Como plantar

Por João Mathias * Consultor Pedro Melillo de Magalhães

A Lippia alba, espécie nativa do continente americano, é conhecida mundialmente por suas propriedades medicinais. De plantio fácil e econômico, a planta, também chamada de erva-cidreira, melissa, salva-limão e alecrim-do-campo, produz óleos essenciais usados na fabricação de produtos de perfumaria e cosméticos. Suas folhas estão presentes em chás, compressas, banhos e xaropes.

Seu nome é uma homenagem ao médico, botânico e naturalista francês Augustin Lippi (1678-1704), daí o “Lippia”. “Alba” vem do latim, albus, em referência às flores brancas. Em algumas regiões, a planta é conhecida como falsa-melissa, por sua semelhança morfológica com a erva-cidreira, a Melissa officinalis L.

Diferentemente de outras culturas, não é difícil cruzar com Lippias albas na natureza, principalmente às margens de rios e riachos e ao longo de costas litorâneas. Graças aos ramos que se enraízam naturalmente no solo, sua taxa de propagação é relativamente alta, com arbustos que podem atingir 3 metros de altura.

A espécie chama atenção por seu aroma forte, suas flores — que podem ser brancas, rosas ou lilases —, e pequenas folhas peludas, com 1 a 3 centímetros de comprimento.

LEGENDA (Foto: Visions Botanical/ AGB Photo Library) — Foto: Globo Rural
LEGENDA (Foto: Visions Botanical/ AGB Photo Library) — Foto: Globo Rural

Propriedades medicinais e outros usos

Frequentemente consumida em forma de chá, a Lippia Alba é famosa por oferecer sensação calmante, efeitos analgésico e digestivo.

A espécie é indicada para tratar e amenizar tosses causadas por gripes e resfriados, é antiasmática, antidiarreica, sedante gastrointestinal e reduz cólicas hepáticas. As propriedades da Lippia alba não param por aí! A planta pode ser utilizada no combate de afecções da pele e das mucosas, dores musculares e reumáticas, flatulências e laringite.

Fora da medicina, o óleo essencial, produto derivado da Lippia alba mais valorizado do mercado, pode custar R$ 600. O alto valor agregado está relacionado ao processo de extração do fitoterápico, por isso, visando baratear os custos, alguns agricultores optam por compartilhar o maquinário utilizado na extração do perfume.

A versatilidade é tanta que ela costuma ser usada, inclusive, na indústria estética e de cosméticos, marcando presença na composição de perfumes, desodorantes e difusores de ambiente.

Outro fator curioso sobre a Lippia alba é que, em algumas regiões do nordeste, a planta é considerada PANC (Plantas alimentícias não convencionais) e suas raízes são saboreadas como aperitivo em alguns pratos.

Características da planta

De cultivo fácil, a espécie pode ser plantada em qualquer parte do território nacional, com exceção das regiões com frequência de geadas durante o inverno, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. A Lippia alba gosta de temperaturas quentes ou amenas.

Além disso, ela se adapta melhor em solo rico em matéria orgânica e úmido. O cultivo da planta costuma ser simples e fácil, já que ela não tem problemas graves com pragas e doenças, cresce bem em campo aberto e pode ser plantada em canteiros. O preço da muda varia de R$ 0,20 a R$ 0,40.

A Lippia alba apresenta rápida propagação e floresce o ano todo, o que a torna uma ótima alternativa para pequenos e médios agricultores aumentarem o orçamento mensal.

(Foto: R. Koenig/Blickwinkel/AGB Photo Library) — Foto: Globo Rural
(Foto: R. Koenig/Blickwinkel/AGB Photo Library) — Foto: Globo Rural

Como plantar?

Apesar de não ser necessária a aplicação de fertilizantes no solo, a planta se desenvolve melhor em solo rico em matéria orgânica e úmido, em regiões com temperaturas quentes ou amenas e ensolaradas.

A semeadura da Lippia alba pode ser feita com as estacas enfiadas diretamente na área definitiva e em solo revolvido. Depois, basta irrigar dia sim, dia não, durante o primeiro mês do cultivo.

É recomendável que as estacas da planta sejam de aproximadamente 20 centímetros de comprimento e 1 centímetro de diâmetro. Corte a base em ângulo para espetá-la no solo e enterre-a cerca de 10 centímetros com as gemas para cima.

Uma área de 10 x 20 metros quadrados comporta até 100 plantas. Mantenha uma distância de 2 metros entre as linhas e adote cinco linhas com uma planta a cada 1 metro. Vale lembrar que é preciso escolher uma área limpa de invasoras, de preferência sem tiririca e picão-preto;

Os ramos devem ser podados de forma regular. Assim, pode-os entre 1 e 1,5 metro de altura, pois, se crescerem demais, a tendência é que suas folhas caiam.

Aos seis meses de vida, quando a planta atingir 1 metro de altura, as hastes com folhas e flores podem ser colhidas, mas o corte deve ser feito a 20 centímetros do solo. Em geral, a espécie suporta de três a quatro cortes por ano, que podem ocorrer em qualquer época do ano. No entanto, a rebrota virá mais rápida na colheita de verão.

Para a colheita em lavouras com até 100 plantas, use uma tesoura. Em áreas maiores, as roçadeiras costais são mais indicadas.

*Pedro Melillo de Magalhães é pesquisador colaborador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Caixa Postal 6171, CEP 13081-970, Campinas (SP), tel. (19) 2139-2891, pedro@cpqba.unicamp.br

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