento e no grau de curvatura do tubo da corola está
correlacionada com a polinização por duas subfamílias (Trochilinae e
Phaetorminae) de beija-flores (McDade 1992).
Dentro do gênero Aphelandra, Nees von Esenbeck (1847b) utilizou a
relação do tamanho dos lobos do lábio inferior da corola para estabelecer as
seções: Stenochila cujos lobos laterais medem 1/3 do comprimento do lobo
mediano; e Platychila cujos lobos laterais e o lobo mediano são subiguais. Do
ponto de vista taxonômico a utilização deste caráter tem sido contestada pela
maioria dos estudiosos do gênero. Contudo, com base na variação da forma e
tamanho dos lobos dos lábios, três tipos de corola podem ser distintos.
O primeiro tipo engloba a maioria das espécies do gênero (seção
Platychila, Nees von Esenbeck 1847b). A corola apresenta o lábio inferior
conspicuamente trilobado e os lobos laterais e o mediano são bem
desenvolvidos (Fig. 10 A).
O segundo, conforme observado no complexo A. pulcherrima (sensu
McDade 1984) e na espécie A.macrostachya Nees registrada para o Brasil
(seção Stenochila, Nees von Esenbeck 1847b). No lábio inferior da corola o
lobo mediano apresenta-se desenvolvido e os laterais profundamente
reduzidos ou vestigiais (Fig.10 B-C).
O terceiro tipo é compartilhado apenas pelo grupo de espécies aqui
estudadas. A corola apresenta redução no tamanho dos lobos dos lábios
superior e inferior. No lábio inferior da corola o lobo mediano é, em geral, um
pouco mais desenvolvido do que os demais lobos (Fig.10 D).
Profice & Andreata.
20
Esta forma de corola foi apontada como uma das principais diferenças
entre Geissomeria e Aphelandra (Nees von Esenbeck 1847a, 1847b; Lindau
1895b). Entretanto, a morfologia da corola, talvez, tenha sido o caráter mais
controverso e gerado por parte dos estudiosos maior número de interpretações.
Lindley (1827) descreveu a corola como sendo bilabiada, com o limbo quatropartido. Enquanto, Endlicher (1839) considerou a corola infundibuliforme, com o
limbo cinco-partido e os lobos subiguais. Vários outros autores (Nees von
Esenbeck 1847a, 1847b; Bentham 1876; Lindau 1895b), embora não tenham
compreendido totalmente a morfologia floral, descreveram a corola subbilabiada com o limbo cinco-partido.
Na verdade, a corola apresenta tubo cilíndrico e para formar os lábios é
mantida a proporção de 2:3 dos lobos. O lábio superior é bilobado, ereto e o
inferior trilobado, levemente reflexo, sendo o lobo mediano, em geral, um pouco
mais desenvolvido do que os demais lobos. A consistência é cartácea e a cor
pode ser vermelha como em A.harleyi, A.longiflora, A.rigida, A.schottiana e
A.wasshausenii; rósea em A.grazielae e A.maximiliana; coccinea (vermelhoalaranjada) em A.gigantea e A.hymenobracteata e amarela em A.bahiensis. A
corola é curta, medindo de 2 a 4,5 cm de comprimento e levemente curva.
Segundo McDade (1992) em estudo sobre espécies do complexo
A.pulcherrima na América Central, as corolas curtas (3,5-4,5 cm) são
polinizadas por beija-flores da subfamília Trochilinae de bico curto e reto,
enquanto as corolas mais longas (5,5-7 cm) e recurvadas são polinizadas por
beija-flores da subfamília Phaetorminae de bico longo e recurvado. Pereira
(1988) e Braz (1999) estudando a biologia da polinização de algumas
Acanthaceae da região sudeste do Brasil, observaram que as flores de duas
espécies,
A.longiflora
(=Geissomeria
perbracteosa) e A.schottiana
(=Geissomeria schottiana), de corola curto-bilabiada são polinizadas por beijaflores de bico reto Amazilia spp., Thalurania glaucopsis (subfamília Trochilinae)
e recurvado Phaethornis spp. (subfamília Phaetorninae). Entre outros fatores é
provável que a variação no padrão de polinização das corolas curtas (2-4,5
cm), aqui analisadas, esteja associada à maior diversidade de espécies do
gênero Phaethornis nesta região. De acordo com Sick (1986), no Brasil ocorreu
uma evolução intensa deste gênero.
As espécies de Aphelandra apresentam externamente o tubo da corola
glabro ou pubescente. Nas espécies estudadas, a superfície externa da corola
é provida de tricomas simples com uma a duas células e/ou tricomas
glandulares com haste de quatro a seis células e cabeça pluricelular, chegando
a medir cerca de 1 mm de comprimento. O lobo mediano da corola, em geral,
apresenta maior concentração de tricomas glandulares. Internamente o tubo
corolino é revestido por manchas de tricomas simples unicelulares, um pouco
abaixo do lobo mediano e na região de inserção dos estames (Fig.16 G).
Androceu
O androceu de Aphelandra está formado por quatro estames férteis,
inseridos na região do terço médio do tubo da corola, parcial ou totalmente
exsertos, raramente excedendo o comprimento do lábio superior da corola. Os
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
21
filetes são planos, geralmente na parte superior pubescentes. As anteras são
monotecas, basifixas, com o ápice apiculado, em algumas espécies coloridas,
coniventes, na região dorsal revestida por indumento viloso constituído por
inúmeros tricomas simples com uma a duas células, alongadas e flexuosas. O
estaminódio mostra-se em geral presente e na maioria das espécies estudadas
apresenta-se filiforme ou como uma pequena calosidade, localizado entre o par
de estames inferiores.
Dentro das Acanthaceae, muitos gêneros apresentam anteras
monotecas. Contudo, a presença de 4 estames com anteras monotecas,
caráter considerado homólogo para a família, está restrita aos gêneros
pertencentes á tribo Acantheae sensu Scotland & Vollensen (2000).
Grãos de pólen
Os grãos de pólen das espécies aqui analisadas são isopolares,
perprolatos, 3-colpados (Fig.11:8, 9, 26, 27), colpos longos chegam a atingir os
polos, estreitos com a membrana e a margem ornamentada (Fig.11:11, 21, 28).
De modo geral, as diferenças interespecíficas se restringem a variações da
exina. A exina é rugulada, geralmente, no mesocolpo as rúgulas são
conspícuas como em A.longiflora e A.schottiana (Fig11:14,24). Em
A.wasshausenii as rúgulas são inconspícuas nos pólos (Fig.11:28).
Gineceu
Na família Acanthaceae a estrutura do gineceu apresenta poucas
variações. Em Aphelandra está constituído de ovário súpero, bilocular com 2
óvulos por lóculo, glabro e com disco inconspícuo na base. Estilete terminal,
cilíndrico, em geral, prolongando-se um pouco acima dos estames. Na maioria
das espécies estudadas, o ápice é truncado (Fig.14 H), exceto em Aphelandra
schottiana que apresenta ramos desiguais entre si (Fig.20 G). As papilas
estigmáticas estão dispostas no bordo do estilete. Nas espécies estudadas, a
região distal do estilete é provida de uma faixa de tricomas simples.
Fruto
A cápsula loculicida com retináculo (modificação do funículo) de
Aphelandra é igual à cápsula dos demais gêneros da família Acanthaceae
sensu Bremekamp (1965). Estudos filogenéticos com base na sequência de
genes do cloroplasto confirmam que a família Acanthaceae sensu stricto,
definida por este único caráter derivado (sinapomorfia), forma um grupo
monofilético (Scotland et al. 1995; Hedrén et al. 1995; McDade et al. 2000).
Nas espécies estudadas a cápsula tem a forma obovado-estipitada (Fig.10 E)
ou elipsoide (Fig.10 F) com quatro sementes dispostas sobre retináculo
(=ejaculador ou colchete sensu Sell 1969a) sublenhoso. Em geral, a cor da
cápsula é verde e quando madura, marrom.
Semente
Nas espécies aqui estudadas, as quatro sementes são subglobosas,
marrons e com a superfície da testa tuberculada (Fig.10 G). O embrião é reto
com cotilédones subglobosos (Fig.10 H).
Profice & Andreata.
22
Em Aphelandra, as sementes são dispersas pela deiscência explosiva
da cápsula. No fruto, as paredes das valvas estão constituídas por camadas de
células de paredes lignificadas. Na maturação do fruto e com o ressecamento
da cápsula, ocorre o desequilíbrio entre as camadas de células, as fibras da
camada externa reduzem seu comprimento, enquanto as fibras da camada
interna diminuem seu diâmetro. No ápice da cápsula, a estrutura sólida do
rostro retarda a separação das valvas. Estabelecendo no fruto um estado de
tensão, o tecido dinâmico tende a se contrair, mas é impedido pelo tecido de
resistência do rostro. Essa tensão entre os tecidos vai resultar no
armazenamento de energia elástica dentro dos septos. Quando a tensão
dentro dos septos é maior do que a resistência oferecida pelo tecido do rostro,
dá-se a deiscência explosiva das valvas. O rompimento das valvas precipita a
transformação da energia elástica, armazenada dentro dos septos, em energia
cinética, permitindo a expulsão das sementes (Sell 1969a; Witztum &
Schulgasser 1995; Barroso et al. 1999). As sementes são dispersas
inicialmente pela aceleração, que se deve à energia cinética armazenada
dentro do septo, mas é crucial o contato da semente sobre o retináculo.
Segundo os dados obtidos por Schulgasser & Witztum (1996) para uma
espécie de Ruellia, este contato vai potencializar a aceleração da semente,
permitindo que a mesma seja lançada em um ângulo de cerca de 40°, numa
velocidade aproximada de 12m/s alcançando uma distância de 3m. Em
Aphelandra, o limite máximo observado na dispersão da semente é de mais de
10 m de distância da planta- mãe (McDade 1984).
Descrição do gênero
Aphelandra R.Br., Prodr. Fl. Nov. Holl. 1: 475,1810. Tipo: Aphelandra
cristata (Jacq.) R.Br. in Aiton (1812) (=Justicia cristata Jacq.)
Synandra Schrad., Maxim.Princ.Videns. It. 2: 342,1821. Tipo: Synandra
ignea Schrad.
Geissomeria Lindl. in Edwards, Bot. Reg. 13: t.1045,1827. Tipo:
Geissomeria longiflora Lindl.
Amathea Raf., Fl. Tellur. 4: 65,1838. Tipo: Amathea pulchra (Jacq.) Raf.
n.superfl.illeg. (=Justicia pulcherrima Jacq.).
Strobilorhachis Klotzsch in Otto & Dietrich, Allg.Gartenzeitung 7: 307,1839.
Tipo: Strobilorhachis glabra Klotzsch.
Hydromestus Scheidw. in Otto & Dietrich, Allg.Gartenzeitung 10: 28,1842.
Tipo: Hydromestus maculatus Scheidw.
Hemisandra Scheidw., Bull. Acad. Sci. Bruxelles 9: 22,1842. Tipo:
Hemisandra aurantiaca Scheidw.
Lagochilium Nees in Mart., Fl. bras. 9: 85,1847a. Tipo: Lagochilium
maximilianum Nees (lectotipificado por Leonard 1953).
Hemitone Nees in Mart., Fl. bras. 9: 88,1847a; Nees in DC., Prodr. 11:
295,1847b n.nud. Poecilocnemidis Nees in Mart., Fl. bras. 9: 88,1847a;
Nees in DC., Prodr. 11: 295,1847b n.nud.
Cuenotia Rizzini, Dusenia 7: 303. 1956. Tipo: Cuenotia speciosa Rizzini.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
23
Ervas, subarbustos, arbustos em geral pouco ramificados ou raramente
árvores de pequeno porte; ramo cilíndrico ou subquadrangular, às vezes, com
o ápice suculento. Folha pecíolada ou subséssil; geralmente sem estípula
interpeciolar; com limbo em geral inteiro; oposta, raro alterna, ternada ou
quaternada, isofilia raro as do mesmo par desiguais (anisofilia). Inflorescência
em bótrio, dibótrio ou pleiobótrio algumas vezes em paracládios acessórios;
florescência constituída de espigas, geralmente multifloras, densas ou laxas,
com flores decussadas, opostas a subopostas, em que cada flor é sustentada
por uma bráctea e duas bractéolas laterais (profilos). Bráctea séssil, em geral,
imbricada, colorida, a superfície abaxial com ou sem nectários, margem inteira,
denticulada, serrado-mucronada ou serrilhado-mucronada, cartácea ou
membranácea, nervação em geral com as nervuras de calibres distintos, raro 5
nervuras de grosso calibre, partem da base e correm paralelas na direção ao
ápice; na margem podem se anastomosar formando arcos pouco conspícuos
ou emitir ramificações ascendentes. Bractéolas duas, laterais, isomórficas,
paleáceas ou membranáceas, raro rudimentares. Cálice dividido desde a
região basal, raro um pouco abaixo da região mediana em cinco lacínios,
segmentos iguais entre si ou quase, o segmento posterior é mais largo do que
os laterais e os anteriores, total ou parcialmente envolvido pela bráctea,
persistente no fruto, raro rudimentar. Corola de cor vermelha, rósea, coccínea,
amarela, zigomorfa, bilabiada, tubo cilíndrico, curvo, glabro ou piloso, o lábio
superior bilobado ou inteiro, ereto, o lábio inferior trilobado, reflexo, o lábio
inferior com os lobos subiguais ou dimórficos (lobo mediano desenvolvido e os
laterais profundamente reduzidos ou vestigiais), cartácea ou membranácea;
prefloração coclear ascendente. Estames quatro, férteis, inseridos na região do
terço médio do tubo da corola, parcial ou totalmente exsertos, raro excedendo
o comprimento do lábio superior da corola, filetes planos; anteras monotecas,
basifixas, ápice apículado, coniventes, na região dorsal revestida por
indumento viloso constituído por inúmeros tricomas simples com uma a duas
células, alongadas e flexuosas; em geral com um estaminódio, filiforme ou em
forma de pequena calosidade, localizado entre o par de estames inferiores;
grãos de pólen 3-colpados. Ovário súpero, bilocular, 2 óvulos por lóculo, com
disco inconspícuo na base; estilete terminal, cilíndrico, prolongando-se um
pouco acima dos estames, ápice truncado ou com ramos desiguais entre si,
papilas estigmáticas dispostas no bordo. Cápsula sublenhosa, com quatro
sementes dispostas sobre retináculo; coloração geralmente imatura verde,
quando madura marrom. Sementes marrons, em geral, subglobosas e com a
superfície da testa tuberculada.
