Hoje vou falar de uma orquídea que não desperta muito entusiasmo entre colecionadores e apreciadores de orquídeas. É uma planta de pequeno para médio porte, e que apresenta flores brancas e não ressupinadas, o que aparenta uma certa negligência da planta na produção de suas inflorescências.
Mas eu a cultivo e a reverencio. Talvez a explicação esteja novamente na filosofia japonesa Wabi-sabi, que abordei quando falei do Oncidium Aloha Iwanaga, no dia 04/10/2017.
Resumindo, Wabi-sabi representa a beleza das coisas imperfeitas, efêmeras, e incompletas. Assunto extremamente interessante. Para quem dispõe de algum tempo e aprecia cultura japonesa, recomendo um aprofundamento neste tema.
Aliás, até o nome desta orquídea é esquisito e difícil de pronunciar. É a Cuitlauzina pulchella…
… a orquídea com cheiro de talco
Cuitlauzina é um gênero botânico pertencente à família Orchidaceae, proposto em 1825 por meus xarás mexicanos Pablo de la Llave (1773 -1833) e Juan José Martínez de Lexarza (1785 – 1824).
O sacerdote católico Pablo de la Llave foi um renomado naturalista e político. Com o título de doutor em teologia na antiga Universidade do México, trabalhou como professor na Universidade Nacional de São João de Latrão, a catedral da Diocese de Roma, a mais antiga e a primeira entre as cinco basílicas papais.
Basílica São João de Latrão, a catedral da Diocese de Roma
Foto retirada da internet – Site: www.dicaseuropa.com.br/2014/03/basilica-sao-joao-de-latrao-em-roma.html
Em seu retorno ao México, La Llave dividiu seus afazeres entre a política e a biologia, na qual dedicou-se à ornitologia e ao estudo das orquídeas do estado mexicano de Michoacán, sempre em conjunto com seu fiel assistente, o botânico Juan José Martinez de Lexarza.
Michoacán – Localização
Imagem retirada da internet – Site: www.researchgate.net/figure/316580719_fig4_Figura-5-Mapa-digital-de-Michoacan
La Llave & Lex., como ficaram conhecidos, desenvolveram diversos trabalhos na área da orquidologia, dentre os quais se destacam:
- Novorum Vegetabilium Descriptiones
- Orchidianum Opusculum
Este gênero é composto por oito espécies anteriormente vinculadas ao gênero Odontoglossum, todas nativas da extensa faixa que se estende desde o México até a Colômbia e Equador, sendo a América Central o principal centro de dispersão. Segue relação completa das plantas deste gênero:
- Cuitlauzina candida
- Cuitlauzina convallarioides
- Cuitlauzina dubia
- Cuitlauzina egertonii
- Cuitlauzina pandurata
- Cuitlauzina pendula
- Cuitlauzina pulchella
- Cuitlauzina pygmaea
O nome deste gênero, Cuitlauzina, é uma homenagem de La Llave & Lexarza a Cuitlahuac, o 10º Tlatoani (governante) da cidade de Tenochtitlan, considerada a capital Asteca e localizada onde atualmente fica Ciudad de México, a capital do país.
Cuitlahuac, o 10º Tlatoani
Imagem retirada internet – Site: http://www.tlahuilcalli.org/Cuitlahuac.html
Tenochtitlan
Imagem retirada internet – Site: https://simple.wikipedia.org/wiki/Tenochtitlan
São todas plantas de crescimento simpodial, e que vegetam em florestas de baixo índice de umidade, localizadas entre 700 e 2500 metros de altitude.
E agora vamos ao estudo da planta do dia, a encantadora Cuitlauzina pulchella, originária de florestas do México, Guatemala, El Salvador, Honduras, Nicaragua e Costa Rica, onde habita em regiões de temperaturas amenas localizadas entre 1200 a 2000 metros de altitude.
O nome desta espécie, pulchellum, deriva do latim: pulchellus, que é o diminuitivo de “lindo”, “bonito”. Ou seja, a tradução literal seria “bonitinho”, em referência à beleza das flores.
Sinonímia: Odontoglossum pulchellum; Osmoglossum pulchellum; Odontoglossum pulchellum var. dormanianum e Osmoglossum pulchellum f. Dormanianum.
Esta planta foi descrita originalmente em 1841, na época como Odontoglossum pulchellum, pelo horticultor e latifundário inglês James Bateman (1811 – 1897).
Bateman foi um renomado orquidófilo e foi autor de muitas obras sobre o tema. Também ficou famoso por seus jardins, os “Jardins de Bateman”, originais e diferentes dos padrões europeus da época, e que eram divididos por setores e por temas. A novela da inglesa Priscilla Master, “Mr Bateman’s Garden“, lançada em 1987, é uma ficção que foi desenrolada nestes jardins.
