Anacheilium é mais um gênero polêmico e que tem gerado muita controversa. Atualmente existem 67 espécies de  Anacheilium que, assim como as Prosthecheas, foram separadas do gênero Encyclia, que por sua vez foi desmembrado do gênero Epidendrum.

O gênero Anacheilium foi descrito em 1842 pelo entomologista, botânico e ornitólogo alemão Johann Centurius von Hoffmannsegg (1766 / 1849).

O nome deste gênero é uma palavra composta e derivada do grego: ana, que significa “para cima”, kheilos, que significa “lábio”, “labelo”, e íon, sufixo diminutivo. Este nome é uma referência ao fato das espécies deste gênero ter o labelo virado para cima (não ressupinado).

Antes de continuar falando deste gênero, vou explicar rapidamente o fenômeno da ressupinação, acima citado: trata-se de um mecanismo fantástico que a natureza criou para garantir que as orquídeas sobrevivam e perpetuem a espécie. Na grande maioria das espécies, o botão floral cresce em posição vertical. Mais tarde, no entanto, ele se deita e faz a chamada ressupinação, um movimento de até 180 graus, destinado a colocar o labelo na posição horizontal, como se fosse uma plataforma ou uma pista de aterrissagem, visando facilitar ao máximo o trabalho dos agentes polinizadores. Um mecanismo avançado e exclusivo das orquídeas.

Agora, voltando ao gênero Anacheilium… são todas plantas de crescimento simpodial, e que habitam de forma epífita em quase todos os países da América Latina, sendo que pelo menos a metade destas plantas podem ser encontradas no Brasil. Algumas poucas espécies também podem ser encontradas nos Estados Unidos.

Anacheilium – ocorrência

São plantas que eu admiro muito e recomendo para todos. Pela beleza de suas flores, pela facilidade de cultivo e, principalmente, pelo estupendo perfume.

Agora a planta do dia. O Anacheilium vespa, que é uma das plantas mais visadas por taxonomistas.

Vamos tentar entender um pouco desta bagunça:

• Esta planta foi descrita em 1831, como Epidendrum vespa, pelo Frei José Mariano da Conceição Veloso (1742 – 1811), renomado orquidólogo nascido em Minas Gerais.
• 140 anos depois, em 1971, esta planta foi transferida para o gênero Encyclia pelo biólogo e taxonomista americano, Robert Louis Dressler.
• Poucos anos depois, o botânico e taxonomista gaúcho Guido Frederico João Pabst (1914 – 1980) a transferiu para o gênero Anacheilium.
• E por último, em 1997, esta planta foi novamente transferida por um americano, o botânico Wesley Higgins. Desta vez para o gênero Prosthechea, com o nome de Prosthechea vespa.

É realmente para deixar qualquer um louco.

E, para completar este tema, além dos nomes citados, esta pobre planta já passou por muitas outras classificações. Vejam abaixo.

Sinonímia: Auliza wilsoni; Aulizeum variegatum; Encyclia christii; Encyclia crassilabia; Encyclia feddeana; Encyclia leopardina; Encyclia longipes; Encyclia vespa; Epidendrum baculibulbum; Epidendrum christii; Epidendrum coriaceum; Epidendrum coriaceum; Epidendrum crassilabium; Epidendrum feddeanum; Epidendrum fuertesii; Epidendrum longipes; Epidendrum rhabdobulbon; Epidendrum rhopalobulbon; Epidendrum saccharatum; Epidendrum variegatum; Epidendrum variegatum var. angustipetalum; Epidendrum variegatum var. coriaceum; Epidendrum variegatum var. crassilabium; Epidendrum variegatum var. leopardianum; Epidendrum variegatum var. lineatum; Epidendrum variegatum var. virens; Hormidium baculibulbum; Hormidium coriaceum; Hormidium lineatum; Hormidium variegatum; Hormidium virens; Prosthechea christii; Prosthechea crassilabia; Prosthechea leopardina; Prosthechea longipes; Prosthechea vespa e Prosthechea vespa subsp. Triandra.

Em resumo, como não se chegou a uma definição, eu fico com a nomenclatura do brasileiro Pabst. A planta do dia é o Anacheilium vespa.

O nome da espécie deriva do latim, vespa, que tem o mesmo significado em português, e trata-se de uma provável referência à coloração e aparência da flor, que lembra o referido inseto.

Anacheilium vespa é uma espécie originária de uma enorme área, que compreende as três Américas, desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Inclusive, esta ampla dispersão é mais um motivo de polêmicas, porque entre as diversas regiões esta planta apresenta imperceptíveis divererenças, o que leva alguns taxonomistas a querer criar novas espécies.

Esta planta vegeta de forma epífita ou rupícola, em florestas montanhosas e úmidas localizadas em altitudes compreendidas entre o nível do mar e 1000 metros.

É uma planta de cescimento simpodial e que forma grandes touceiras rapidamente. Possui rizoma robusto e ramificado com grossas raízes velamentosas. Os pseudobulbos são fusiformes (dilatados no centro e delgados nas extremidades), e medem em torno de 20cm de comprimento. Cada bulbo suporta entre 2 e 3 folhas de aproximadamente 20cm de comprimento, com forma alongada e ápice acuminado.

A inflorescência surge do ápice dos pseudobulbos, entre as folhas, e pode passar de 30cm de altura, portando de 15 a 30 flores rígidas e de aspecto ceroso.

Estas flores tem entre 1,0 e 1,5cm de diâmetro. Sépalas e pétalas de cor verde claro densamente maculado (em forma de pequenos riscos) de cor púrpura.O labelo é da mesma cor mas com base branca estriada de rosa. Linda flor.

Planta fácil de cultivar. Seguem algumas dicas:

• Pode ser cultivada em cascas ou troncos de árvores, que é a minha sugestão, ou então em vasos de plástico ou caixetas de madeira.
• Para a segunda opção, sugiro um substrato composto de partes iguais de casca de pinus, carvão vegetal e pedra brita, acrescendo ainda um pouco de esfagno.
• Cultive esta planta com muita umidade e boa ventilação.

• Cuidado com a drenagem. Esta planta não tolera excessos nas raízes, que apodrecem se ficarem encharcadas.
• Sugiro ainda um cultivo com 50% de sombreamento e temperaturas entre 5 e 35 graus.

Seguem algumas fotos ilustrativas.

 

Foto: Juan Pablo Heller

 

 

 

 

 

IMAGENS: fonte pesquisa GOOGLE

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