Dentro de Aphelandra com base na morfologia da corola, podem ser
distintos três grupos de espécies. O primeiro grupo corresponde à seção
Platychila sensu Nees von Esenbeck (1847b); as espécies possuem corola
conspícuamente bilabiada. Engloba a maioria dos táxons dispersos no
continente americano. O segundo grupo corresponde ao complexo Aphelandra
pulcherrima sensu McDade (1984), as espécies apresentam corola com os
lobos laterais do lábio inferior profundamente reduzidos ou vestigiais e
nectários nas brácteas. Incluí cerca de 40 táxons distribuídos desde o México
Profice & Andreata.
24
até América do Sul. O terceiro grupo, que será tratado no presente trabalho,
corresponde àquelas com corola curto-bilabiada que mostram redução no
tamanho dos lobos, lábios: superior e inferior. Engloba dez espécies de
Aphelandra exclusivas da América do Sul.
Chave para identificação das espécies de corola curto-bilabiada de
Aphelandra
1. Inflorescência do tipo pleiobótrio, constituída de espigas paucifloras .............
.................................................................................. 9. Aphelandra schottiana.
1’. Inflorescência do tipo bótrio e/ou dibótrio heterotético, constituída de espigas
multifloras
2. Brácteas de margem inteira raro inconspícuamente denticulada.
3. Bráctea membranácea; bractéola linear ...................................................
...............................................................5. Aphelandra hymenobracteata.
3’. Bráctea cartácea; bractéola lanceolado-ovada ou subulada
4. Bráctea com as nervuras anastomosadas formando arcos; cálice
vináceo, com os lacínios lanceolados, glabros .....................................
............................................................... 10. Aphelandra wasshausenii.
4’. Brácteas com as nervuras emitindo ramificações ascendentes; cálice
verde, o
lacínio posterior lanceolado-ovado, os laterais e os
anteriores lanceolados, pubérulos.
5. Bráctea deltoide, ápice aculeado ................. 4. Aphelandra harleyi.
5’. Bráctea lanceolada, ovada, lanceolado-ovada, ápice agudo ou
leve falcado .............................................. 6. Aphelandra longiflora.
2’. Brácteas de margem serrado-mucronada ou serrilhado-mucronada.
6. Nas brácteas das nervuras paralelas, parte uma série de ramificações
laterais que se anastomosam com as nervuras adjacentes, formando
retículos.
7. Caule glabro; lâmina lanceolada; bráctea obovado-oblonga; cálice
com os lacínios lanceolados ................................ 8. Aphelandra rigida.
7’. Caule glabrescente; lâmina largo-lanceolada, oblanceolada,
obovada; bráctea romboidal; cálice com o lacínio posterior
lanceolado-ovado, os laterais e os anteriores lanceolados .................
....................................................................7. Aphelandra maximiliana.
6’. Nas brácteas das nervuras paralelas partem ramificações ascendentes.
8. Corola amarela; espiga de 13 a 13,5 cm de comprimento; bráctea de
13 a 19 mm de comprimento ........................ 1. Aphelandra bahiensis.
8’. Corola rósea ou coccínea; espiga de 1,5 a 6 cm de comprimento;
bráctea de 5 a 8 mm de comprimento.
9. Bráctea lanceolada, com o ápice aculeado, face abaxial pilosa ......
.................................................................... 3. Aphelandra grazielae.
9’. Bráctea oblongo-lanceolada, com o ápice agudo, em ambas as
faces pilosas ............................................... 2. Aphelandra gigantea.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
25
Descrição e comentários das espécies
1- Aphelandra bahiensis (Nees) Wassh., Smithisonian Contr. Bot. 18: 63.
1975. Fig.12(A-I)
Lagchilium bahiense Nees in DC., Prodr.11: 291. 1847b. Tipo: Brasil. Bahia:
Blanchet n. 2106 (lectótipo aqui designado P!; Fotogafias: US, RB).
Lachochilium bahiense var. angustifolium Nees in DC., l.c. 291.1847b;
Wasshausen, l.c. 63. 1975. n. nud.
Aphelandra atorovirens N.E.Br., L’Illustr. Hort.21: 42. pl.164. 1884;
Wasshausen, l.c. 63. 1975. Tipo: L’Illustr. Hort. 21: pl. 164. 1884.
(lectótipo aqui designado).
Subarbustos 0,30-1 m alt.; caule cílindrico, glabrescente, na região
apical amarelo-pubescente. Folha com pecíolo leve canaliculado, 1-2 cm
compr.; lâmina lanceolada, oblanceolada, 11,5-19,5 cm compr., 2,5-4,5 cm
larg., ápice acuminado, base longo-decorrente, margem inteira ou subcrenada,
face adaxial glabra, face abaxial glabrescente com tricomas simples
unicelulares e tricomas glandulares com 4-5 células. Inflorescência bótrio;
espiga 13-13,5 cm compr. Bráctea amarela, imbricada, cartácea, oblongoovada, 13-19 mm compr., 5-6 mm larg., ápice aculeado, base obtusa, margem
serrilhado-mucronada, com 5-7 pares de acúleos; as nervuras de calibres
distintos partem da base e correm paralelas em direção ao ápice, na imediação
da margem emitem ramificações ascendentes; glanduloso-pilosa em ambas as
faces, tricomas simples unicelulares, bicelulares e pluricelulares com 3 a 5
células, tricomas glandulares subsésseis com 2 células e pedicelados com 2-3
células, cabeça com 2 células; bractéola subulada, 5-8 mm compr., 0,5-1,5 mm
larg., côncava, ápice aculeado, pubérula; cálice 7-10,5 mm compr., lacínios
pubérulos, paleáceos, lanceolados, 1-2 mm larg., ápice aculeado. Corola
amarela, 2 cm compr., base 2 mm larg., fauce 4 mm larg., lábio superior
bilobado 3 mm compr., 4 mm larg., lábio inferior com os lobos laterais ovados,
3 mm compr., 1,5 mm larg., obtusos, o mediano elíptico, 3,5 mm compr., 3 mm
larg., obtuso, côncavo. Antera 3 mm compr., ápice viloso; filete 1,7 cm compr.,
na região apical viloso; estaminódio 5,5 mm compr. Estilete 1,8 cm compr.,
ápice truncado. Fruto não visto.
Material selecionado: Bahia: Reserva Florestal de Porto Seguro,
estrada Aceiro do Posseiro, 58 Km, próximo á casa do guarda, 22/4/1991,
G.L.Farias 414 (CVRD,RB).
Nome popular: crista-de-galo.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: Embora
a espécie ocorra em área de conservação ambiental em um fragmento da mata
de tabuleiro, no sul do estado da Bahia, está representada por única localidade
(Porto Seguro) e pela coleção-tipo; com base nos critérios da IUCN (2001) é
considerada em perigo (EN). Floresce em abril.
Comentários: A.bahiensis é afim de A.harleyi, ocorrente na Bahia e no
Espírito Santo. A.bahiensis difere desta principalmente pela bráctea oblongoovada, ápice aculeado, margem serrilhado-mucronada e a corola de cor
amarela.
Profice & Andreata.
26
Nees von Esenbeck (1847a, 1847b) descreveu para o gênero
Lagochilium um grupo de espécies diagnosticadas pelos seguintes atributos
morfológicos: brácteas fortemente imbricadas, com a margem mucronadodenteada e corola sub-bilabiada. Dentro deste grupo de espécies estão
incluídas A.bahiensis, A.maximiliana e A.decorata como as únicas que
apresentam corola com os lobos dos lábios reduzidos. De acordo com Nees
von Esenbeck (1847a, 1847b), A.bahiensis tem grande afinidade morfológica
com A.decorata, diferindo desta espécie pela bráctea com a margem
mucronado-denteada, 5-7 pares de acúleos e a cor da corola amarela. Além
disso, A.decorata é uma espécie de ocorrência muito próxima, coletada entre
Campos e Vitória. Embora A.decorata esteja dentro dos padrões morfológicos
considerados no presente estudo, o material sobre o qual Nees von Esenbeck
(1847a) baseou a descrição (Sellow 114 e 234, Fotografia Field nº 8703),
depositado no herbário de Berlim, foi destruido e as duplicadas, até o
momento, não foram localizadas.
A delimitação específica utilizada no presente estudo segue
Wasshausen (1975) que considera Lachochilium bahiense var. angustifolium e
A.atrovirens sinônimos de A.bahiensis. Neste artigo, Wasshausen tipificou
como holótipo de A.atrovirens o material proveniente da Compagnie
Continentale d’ Horticulture Gand, depositado no herbário Kew Gardens
(Fotografia US, RB). Na foto deste material notam-se fragmentos da folha e da
inflorescência pouco desenvolvida, o que dificulta a identificação. Brown (1884)
descreveu A.atrovirens a partir de uma planta coletada na Bahia, introduzida na
Europa pela Compagnie Continentale d’ Horticulture Gand, Belgique. Segundo
Stafleu & Cowan (1976), o herbário de Nicholas Edward Brown é
desconhecido. Deste modo, na falta do material-tipo a estampa serve como tipo
da espécie, de acordo com o artigo 8.1 do Código de Nomenclatura Botânica
(McNeil et al. 2006).
A escolha do material de Blanchet, depositada no herbário de Paris
(Fotografia US, RB), local em que está a coleção tipo de Blanchet, como
lectótipo da espécie, deve-se aos caracteres diagnósticos do exemplar serem
perfeitamente compatíveis com o protólogo e ao bom estado de conservação
da exsicata.
2- Aphelandra gigantea (Rizzini) Profice, Bradea 10:18. 2004. Fig.13(A-F)
Geissomeria gigantea Rizzini, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 9: 205-206.
1949. Tipo: Brasil. Minas Gerais: Governador Valadares, 21-VIII-1942, J.
Evangelista de Oliveira 1105 (holótipo BHCB!; isótipos US!, RB!).
Geissomeria gigantea var. corymbosa Rizzini, Dusenia 3(3): 182. 1952.
Tipo: Brasil. Espírito Santo: Cachoeira do Itapemirim, Fazenda Alto
Santo Antonio da Pedra Branca, 25-5-1949, A. C. Brade nº 19893
(holótipo RB!).
Arbustos 1-2 m alt.; caule cilíndrico, glabriúsculo. Folha com pecíolo 11,5 cm compr.; lâmina oblanceolada, largo-lanceolada, 20-26,5 cm compr., 4,87,5 cm larg., ápice obtuso, acuminado, base longo-decorrente, margem inteira
ou subcrenada, em ambas as faces glabriúsculas, face adaxial com tricomas
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
27
simples unicelulares, na abaxial com tricomas simples formado por célula basal
e terminal e tricomas glandulares subsésseis com 2 a 4 células. Inflorescência
dibótrio heterotético; espiga 1,5-5 cm compr. Bráctea verde, imbricada,
cartácea, oblongo-lanceolada, 5-8 mm compr., 3-4 mm larg., ápice agudo, base
obtusa, margem serrilhado-mucronada, com 4-8(-11) pares de acúleos,
côncava; as nervuras de calibres distintos partem da base e correm paralelas
em direção ao ápice, na imediação da margem podem emitir ramificações
ascendentes; glanduloso-pilosa em ambas as faces, com tricomas simples
unicelulares, bicelulares, pluricelulares com 3-6 células e tricomas glandulares
subsésseis com 2-4 células; bractéola lanceolado-ovada, 5-7 mm compr., 1,5
mm larg., côncava, ápice agudo, paleácea, na região mediana com uma faixa
de tricomas simples, margem ciliada; cálice 6-7 mm compr., lacínios paleáceos,
pubérulos, lanceolados, 1-1,5 mm larg., ápice do lacínio posterior aculeado,
dos laterais e dos anteriores acuminados. Corola coccínea, 2,5-3 cm compr.,
base 2,5 mm larg., fauce 3 mm larg., lábio superior bilobado 2-2,5 mm compr.,
4 mm larg., lábio inferior com os lobos laterais ovados, 2-2,5 mm compr., 1-1,5
mm larg., obtusos, o mediano elíptico, 2,5-3 mm compr., 2-3 mm larg., obtuso,
côncavo. Antera 3 mm compr., ápice viloso; filete 1,8-2,3 cm compr., região
apical viloso; estaminódio 5 mm comp. Estilete 2 cm compr., ápice truncado.
Fruto elipsoide, 8 mm compr.
Material selecionado: Minas Gerais: Governador Valadares, Km 21,
estrada Rio-Bahia, 8/9/1943, Mendes Magalhães s.n. (RB 131656). Espírito
Santo: Fazenda Joventino Altoé, Córrego Sta. Rita, 20/6/1990, M.Gibran 139
(CVRD,RB,US); Santa Teresa, São João de Petropólis, EAFST, 23/7/1985,
W.Boone 597 (MBML,RB); Norte do Rio Doce, rio São Gabriel, 9/1950,
J.N.Vieira 9 (RB); Cachoeiro de Itapemirim, Pacotuba, Reserva Florestal de
Bananal do Norte, 27/4/1972, D.Sucre 8984 & T.Soderstron (RB,US); Castelo,
Caixa Quente, 18/5/1999, G.Hastschbach 69144 J.M.Silva & L.A.Ferreira
(MBML).
Nome popular: crista-de-galinha.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie é encontrada em áreas florestadas dos estados de Minas Gerais e
Espírito Santo; ao norte deste último habita um trecho da mata de tabuleiro.
Ocupa áreas de preservação ambiental da floresta pluvial atlântica onde
apresenta distribuição restrita, ocorrendo em populações descontínuas; pode
ser considerada vulnerável (VU) de acordo com os critérios da IUCN (2001).
Floresce de abril a julho e setembro; frutifica em agosto e setembro.
Comentários: A.gigantea tem semelhança com A.bahiensis, mas é
distinta dessa espécie pela bráctea oblongo-lanceolada, ápice agudo e a corola
de cor vermelha.
Rizzini (1949) não compreendeu completamente a morfologia floral de
Geissomeria gigantea, descrevendo a corola com o limbo 4-partido. Além
disso, ele definiu afinidades entre a nova espécie e Geissomeria nitida
(=Aphelandra nitida), ver discussão a respeito da sinonímia (Profice
1997/1998). As análises do material-tipo e das coleções de A.gigantea
mostram claramente a corola curto-bilabiada. Enquanto as de A.nitida
Profice & Andreata.
28
apresentam a corola nitidamente bilabiada. Além disso, na descrição da nova
espécie, Rizzini (1949) não fez referência a uma importante caraterística
diagnóstica que é a bráctea de margem serrilhado-mucronada de A.gigantea.
3- Aphelandra grazielae Profice, Acta bot.bras.19(4): 769.2005. Fig.14(A-H)
Tipo: Brasil. Espírito Santo: Município de Ibiraçu, Estação Ecológica do
Morro da Vargem, ca. 19° 53’ S, 40° 23’ W, Trilha do Mirante 1,
26/05/1990, H. Q. Boudet Fernandes 2930 et al. (holótipo MBML!;
isótipos RB!, VIES!, UEC!, SPF!).