Capa do livro “Mr Bateman’s Garden”
Imagem retirada da internet – Site: www.amazon.co.uk/Mr-Batemans-Garden-Priscilla-Masters-ebook/dp/B00858K6P8
Trata-se de uma planta de porte pequeno e crescimento simpodial, constituída de um rizoma ramificado e com raízes cobertas de tecido velame. Possui pseudobulbos agregados e de formato elíptico, com comprimento entre 5 e10cm, lisos quando novos, tornando-se sulcados longitudinalmente com o passar do tempo. Estes bulbos ainda, podem ser mono ou bifoliados. As folhas são de formato lanceolado, finas e frágeis, apresentando nervuras salientes. Normalmente medem entre 15 e 20cm.
As magníficas inflorescências são do tipo ereto e brotam da base dos pseudobulbos. Hastes que podem chegar a 25cm de comprimento, suportando de 4 a 20 lindas flores de tamanho variável entre 2,0 e 3,0cm de diâmetro, de formato harmonioso e não ressupinadas.
As sépalas e as pétalas são de formato similar, e o labelo proporcional. A cor das flores é um branco puro e cintilante, no qual se destaca apenas o amarelo das polínias. Lindíssimas flores. Show.
O delicioso e delicado perfume destas flores é mais uma característica marcante da Cuitlauzina pulchella. Uma agradável fragrância que lembra talco para bebê, e que é mais intensa no período matutino.
Talco para bebê
Foto reitada da internet – Site: http://caderninhodamamae.com.br/2016/08/produtos-de-bebe-que-parecem-inofensivos-mas-exigem-atencao/
A seguir relaciono algumas dicas para cultivo:
- Pode ser cultivada fixada em árvores, ou então em cascas, troncos ou galhos, e com muitas raízes expostas.
- Outra opção é o uso de vasos plásticos ou caixetas de madeira. Nestes casos, sugiro utilizar um substrato composto de partes iguais de casca de pinus, carvão vegetal e esfagno.
- A Cuitlauzina pulchella não suporta raízes encharcadas. Portanto, se você optou por cultivo em vasos, utilize recipientes baixos, com pouco substrato e rápida drenagem.
- Esta planta é oriunda de lugares com baixo índice pluviométrico. Não regue em demasia.
- Recomendo ainda trocar o substrato a cada 1 ou no máximo 2 anos.
- Sugiro cultivo com sombreamento em torno de 60% e temperaturas amenas, entre 0 e 30 graus.
Floresce normalmente no começo do inverno e sua floração dura em média 15 dias.
E, para finalizar, algumas fotos ilustrativas:
Cuitlauzina pulchella
Planta de minha coleção
Crédito fotográfico: Juan Pablo Heller
Cuitlauzina pulchella
Planta de minha coleção
Crédito fotográfico: Juan Pablo Heller
E agora mais algumas fotos, estas retiradas da internet:
Foto retirada da internet – Site: http://www.ecuagenera.com/Cuitlauzina-pulchella/en
Foto retirada da internet – Site: http://amo.com.mx/galerias/Mexicanas/slides/Cuitlauzina%20pulchella%202011.html
Foto retirada da internet – Site: http://orchids.la.coocan.jp/Cuitlauzina/Cuitlauzina%20pulchella/Cuitlauzina%20pulchella.htm
Foto retirada da internet – Site: http://bluenanta.com/natural/235180/species_detail/
Foto retirada da internet – Site: http://o-girassol.blogspot.com.br/2011/01/orquisamericanas-cuitlauzinia-pulchella.html
Foto retirada da internet – Site: https://hiveminer.com/Tags/cuitlauzina,orchid
Foto retirada da internet – Site: http://bluenanta.com/natural/235180/species_detail/
Foto retirada da internet – Site: http://elorquideario.blogspot.com.br/2013/01/osmoglossum-pulchellum-cuitlauzina.html
IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE
Este blog é dedicado a pessoas que, como eu, amam e cultivam orquídeas. Meu objetivo com este trabalho é conhecer pessoas, divulgar e trocar informações sobre estas plantas.
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IMAGES: GOOGLE search
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👏😊😉
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Um ótimo domingo para você.
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Mais uma que não tinha conhecimento,como gosto muito de orquídeas perfumadas,vou procurar logo uma muda,valeu pelas informações e um ótimo domingo…
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Valeu Adir. Minha planta comprei no Orquidario Durigan. Já faz um bom tempo. Mas talvez ainda tenha. Forte abraço.
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