Subarbustos 1 m alt.; caule cilíndrico, na região apical
subquadrangular, glabrescente; folha com pecíolo levemente canaliculado, 12,5 cm compr.; lâmina lanceolada, 11,5-18 cm compr., 1,4-3,7 cm larg., ápice
acuminado, base decorrente, raro inequilátera, margem inteira ou subcrenada,
em ambas as faces glabriúscula, face adaxial e abaxial com tricomas simples
unicelulares e tricomas glandulares subsésseis com 2-4 células. Inflorescência
bótrio; espiga 4-6 cm compr.; bráctea rósea, imbricada, cartácea, lanceolada,
7-8 mm compr., 1,5-2 mm larg., ápice aculeado, base obtusa, margem
serrilhado-mucronada, com 4-6 pares de acúleos; as nervuras de calibres
distintos partem da base e correm paralelas em direção ao ápice, na imediação
da margem podem emitir ramificações ascendentes; glanduloso-pilosa, face
abaxial com tricomas glandulares subsésseis com 2 células, pediceladas com
4-5 células e cabeça com 2-3 células; bractéola lanceolado-ovada, 4-5,5 mm
compr., 1-1,5 mm larg., côncava, ápice aculeado, paleácea, pubérula, com
tricomas simples e glandulares; cálice 5,5-7 mm compr., lacínios paleáceos,
pubérulos, com tricomas simples e glandulares, lanceolados, 1-1,5 mm larg.,
ápice aculeado. Corola rósea, 2-2,3 cm compr., base 2 mm larg., fauce 3 mm
larg., lábio superior bilobado 1,5 mm compr., 4 mm larg., lábio inferior, os lobos
laterais ovados, 1,5 mm compr., 1 mm larg., obtusos, o mediano elíptico, 2,5
mm compr., 2 mm larg., obtuso, côncavo; antera 4 mm compr., apiculada, no
dorso vilosa; filete 1,3 cm compr., na região apical viloso; estilete 1,5 cm
compr., ápice truncado. Fruto não visto.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: Até o
momento, a espécie apenas é encontrada na floresta baixo-montana, em área
de conservação ambiental do Morro da Vargem, no município de Ibiruçu,
estado do Espírito Santo; o que justifica a inclusão na categoria em perigo (EN)
pelo critério IUCN (2001). Floresce em maio.
Comentários: A.grazielae pela forma da margem da bráctea pode ser
associada ao grupo de espécies de margem serrada ou serrilhado-mucronada
(A.gigantea, A.rigida, A.maximiliana e A.bahiensis) diferindo das espécies deste
grupo pela bráctea lanceolada de cor rósea.
4- Aphelandra harleyi Wassh., Phytologia 33: 178-179, fig. 1 a-e, 1976.
Fig.15 (A-I)
Tipo: Brasil. Bahia: Reserva Biológica Pau Brasil, 17 Km W de Porto Seguro
para Eunápolis, 19/3/1974, R. Harley 17162 (holótipo US!; isótipos
CEPLAC!,K).
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
29
Subarbustos a arbustos 1-3 m alt.; raiz principal e secundárias não
muito distintas, com numerosas ramificações; caule cilíndrico, na região apical
subquadrangular, glabrescente. Folha com pecíolo leve-canalículado, 2-3 cm
compr.; lâmina largo-lanceolada, oblanceolada, lanceolada, raro assimétrica,
15-32 cm compr., 3-5(-7,5)cm larg., ápice acuminado, leve-falcado, raro obtuso,
base longo-decorrente, margem subcrenada, face adaxial glabra, face abaxial
glabrescente com tricomas simples unicelulares e tricomas glandulares
subsésseis 2 células. Inflorescência bótrio, às vezes, formando dibótrio
heterotético; espiga 5-19 cm compr. Bráctea verde, imbricada, cartácea,
deltóide, 5-7,5(-10) mm compr., 2,5-3,5(-4,5) mm larg., ápice aculeado,
margem inteira raro inconspícuamente denticulada, ciliada; as nervuras de
calibres distintos partem da base e correm paralelas em direção ao ápice, na
imediação da margem podem emitir ramificações ascendentes; em ambas as
faces curtamente piloso-glandulosa, com tricomas simples unicelulares e
tricomas glandulares subsésseis com 2 células; bractéola paleácea, pubérula,
subulada, 4-5(-6,5) mm compr., 1-2 mm larg., ápice aculeado, margem ciliada;
cálice 5-7,5(-9) mm compr., verde, lacínios pubérulos, paleáceos, margem
ciliada, 1- 2 mm larg., o posterior lanceolado-ovado, ápice agudo, os laterais e
os anteriores lanceolados, ápice aculeado. Corola vermelha, 2-2,5 cm compr.,
base 1,5 mm larg., fauce 4 mm larg., lábio superior bilobado, 1,5-2 mm comp.,
3-3,5 mm larg., lábio inferior os lobos laterais ovados, 1,5-2 mm compr., 1,5
mm larg., obtusos, o lobo mediano elíptico, 3 mm compr., 2 mm larg., obtuso,
côncavo. Anteras 3 mm compr., no dorso vilosas; filete 1,7 cm compr., na
região apical viloso; estaminódio 2,5-3 mm compr. Estilete 1,7-2 cm compr.,
ápice truncado. Fruto obovado, longo ou curto-estipitado, 12-20 mm compr.
Semente 3,5-4,5 mm compr., 2,5-4 mm larg.
Material selecionado: Bahia: Município de Alcobaça, ramal com
entrada no Km 8 da rodovia Teixeira de Freitas/Caravelas, 3 Km após a
bifurcação para Alcobaça, 3/6/1979, L.A.Mattos Silva et al. 564 (CEPEC,RB);
Município de Sta. Cruz da Cabralia, antiga rodovia que liga a Estação
Ecológica Pau-Brasil a Sta. Cruz, 7 Km ao NE da Estação ca. 12 Km NW de
Porto Seguro, 14/8/1979, S.A.Mori, L.A.Mattos & A.Epuponino 12706
(CEPEC,IBGE). Espírito Santo: Município de Linhares, Reserva da Cia. Vale
do Rio Doce, travessa XII-Paraju, 20/4/1983, C.Farney 264, H.C.Lima &
A.L.Peixoto (RB,RBR,CVRD); Município de São Mateus, Reserva Biológica de
Sooretama, lagoa do Macuco, 15/5/1985, G.Martinelli et al. 2106 (RB,US,SI);
Município de Aracruz, Área de Comboios-Aracruz Florestal S.A., 1992,
O.J.Pereira et al. 2481 (SPF); Jaguaré, Barra Seca, 12/6/1996, G.Hupp 35
(MBML,RB).
Nome popular: crista-de-galo.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie é exclusiva da floresta de tabuleiro do sul da Bahia e de importantes
remanescentes preservados (unidades de conservação) ao norte do estado do
Espírito Santo. Ocorrendo nesse último, em um trecho de mata de restinga
encravada na floresta de tabuleiros, a uns 30 Km do mar, situada entre a foz do
Rio Doce e Rio São Mateus, perto de Macuco e Linhares. A espécie se
Profice & Andreata.
30
desenvolve em populações dispersas em áreas de fragmentos florestais; pelos
critérios da IUCN (2001) seu estado de conservação é considerado vulnerável
(VU). Floresce de janeiro a abril e julho; frutifica nos meses de julho e outubro.
Comentários: Alguns exemplares de A.harleyi apresentam as brácteas
com o comprimento um pouco maior do que o cálice. Em razão desse fato, em
diversos herbários foram encontrados exemplares de A.harleyi determinados
como A.longiflora (=Geissomeria longiflora). Essas duas espécies são bem
distintas, sendo que A.harleyi possui bráctea deltoide, ápice aculeado e em
ambas as faces é curtamente pilosa.
Wasshausen (1976) descreveu e ilustrou A.harleyi, com base na
bráctea de margem 2 a 3 denticulada e na corola com o lábio superior ereto,
inteiro e o lábio inferior 3-lobado. Na realidade o autor cometeu um equívoco na
interpretação morfológica da bráctea e da cor da corola da espécie. As
coleções de diversos herbários mostram que numa mesma localidade a
margem da bráctea pode variar de inteira a inconspícuamente denticulada. Do
mesmo modo, o fruto de indivíduos de uma mesma localidade pode ser
estipitado ou curto-estipitado. Em relação à cor das brácteas e da corola, as
etiquetas de alguns materiais indicam a cor amarela, contudo, no campo as
populações mostram corola vermelha e brácteas verdes.
A variação fenotípica nas folhas de A.harleyi parece não ser
influenciada pelo ambiente. Entre os materiais desta espécie, foram
observados indivíduos com folhas largas e estreitas coletados num mesmo
local.
5- Aphelandra hymenobracteata Profice, Acta bot. bras. 19(4): 770.2005. Fig.
16(A-G)
Tipo: Brasil. Espírito Santo: Santa Teresa, Alto do Julião, 14/6/1984,
W.Piziolo 129 (holótipo MBML!; isótipo RB!).
Subarbustos 1 m alt.; caule cilíndrico, glabrescente, na região apical
estrigoso-pubescente; folha subséssil, pecíolo 0,5 cm compr.; lâmina
lanceolada, 16-22 cm compr., 4-6 cm larg., ápice agudo ou acuminado, base
decorrente, margem inteira ou subcrenada, pubescente em ambas as faces,
face adaxial com tricomas simples formado por uma célula basal e terminal,
tricomas glandulares subsésseis com 4 células, na abaxial com tricomas
simples formado por uma célula basal e terminal bicelular, tricomas glandulares
subsésseis com 4 células. Inflorescência bótrio; espiga 4,5-14,5 m compr.;
bráctea imbricada, membranácea, nervuras conspícuas, oblongo-lanceolada,
15-19 mm compr., 5-8 mm larg., ápice apiculado, base obtusa, margem inteira;
nervuras de calibre distinto partem da base e correm paralelas em direção ao
ápice, na imediação da margem as nervuras se anastomosam formando arcos
pouco conspícuos; cíliada, glanduloso-pilosa em ambas as faces, tricomas
simples unicelulares, raro bicelular e tricomas glandulares com pedicelo 4-6
células, cabeça pluricelular; bractéola linear, membranácea, com indumento
semelhante ao da bráctea, 5,6-7,5 mm compr., 1 mm larg., ápice agudo; cálice
10-12,5 mm compr., lacínio posterior lanceolado-ovado, os laterais e os
anteriores lanceolados, 1-2 mm larg., ápice acuminado, os segmentos
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
31
pubérulos, com tricomas simples e glandulares. Corola coccínea, 2,5-3 cm
compr., base 1,5-2 mm larg., fauce 2-3 mm larg., lábio superior bilobado 1,5-2
mm compr., 3 mm larg., no lábio inferior os lobos laterais oblongos, 1,5-2 mm
compr., 1,5 mm larg., o mediano suborbicular, 2-2,5 mm compr., 2-2,5 mm
larg.; antera 4,5 mm compr., apiculada, no dorso vilosa; filete 0,9-1,1 cm
compr., na região apical viloso; estaminódio 1 mm compr.; estilete 1,3 cm
compr., ápice truncado. Fruto elipsoide, 14-20 mm compr.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie ocorre em área da floresta pluvial atlântica em um dos principas
remanescentes preservados do município de Santa Teresa, no estado do
Espírito Santo. A julgar pela área de ocorrência restrita da espécie, com base
nos critérios da IUCN (2001) é classificada em perigo (EN). Floresce e frutifica
em junho.
Comentários: A.hymenobracteata diferencia-se das demais espécies
de corola curto-bilabiada pelas brácteas e bractéolas de consistência
membranácea, bráctea oblongo-lanceolada, com nervuras evidentes em ambas
as faces e bractéola linear.
6- Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice, Bradea 10:18-21.2004. Fig. 17(A-G)
Geissomeria longiflora Lindl. Bot. Reg. 13: t.1045. 1827. Tipo: Bot. Reg.13:
t.1045. 1827 (lectótipificado por Profice 2004).
Ruellia spicata Vell., Fl. Flum.: 265. 1829(1825) et Icon. 6: tab.92. 1831.
Tipo: Fl. Flum. Icon. 6: tab. 92. 1831 (lectótipificado por Profice 2004).
Stenandrium speciosum Nees, Herb. fl. bras. 24(2): 264-265. 1841. Tipo:
Brasil. Rio de Janeiro: Corcovado, Mart. Herb. n.456 (holótipo M!; isótipo
W!).
Geissomeria longiflora Lindl. var. obtusa Nees in DC.,Prodr. 11: 288. 1847b.
Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Gardner n.586 (lectótipo K!; isolectótipos
BR!G!P!SP!); (lectótipificado por Profice 2004).
Geissomeria longiflora Lindl. var. monostachya Nees in Mart.Fl.bras. 9: 82.
1847a; Geissomeria longiflora Lindl. var. δ Nees in DC., l.c. 288.1847b
n.illeg. Tipo: Brasil. Rio Janeiro: Twedie s.n. (holótipo K)..
Geissomeria cincinnata Nees in Mart., l.c. 81. 1847a; Poecilocnemis
cincinnata Mart. ex Nees in Mart., l.c. 81. 1847a; Nees in DC. l.c. 287.
1847b. n.nud. Tipo: Brasil. Pará: Tocantis para a ilha de Marajó, Martius
s.n.(lectótipo M!; isolectótipo GZU!); (lectótipificado por Profice 2004).
Poecilocnemis multiflora Mart. ex Nees in Mart., l.c. 81. 1847a. n. nud.
Geissomeria distans Nees in Mart., l.c. 83. 1847a. Tipo: Brasil. Rio de
Janeiro: Schüch s.n. (holótipo W!; Fotografia Field n.32709: RB).
Geissomeria pubescens Nees in Mart., l.c. 82. 1847a. Tipo: Brasil. Minas
Gerais: S. João Batista, Martius s.n. (lectótipo M!); (lectótificado por
Profice 2004).
Geissomeria pubescens Nees var. beta Nees in Mart., l.c. 82. 1847a n.illeg
Geissomeria pubescens Nees var. velutina Nees in DC., l.c. 289. 1847b.
Geissomeria pubescens Nees var. monostachya in Mart., l.c. 83. 1847a.
Tipo: Brasil. Goiás, Gardner n.3952 (isótipo BM!).
Profice & Andreata.
32
Geissomeria tetragona Lindau, Bull. Herb. Boiss. 5 (1): 658. 1897. Tipo:
Brasil. Mato Grosso: Santa Cruz da Barra, Lindmann A. 3167. (lectótipo
S!); (lectótipificado por Profice 2004). [non Aphelandra tetragona (Vahl)
Nees in D.C. Prodr. 11: 295. 1847b]
Geissomeria perbracteosa Rizzini, Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 8: 334.
1948. Tipo: Brasil. São Paulo: Serra da Cantareira, 4/IV/1912, H.
Luedenwaldt s.n., RB n.4393. (holótipo RB não localizado).
Geissomeria cincinnata Nees var. redacta Rizzini, Dusenia 3(3): 187. 1952.
Tipo: Brasil. Minas Gerais: Aiuruoca, Fazenda do Papagaio, 22.6.1943,
Mendes Magalhães s.n. (holótipo RB 76821!).
Geissomeria dichroa Rizzini, Dusenia 3 (3): 193. 1952. Tipo: Brasil. Paraná:
Parque Nacional do Iguaçu: Benjamim Indio, 26/II/1949, A. Duarte et E.
Pereira n. 1896. (holótipo RB!).
Geissomeria ciliata Rizzini, Dusenia 3 (3): 186. 1952. Tipo: Brasil. Goiás:
Queixada, Jutai, 14/04/1949, A. Macedo n.1852. (holótipo RB!; isótipos
US! NY!,S!).
Geissomeria dawsonii Leonard, Contrib. Sci. Los Angeles County Mus. 32:
3. 1959. Tipo: Brasil. Goiás: 18 Km N de S. João de Aliança, Chapada
dos Veadeiros, 23/4/1956, E. Yale Dawson n.14531. (holótipo R não
localizado; isótipo US!).
Subarbustos a arbustos 0,35-1,50 m alt.; raiz principal e secundárias
não muito distintas, pouco espessadas e com numerosas ramificações; caule
cilíndrico, glabrescente, na região apical subquadrangular, amarelopubescente. Folhas subsésseis a pecioladas, pecíolo 0,5-2,5(-3) cm compr.;
lâminas oblanceoladas, obovadas, raro espatuladas, 9-25(-32,5) cm compr., 35,7(-8) cm larg., ápice agudo, acuminado, raro levemente retuso, base
decorrente, margem inteira ou subcrenada, face abaxial com a nervura
mediana e secundárias proeminentes, em ambas as faces pubescentes, com
tricomas simples formados por célula basal e terminal, tricomas glandulares
com 2-4 células. Inflorescência bótrio, dibótrio heterotético; espiga 3-16,5(-18)
cm compr., às vezes formando paracládios acessórios. Bráctea verde,
imbricada, cartácea, lanceolada, ovada, lanceolado-ovada, ápice agudo, levefalcado, 3,5-12 mm compr., 2-3 mm larg., margem inteira, raro
inconspícuamente denticulada; nervuras de calibres distintos partem da base e
correm paralelas em direção ao ápice, na imediação da margem as nervuras
emitem ramificações ascendentes; face abaxial piloso-glandulosa, com
tricomas simples unicelular, pluricelular com 4-8 células e tricomas glandulares
subsésseis 2-4 células raro com pedicelo 3-9 células e cabeça com 2 células;
bractéola lanceolado-ovada, 3-6 mm compr., 1-2,5 mm larg., ápice agudo,
paleácea, pubérula, às vezes com tricomas simples e glandulares; cálice 5-10
mm compr., verde, lacínios paleáceos, pubérulos, o posterior lanceoladoovado, 1,5-2 mm larg., os laterais e os anteriores lanceolados, 1-1,5 mm larg.,
ápice acuminado, margem ciliada, às vezes com tricomas simples e
glandulares. Corola vermelha, fauce e região mediana dos lobos amarelas, 2,54 cm compr., base 2-3,5 mm larg., fauce 3-4 mm larg., tubo viloso com tricomas
simples, glandulares, lábio superior bilobado, 2-2,5 mm compr., 3-4 mm larg.,
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
33
lábio inferior os lobos laterais oblongos, 2-3 mm de compr., 1-1,5 mm larg.,
agudos, o mediano elíptico, 3-4 mm compr., 2-2,5 mm larg obtuso, côncavo.
Antera 3-3,5 mm compr., no dorso vilosa; filete 1,7-2,4 cm compr., na região
apical glabro; estaminódio 4-11 mm compr. Estilete 2-3 cm compr., ápice
truncado. Fruto elipsoide, 10-14 mm compr. Semente 5-5,5 mm compr.
Material selecionado: Brasil: Pará: Tocantis para a ilha de Marajó,
s.d., Martius s.n. (M,GZU). Acre: Rio Branco, mata de Urucá, caminho de
Iremontan, 20/11/1954, W.Rodrigues 104 (INPA); Alto Rio Branco, 29/4/1948,
R.Scolmik & R.Luti s.n (US). Rondônia: Município de Costa Marques, Chapada
dos Parecis, Distrito de Alta Floresta, 14/6/1984, C.A.Cid et al. 4516
(NY,INPA,US,RB,MG). Mato Grosso: Acurizal, Rio Paraguai, 9/6/1979,
P.G.Crawshaw 6 (NY); Pará-Mato Grosso border on the Cachimbo hills,
6/1961, J.H.Hemming 21 (US); São Luiz Caceres, Rio Paraguai, 6/1942,
C.Sandeman 2104 (K); Vale dos Sonhos, aprox.15° 40’ S 52 20’W (80 Km N of
Barra das Garças on the road to Xavantina, 23/8/1972, J.A.Ratter, S.G.Fonseca
& R.A.de Castro 2186 (K); Xavantina, c. 14 Km W of km 90, XavantinaAragarças, road Vale dos Sonhos, 1/4/1968, D.Philcox & B.Freeman 4666
(NY,K); Rondonópolis, Fazenda Sta. Edwiges, várzea do Rio São Lourenço, 3
Km além do Retiro Sinhorinho 16° 37’ 43’’S e 55° 11’ 16’’W, 7/5/1955,
A.A.Oliveira & N.Roque 2520 (SPF); Poconé, BR-70, Km 612, 4/5/1995,
G.Hatschbach 62253, V.J.Pott & J.M.Silva (US,MBM,C,SP); Km 23 de Vila
Bela, caminho da cachoeira, 5/5/1983, L.Carreira, C.Moura & R.P.Lima 794
(INPA,NY); Rodovia Cuiabá-Cacéres, esquerda do Rio Surungo, 22/7/1976,
M.Macedo et al. 193 (INPA,MG); Chapada dos Guimarães, entre Buriti e Rio
dos Peixes, 23/3/1983, P.Lisboa et al. 3287 (MG); Tapirapoan, Comissão
Rondon, 3/1909, Hoehne 1301 (R); entre Barão de Melgaço e Pimenta Bueno,
Expedição Rondon de Cuiabá ao S.Miguel, 6/1918, J.G.Kuhlmann 2333 (R);
Chapada dos Parecis, 14°29’S lat.,57°26’W long., 25/4/1978, E.Mileski 74 (RB).
Mato Grosso do Sul: Corumbá, Urucum, 4/1927, D.Smith 64 (K); Aquidauana,
Serra de Maracaju, 4/6/1994, G.Hatschbach 60709 & J.M.Silva (US,MBM);
entre Aquidauana e Corumbá, fazenda Salinas, Pantanal do Rio Negro,
7/5/1988, S.Dubs 754 (US); Alto Paraguai, Serra das Araras, Vale do Curupira,
4/6/1994,
S.Dubs 1454 (US,S,K,MBM,Z). Goiás: Brasília, plano Piloto,
30/1/1963, E.P.Heringer 1289 (NY,HB,US); Goiás region of Southern Serra
Dourada, 21/5/1956, E.Y.Dawson 15028 (US); Caiapônia, 2/5/1973,
W.Anderson 9638 (NY,UB,US); Luziania, 30/4/1975, E.P.Heringer 14611 (UB);
Alto Paraiso, rodovia para Nova Roma, 13/6/1993, G.Hatschbach 59485
(MBM); Niquelândia, 21/6/1995, M.L.Fonseca et al. 384 (IBGE,RB,US);
Corumbá de Goiás, serra dos Pirineus, 6/5/1972, E.P.Heringer 12106 (HB,UB);
São João da Aliança, 18/7/1963, A.Mattos F° 382 (US,RB). Minas Gerais:
próximo a Caxambu, mata do Jacaré, 13/6/1957, G.F.J.Pabst 4103 (HB,RB);
margem do Paraopeba, fazenda Bernardino Valadares, 5/7/1959, E.P.Heringer
7071 (UB,NY,HB); Jequitibá, margem do rio das Velhas, 5/10/1959,
E.P.Heringer 9500 (UB); Caldas, 4/1862, A.F.Regnell 342 (S,M,K,US); Cristina,
estrada para São Lourenço, 25/5/1983, J.R.Pirani & O.Yano 660 (SPF); Monte
Belo, fazenda Lagoa, 20/3/1982, M.C.W.Vieira 433 (SPF, HB); Ouro Fino,
Profice & Andreata.
34
7/5/1927, F.C.Hoehne 19485 (SP); estrada Furnas-Passos, 29/7/1966,
L.Emygdio et al. 2337 (R); Nova Ponte, 12/6/1940, Mendes Magalhães 279
(UFMG); Ituitaba, São Vicente, 30/5/1957, A.Macedo 4918 (SP,US); Patos,
19/6/1936, Mello Barreto 4396 (R); Santa Luzia, 29/7/1937, Mello Barreto 9224
(R); Uberlândia, Panga, 18/8/1991, I.Schiavini 323 (SPF); Capinopolis, Sta.
Terezinha, 30/6/1956, A.Macedo 4523 (RB); Tombos, fazenda da Cachoeira,
5/5/1941, J.E. de Oliveira 322 (RB,BHCB); Perdizes, 27/5/1994, E.T.Neto 1124
& M.S.Werneck (BHCB); Juiz de Fora, fazenda Cachoeirinha, 9/7/1985,
Krieger L. et al. 20757(SP,RB,CESJ); Coronel Pacheco, Estação Experimental
de Café, 18/5/1941, E.P.Heringer 598 (VIC,US,SP,RB); Viçosa, mata da
Biologia, 23/4/1982, R.R.Ferreira 133 (VIC); Lagoa Santa, 8/6/1864, Warming
935 (C,S,BM); Sta. Rita de Jacutinga, 28/7/1970, L.Krieger & Urbano s.n.
(CESJ 9230,RB); Dias Tavares, 14/5/1971, L.Krieger s.n. (CESJ 10516,RB);
Nova Lima, 14/5/1990, P.M.Andrade 1347 (BHCB); Gandarella, 17/7/1972,
L.Emydgio 3414 et al. (NY,R); Presidente Soares, Vargem Grande, 13/6/1991,
G.M.Hastchbach 55426 & J.M.Silva (MBM); Passa Quatro, rio Retiro, 3/5/1948,
A.C.Brade 18950 (RB); Santos Dumont, Dores do Paraibuna, 5/1896, Mendes
Magalhães 1138 (R); Serra da Mantiqueira, 7/1894, A.Silveira 175 (R); Rio
Preto, 5/1897, F.Brandão 2319 (R); Conceição do Cerro, 7/8/1948, Mello
Barreto 124 (BHCB); Piau, fazenda do Serrote, 26/6/1945, E.P.Heringer 1936
(RB). Espírito Santo: Itaguassu-Jatiboca, 17/5/1946, A.C.Brade 18309
(RB,NY); Cachoeiro de Itapemirim, 5/5/1949, A.C.Brade 19759 (RB); Venda
Nova do Imigrante, BR 602, Vitória Belo Horizonte, 1/6/1993, C.Kameyama 99
& G.L.Esteves (SPF,US). Rio de Janeiro: Floresta da Tijuca, 4/4/1888, Glaziou
12093 (R); Pico Alto Moirão, 14/4/1982, R.H.P.Andreata et al. 426 (RB); Nova
Iguaçu, Tinguá, 3/6/1961, H.E.Strang 294 (GUA); Campo Grande, Serra do
Mendanha, 1/6/1958, J.A.F.Costa et al. 38 (R); Reserva Ecológica de Rio das
Pedras, trilha do Cambucá, 26/9/2001, S.R.Profice 117 (RB); Magé, Guapiaçu,
Centro de Primatologia, 2/5/1984, D.S.Pedrosa 1060 (GUA); Silva Jardim,
Reserva Biológica de Poço das Antas, 26/5/1982, G.Martinelli 8480 & H.C.Lima
(RB); São Pedro da Aldeia, serra da Sapeatiba, 13/5/1987, D.Araujo 7806
(GUA); Arraial do Cabo, trail to the old light-house, 8/8/1953, F.SegadasVianna et al. 747(R,US); Petrópolis, 10-16/6/1882, J.Ball s.n. (NY); Serra dos
Órgãos, 8/1857, Luetzelburg 12267 (M); Teresópolis, 1/1838, J.Miers s.n.
(BM); Friburgo, Macaé de Cima, 3/5/1988, S.R.Profice 43 (RB); Visconde de
Maua, estrada para Penedo, 16/7/1988, A.Jouy 513 (SP); Volta Redonda,
floresta da Cicuta, 10/6/1989, W.L.Araújo et al. 2 (GUA); Resende, à margem
das águas represadas do rio Paraíba do Sul, 18/5/1989, J.P.P.Carauta et al.
5838 (RB,GUA); Campos dos Goitacazes, morro do Rato, 31/5/2000,
J.M.A.Braga 5978, A.Pury & M.V.Pacheco (RB); São Fidelis para Campos,
picada Poço Parado até Mocotó, 16/5/1989, G.Martinelli et al. 13323 (RB);
Vassouras, Avelar, 20/2/1978, M. dos Santos et al. 3 (RB); Serra da Bocaina
limite com São Paulo, 4/1913, A.Lutz 440 (R). São Paulo: Serra da Cantareira,
30/3/1967, J.Mattos 14562 (NY); Comissão geográfica e geológica São Paulo,
São João da Boa Vista, 8/6/1903, A.Löfgren 2216 (SP); Serra Negra,
23/4/1944, W.Hoehne 11247 (SPF,NY,US,MBM,UB,RB); Ribeirão Preto,
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
35
1/4/1920, G.Gehrt 4049 (SP,US); Pindorama, fazenda Rocha, 15/4/1994,
V.C.Souza et al. 5766 (HRCB); Mariporã, 18Km north along raod from Rio-São
Paulo highway towards Nazaré Paulista, 12/4/1960, G.Eiten & L.T.Eiten 1852
(K,NY,US); Rio Claro, 9/6/1888, A.Löfgren 621 (S,SP); Mogi das Cruzes,
Parque Municipal da Serra do Itapety, s.d., R.Yamashiro 12 & Y.C.Lee (SP);
Itirapina, Itaqueri, salto do Itaqueri, 15/2/1993, F.de Barros 2722 (SP);
Campinas, s.d., A.Heiner s.n. (S); Valinhos, Serra dos Cocais, 26/4/1998,
R.Udulutsch 9 (HRCB); Arujá, 1/1993, P.H.Miyagi & P.Hitoshi 12 (SP);
Capinopolis, fazenda Sta. Terezinha, 30/6/1956, A.Macedo 4523 (SP); São
Roque, 9/5/1979, R.M.Pio & M.A.Cardelli s.n. (RB 328451, SP); Águas de
S.Pedro, 11/5/1993, S.Bianchini & R.S.Bianchini 9 (SP); Limeira, fazenda Morro
Azul, 27/5/1943, M.Kuhlmann 721 (SP,US); São Luiz de Paraitinga, 24/5/1989,
M.Kirizawa & J.A.Correa 2213 (SP); Cruzeiro, 5/4/1995, G.J.Shepherd 95-30 &
E.Belinello (HRCB); Lavrinhas, vale do Ribeirão do Braço, 13/6/1996,
R.Goldenberg et al. 328 (HRCB); Eldorado, Parque Estadual de Jacupiranga,
17/5/1994, I.Cordeiro & M.A.B.Barros 1408 (HRCB). Paraná: Cianorte,
18/4/1968, G.Hatschbach 19023 & O.Guimarães 112 (C,US,UPCB); Terra Boa,
Fazenda Mururê, 14/5/1969, G.Hatschbach 21476 (C,HB,UPCB,NY,US);
Medianeira, Missal, 15/6/1974, G.Hatschbach 34532 (US,MBM); Cerro Azul,
3/5/1997, G.Hatschbach 39886 (C,MBM,US); Monte Alegre, 25/6/1961,
H.Moreira 277 (UPCB,US); Siqueira Campos, ribeirão do Veado, 28/3/1974,
R.Kummrow 472 (MBM); Campo Largo, estrada do Cerne, rio Assungui,
4/1950, G.Hatschbach 1914 (MBM,RB); Laranjeiras do Sul, Serra da União,
2/5/1957, G.Hatschbach 3898 (US,MBM); Foz do Iguaçu, Parque Nacional do
Iguaçu, picada do poço Preto, 19/4/1972, L.Emygdio 3121 (R); Londrina,
fazenda Aliança, 12/7/1962, J.C.Gomes 231 & Mattos F° 1161 (RB,US); Fenix,
Irapõa, 3/6/1993, G.Hatschbach 10092 (MBM); Bocaiuva do Sul, Paranaí,
26/5/1953, G.Hatschbach 3893 (MBM); Tomazina, rio das Cinzas, 29/6/1961,
H.Moreira F° 279 (US). Santa Catarina: São Miguel do Oeste, rio das Flores,
1/3/1964, A.Castellanos 24771 (HB).
Argentina: Prov. Misiones, Dpto. Iguazú, 26/7/1976, E.Cabral 42 (US).
Bolívia: Santa Cruz, Ñuflo Cháves,15 Km N. of Concepcion on road to
San Ignacio, 18/6/1985, Killeen T. 1004 (NY); Provincie of Chiquitos, Xavier de
Chiquitos, s.d., D’Orbigni 106 (US).
Nome popular: canela-de-jacomi; erva-de-rato; erva-de-gado.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: Na
Bolívia, é encontrada nas matas de Yungas, em altitudes até 900 m s.n.m.
Ocorre em populações descontínuas na Hileia Amazônica Ocidental onde está
associada às matas de terra firme no estado do Acre, ao sul, e no estado de
Rondônia, a oeste. No Brasil central (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Goiás). Habita os domínios do cerrado, tanto na região das matas úmidas
sobre substrato argiloso rico em minério de ferro (Serra de Maracaju, Mato
Grosso do Sul) quanto em florestas de galeria. Na Floresta Atlântica
encontrada, sobretudo, nos solos úmidos à margem de rios, tendo importância
na composição das matas ciliares do oeste do estado de São Paulo, segundo
Duringan (com. pess. 2003). Cresce em capoeiras, bem como nas beiras dos
Profice & Andreata.
36
caminhos das picadas que atravessam as florestas dos estados de Minas
Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Nesse último ocorre
também em matas de restinga. No Paraná expande-se pela Floresta de
Araucária atingindo a bacia do rio Iguaçu. Na Argentina está restrita à Província
de Misiones. A julgar pela ampla distribuição da espécie, seu estado de
conservação é considerado de menor preocupação (LR) pelos critérios da
IUCN (2001). É importante ressaltar que a espécie na região norte, estado do
Pará, pode ser considerada regionalmente extinta (REX), pois não teve
confirmado novo registro desde a coleta de Martius, no século XIX. Floresce do
mês de janeiro a novembro, apresentando floração mais intensa no outono e
inicio do inverno (de abril a junho); frutifica de maio a setembro e novembro.
Comentários: Detalhada discussão a respeito das sinonímias em
Aphelandra longiflora, para táxons previamente descritos em Geissomeria e a
designação dos lectótipos ver o artigo de Profice (2004).
Dentro do grupo das espécies com a corola curto-bilabiada de
Aphelandra, A.longiflora é a que apresenta maior distribuição geográfica e
variabilidade morfológica ao longo da sua área de distribuição. Neste estudo
considera-se a espécie polimórfica, no que se refere à forma da folha, bráctea,
ao tamanho do cálice, densidade do indumento das folhas e das peças florais.
Em diferentes coleções de A.longiflora, observa-se a variação da
intensidade do indumento das folhas e peças florais. Este caráter descontínuo
em sua expressão fenotípica tem sido registrado ao longo da área de
distribuição da espécie. Na maioria dos exemplares coletados no Rio de
Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo o indumento do tubo da
corola, sempre presente, varia de intensidade. Contudo, o material-tipo de
Geissomeria ciliata (Rizzini 1952) e G.dawsonii (Leonard 1959), coletado em
localidades distintas de Goiás, representa os extremos de variação da
intensidade do indumento das folhas e das peças florais.
Uma análise morfológica criteriosa da epiderme das brácteas
demonstrou que há uma variação na forma dos tricomas simples e glandulares.
No material coletado no Rio de Janeiro (S.Profice 35) e em Goiás (H.S.Irwin et
al. 15906) os tricomas simples são de dois tipos: unicelulares e pluricelulares,
com 4 a 8 células, enquanto no exemplar de São Paulo (S.Bianchini &
R.S.Bianchini 9), há tricomas unicelulares. Os tricomas glandulares no
exemplar do Rio de Janeiro são pedicelados, pedicelo com 3 a 9 células,
cabeça globular, com 2 células e subsésseis, com 4 células; no material de São
Paulo e Goiás são subsésseis com 2 a 3 células.
Em A.longiflora, há certo grau de dificuldade na correlação dos
caracteres morfológicos diagnósticos de espécimes de diferentes áreas
geográficas. Essa dificuldade é particularmente clara entre os espécimes
coletados no Rio de Janeiro, onde há exemplares com a margem das brácteas,
que variam de inteira a incospícuamente denticulada e outros cuja intensidade
do indumento das folhas e peças florais é variável. Conforme aqui analisado,
esses variantes polimórficos, diferentes do material-tipo, ocorrem de modo
descontínuo na área de distribuição, por esse motivo, optou-se por não
reconhecer táxons infraespecíficos.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
37
7- Aphelandra maximiliana (Nees) Benth. in Bentham & Hooker, Genera
Plantarum 2(2): 1103. 1876; Lindau in Engler & Prantl., Natur. Pfanzenfam.
4(3B): 332. 1895b; Wasshausen, Smithsonian Contr. Bot. 18: 66-67. 1975.
Fig. 18 (A-D)
Lagochilium maximilianum Nees in Mart., Fl. bras. 9 : 85. 1847a; Nees in
DC., Prodr. 11: 293. 1847b. Tipo: Brasil. Espírito Santo: Arassatiba,
Barra do Jacu, M.A.P. von Wied-Neuwied, s.n. (lectótipo aqui designado
BR! Fotografias: US, RB).
Subarbustos a arbustos 1-3 m alt.; caule cilíndrico, na região apical
subquadrangular, glabrescente. Folha com pecíolo leve-canaliculado, 1,5-2 cm
compr.; lâmina oblanceolada, largo-lanceolada, obovada, 16-27,5 cm compr.,
5-7,5 cm larg., ápice acuminado, às vezes leve-falcado, raro obtuso, base
decorrente, margem inteira ou subcrenada, em ambas as faces glabrescente,
com tricomas simples unicelulares e tricomas glandulares subsésseis, 2-4
células. Inflorescência bótrio, raro dibótrio heterotético; espiga 5-11 cm compr.
Bráctea rósea, imbricada, cartácea, romboidal, 11-14 mm compr., 5-8 mm larg.,
ápice aculeado, base truncada, margem serrado-mucronada, com 6-8 (-10)
pares de acúleos; nervuras de calibres distintos partem da base e correm
paralelas em direção ao ápice, na imediação da margem das nervuras
paralelas partem uma série de ramificações laterais que se anastomosam com
as nervuras adjacentes formando retículo; em ambas as faces pilosoglandulosa, com tricomas simples unicelulares, bicelulares e pluricelulares com
3 células e tricomas glandulares subsésseis com 2 células, pedicelados 2-4
células, cabeça 2 células; bractéola lanceolado-ovada, 5-7 mm compr., 1-1,5
mm larg., côncava, ápice aculeado, paleácea, pubérula; cálice 7-8 mm compr.,
lacínios pubérulos, paleáceos, o posterior lanceolado-ovado, os laterais e os
anteriores lanceolados, 1-2 mm larg., ápice aculeado. Corola rósea, 2,5 cm
compr., base 2 mm larg., fauce 4 mm larg., lábio superior bilobado 2,5 mm
compr., 3 mm larg., lábio inferior com os lobos laterais ovados, 2,5 mm compr.,
1,5 mm larg., obtusos, o mediano elíptico, 3 mm compr., 3 mm larg., obtuso,
côncavo. Antera 4 mm compr., apiculada, no dorso vilosa; filete 1,7 cm compr.,
na região apical viloso; estaminódio 2,5-7 mm compr. Estilete 2,2 cm compr.,
ápice truncado. Fruto não visto.
Material selecionado: Espírito Santo: Município de Santa Teresa,
Valsugana Velha, Estação Biológica de Sta. Lúcia, 28/05/1997, C.C.Chamas
459 & R.R.dos Santos (MBML,RB); Município de Domingos Martins, 2/05/1974,
D.Sucre 10731, L.C.Araujo & R.Kausky (RB); Fundão, Goiapaba-Açu, terreno
de Albino Casimir, 17/06/1998, L.Kollmann 115 & E.Bausen (MBML).
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie é restrita à floresta pluvial atlântica do estado do Espírito Santo, onde
ocorre em lugares úmidos e sombrios entre 550 e 800 m de altitude.
Encontrada em áreas de remanescentes preservados nos municípios do
Fundão e Santa Teresa. Mesmo ocorrendo em unidades de conservação,
apresenta área de ocupação reduzida; pelos critérios da IUCN (2001) incluída
na categoria em perigo (EN). Floresce em fevereiro e de abril a julho.
Profice & Andreata.
38
Comentários: A.maximiliana tem semelhança com A.rigida que é
exclusiva do estado do Rio de Janeiro. A. maximiliana difere dessa espécie
pelos seguintes caracteres: folha oblongo-lanceolada, bráctea rósea, romboidal
e a corola rósea.
A escolha do lectótipo de A.maximiliana recaiu sobre o material
depositado no herbário de Bruxelas (BR), por ser um exemplar bem
conservado e perfeitamente compatível com o protólogo.
8- Aphelandra rigida Glaz. ex Mildbr., Notizbl. Bot. Gard. Berlin 11: 65. 1930.
Fig.19 (A-H)
Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Alto Macahé de Nova Friburgo, 15 Jun 1891, A.
Glaziou 18400 (lectótipo aqui designado P!, Fotografias: RB, US).
Aphelandra rigida Glaz., Mém. Soc. Bot. France 58(3): 535, 1911. n. nud.
Subarbustos a arbustos 1-2 m alt.; caule cilíndrico, estriado, glabro.
Folha com pecíolo leve-canaliculado, 1-2 cm compr.; lâmina lanceolada, 9-21
cm compr., 1,5-3,3 cm larg., ápice acuminado, raro leve-falcado, base
decorrente, margem inteira ou subcrenada, em ambas as faces glabriúscula,
com tricomas glandulares subsésseis com 4-5 células. Inflorescência bótrio,
raro dibótrio heterotético; espiga 6-11 cm compr. Bráctea coccínea, imbricada,
cartácea, obovado-oblonga, 13-15 mm compr., 4-6 mm larg., ápice aculeado,
base truncada, margem profundamente serrado-mucronada, com 6-8 pares de
acúleos; nervuras de calibres distintos partem da base e correm paralelas em
direção ao ápice, na imediação da margem das nervuras paralelas parte uma
série de ramificações laterais que se anastomosam com as nervuras
adjacentes formando retículo; face abaxial com tricomas simples unicelulares e
bicelulares, tricomas glandulares pedicelo com 1-4 células, cabeça com 2
células; bractéola paleácea, pubérula, subulada, 7-9 mm compr., 1 mm larg.,
côncava, ápice caudado; cálice 7-9 mm comp., verde, lacínios paleáceos,
pubérulos, 1-1,5 mm larg., o posterior, os laterais e os anteriores lanceolados,
ápice aculeado. Corola vermelha com a fauce amarela, 2,5 cm compr., base 2
mm larg., fauce 4 mm larg., lábio superior bilobado 2 mm compr., 3 mm larg.,
lábio inferior com os lobos laterais ovados, 2 mm comp., 1,5 mm larg., obtusos,
o mediano elíptico, 2,5 mm compr., 2,5 mm larg., obtuso, côncavo. Antera 4
mm compr., apiculada, no dorso vilosa; filete 1,7 cm compr., na parte superior
viloso; estaminódio 7 mm compr. Estilete 2,2 cm compr., ápice truncado. Fruto
elipsoide, 8-10 mm compr.
Material selecionado: Rio de Janeiro: Macaé, Frade de Macahé, 1721/06/1937, A.C.Brade 15829 (RB,US); Santa Maria Madalena, s.d., E.Burle
Marx s.n. (RB 228948).
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie é característica da floresta pluvial atlântica do estado do Rio de
Janeiro, onde é encontrada em áreas restritas na Serra do Mar sujeitas a
antropização da paisagem; incluida na categoria criticamente em perigo (CR)
pelos critérios da IUCN (2001). Floresce de maio a junho e frutifica em junho.
Comentários: A.rigida é uma espécie que se assemelha muito a
A.maximiliana, mas difere desta pela forma lanceolada da folha, pela bráctea
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
39
coccínea, obovado-oblonga e pela corola de cor vermelha com a fauce
amarela.
Glaziou (1911) publicou sem descrever na sua obra Plantae Brasiliae
centralis o binômio Aphelandra rigida. Anos mais tarde, sobre uma duplicata
coletada por Glaziou, depositada no herbário de Berlim, Mildbraed (1930)
aceitando o epíteto proposto por Glaziou descreveu A.rigida. O material-tipo
sobre o qual Mildbraed (1930) baseou a descrição desta espécie foi destruído.
Contudo, foram localizadas várias duplicatas da coleta de Glaziou em diversos
herbários (LE,K,R), dentre essas foi escolhido como lectótipo o material
depositado no herbário de Paris (P), por ser um exemplar bem conservado,
perfeitamente compatível com o protólogo e é neste local em que está
depositado o material-tipo de Glaziou.
9- Aphelandra schottiana (Nees) Profice, Bradea 10: 21-22.2004. Fig.20 (A-I)
Geissomeria schottiana Nees, in Mart., Fl. bras. 9: 82. 1847a. Tipo: Brasil.
Rio de Janeiro: Macaé Schott n.6124 (lectótipo W!; isolectótipo GZU!);
(lectótipificado por Profice 2004).
Stephanophysum attenuatum Mart., Herb. fl. bras. 20(2): 123. 1837. Tipo:
Brasil. Rio de Janeiro: Mart.Herb.n.179 (holótipo M!; isótipos
TUB!,BR!,GZU!,W!,NY!; Fotografias: US,RB). Geissomeria longiflora
Lindl. var. acuta Nees in Mart., l.c.: 82. 1847a; Nees in DC.Prodr. 11:
289. 1847b. n.nud.
Geissomeria longiflora Lindl. var. paniculata Nees in Mart., l.c.: 82. 1847a;
Nees in DC., l.c: 289. 1847b. n. nud.
Geissomeria schottiana Nees f. floribunda Wawra, Itin. Princ. S. Coburg 1:
89. 1883. Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Cantagallo Wawra Coll. II. 243
(holótipo W!).
Arbustos 0,50-3 m alt.; raiz principal e as secundárias desenvolvidas,
lenhosas, com numerosas ramificações; caule cilíndrico, glabrescente, na
região apical estrigoso-pubescente. Folhas com pecíolo 1-2 cm compr.; lâmina
oblanceolada, largo-lanceolada, raro espatulada, 8,5-26,2 cm compr., 2-6 cm
larg., ápice acuminado, às vezes leve-falcado, raro levemente retuso, base
decorrente a longo-decorrente, margem inteira ou subcrenada, em ambas as
faces glabriúscula, face adaxial com tricomas simples unicelulares e tricomas
glandulares subsésseis 2-4 células, na face abaxial com tricomas simples
unicelulares, bicelulares e tricomas glandulares subsésseis com 2 células.
Inflorescência pleiobótrio; espiga 0,5-2,5 cm compr. Bráctea verde, imbricada,
cartácea, ovada, 2-2,5 mm compr., 1-1,5 mm larg., ápice agudo, margem
inteira; nervuras de calibres distintos partem da base e correm paralelas em
direção ao ápice, na imediação da margem podem emitir ramificações
ascendentes; piloso-glandulosa, com tricomas simples unicelulares,
pluricelulares com 3-6 células e tricomas glandulares pedicelo 5 células,
cabeça com 2 células, subsésseis com 2-3 células; bractéola paleácea
pubérula, lanceolado-ovada, 1,5-2 mm compr., 0,5 mm larg., ápice agudo.
Cálice 3,5-5 mm compr., verde, lacínios paleáceos, 1-1,5 mm larg., o posterior
lanceolado-ovado, os laterais e os anteriores lanceolados, ápice agudo,
Profice & Andreata.
40
margem cíliada, às vezes, com tricomas simples e glandulares. Corola
vermelha com a fauce amarela, 2-3 cm compr., fauce 4-4,5 mm larg., base 22,5 mm larg., lábio superior bilobado 1,5-2 mm compr., 2,5-3 mm larg., lábio
inferior com os lobos laterais ovados, 1,5-2 mm comp., 1,5-2 mm larg., obtusos,
o mediano elíptico, 2,5-3 mm compr., 2,5-3 mm larg., obtuso. Antera 2,5-3,5
mm compr.; filete 1,5-2,1 cm compr., na região apical viloso; estaminódio 5-7
mm compr. Estilete 2-2,5 cm compr., ápice de ramos desiguais. Fruto elipsoide,
12-14 mm compr. Semente 2,5-3 mm compr.
Material selecionado: Bahia: Represa da Bananeira, lat. 12° 32’S,
long. 30° 03’ N, 31/7/1980, L.R.Noblick 1928 (CEPEC,UEFS,MBM);
Cachoeirinha, Vale dos Rios Paraguaçu e Jacuipe, 7/1980, Grupo Pedra de
Cavalo 432 (RB, CEPEC, UEFS, ALCB, NY). Minas Gerais: Voyage Provincie
Minas Gerais, 1816/1824, A.Saint Hilaire 1043 (P); Passa Quatro, Estação
Florestal da Mantiqueira, 4/1949, J.Vidal & A.P s.n. (R 14611); Marliéria,
Parque Estadual do Rio Doce, 15/7/1996, J.Lombardi 1625 (BHCB); Alvorada
de Minas, Fazenda Sesmarias, 30/4/1990, M.S.Werneck s.n. (BHCB 17625);
Caratinga, Estação Biológica de Caratinga, 7/7/1987, L.V.Costa 159 &
I.R.Andrade (BHCB); Viçosa, Escola Superior de Agronomia,14/7/1945,
M.Magalhães 4359 (BHCB); Município de Ponte Nova, Campo Cana,
11/6/1962, M.Magalhães 18876 (HB,NY); Teofilo Otoni, s.d, M.Magalhães
18871 (HB); Lagoa Santa,1864, E.Warming s.n. (C,BM); Muriaé, 6/1880,
A.Mello Neto s.n. (R 101466); Leopoldina, 3/7/1979, L.Krieger & M.Brugger s.n.
(RB 328441,CESJ,SP); Coronel Pacheco, 10/7/1940, Vasco 266 (RB,LIL).
Espírito Santo: Venda Nova, 2/5/1972, P.L.Krieger 11650 (SPF,VIC,CESJ,RB);
Município de Afonso Claudio, Empossado, 17/6/1991, G.Hatshbach 55592 &
J.M.Silva (MBM); Itaguassu, Jatiboca, 13/5/1946, A.C.Brade 18163, Altamiro &
Aparicio (RB,NY); Itarana, Jatiboca, fazenda Stuhr, 7/8/2002, L.Kollmann 5696
& R.R.Vervloet (MBML,RB); Santa Teresa, Escola Agrotécnica Federal de
Santa Teresa, 12/5/1999, W.P.Lopes et al. 699 (MBML,RB); Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro, Parque Nacional da Tijuca, Mesa do Imperador, 1/1948,
A.P.Duarte 1618 & E. Pereira (RB,US,LIL); Niterói, Jurujuba, 7/1878, J.Miers
3664 (BM,K,P); Ilha Furtada, Baia de Sepetiba, 24/8/1968, D.Sucre 3588
(RB,US); Bom Jesus de Itabapoana, Carabuçu, Fazenda Seu Jorge, 7/6/1982,
J.P.P.Carauta et al. 4286 (R,GUA); Volta Redonda, Floresta da Cicuta,
14/6/1988, D.S.Pedrosa et al. 1144, (GUA); Nova Friburgo, Parque de Furnas,
3/6/1987, L.C.Giordano 310 & D.P.Costa (RB); Vassouras, Avelar, Horto
Florestal de Pau Grande, 20/2/1978, M.Menandro et al. 6 (RB); Itatiaia,
fazenda Valparaiso, 7/1938, L.Lanstyak 201 (RB). São Paulo: Voyage Province
São Paulo, 1816/1821, A.Saint Hilaire 742, (P); São Paulo e Rio, 1861/62,
J.Weir 228 (K); Município de Jundiai, Alto da Serra do Japi, 6/5/1977,
M.E.M.Ramos et al. 4798 (IBGE,UEC,MBM); Analândia, Parque Rawitscher,
1/8/1992, R.J.Almeida s.n. (HRCB 15324); Município de Valinhos, Reserva
Florestal de Valinhos, 16/6/1977, N.Taroda et al. 5610 (IBGE,UEC); Botucatu,
Fazenda Oito Pontas, 23/6/1938, A.Gehrt s.n. (SP 39557,HB,K,US); Timburi,
Fazenda Domiciana 23° 13’ 53’’S, 49° 38’ 42’’ W, 14/6/1995, J.Y.Tamashiro et
al. 1270 (HRCB); São Carlos do Pinhal, 26/7, A.Löfgren 789 (C,SP); Campinas,
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
41
21/1848, J.Weir 228 (BM); Araraquara, 22/3/1892, A.Löfgren 4357 (SP); Jahu,
20/6/1917, G.Turk Jr. 231 (SP); Município de Piracicaba, Mata da Pedreira,
2/7/1986, E.M.L.Catharino 850 (SP); Monte Alegre do Sul, Ibiti, mata da
Estação Experimental Monte Alegre, 2/8/1946, M.Kuhlmann 1412 (SP); Itararé,
28/7/1991, S.C.Chiea et al. 682 (SP,RB); Itirapina, 4/1913, F.Toledo 586 (RB);
Guaratingueta, 1916, C.Porto 208 (RB). Paraná: Município de Bocaiuva do
Sul, 22/6/1957, G.Hatschbach 3897 (MBM,US); Município de Cerro Azul, Rio
Turvo, 27/3/1981, G.Hatschbach 43682 (MBM,US); Santana do Itararé,
Fazenda Jordão, 26/4/1911, P.Dusén 708 (S).
Nome popular: anil-bravo.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie ocorre no Recôncavo Baiano (vale dos Rios Paraguaçu e Jacuipe), nos
estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo onde se
desenvolve no interior das matas em locais sombrios, formando pequenas
populações. Cresce ainda em solos úmidos, à beira de rios, bem como em
matas de encostas situadas entre 100 e 630 m de altitude. Encontrada,
também, em mata de restinga no Rio de Janeiro e de Araucária no Paraná.
Espécie de ampla distribuição. Seu estado de conservação é considerado de
menor preocupação (LC) pelos critérios da IUCN (2001). Floresce de janeiro a
novembro; frutifica de junho a setembro e novembro.
Comentários: A.schottiana é uma espécie facilmente reconhecível das
demais espécies de corola curto-bilabiada, pela inflorescência um pleibótrio
constituído de espigas paucifloras, cujo aspecto sugere uma panicula.
Detalhada discussão a respeito das sinonímias e a designação dos lectótipos
em A.schottiana ver o artigo de Profice (2004).
10- Aphelandra wasshausenii Profice, Acta bot. bras.19(4):771.2005. Fig.
21(A-F)
Tipo: Brasil. Minas Gerais: Araponga, Estouro, caminho da pedra do Boné,
5/4/1986, M.F.Vieira 377, W.N.Vidal, M.R.R.Vidal & M.F.Soares (holótipo
VIC). Parátipos: Araponga, Serra do Brigadeiro, Mata do Sérgio,
Chapada Rochedo, M.F.Vieira 797, 10/6/1993 (VIC); Viçosa, fazenda da
Serra, 3/5/1930, Ynes Mexia 4661 (VIC, S, K, BM, NY, P); Carangola,
Estrada para São Pedro da Glória, 9 Km da BR 116, 25/3/1992,
C.Kameyama et al. 13 ( SPF, RB).
Arbustos 1-3 m alt.; caule cilíndrico, glabrescente, na região apical
estrigoso-pubescente; folha com pecíolo canaliculado, estrigoso-pubescente, 12 cm compr.; lâmina oblanceolada, 9-24 cm comp., 3-5,2 cm larg., ápice
acuminado, às vezes, levemente falcado, base decorrente, margem inteira ou
subcrenada, glabriúscula em ambas as faces; face adaxial com tricomas
simples unicelulares e tricomas glandulares subsésseis com 4 células, face
abaxial com tricomas simples com célula basal, unicelular e tricomas
glandulares subsésseis com 4 células. Inflorescência dibótrio heterotético;
espiga 1,5-4,5 cm compr., raro formando paracládios acessórios; bráctea
vinácea, imbricada, às vezes, com aspecto mais laxo, cartácea, lanceoladoovada, 5-7 mm compr., 2,5-4mm larg., côncava, ápice acuminado, base
Profice & Andreata.
42
obtusa, margem inteira, em ambas as faces com indumento estrigosopubescente, com tricomas simples unicelulares, tricomas glandulares
subsésseis com 2-4 células; nervuras da calibre distintos partem da base e
correm paralelas em direção do ápice, na imediação da margem as nervuras se
anastomosam formando arcos pouco conspícuos; bractéola subulada, 5-6 mm
compr., 1,5mm larg., ápice acuminado, pubérula, com tricomas simples e
glandulares; cálice vináceo, 10-11 mm compr., lacínios glabros, lanceolados,
1,5-2,5 mm larg., ápice apiculado, margem hialina. Corola vermelha, 3,5-5 cm
compr., base 3-3,5 mm larg., fauce 4,5-5 mm larg., lábio superior bilobado 2,5
mm compr., 5 mm larg., lábio inferior com os lobos laterais oblongos, 3-3,5 mm
compr., 2,5 mm larg., obtusos, o mediano, suborbicular, 4 mm compr., 3,0 mm
larg.; antera 4,5 mm compr., apiculada, no dorso vilosa; filete 2,3-3 cm compr.,
na região apical viloso; estilete 3-3,5 cm compr., ápice truncado. Fruto não
visto.
Habitat, distribuição, conservação, floração e frutificação: A
espécie é exclusiva da floresta mesófila da zona da mata do estado de Minas
Gerais, pouco frequente, se desenvolve em solos úmidos. Embora os dados
aferidos não sejam suficientes, a espécie ocorre em ambiente florestal sujeito à
pressão antrópica e pelos critérios da IUCN (2001), é incluída na categoria em
perigo (EN). Floresce de março a junho.
Comentários: A.wasshausenii e as duas espécies A.hymenobracteata
e A.schottiana apresentam em comum a bráctea de margem inteira.
A.wasshausenii diferencia-se destas pela bráctea lanceolado-ovada, côncava,
com indumento estrigoso-pubescente em ambas as faces e cálice vináceo,
glabro.
Espécie duvidosa
Geissomeria bracteosa Nees in Mart., Fl. bras. 9: 82. 1847a. Nees in D.C.
Prodr. 11: 289. 1847b. Tipo: Brasil. Rio de Janeiro: Serra dos Órgãos,
Khotzky n.154.(holótipo G, Fotografias: NY!,RB!)
Nees von Esenbeck (1847a) ao descrever Geissomeria bracteosa para
o estado do Rio de Janeiro, estabeleceu para o gênero, em virtude das
brácteas membranáceas apresentarem comprimento maior do que o cálice, a
seção Platystegiae. Nesta obra, o autor descreveu duas novas espécies
A.stephanophysa e A.nemoralis que apresentavam diversas características
morfológicas comuns a Geissomeria bracteosa. As espécies A.stephanophysa
e A.nemoralis diferiam de G.bracteosa principalmente pela forma da corola
conspícuamente bilabiada. A análise da foto do material-tipo de G.bracteosa,
depositado no herbário de Genéve, respaldam a posição taxonômica desta
espécie dentro do gênero Aphelandra. Entretanto, na inflorescência, as flores
em botões são insuficientes para caracterizá-la no grupo de espécies de
Aphelandra de corola curto-bilabiada.
Espécies excluídas
Geissomeria lolioides Lindau, Feede Report Spec. Nov. 11:122. 1912. Tipo:
Panama: In silvis prope El Boquete et ad El Ladrillo, supra El Boquete,
1000-3000m, III.1911, Pittier n° 3954,3149. (síntipos US! NY!)
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
43
As análises dos exemplares-tipo de G.lolioides indicam o equívoco de
Lindau (1912) na descrição da nova espécie, sendo o material citado
pertencente a Stenandrium radicosum Nees.
Geissomeria mexicana Lindau, Bull. Herb. Boiss. 3(8): 369-370. 1895a. Tipo: In
Mexico loco non indicato, Uhde nº 952,954 (síntipos B destruidos).
De acordo com Daniel (1991), o material-tipo da espécie de Lindau
(1895a) depositado no herbário de Berlim foi destruido e as duplicatas não
foram localizadas. Apesar da falta dos exemplares-tipos, de uma ilustração ou
foto de G.mexicana, as características diagnósticas da flor observadas por
Lindau (1895a), na descrição da espécie, retratam caracteres da flor
pertencente ao gênero Holographys, exclusivo do México. Contudo, a falta do
material impossibilita a correta determinação da espécie.
Geissomeria fulgida Sweet, Hort. Brit. 2: 420. 1830. n. nud.
Sweet (1830) no seu catálogo das plantas cultivadas na Inglaterra, não
descreveu ou caracterizou os gêneros e as espécies, provavelmente, pela
interpretação incorreta da morfologia das anteras, fez uma nova combinação
para Ruellia fulgida, nativa das Antilhas.
Distribuição geográfica
Aphelandra é um gênero neotropical, cujos táxons ao longo de toda
sua área de distribuição marcam significativamente os espaços úmidos,
estando ausentes em ambientes muito secos ou em altitudes superiores a 3400
m.
Em síntese, a distribuição geral de Aphelandra é apresentada na
Fig.22. Nesta figura, são distintas quatro macrorregiões, nas quais estão
representados os números totais de táxons e de espécies restritas: México (12
spp. /6 spp.), América Central (30 spp. /15 spp.), Andina (129 spp. /115 spp.) e
Brasil (42 spp. /33 spp.). A análise da distribuição geral mostra um número
elevado de espécies endêmicas, que não ultrapassam os limites de cada
região. Nota-se, ainda, um número relativamente baixo de espécies em comum
entre estas regiões. Finalmente, os dados obtidos servem como indicador de
que no gênero Aphelandra o isolamento geográfico tem desempenhado papel
importante na especiação.
Na América do Sul o Brasil com 42 espécies, das quais 33 são
exclusivas do território brasileiro, constitui um centro de diversidade genética.
No Brasil, as espécies de Aphelandra têm clara preferência por
ambientes úmidos e quentes das diferentes formações florestais pluviais,
predominando no domínio atlântico até 1600 m de altitude.
A seguir são estabelecidos e discutidos os padrões de distribuição
geográfica das espécies.
América do Sul setentrional-centro-atlântica
Vários autores sugerem que as florestas de galerias são “extensões
mediterrâneas” de duas grandes florestas - a Atlântica e/ou Amazônica, dentro
dos domínios do Cerrado. Ainda, segundo Pires (apud Oliveira-Filho & Ratter
1995) as florestas de galerias do Cerrado constituem refúgios contemporâneos
Profice & Andreata.
44
funcionais. A ampla distribuição de A.longiflora (Lindl.) Profice, espécie de
corola curto-bilabiada, parece refletir a afinidade florística entre a floresta
Atlântica e Amazônica (Fig.24). A.longiflora, ocorre em florestas submontanas
que acompanham a encosta oriental dos Andes da Bolívia, se faz presente nas
matas de terra firme da Amazônia. Expande-se por meio da rede hidrográfica
de matas de galeria dos cerrados do centro e sul, penetra na Floresta Atlântica
até atingir no seu limite mais austral a Floresta de Araucária, na província de
Misiones (Argentina). A. longiflora tem padrão de distribuição semelhante ao de
Eugenia florida DC. (Myrtaceae) com clara preferência por locais sombreados,
solos mais úmidos e férteis à margem de rios das florestas de galerias
(Oliveira-Filho & Ratter 1995).
Amazônia ocidental-setentrional
As espécies A.macrostachya Nees e A.pulcherrima (Jacq.)
Humb.,Bonp. & Kunth, de corola com os lobos laterais reduzidos, assim como
as espécies, de corola bilabiada típica, A.aurantiaca (Vahl) Smith, A.hylaea
Leonard, A.matiusii Wassh., A.acrensis Lindau, A.caput-medusae Lindau e
A.goodspedii Standl. & Barkley são elementos andinos que alcançam a
Amazônia. Este grupo apresenta, basicamente, o padrão de distribuição periamazônico do tipo 1, de acordo com Granville (1992).
Brasil Central
A. obtusa (Nees) Wassh. de corola bilabiada típica, habita a província
Central, segundo a classificação de Rizzini (1979). A sua distribuição é restrita
à flora do cerrado de Goiás, sendo conhecida somente pela coleta de Pohl,
material-tipo da espécie.
Existe uma lacuna entre a distribuição de espécies de domínio
amazônico e grupos de espécies, com a corola bilabiada típica e de corola
curto-bilabiada, que ocorrem na Mata Atlântica.
No âmbito da Mata Atlântica, este conjunto de espécies mostra
diferentes padrões de endemismos tratados a seguir.
Endemismo Pan-Atlântico
Espécies que se estendem ao longo da Mata Atlântica desde a costa
do Nordeste até o Sudeste como A.nitida Nees & Mart., A.prismatica (Vell.)
Hiern, A.marginata Nees & Mart., A.ignea (Schrader) Nees ex Steudel, A.hirta
(Klotzsch) Wassh., A.neesiana Wassh. e A.squarrosa Nees.
Espécie encontrada ao longo da Mata Atlântica, desde a costa do
Nordeste até o Sul, como A.schottiana (Nees) Profice, de corola curto-bilabiada
(Fig.25). Ocorre em ilhas de mata úmida do Recôncavo Baiano, expande-se
através da floresta que reveste as serras de Minas Gerais e Espírito Santo
(onde são interiores), São Paulo e Rio de Janeiro, neste último atingindo
também matas de restinga; no Paraná associa-se a grupamentos de pinheiro
da Floresta de Araucária, demonstrando mais uma vez o “caráter misto” dessa
comunidade florestal, que conta na sua composição com elementos de origem
atlântica.
Espécies registradas ao longo do trecho da Mata Atlântica, desde a
região Sudeste até Sul, como A.ornata (Nees) T.Anderson, A.chamisoniana
Nees e A.liboniana Linden ex Hooker.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
45
Endemismo Regional
Espécie que habita a área de Mata Atlântica do Nordeste, como
Aphelandra nuda Nees, é exclusiva dos “brejos” de Pernambuco.
Espécies restritas à área de Mata Atlântica do sul da Bahia até o
Espírito Santo como A.variegata Morel, A.blanchetina (Nees) Hooker,
A.phrinioides Lindau, A.margaritae E. Morr. e A.espirito-santensis Profice &
Wassh. Além dessas, cinco espécies de corola curto-bilabiada apresentam este
mesmo padrão. A. harleyi Wassh. é uma espécie associada às florestas de
tabuleiro da Bahia e do Espírito Santo. Neste último Estado pode,
eventualmente, ocorrer num trecho de mata de restinga, a uns 30 Km do mar,
situada entre a foz do Rio Doce e Rio São Mateus, perto de Macuco e Linhares
(Fig.23 A). A. bahiensis (Nees) Wassh. habita a mata de tabuleiro da Bahia, até
o momento, conhecida pelo material-tipo procedente de Ilhéus e pela coleta
realizada em Porto Seguro (Fig. 23 B). Três espécies são exclusivas das matas
que revestem as cadeias serranas do Espírito Santo, entre 300 e 800 m. A.
maximiliana (Nees) Benth. é encontrada desde Santa Teresa até Domingos
Martins, enquanto A.grazielae Profice ocorre na região serrana de Ibiraçu e
A.hymenobracteata Profice na área montanhosa de Santa Teresa (Fig.23 B).
Espécies restritas à área de Mata Atlântica apenas do Sudeste
encontram-se A.stephanophysa Nees, A.bradeana Rizzini, A.clausenii Wassh.,
A.nemoralis Nees, A.decorata (Nees) Wassh., A.colorata (Vell.) Wassh. e
A.paulensis Wassh. Outras três espécies de corola curto-bilabiada apresentam
esse mesmo padrão. A. rigida Glaz. ex Mildbr. é pouco representada no Rio de
Janeiro, limitada a Serra do Mar, registrada no maciço de Macaé de Cima e ao
norte do Estado, em Santa Maria Madalena (Fig.23 C). A. gigantea (Rizzini)
Profice ocorre desde o leste de Minas Gerais (Governador Valadares) até o sul
do Espírito Santo (Cachoeira de Itapemirim) (Fig.23 D) e A.wasshausenii
Profice parece ser exclusiva da Zona da Mata do estado de Minas Gerais,
coletada em Viçosa, Araponga e Carangola (Fig.23 B).
Em consonância com os dados obtidos, verifica-se que em área de
Mata Atlântica, entre o sul da Bahia e o Espírito Santo ocorrem dez táxons,
sendo 50% desse total de corola curto-bilabiada. Todas as espécies têm o
centro de distribuição na própria área, o que implicaria estar aí o maior centro
de diversidade de Aphelandra no Brasil.
Em síntese, os diversos padrões de distribuição estudados mostram
que conjuntos de espécies de Aphelandra são exclusivos das três maiores
províncias florísticas brasileiras. Pertencem à província Amazônica 19% das
espécies (2 spp. de corola com lobos reduzidos e 6 spp. de corola bilabiada
típica); a maioria, 76% das espécies (23 spp. de corola bilabiada típica e 9 spp.
de corola curto-bilabiada), procede da província Atlântica; somente 2,5% (1 sp.
de corola bilabiada típica) ocorre na província Central e apenas 2,5% (1 sp. de
corola curto-bilabiada) distribui-se nas três províncias (Figs.26,27 ).
A partir da análise de distribuição das espécies brasileiras de
Aphelandra, especula-se que a lacuna existente entre o grupo de espécies da
província Amazônica e Atlântica ocorreu desde longa data, conforme
evidências fitogeográficas propostas no trabalho de Rizzini (1979). Acentua-se
Profice & Andreata.
46
o fato de que a influência da floresta Atlântica é muito maior do que a da
floresta Amazônica, evidenciado pela grande concentração de espécies, 76%
do total, exclusivas da Mata Atlântica. Além disso, a maioria desse grupo de
espécies apresenta área de distribuição restrita, algumas podendo ser
consideradas como microendêmicas. Este padrão de distribuição é verificado
para um número elevado de táxons da Mata Atlântica, sendo esta uma das
principais características desse bioma.
Em relação à distribuição geográfica global e ao estabelecimento das
espécies brasileiras principalmente em áreas florestais, parece reforçar essa
hipótese. Mesmo A.longiflora que apresenta distribuição fora dos domínios da
floresta Atlântica, no Cerrado, ocupa matas ciliares e matas mais úmidas do
Brasil Central (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás).
Conforme estudos de Mc Dade et al. (2005), espécies de corola
bilabiada típica e curto-bilabiada, registradas ao longo da Mata Atlântica,
formam dois clados distintos das demais linhagens de Aphelandra, sugerindo a
provável origem destas espécies dentro dos domínios da floresta Atlântica.
Análise cladística
A análise cladística das espécies de Aphelandra de corola curtobilabiada objetiva testar a hipótese de monofiletismo desse grupo e, sustentada
essa hipótese, questionar o possível posicionamento dessa linhagem dentro do
gênero.
O uso de algoritmos heurísticos de busca do HENNIG 86 (mh* bb*) ou
no PAUP (TBR) possibilitou encontrar seis árvores mais parcimoniosas com
duas topologias possíveis, que se diferenciam somente no relacionamento de
A.grazielae e A.maximiliana. Os resultados obtidos na análise PAUP (TBR)
apresentaram árvores com comprimento de 1620 passos, índice de
consistência (ci) 0.740 e índice de retenção (ri) 0.858. A árvore de consenso
estrito está representada na Fig.28.
Na topologia da árvore de consenso, A.nitida e A.nuda formam um
clado bem suportado (bootstrap 94%) pela sinapomorfia presença de anisofilia
(caráter 3), duas reversões - face adaxial da lâmina foliar glabra (estado 1,
caráter 4) e comprimento da antera (estado 1, caráter 19). Um outro clado
constituído por A.squarrosa e A.prismatica (bootstrap 95%) é suportado por
duas sinapomorfias - corola de consistência membranácea (caráter 16) e
brácteas longas (caráter 10, estado 2). Duas reversões - bractéolas
subuladas/filiformes (estado 1, caráter 13) e corola amarela (estado1, caráter
17), aqui considerados como paralelismo com A.bahiensis.
Aphelandra nuda, A.squarrosa e A.prismatica por compartilharem
corola bilabiada típica e A.maximiliana de corola curto-bilabiada foram incluídas
por Nees von Esenbeck (1847b) e Lindau (1895b) na seção Platychila. O uso
deste caráter como diagnóstico para Aphelandra seção Platychila não foi
corroborado pelo presente estudo cladístico, já que os clados onde aparecem
espécies dessa seção de corola bilabiada típica são parafiléticos (Fig.35). Esse
resultado é um índicio de que são necessários mais estudos filogenéticos para
propor uma nova classificação infragenérica em Aphelandra.
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
47
Todas as árvores mais parcimoniosas mostram o clado constituído
pelas espécies de Aphelandra curto-bilabiadas como grupo-irmão de um clado
mais basal formado por A.prismatica e A.squarrosa de corola bilabiada típica.
Esse clado formado pelo grupo interno e estas duas espécies está bem
suportado por três sinapomorfias - hábito subarbustivo a arbustivo (caráter 1),
espigas densas (caráter 5) e os lacínios do cálice divididos desde a base
(caráter 14).
O clado espécies de Aphelandra curto-bilabiadas é sustentado
(bootstrap 73%) por três sinapomorfias - o ápice do ramo pubescente (reversão
para o estado 1 do caráter 2), cálice pubérulo (reversão para o estado 1 do
caráter 15) e o tubo da corola pubescente (reversão para o estado 1 do caráter
18), considerada como convergência entre A.nuda e as espécies do grupo
interno, embora uma pilosidade densa, com tricomas conspícuos de cerca 1,0
mm de comprimento seja um caráter exclusivo das espécies curto-bilabiadas.
A.longiflora é sustentada pela sinapomorfia - comprimento da bráctea
(reversão para o estado 1 do caráter 10), esse caráter é compartilhado por
todos os terminais da linhagem, exceto A.schottiana, sendo essa a espécie
mais basal desse clado. O clado A.hymenobracteata e A.wasshausenii é
definido por duas reversões - bractéolas subuladas/filiformes (estado 1, caráter
13) e nervuras formando arcos pouco conspícuos (estado 1, caráter 11). Esta
última condição ocorre também em A.squarrosa como paralelismo.
A. gigantea é definida por duas sinapomorfias - margem
serrada/serrilhada (reversão para o estado 1 do caráter 6) e ramo distal
pubescente (reversão para o estado 1 do caráter 2). A. rigida apresenta uma
sinapomorfia - bráctea com o ápice aculeado (estado 1, caráter 9) e uma
reversão cor da bráctea amarela/rósea/coccínea (estado 1, caráter 8). O clado
formado por A.grazielae, A.maximiliana, A.bahiensis e A.herleyi é definida
pelas reversões bractéolas subuladas/filiformes (estado 1, caráter 4), uma
convergência com o clado A.nitida e A.nuda.
Os resultados obtidos com a análise cladistica realizada revelam que
as espécies de Aphelandra curto-bilabiadas formam um grupo monofilético
suportado por caracteres com índices de consistência (ci) e retenção (ri)
relativamente baixos: ápice do ramo pubescente (caráter 2, ci 0.33, ri 0.50,
cálice pubérulo (caráter 15, ci 0.50, ri 0.80) e tubo da corola pubescente
(caráter 18, ci 0.50, ri 0.66). Os dados do presente trabalho confirmam o clado
Geissomeria (espécies de corola curto-bilabiada) dentro da linhagem
Aphelandra, conforme sugere McDade et al. (2005).
Tabela 1- Análise dos caracteres: seus estados em relação á Salpixantha.
Hábito
1. Tipo
arbustivo/arbóreo 0; subarbustivo/arbustivo 1
2. Indumento da região distal do ramo
glabro/glabrescente 0; pubescente 1
Folhas
3. Do mesmo ramo
isofilas 0; com anisofilia pouco evidente 1
4. Indumento da face adaxial da lâmina foliar
11. Nervação - na margem as nervuras
emitem ramificações ascendentes 0; formam
arcos pouco conspícuos 1
Bractéolas
12. Ápice
não aculeado 0; aculeado 1
13. Forma
lanceolado-ovada 0; subulada/filiforme 1
Profice & Andreata.
pilosa 0; glabra 1
Inflorescência
5. Espigas
laxas 0; densas 1
Brácteas
6. Margem
inteira/ocasionalmente denticulada 0;
serreada/serrilhada 1
7. Consistência
cartácea 0; membranácea 1
8.Cor
verde 0; amarela/rósea/coccinea 1
9. Ápice
não aculeado 0; aculeado 1
10. Comprimento
Curto (< 3,0 mm) 0; médio (3,5-19,0 mm) 1;
longo (25,0-30,0 mm) 2
48
Cálice
14. Divisão dos lacínios
até um pouco abaixo da região mediana 0;
desde a base 1
15. Indumento
glabro/glabriúsculo 0; pubérulo 1
Corola
16. Consistência
cartácea 0; membranácea 1
17. Cor
vermelha/coccinea /rósea 0; amarela 1
18. Indumento externo do tubo
glabro 0; pubescente 1
Anteras
19. Comprimento
curtas (3,0-4,5 mm) 0; longas (5,0-6,0 mm) 1
Tabela 2- Matriz de caracteres por terminal utilizada na análise cladística (ausência de dados;
caráter 10 considerado não aditivo, não ordenado)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
Salpixantha
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
A.nitida
0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
A.nuda
0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
A.prismatica
1 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 1 1 0 1 1 0 0
A.squarrosa
1 0 0 0 1 0 1 1 0 2 1 0 1 1 0 1 1 0 1
A.bahiensis
1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 0 1 1 0
A.gigantea
1 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0
A.grazielae
1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0
A.harleyi
1 0 0 1 1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 1 0 0 1 0
A.hymenobracteata 1 1 0 0 1 0 1 ? 0 1 1 0 1 1 1 0 0 1 0
A.longiflora
1 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 1 0
A.maximiliana
1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0
A.rigida
1 0 0 0 1 1 0 1 1 1 0 0 1 1 1 0 0 1 0
A.schottiana
1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0
A.wasshausenii
1 1 0 0 1 0 0 1 0 1 1 0 1 1 0 0 0 1 0
Conclusões
O gênero Aphelandra deve ser redefinido para incluir as espécies com
redução no tamanho dos lobos dos lábios superior e inferior da corola.
O estudo taxonômico desenvolvido em Aphelandra resultou no
reconhecimento de dez espécies curto-bilabiadas, sendo três A.wasshausenii,
A.hymenobracteata e A.grazielae novas para a Ciência. Duas espécies
previamente descritas em Geissomeria foram excluídas: G.mexicana Lindau
que pertence ao gênero Holographis e G.lolioides Lindau por se tratar de
Stenandrium radicosum Nees.
Os caracteres morfológicos utilizados na circunscrição das espécies
estudadas são o tipo da inflorescência, a morfologia da bráctea, da bractéola e
do cálice.
A filogenia obtida, embora parcial em sua abrangência, esclarece a
dúvida inicial deste trabalho. As espécies de corola curto-bilabiadas constituem
um grupo monofilético.
Em Aphelandra, o conhecimento atual, ainda fragmentário, das
relações filogenéticas entre espécies não permite o estabelecimento de uma
REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
49
classificação infragenérica, portanto, a resolução do posicionamento do grupo
de espécies de corola curto-bilabiadas dentro do gênero mostrou-se
inadequada.
Agradecimentos
Aos Curadores dos herbários nacionais e estrangeiros pelo envio do
material botânico e ao Smithsonian Institution pela concessão da bolsa, que
propiciou à primeira autora consulta do acervo dessa Instituição. Ao Renato
Moraes de Jesus, Roberta C. Mendonça e Dr. André M. Amorim pela
hospitalidade e auxilio na coleta de campo. À Dra. Vania Gonçalves Lourenço
Esteves responsável pelo Laboratório de Palinologia do Museu Nacional/UFRJ.
Aos Dr. José Fernando Baumgratz, Dr. Sergio Ricardo Sodré Cardoso e ao Dr.
Leonardo dos Santos Avilla pelas sugestões de partes deste trabalho. Ao
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
bolsa de produtividade de pesquisa da segunda autora.
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REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
53
Fig. 1. Aphelandra harleyi Wassh. A. subarbusto em Floresta de tabuleiro na Reserva Florestal de
Linhares, Espírito Santo. Aphelandra schottiana (Nees) Profice (S.R.Profice 133) B. arbusto na
Floresta Atlântica da Reserva Florestal de Paraíso, Viçosa, Minas Gerais; C. ramificação do caule;
D. raiz. (S.R.Profice 125)
Profice & Andreata.
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Fig. 2. Variação morfológica da lâmina foliar de espécies de
Aphelandra de corola curto-bilabiada. A. espatulada. B. assimétrica. C.
obovada. D. oblonceolada.
Fig.3. Variação morfológica da lâmina foliar de espécies de Aphelandra
de corola curto-bilabiada. A. lanceolada. B. largo-lanceolada. C. aspecto geral
da nervação foliar; D. nervação de uma folha com padrão diferenciado
evidenciando a nervura principal e as duas nervuras secundárias.
Fig. 4. Representação esquemática das inflorescências de espécies de
Aphelandra. A. bótrio; B. dibótrio heterotético; C. raque de espiga multiflora; D.
pleiobótrio; E. raque de espiga pauciflora; ZE. zona de enriquecimento; FP.
florescência principal; PC. paracládios; ZI. zona de inibição.
Fig. 5. Aphelandra nítida Nees & Mart. A. nervação da bráctea; F.
cálice com lacínios iguais entre si. Aphelandra macrostachya Nees B. bráctea
com nectários. Aphelandra hymenobracteata Profice C. nervação da bráctea;
G. cálice com lacínios desiguais entre si. Aphelandra maximiliana (Nees)
Benth. D. nervação da bráctea. Aphelandra harleyi Wassh. E. nervação da
bráctea.
Profice & Andreata.
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Fig. 6. Margem das brácteas de espécies de Aphelandra de corola
curto-bilabiada. A-D, F. detalhe das nervuras ascendentes. E. detalhe das
nervuras anastomosadas.
Fig. 7. Margem das brácteas de espécies de Aphelandra de corola
curto-bilabiada. A, C. detalhe da reticulação das nervuras. B. detalhe das
nervuras ascendentes. D. detalhe das nervuras anastomosadas.
Fig. 8. Tipos de tricomas de espécies de Aphelandra de corola curtobilabiada. A-E. glandulares com pedicelo. F-G. glandulares subsésseis.
Fig. 9. A-E. Tipos de tricomas simples de espécies de Aphelandra de
corola curto-bilabiada. F. epiderme abaxial, em vista frontal, evidenciando o
estômato diacítico em Aphelandra wasshausenii Profice. G. Esclerócitos em
Aphelandra grazielae Profice.
Profice & Andreata.
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Fig.10. Tipos de corola em espécies de Aphelandra. A. bilabiada típica.
B. com os lobos laterais do lábio inferior reduzidos; C. detalhe dos lobos
laterais reduzidos. D. curto-bilabiada. Frutos de espécies de Aphelandra de
corola curto-bilabiada. F. obovado-estipitado. G. elipsoide. G. Semente com a
superfície tuberculada; H. embrião.
Fig.11. Fotomicrografias e eletromicrografias dos grãos de pólen.
Aphelandra gigantea (Rizzini) Profice- vista equatorial: 1. corte óptico; 2. colpo;
3,4. análise L.O. Aphelandra harleyi Wassh.- 5. corte óptico; 6,7. análse L.O.
Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice- 8. corte óptico; 9, 10. colpo; 11. vista
polar: superfície no apocolpo; 12, 13. análise de L.O. Aphelandra maximiliana
(Nees) Benth.- 15. corte óptico; 16, 17. análise de L.O. Aphelandra schottiana
(Nees) Profice- 18. corte óptico; 19, 20. colpo; 21. vista polar:superfície no
apocolpo; 22, 23. análise de L.O.; 24. superfície. Aphelandra wasshausenii
Profice- 25. corte óptico; 26, 27. colpo; 28. vista polar: superfície no apocolpo;
29, 30. análise de L.O.; 31. superfície.
Fig.12. Aphelandra bahiensis (Nees) Wassh. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; C-D. indumento do ápice, em ambas as faces, da bráctea;
E. bractéola; F. ápice da bractéola; G. cálice; H. corola; I. lobos da corola.
(G.L.Farias 414)
Fig.13. Aphelandra gigantea (Rizzini) Profice. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; B’. indumento da face interna da bráctea; C. bractéola; C’.
ápice da bractéola; D. cálice; E. corola; F. fruto. (W.Boone 597)
Profice & Andreata.
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Fig.14. Aphelandra grazielae Profice. A. detalhe do ramo florífero; B.
bráctea; B’. ápice da bráctea; C. bractéolas e cálice; D. ápice do lacínio do
cálice; E. corola; F. lobos da corola; G. antera; H. estilete com ápice truncado.
(H.Q.B.Fernandes 2930)
Fig.15. Aphelandra harleyi Wassh. A. detalhe do ramo florífero; B.
bráctea; B’. ápice da bráctea; C. bráctea com a margem denticulada; D.
bractéola; E.cálice; F. corola; G. lobos da corola; H. fruto estipitado; I. fruto
curto-estipitado. (A,B,D-G A.M.Lino 53; C.O.J.Pereira et al. 2481;
H.I.S.R.Profice 124,125)
Fig.16. Aphelandra hymenobracteata Profice. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; C. bractéola; D. cálice; E. corola; F. lobos da corola; G.
corola aberta evidenciando os estames e o gineceu. (W.Piziolo 129)
Fig.17. Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; C. bractéola; D. cálice; E. corola; F. lobos da corola; G.
fruto elipsóide. (A-F A.C.Brade 14482;G. Mattos et al.382)
Profice & Andreata.
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Fig.18. Aphelandra maximiliana (Nees) Benth. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; B’. ápice da bráctea; C. bractéola e cálice; D. corola.
(C.Chamas 459)
Fig.19. Aphelandra rigida Glaz. ex Mildbr. A. detalhe do ramo florífero;
B. bráctea; B’. ápice da bráctea; C. bractéola; D. cálice; E. ápice do lacínio do
cálice; F. corola; G. fruto elipsóide; H. fruto aberto. (Burle Marx RB 228948)
Fig.20. Aphelandra schottiana (Nees) Profice. A. detalhe do ramo
florífero; B. bráctea; C. bractéola; D. ápice da bractéola; E. cálice; F. corola; G.
estilete com ramos desiguais; H. cálice e fruto aberto; I. semente. (A-G
G.Moraes VIC 23464; H-I Y.Mexia 5032)
Fig.21. Aphelandra wasshausenii Profice. A. detalhe do ramo florífero;
B. bráctea; C. bractéola; D. cálice; E. corola; F lobos da corola. (M.F.Vieira et
al. 377)
Profice & Andreata.
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Fig.22. Distribuição geográfica de Aphelandra: relação entre o número total de espécies e de
espécies endêmicas (quadrado); número de espécies comuns a cada uma das 4 macrorregiões
(linhas).
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Fig.23. Distribuição geográfica. A. Aphelandra harleyi Wassh. B. Aphelandra grazielae Profice (▲);
Aphelandra bahiensis (Nees) Wassh.(□); Aphelandra wasshausenii Profice (●)e Aphelandra
hymenobracteata Profice(■). C. Aphelandra rigida Glaz. ex Mildbr.(▲) e Aphelandra maximiliana
(Nees) Benth. (●) D. Aphelandra gigantea (Rizzini) Profice.
Profice & Andreata.
Fig.24. Distribuição geográfica de Aphelandra longiflora (Lindl.) Profice.
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Fig.25. Distribuição geográfica de Aphelandra schottiana (Nees) Profice.
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Profice & Andreata.
Fig.26. Distribuição geográfica de espécies do gênero Aphelandra de corola curto-bilabiada.
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REVISÃO TAXONÔMICA DE APHELANDRA R. BR...
Província Amazônica IIII Província Atlântica
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▄
Província Central
Fig.27. No Brasil áreas de ocorrência das espécies de Aphelandra de corola bilabiada típica e
corola com os lobos laterais reduzidos. Os números correspondem ao total de espécies registradas
em cada área.
Profice & Andreata.
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Fig.28. Árvore de consenso resultante da análise de 14 espécies de Aphelandra e grupo afim
obtida com o uso do algoritmo TBR (Paup, Swofford 2001).